Dia desses, caminhando por essas ruas do mundo, não pude deixar de perceber o semblante fechado e até certo ponto sisudo de grande parte das pessoas.
Mesmo os cães que passeavam com seus tutores, ao depararem-se uns com os outros, expressavam sua fúria através de seus latidos incontidos, marcando seu instinto de territorialidade.
A cara amarrada tomava conta das pessoas e dos cães.
Mais ou menos um tom monocórdico que desenhava o cenário com que se abria o dia.
Ainda pra ajudar, a manhã cinzenta de inverno contribuía sobremaneira pra que nada de tão especial pudesse acontecer...
E aí dei-me conta, que muito provavelmente esta sensação irrepresada de tédio estivesse dentro de mim, enxergando a vida de maneira míope, sem perceber que eu estava me colocando na lateral da história.
Resolví tomar uma boa dose de fôlego, respirar fundo, levantar a cabeça e jogar um pouco de colírio nos olhos pra ganhar um pouco mais de ânimo.
Quem sabe assim eu poderia observar com mais tolerância e com maior naturalidade que o eixo do mundo não está situado no meu umbigo.
De repente bateu-me um estalo, e notei que a minha percepção das coisas estava um tanto turva.
A mudança tem que partir de mim. Aprender a aceitar com menor rigor que a roda continua girando, porém numa velocidade diferente e que a vida segue seu curso ao sabor de um vento que sopra numa escalada que obedece uma reinterpretação de valores.
É claro, que matematicamente a soma de 1 + 1 sempre será 2.
Porém, filosoficamente essa mera questão aritimética, poderá ser entendida, conforme os desejos e as circunstâncias que cercam as necessidades de cada um.
Nossa existência não se explica e nem obedece as regras de um teorema.
Ela é pura e simplesmente um exercício de semântica em que as figuras de construção, imagem, linguagem e pensamento determinam os nossos caminhos.
Somos símbolos que se interpretam conforme as referências de nossa criação.
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