UMA CRÍTICA A ORIGEM TEMPLÁRIA E AOS GRAUS TEMPLÁRIOS DA MAÇONARIA
O autor francês Alec Mellor, em seu excelente Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons, no verbete TEMPLÁRIOS, depois de fazer um breve resumo da Ordem do Templo, desde a sua fundação em 1118 até 1314, quando foi queimado vivo Jacques de Molay, seu último Grão Mestre, assim se expressa:
“Quatro séculos depois, em pleno século XVIII, nasceu uma incrível fábula, imaginada por fabricantes sem escrúpulos de Altos Graus fantasiosos, a chamada “origem templária”, segundo a qual a Ordem do Templo, da qual alguns sobreviventes teriam se refugiado na Escócia, teria dado origem à Franco-Maçonaria.
Refutada várias vezes, condenada na convenção de Willhelmsbad em 1782, despedaçada por Albert Lantoine em La Franc-Moçonnerie chez elle [A Franco-Maçonaria em casa], renascendo periodicamente a despeito de todos os contra-ataques dos historiadores, a fábula ainda não desapareceu completamente (...)
Ramsay, em seu Discours (1737) falara sobre os cruzados, mas não sobre os templários em particular. Tinha lançado a fábula, destinada ao sucesso, segundo a qual os cruzados teriam dado origem à Franco-Maçonaria.
Essa pretensão satisfazia, na época, o orgulho aristocrático dos maçons franceses, que não se satisfaziam com o prestígio obscuro dos construtores medievais.
Restava encontrar uma explicação para o hiato de quatro séculos que separava os cruzados de uma instituição ainda recente.
Pelo seu desaparecimento, a Ordem do Templo revelava-se um tapa-buraco providencial, bastava afirmar que ela sobrevivera secretamente, o que não era nada difícil, nem para os espíritos imaginativos nem para os espíritos crédulos e sem formação crítica (...)
É certo que os templários e os arquitetos mantiveram, na Idade Média, relações comerciais, mas para transmitir um esoterismo, seria necessário que eles tivessem um esoterismo a transmitir! Ora (1) Nenhum documento contemporâneo favorece essa hipótese;
(2) Quando do processo dos Templários, a Maçonaria operativa não foi incomodada;
(3) Monges-soldados e banqueiros judiciosos, os templários parecem ter sido completamente indiferentes ao espiritual, assim como ao pseudo-espiritual. Não produziram sequer um pensador, um único escritor. (...)
Atualmente, pode-se dizer que o Templarismo se democratizou. É encontrado sob as mais diversas formas. (...)
A persistência de um vestígio templário nos rituais escoceses - que não se deve confundir o heroísmo autêntico dos cavaleiros com a pseudo-história de uma descendência inexistente - não é incomoda, não mais do que o ritual americano dos “De Molay”, ordem para-maçônica para adolescentes, cujo valor não é iniciático, mas educativo. Longe disso, a grande figura do Grão-Mestre Jacques de Molay, restituída à sua verdade, aparece como uma alegoria sublime do homem justo até a morte, e, A ESSE TÍTULO, MAS SOMENTE A ESSE TÍTULO, pode-se dizer que ele se situa ao lado de outras grandes figuras propostas pela ordem para meditação humana”
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