junho 24, 2025

SÃO JOÃO PRENUNCIA NOSSO ZÊNITE - Bruno Bezerra de Macedo


João, filho de Zacarias, da Tribo de Levi, e filho de Isabel, da Tribo de Judá, ocupa a posição sobre a qual o indivíduo encontra-se, especificamente, no ponto mais alto da órbita celeste para ver e observar a trajetória dos elementos e astros que o circundam, tendo um vasto horizonte para explorar e experimentar. Esse ponto chama-se zênite: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (2).

O zênite do sol sobre a terra ocorre apenas duas vezes ao ano e somente nas latitudes entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, exatamente no instante em que o Sol atinge a sua declinação máxima ou mínima, dependendo do hemisfério em que se o observa. Por ser o dia de maior noite no ano, o solstício de Inverno (21 de Dezembro, no hemisfério Norte e 21 de Junho no hemisfério Sul) é associado à morte, ao desconhecido ou à escuridão, enquanto o dia de maior claridade (21 de Junho, no hemisfério Norte e 21 de Dezembro no hemisfério Sul) é associado a Vida ou à Luz (solstício de Verão). 

Na antiguidade, as iniciações eram feitas sempre no solstício de Inverno, porque sendo o último dia de maior noite, marca do início do ciclo de dias de luz cada vez maiores; certificando a saída do mundo dos mortos (a noite, a escuridão) e/ou a entrada no mundo dos vivos (o dia, a Luz). As iniciações têm, assim, o significado de renascer, ou nascer de novo para a Luz; o renascimento assume, assim, a relevância simbólica da vida que se renova, após a grande noite (morte). “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (3). 

No Egito antigo, os Faraós eram reiniciados a cada novo solstício de inverno. As Pirâmides foram construídas em alinhamento para receber o Sol de frente à porta de entrada, exatamente no dia do solstício de Inverno. Em diversas outras civilizações, as grandes obras de arquitetura foram construídas com este alinhamento e com este objetivo. “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” (4).

A iniciação nos “augustos mistérios”, portanto, não é apenas uma formalidade, mas um processo transformador que envolve a revelação gradual de conhecimentos e a prática de rituais que buscam a evolução do indivíduo.  A "iniciação", dentro de um contexto iniciático como a Maçonaria, é um ritual ou conjunto de rituais que marcam a entrada de um novo membro e o início de sua jornada de aprendizado. Estes ensinamentos podem incluir filosofia, ética, moral, simbologia e práticas ritualísticas que visam aprimorar o conhecimento, a sabedoria e a virtude do iniciado. O termo "augustos mistérios" refere-se aos ensinamentos transmitidos durante a iniciação, que são considerados sagrados, profundos e muitas vezes secretos.

“Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre” (5). Desta forma, tradicionalmente, tanto para o mundo oriental, quanto para o ocidental, o solstício de Câncer, ou da Esperança, alusivo a São João Batista (verão no hemisfério Norte e inverno no hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas mortais e, por isso, chamada de Porta dos Homens, enquanto que o solstício de Capricórnio, ou do Reconhecimento, alusivo a São João Evangelista (inverno no hemisfério Norte e verão no hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas imortais e, por isso, denominada Porta dos Deuses. 

Sob este auspício, na Inglaterra, onde a primeira Obediência Maçônica do mundo foi fundada em 1717, exatamente no dia de São João Batista, o antigo símbolo maçônico de um círculo ladeado por duas linhas paralelas, sendo este, talvez, um dos símbolos mais antigos da humanidade ainda em uso em nossos dias, imprime deste então ao mundo a simbologia das linhas paralelas dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, que possuem ligação direta com a observância dos Solstícios, transformados em São João Batista e São João Evangelista. Ou seja, as Lojas Maçônicas não são Lojas Solsticiais – que contemplam unicamente os movimentos do Sol e seus prodígios na natureza – mas, sim, e antes de tudo, Lojas de São João – que emancipam o homem.

Neste toar, São João Batista, o profeta que anuncia e prepara, no sistema iniciático, a vinda da Luz. Ele ensina a humildade, a renúncia ao ego, sem as quais a iniciação e o progresso espiritual são impossíveis: "É preciso que ele cresça e que eu diminua"(6). Haverá, pois, expressão mais profunda? Afinal, pobre do Mestre que não aspira ser ultrapassado pelo seu discípulo.  João Batista simboliza, assim, o grande iniciador, o Mestre sábio que prepara, humildemente, o caminho ao Aprendiz. Cada iniciação envolve superar obstáculos, medos e ilusões para alcançar um novo patamar de consciência. “Pois, Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (7). 

Claramente, o objetivo final desta expansão da consciência, leva o indivíduo a uma compreensão mais profunda da realidade e do seu lugar no universo e São João Evangelista, filho de Zebedeu, da Tribo de Levi; e de Salomé, da Tribo de Benjamim, fidedignamente representa o Irmão, que tendo recebido a Luz, a dimana com sabedoria, identificando-a com o Verbo e com o Amor. Ao passar por esses processos, o indivíduo se torna mais consciente de si mesmo, do mundo e do seu propósito na vida. Essa jornada de autoconhecimento e transformação leva a uma vida mais plena e significativa. Sendo assim, “acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito” (8).

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REFERÊNCIAS INSPIRADORAS

(2) Sagradas Escrituras, João 1:6-9

(3) Sagradas Escrituras, 1 Pedro 1:23

(4) Sagradas Escrituras, Efésios 4:22-24

(5) Sagradas Escrituras, Colossenses 3:11

(6) Sagradas Escrituras, João 3:30

(7) Sagradas Escrituras, 2 Timóteo 1:7

(8) Sagradas Escrituras, Colossenses 3:14

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