CUMPLICE DA FELICIDADE ALHEIA - Sidnei Godinho

 

Na semana passada, ao comentar sobre estar e se sentir "Feliz" em determinado lugar, com determinadas pessoas e realizando determinado trabalho, ouvi de um amigo que deveria ficar quieto ou dizer o contrário porquê o Bem estar pessoal incomoda. 

É claro que foi uma brincadeira e boas risadas surgiram, mas passada a galhofa, veio a reflexão sobre as relações sociais e a natural comparação do nosso dia-a-dia, no lar, no trabalho, na igreja, no clube, nas associações que participamos e de quantas vezes somos surpreendidos por ações, aparentemente sem propósitos, que causam marolas no equilíbrio estabelecido e salutar. 

O arquétipo da criação, no Jardim do Éden, traz seu primeiro conceito da tentação, pelo simples fato de Adão e Eva estarem "FELIZES" e satisfeitos com a relação que tinham entre si e com seus protocolos sociais, estabelecidos por sua autoridade maior, sua divindade. 

Mais a frente, o primeiro crime da humanidade é um "Fraticidio", quando um irmão subjuga o outro simplesmente porque se sentiu incomodado com a "FELICIDADE" dele ter sido o escolhido. 

Deus não desprezou o sacrifício de Caim, contudo se agradou mais pela oferenda de Abel. 

Esta incapacidade de lidar com a realização alheia culminou pela perda da razão e por cometer o crime hediondo, por motivo fútil e sem chance de defesa, afinal a vítima confiava em seu IRMÃO. 

E assim se desenvolveu a humanidade, à sombra dessas máculas comportamentais, como lembrança de que é necessário sempre estar atento aos nossos instintos primitivos de auto-suficiência e auto-preservação, onde apenas o que vemos no espelho tem valor.

Só nossa imagem satisfaz... 

É preciso tornar consciente, através da razão, que a FELICIDADE alheia é parte da sua FELICIDADE, pois ninguém faz nada sozinho e essa cumplicidade no Bem estar coletivo é o primeiro passo para a Fraternidade Universal que foi estabelecida lá criação. 

Não há porque sentir-se menor que seu irmão só porque HOJE ele alcançou a estabilidade que você vai alcançar AMANHÃ. 

Não há porque comparar seus sacrifícios na relação, afinal cada ser é distinto e cada qual oferta o fruto do seu trabalho, da sua compreensão e ambos são aprazíveis para o propósito do crescimento, ainda que, vez por outra, um seja mais doce e agrade mais. 

Aguarde a alternância e a sua vez de adocicar relação. 

A brincadeira de dizer o contrário deve ficar apenas no imaginário popular, para a descontração numa roda de amigos, pois a essência de um convívio grupal, (ou mesmo apenas a dois), paira na premissa de que a Felicidade de um é a Felicidade de Todos e que os dias se sucedem neste vai-e-vem das realizações. 





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