A QUEDA DO PEDREIRO - Roberto Ribeiro Reis



Em maldita hora,

Alma aflita chora

O grande desperdício;

É o irmão que, agora,

Sai da Loja e, lá fora,

Deixa um mau resquício.


A par do juramento,

Total desregramento

Invade-o, infelizmente;

Esquece-se do telhamento,

Falta-lhe o entendimento

De que a Obra é diferente.


Seu autoexílio é certeiro,

Pois ele sim é o primeiro

A declarar sua decadência;

Pobre e infiel ferreiro

Forjou-se, muito aventureiro,

No caminho da imprudência.


O fogo que ora o acomete

O seu avental derrete,

Desnudando-o, por completo;

Sua idade, inda que sete,

À sabedoria não remete

Para decepção do Arquiteto.


Em que pese toda tristeza,

Tenhamos a certeza

De que árdua é nossa luta;

Nossa grande Fortaleza

É a que nos dá a clareza

Para lapidarmos nossa conduta...

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