junho 21, 2025

PISANDO EM FALSO - Newton Agrella



Neste complexo universo, em que a inveja é um claro dispositivo como regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros.

É um estado da alma que nos persegue, nos deixa incrédulos e de vez enquanto, entope nossas veias.

Essa analogia se destina a revelar que cada um de nós, de forma mais ou às vezes menos intensa, deixamos transparecer aquilo que nos incomoda, nos irrita e nos torna reféns de nossas próprias limitações.

Essa disposição da alma humana se manifesta como uma  inquietante e irrefreável experiência que produz um conflito íntimo de dor e prazer. 

A vontade de ter o que pertence  ao alheio e ao mesmo tempo sentir-se inferior a outrem consistem na tradução mais clara desse sentimento tão negativo.

A inveja causa desconforto, cria distanciamento e até inibe relações pessoais, pois ela se instala sorrateiramente, e mal consegue disfarçar sua expressão singular de desatino.

O sorriso contido, o elogio vazio, a saudação lacônica, e o coração apertado são testemunhas legítimas da inveja.

Apenas a título de ilustração, cabe lembrar que o substantivo abstrato "inveja" advém do  Latim (INVIDIA) e por extensão da locução  "in videre" , que significa "não ver"  ... 

A idéia, portanto que o adjetivo "invejoso(a)"  encerra é a da pessoa que possui "pouca percepção de si mesma".

Este sentimento constitui-se numa densa barreira e num claro impeditivo na busca do conhecimento e no caminho para a evolução.

O filósofo grego, Antístenes, discípulo de Sócrates afirmava:

"...A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro...“ 

Essa máxima talvez descreva com a mais precisa legitimidade, esta deplorável propriedade humana de forma figurada.

Para um "wrap up" desta breve crônica, cabe lembrar que para aquele que alimenta a inveja como escudo e faz dela uma profissão de fé, o que realmente conta não é “ser feliz”, mas sofismaticamente "parecer feliz".





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