T R É G U A - Newton Agrella

Há determinados momentos em que o mais plausível é pedir trégua a nós mesmos.

Os questionamentos vão se tornando irrepresáveis, a intolerância vai ganhando contornos intraduzíveis, e a vontade de acertar começa a se tornar um fardo...

Nunca foi tão desagradável ter que recorrer com tamanha frequência ao Dicionário para tentar entender o significado das coisas.  

Especialmente para as quais julgávamos ter uma plena compreensão a respeito.

A política do óbvio deve ter ganho novas interpretações, posto que nem tudo o que vemos a olho nu, necessariamente enxergamos.

Verbos ganham novos significados, substantivos ostentam novos gêneros, adjetivos há muito que tem se pautado pela circunstância dos acontecimentos e o pensamento de algum modo  vai deixando de ser o guardião da razão.

O hoje, o ontem e o amanhã já não são literalmente reféns do tempo.  

Afinal de contas, o tempo é uma mera expressão das horas, cujos ponteiros seguem o movimento de nossos desejos...

Sim, devemos dar uma trégua a nós mesmos. 

Precisamos rever conceitos e perceber pouco a pouco que quem precisa mudar somos nós.

Dar murro em ponta de faca dói muito e nos mantém estáticos.

A beleza da vida está nos movimentos, na Arte de ponderar e de conviver com as adversidades.

Ninguém rigorosamente é senhor de si.  

Somos apenas uma micro-partícula do Universo, parte de um todo e de um nada,   cujo maior bem de que dispomos é o da nossa transitória capacidade de discernir.


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