A VERDADE ATRAVÉS DA TOLERÂNCIA - Milo Bazaga



Todos sabem que uma das colunas mestras da Maçonaria é a procura da Verdade. 

Mas o que é a Verdade? 

Se consultarmos os filósofos, encontraremos, ao longo dos tempos, pelo menos, cinco conceitos da Verdade:

_Verdade como sinônimo de correspondência entre o conhecimento das coisas e as coisas em si. 

_Verdade como sinônimo de revelação. 

_Verdade como sinônimo de conformidade a uma regra. 

_Verdade como sinônimo de coerência. 

_Verdade como sinônimo de utilidade. 

Contudo, os dois primeiros: Verdade como sinônimo de correspondência e Verdade como sinônimo de revelação são os conceitos mais difundidos. 

Já dizia Platão que “verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são”. 

Aristóteles afirmava que a Verdade está no pensamento e na linguagem, não nos seres ou nas coisas. 

E, mais ainda, que a medida da Verdade é o ser ou a coisa. 

Dito em outras palavras: uma coisa não é branca, só porque você diz que é assim, mas porque ela é realmente branca. 

Santo Agostinho fala da Verdade como “o que revela o que é, ou se manifesta a si mesmo” e, assim, identifica a Verdade como o Logos ou o Verbum, ou seja, com Deus, o Grande Arquiteto do Universo. 

A Verdade é, para ele, então, Revelação. 

São Tomas de Aquino vai um pouco mais adiante e constata que Verdade é “a adequação do intelecto e das coisas”. 

As discussões, em torno do conceito da Verdade, ocuparam e ocupam os estudiosos, até os dias de hoje, sem que tenham chegado a uma conclusão. 

Porque isso acontece, perguntaríamos? 

A resposta imediata seria: porque não conseguimos atingir a Verdade, a Verdade entendida como Verdade Absoluta. 

Dante, em seus tratados da Razão Crítica e da Razão Pura, já havia chegado a esse raciocínio:

A VERDADE ATRAVÉS DA TOLERÂNCIA. 

Hoje, até os linguistas discutem o assunto. 

Na realidade, há uma distância entre as coisas e nós. 

Nós só chegamos às coisas, através dos sentidos (Visão, Audição, Tato, Paladar e Olfato) que estimulam os nervos que levam determinadas correntes energéticas ao cérebro que as interpreta e armazena na memória. 

Então vejam: as coisas chegam a nós de maneiras bem diferentes; quando temos uma casa diante de nós, podemos percebê-la, sobretudo através das cores em que está pintada e, deste modo, ela se fixa em nossa memória. 

Mas nossos amigos podem perceber a mesma casa pelos sons que veem dela e é, desse jeito, que ela vai ficar registrada em sua memória. Isto quer dizer que cada um de nós tem uma imagem diferenciada da mesma casa. 

Se alargarmos o processo de conhecimento da realidade a todos os níveis, podemos imaginar como o mesmo mundo chega até nós das maneiras mais variadas, dependendo do modo como a aprendemos e o expressamos. 

Com este preâmbulo queremos levar a seguinte reflexão: Ninguém consegue, pelo menos, por enquanto, atingir a Verdade Absoluta. 

Cada ser é portador de sua verdade individual que é limitada. 

Se quiser aumentá-la, ter-se-á que ter acesso a verdade dos outros e, assim enriquecer-se. 

Ora, isto quer dizer que, aquilo que os outros têm a nos dizer, na maioria das vezes, acrescenta-nos algo. 

Portanto, o primeiro passo para o enriquecimento da nossa verdade é ouvir a opinião dos outros e tentar entender as suas verdades. 

A isto se chama de tolerância, que se coloca assim em posição diametralmente oposta à ignorância. 

É verdade que, às vezes, na tentativa de entender o que os outros têm a nos dizer, surgem discussões. 

Porém, se não se perder de vista, que a finalidade do diálogo é nosso próprio enriquecimento, as discussões serão apenas explicações, aulas, sobre o nosso modo de pensar e sobre o modo de pensar dos outros. 

E aulas e explicações dão-se, didaticamente, com as emoções em equilíbrio. 

Como exercitar o diálogo, com tolerância, em busca do enriquecimento da verdade de cada um? 

Diríamos: aplicando a Lei de Newton, que afirma que “toda a ação sofre uma reação de igual intensidade”. 

Assim, se a ação for amorosa, a reação também será amorosa. 

Com a intolerância e o desamor só se alcança desunião. 

Ora, se opta a se ter o privilégio de ser Iniciado na Ordem Maçônica, tendo acesso aos seus ensinamentos, passa-se a busca da Verdade Absoluta, passa-se a construção do Templo Interno. 

Porque não aproveitar esta oportunidade de ouro, talvez a única nesta altura de nossas vidas? 

Fazemos parte de uma Instituição séria e universal, portanto temos que buscar a união e, para isso, não podemos prescindir da tolerância, a fim de ajudar o País, a Humanidade e a Terra neste momento crucial da passagem para o Terceiro Milênio.



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