Daqui da minha janela é possível enxergar o narcisista.
Aliás, essa figura nem precisa de tanto alarde e holofotes.
O narcisista se basta por sí só.
Ele é o protagonista de qualquer evento.
O que o alimenta é a platéia, é o desejo incontido e insofismável de permanecer em evidência, seja lá como for.
O transtorno de personalidade que o acomete, impõe-lhe uma condição psiquiátrica complexa que o faz sentir-se superior às outras pessoas, num processo de grandiosidade que exige atenção até mesmo de sua própria sombra.
Daqui da janela, vislumbro a figura do narcisista olhando-se no espelho, tentando descobrir se há algum indício de inconsistência em seu perfil.
O narcisista é arrogante e orgulhoso.
Enxerga o mundo e divisa o horizonte exclusivamente sob a utópica ótica de sua mais completa perfeição.
A empatia passa longe de suas qualidades, o que torna suas relações sociais um tanto deficitárias.
A propósito, o termo "narcisismo" é herança da mitologia grega.
Reza a lenda que "Narciso" era um belo jovem que despertou o amor da ninfa Eco.
Porém, Narciso rejeitou esse amor e por isso foi condenado a apaixonar-se pela sua própria imagem refletida na água.
Daí o advento desta alegoria, cuja ideia está sempre associada a uma dose de desfaçatez da alma, que mal consegue represar este sentimento tão deprimente.
Que as águas dos lagos, lagoas e rios se abstenham de continuar oferecendo seus reflexos àqueles que têm tão pouco para mostrar, mas que não cansam de querer se exibir.
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