ROSARIO DE SUTILEZAS - Roberto Ribeiro Reis


Como é gostoso receber, de um Irmão, o abraço à moda. Melhor ainda, se esse abraço for completo, por três vezes três.

O mundo das carícias virtuais tem feito com que nos esqueçamos das maravilhas gestuais (físicas) do cotidiano.

O vulgo tem desdenhado as singelezas da vida. Filmes de terror têm substituído os clássicos de outrora; músicas sem conteúdo têm tomado conta do espaço que era dado às grandes sinfonias.

Em suma, o livro da vida, cujas páginas retratavam a mais bela e fulgente cultura, agora dá lugar a pasquins medíocres, que se prensados jorram sangue, sexo desregrado e assombrosa corrupção sistêmica.

Enquanto Obreiros de Nobre Ordem, somos extremamente privilegiados por desbravarmos o caminho da retidão, onde o rosário de sutilezas predomina, com força e vigor, com beleza e altivez, num compasso de sabedoria e conhecimento, que ultrapassa qualquer obstáculo de ignorância e grosserias.

Sutilezas que nos aquecem o coração, tornando-se um verdadeiro refrigério à nossa alma, porquanto são o reflexo materializado da Misericórdia do Arquiteto Maior, por cujo Sopro Divino alcançamos a plenitude de uma vida abundante em glória e esplendor.

Afabilidades que têm se tornado cada vez mais escassas no mundo profano, o qual se encontra adoecido ante as enormes atrocidades que lhes são perpetradas; hoje, é mais fácil desferir um soco, do que ensaiar um aperto de mão; é mais prazeroso proferir vitupérios, do que verbalizar o som amoroso; é mais fácil se regozijar com a morte alheia, do que reverenciar a própria vida.

Cordialidades que têm se perdido no tempo, sob a alegação de serem piegas, demasiado românticas, ou absolutamente arcaicas. O que está em voga é o comportamento rudimentar, seco, típico de quem ainda se encontra preso à caverna de sua bestialidade. 

Experiências magnificentes, que nos têm propiciado uma vida mais leve, ainda que com suas lutas; uma existência mais contemplativa, ainda que permeada das dificuldades de todos os matizes.

A Arte Real é a técnica que utilizamos para fazer com que a luz exsurja das trevas, para que o bem possa solapar o mal, para que a morte não encerre a vida, mas que com ela caminhe pari passu, descortinando um horizonte de possibilidades.

Através da Maçonaria temos tido oportunidades de nos aperfeiçoarmos – e não de virarmos anjos, como ousam alguns “templos” proselitistas – de buscarmos crescer, pela constante corrigenda de nossos erros, de não nos envergonharmos por conta de nossas reincidentes quedas.

Temos a consciência de que somos plenamente falíveis e incompletos, mas guardamos a convicção de que, a cada conquista, tornamo-nos um pouco mais evoluídos, e aptos a ajudar no processo de transformação de nós mesmos e do mundo em que vivermos.

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