maio 29, 2025

JONAS E A BALEIA - Ivan Froldi Marzollo


 

"O iniciado Jonas e a esotérica Câmara" 

O Maçom para estar em comunhão com a ordem basta ter o coração puro e os olhos transparentes como o céu estrelado da sua loja.

O caminho de Jonas  representa a nossa Alma Divina, a Consciência, adormecida e presa pelo Ego e pela Mente, pelos desejos inferiores egóicos, que temos, que ouvir e seguir na formação do coração e esclarecimento do espírito.

A história relata simbolicamente o caminho longo e cansativo de um iniciado maçon. O Trabalho pelo qual a Pedra Bruta se transforma numa pedra trabalhada e viva.

Logo que Jonas cai ao mar a Tempestade cessa. Dentro do mar, Jonas é engolido por uma enorme baleia, dentro da qual ele passa 3 dias e 3 noites orando a Deus e pedindo que lhe dê uma segunda chance. Assim Deus lhe perdoa e Jonas é liberto do interior da baleia, seguindo doravante o seu destino.

A peregrinação de Jonas no interior da baleia demonstra os passos do Caminho, as suas Provas, nas quais se prepara o espírito para se tornar digno de entrar no Templo (Interior), naquele templo verdadeiro, que é feito sem ruído de pedra nem de martelo, em que a luz do Conhecimento (Gnose) permanece eternamente

A entrada de Jonas no ventre da baleia, é o “regressus ad uterum” de todos os ritos iniciáticos, que implicam transformação simbólica em embrião e uma pré-morte, seguida do regresso à Grande Mãe da etiologia, onde o iniciado nasce pela segunda vez.

Esta penetração na Grande Mãe, é muitas vezes perigosa:

A entrada no ventre da baleia, além da já referida semelhança bíblica, encontra-se muitas vezes noutros mitos e sagas do antigo Oriente e do mundo mediterrâneo de raiz iniciática, tendo paralelismo com o mito polinésio de Maui, o grande herói maori que regressando à pátria, para casa da avó, encontrando-a adormecida, se despe e penetra no corpo da gigante, Grande Dama da Noite, Huie-muite-po, atravessando-a, mas ao sair, ela acorda em sobressalto apertando-o entre os dentes e cortando-o ao meio; sob outro viés observamos o paralelismo com os ritos iniciáticos relativos às grutas e fendas das montanhas, símbolos da matriz Terra Mãe em muitas culturas. Por exemplo, o termo chinês "Tang", designando gruta, também significa "misterioso, profundo, transcendental", todos os  arcanos revelados nas iniciações.

Esta representação do além,  sob a forma de ventre da baleia, ilustra que o outro mundo é um local de acesso extremamente difícil.

A porta em forma de mandíbula, significa a dificuldade da passagem e reflete a necessidade da mudança do modo de ser para poder atingir o mundo do espírito.

A história de Jonas é realmente uma lenda da iniciação nos grandes mistérios, pois a baleia ou o “grande peixe” representa a escuridão da ignorância que domina o homem quando ele é jogado para o fora do navio (ou seja sai do seguro reino celestial para aqui nascer) no mar (vida terrena).

Quando usado como um símbolo do mal, o peixe representa a natureza animal e inferior do homem em seu próprio túmulo (corpo físico). 

Assim Jonas passou três dias e três noites no ventre do “grande peixe”, da mesma forma como Cristo passou três dias e três noites no seu sepulcro. 

 Jonas é o arquétipo do homem caído ou deitado, que está adormecido na matéria, do homem que não quer se levantar e não quer cumprir sua missão. 

Jonas é o arquétipo do homem que foge da sua missão, que foge da sua verdadeira natureza ou identidade divina, que foge do verbo interior, que foge da sua vocação, da sua realização.

Quando Jonas dentro da baleia decide retomar seu caminho, ele não teme mais nada. É a fênix que renasce das cinzas. É Osíris que morto, renasce em Hórus (Ouros). É Cristo , morto crucificado, renasce como Cristo ressuscitado.

Há momentos em nossas vidas que não podemos mais mentir para nossa própria consciência. Chega uma hora em nossa vida que nós somos obrigados a ser autênticos conosco mesmos, não podemos mais fugir. 

 O arquétipo da história de Jonas é um convite para que nós mergulhemos nas profundezas de nosso inconsciente, para passarmos através das nossas próprias sombras, para após passarmos pela experiência da morte, aceitarmos nossa missão, nossa condição como humanos mortais e descobrirmos, em nós mesmos, a nossa essência imortal (alma espiritual). 

Ir de encontro ao destino é realizar plenamente o potencial que está desde a eternidade dentro de nós. 

É ouvir o chamado, atentar e responder a ele. É desabrochar todas as nossas potencialidades e seguir nossa vocação pré-escolhida antes de nascer neste mundo, estranhamente o mundo costuma nos corresponder quando agirmos assim, sem covardia.

Uma das formas de saber se realmente estamos indo no bom caminho e que estamos fazendo aquilo para o qual nascemos, é parar e perceber se o mundo está nos abrindo as portas e que, se mesmo nós nos negando a usufruir dos seus benefícios, nós continuaremos os tendo a disposição.

 Independentemente da interpretação psicológica que muitos autores fazem da história, que é rebuscada e não estava na intenção do seu autor, ela têm, na sua génese, uma conotação maçônica e esotérica,  a simbologia e estrutura é maçônica, e descreve a viagem atribulada e solitária da cada ser humano, pobre, nu e cego, na procura constante da Sabedoria e da Espiritualidade, que vem já das mitologias e ritos de iniciação antigos e que várias culturas, religiões e a maçonaria adotaram para explicar simbolicamente a transformação espiritual de cada indivíduo..

A busca é individual e a evolução depende da resposta e significado que o peregrino estiver disposto a desafiar . 

Que a Luz do Grande Arquiteto do Universo ilumine a peregrinação individual de todo filho da viúva. 


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