maio 17, 2024

A JOIA DO DIÁCONO - Pedro Jul

De fato, não há nenhum significado iniciático ou mesmo uma interpretação simbólica exclusiva para essa diferenciação de joias.

Desse modo, a joia do Diácono, não importando seja ele o 1º ou o 2º, é simplesmente uma pomba, sobretudo porque esse é um dos símbolos consagrados do mensageiro (a Arca de Noé e a pomba; o pombo correio, etc.).

Na Maçonaria Operativa, levando-se em conta a grandiosidade dos canteiros de obra e a rusticidade dos trabalhos profissionais, as lojas operativas possuíam os seus mensageiros que tinham por dever de ofício encaminhar ordens dos dirigentes dos trabalhos. Normalmente desses mensageiros ficava à disposição do Mestre da Obra e o outro a serviço dos “wardens”, mais tarde, os Vigilantes.

Graças a essas atividades hauridas dos canteiros profissionais do passado, alguns ritos especulativos da Maçonaria dos Aceitos revivem esses mensageiros atuando como antigos oficiais de chão.

Assim, nos ritos que possuem oficiais mensageiros, agora conhecidos como Diáconos, os mesmos exercem atividades de acordo com o modelo iniciático (prática ritualística) exigido pelo rito.

No R∴E∴A∴A∴, por exemplo, os Diáconos atuam única e exclusivamente na alegoria da transmissão da palavra sagrada que emblematicamente revive as antigas aprumadas e nivelamentos que ocorriam nos cantos da obra, assim exigidas no início e no encerramento dos trabalhos nos tempos da Maçonaria Operativa.

Na prática, essa aferição tinha o desiderato de produzir trabalhos a contento, aprumando e nivelando os cantos no início da jornada para uma justa e perfeita elevação das paredes e, ao final, conferindo para se certificar se os trabalhos transcorreram justos e perfeitos, ou seja, se ocorreram em conformidade com as exigências da arte.

Como atualmente não somos operativos e vivemos uma Maçonaria Especulativa, isto é, sem a literal atividade profissional dos cortadores e entalhadores de pedra, o elemento primitivo da obra (matéria prima) que era a pedra calcária, passou a ser representada pelo elemento homem, passível de aprimoramento.

Nesse sentido, especulativamente as aprumadas e nivelamentos do passado operativo foram substituídas pela transmissão de uma palavra que se estiver dita “justa e perfeita”, isto é, transmitida nos conformes ritualísticos, então os trabalhos da Loja podem ser abertos e respectivamente encerrados.

Essa pois é a razão pela qual existe no R∴E∴A∴A∴ a transmissão na palavra sagrada na abertura e encerramento.

Essa alegoria lembra as atividades dos construtores medievais, nossos ancestrais. Desse modo, os Diáconos, o Venerável Mestre e os Vigilantes, como protagonistas dessa transmissão, revivem simbolicamente essa passagem outrora praticada pelos nossos ancestrais.

É daí que os Vigilantes usam cada qual uma joia distintiva, ou seja, o Nível para o 1º e o Prumo para o 2º, respectivamente, já o Venerável Mestre usa um Esquadro operativo como sua joia distintiva, enquanto que e os Diáconos usam cada qual uma joia representativa do mensageiro, ou seja, a pomba, porém sem que haja qualquer necessidade de diferenciação entre ambas para identificar o 1º e o 2º Diácono. Rigorosamente, as joias dos Diáconos devem, ou, pelo menos, deveriam, ser iguais, sendo, portanto, dispensável que uma delas venha inscrita dentro de um triângulo.

Eram esses os comentários sobre se existe ou não diferenciação entre as joias dos Diáconos. Como dito, não existe e é algo dispensável, até porque assim não se dá oportunidade para interpretações aventureiras e falaciosas que fatalmente apareceriam por conta de achistas e oportunistas.

Concluindo, vale alertar que no R∴E∴A∴A∴, os Diáconos não se prestam ao ofício de levar bilhetes, recados e outros afins. Esse é ofício do Mestre de Cerimônias como imediato do Venerável Mestre. Como mensageiros, os Diáconos, junto com as Luzes da Loja, são coadjuvantes da alegoria da transmissão da palavra sagrada no início e no encerramento dos trabalhos. Reitera-se: essa é a única função dos Diáconos em Loja.

 


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