Neste complexo universo, em que a inveja é um claro dispositivo como regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros.
É um estado da alma que nos persegue, nos deixa incrédulos e de vez enquanto, entope nossas veias.
Essa analogia se destina a revelar que cada um de nós, de forma mais ou às vezes menos intensa, deixamos transparecer aquilo que nos incomoda, nos irrita e nos torna reféns de nossas próprias limitações.
Essa disposição da alma humana se manifesta como uma inquietante e irrefreável experiência que produz um conflito íntimo de dor e prazer.
A vontade de ter o que pertence ao alheio e ao mesmo tempo sentir-se inferior a outrem consistem na tradução mais clara desse sentimento tão negativo.
A inveja causa desconforto, cria distanciamento e até inibe relações pessoais, pois ela se instala sorrateiramente, e mal consegue disfarçar sua expressão singular de desatino.
O sorriso contido, o elogio vazio, a saudação lacônica, e o coração apertado são testemunhas legítimas da inveja.
Apenas a título de ilustração, cabe lembrar que o substantivo abstrato "inveja" advém do Latim (INVIDIA) e por extensão da locução "in videre" , que significa "não ver" ...
A idéia, portanto que o adjetivo "invejoso(a)" encerra é a da pessoa que possui "pouca percepção de si mesma".
Este sentimento constitui-se numa densa barreira e num claro impeditivo na busca do conhecimento e no caminho para a evolução.
O filósofo grego, Antístenes, discípulo de Sócrates afirmava:
"...A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro...“
Essa máxima talvez descreva com a mais precisa legitimidade, esta deplorável propriedade humana de forma figurada.
Para um "wrap up" desta breve crônica, cabe lembrar que para aquele que alimenta a inveja como escudo e faz dela uma profissão de fé, o que realmente conta não é “ser feliz”, mas sofismaticamente "parecer feliz".
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