CARÁTER INEFÁVEL - Newton Agrella



Na Maçonaria, não raro, deparamo-nos com algumas palavras que não nos soam tão familiares, mas que do ponto de vista filosófico ostentam um eloquente significado.

Este é o caso do adjetivo “inefável” cuja etimologia advém do Latim.

O referido vocábulo em Português deriva-se de "ineffabilis", cuja construção compõe-se do radical *effaris* (falar, dizer, contar, predizer, anunciar) e o prefixo de negação *in*  - (dicionário FARIA, 2003, p. 337, 492). 

Deste modo, o adjetivo *“inefável”* se traduz como "aquilo que não pode ser expresso".

Valendo-se desta premissa e tendo em vista o caráter especulativo da Sublime Ordem, a mesma estimula o maçom a buscar a Verdade, Origem e Existência sem se valer do uso em vão e trivial do nome de Deus. 

A palavra "inefável" no universo semântico acha-se relacionada com o divinal, com o transcendental, com o perfeito e com a beleza que não pertence ao plano terreno, mas sim metafísico.

O que se propõe ao valer-se deste adjetivo é fazer com que o maçom entenda que a Maçonaria tem um caráter nomeadamente filosófico, progressista e evolucionista e antes de tudo "adogmático" e desvinculado de verdades impostas ou criadas pelas seitas, credos e religiões.

Que fique claro que isto não significa descrença num Princípio Criador e Incriado do Universo; muito pelo contrário.

O que se propõe demonstrar é que o "caráter inefável" está está associado a qualquer tipo de entidade ou fenómeno sobre o qual nada pode ser dito em linguagem humana.

O termo vale para exprimir e caracterizar sensações, sentimentos, conceitos, aspectos da realidade ou entidades, que em razão de sua complexidade, não podem, ou não devem, ser transmitidos ou descritos pela linguagem humana.

Isto impõe que o maçom deve buscar na pesquisa,  na especulação e na própria argumentação filosófica o caminho para o aprimoramento da Consciência.


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