CONVERTIDOS EM PEDRA - Roberto Ribeiro Reis



Meus Irmãos! Como têm estado nossos corações?  As mazelas e agruras do cotidiano têm o tornado mais frágil e suscetível à dor? A banalização das barbáries a que temos assistido continua a provocar sulcos em nosso âmago? Temos tido o cuidado da manutenção de nossa morada íntima?

Temos vivido o jugo do ódio, da ira, do rancor e da belicosidade em seu patamar mais extremo; as pessoas têm tido a capacidade de explodirem instantaneamente, levando consigo amores, amigos, parentes e desconhecidos. Nesse diapasão, o coração tem funcionado como um detonador voraz e implacável, quando por nós impensadamente acionado.

Nossas bocas têm falado do que está cheio nossos corações. E quanta coisa má, vil, desumana e perversa tem sido reverberada, deliberadamente! Não mais ouvimos discursos de amor, de misericórdia, de paz e união. Nossos pensamentos vão de encontro ao que reza a Cartilha de Amor; eles estão permeados de cobiça pelo poder, de uma avidez intrépida pela fama, pela luxúria e pela suntuosidade.

Na condição de “Filhos da Viúva”, que legado deixaremos aos nossos, se tudo que temos lhes ensinado é como terem mais, e não como serem mais? Nossas mãos estão sujas do sangue de inocentes e desvalidos, os quais não encontram abrigo em nossos corações egoístas.

Como daremos a palavra sagrada, se nosso coração encontra-se empedernido, feito rocha intransponível, que não deixa uma pequena fresta sequer para que recebais a luz? Seremos dignos de pronunciá-la, silabicamente, se de nossas bocas só saem fel e amargor?

Persistimos na vaidade incontida de nos intitularmos Obreiros da Arte Real; todavia, a bem da verdade, temos primado mais pelas coisas materiais em detrimento das espirituais. É duro confessar, mas façamos um mea-culpa, refletindo mais sobre o que temos feito –verdadeiramente- na Sublime Ordem.

Concluiremos, atônitos, estarrecidos e profundamente perplexos, que temos estado mais preocupados com a fachada de nosso Edifício Interior – aquela que cria a persona, e busca enganar ao próximo – do que com tudo aquilo que diga respeito à essência espiritual desse edifício.

Nossos corações têm pagado o preço injusto e cruel de nossos pensamentos, palavras e ações. Pensamos no mal, diuturnamente, dando-lhe uma roupagem de permissividade; temos usado as palavras, descontroladamente, sem que façamos um filtro mínimo possível (especialmente quando enxergamos o cisco no olho alheio, e preterimos a trave em nossos olhos); por derradeiro, nossas ações têm sido mais voltadas para a superficialidade, de sorte que é preciso ter plateia para que façamos o bem. O bem praticado no anonimato, amados Irmãos, em nada tem nos importado!

Como todo dia é uma excelente oportunidade para recomeçar, que voltemos todos para a Câmara de Reflexões; que façamos o inventário moral de nossas vidas, enquanto é tempo; que nos permitamos viajar, sempre que preciso, para o nosso interior, retificando-nos, a fim de encontrarmos nossa pedra oculta.

Respeitemos nossas vidas, começando pelo uso profícuo do verbo, erguendo pontes de sabedoria, ao invés de derrubá-las com palavras vulgares. Sejamos verdadeiros transformadores sociais, operando na pacificação do meio em que vivemos. Talvez assim, com os corações um pouco mais amolecidos, façamos por merecer o título de Construtores Reais.


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