dezembro 27, 2025

A (IM)PERFEIÇÃO E AS OLD CHARGES - Paulo M.



No Livro das Constituições de Andersen, de 1723, aprovado por maçons ilustres como Desaguliers, Cowper e Payne – reputados e reconhecidos pela sua sabedoria maçónica – podem encontrar-se estas palavras: 

_ “The men made masons must be free-born, no bastard, and of mature age, and of good report, hale and sound, not deformed, or dismembered at the time of their making” 

_ (Os homens feitos maçons devem ter nascido livres, não bastardos, de idade madura, boa fama, saudáveis e sãos, não deformados ou amputados na altura da sua admissão). 

Isto levanta a questão: 

_ Manter-se-á esta exigência nos dias de hoje? 

Não há melhor forma de entender uma lei do que descobrir e entender o propósito do legislador quando se deu ao trabalho de a elaborar.

Em Junho de 1718 – fazia a Grande Loja de Inglaterra um ano – o Grão-Mestre manifestou o desejo de que os Irmãos que tivessem acesso a registos e escritos antigos sobre Maçons e Maçonaria os trouxessem à Grande Loja, para que pudessem ser constatados os antigos usos e costumes da Maçonaria Operativa. 

Era importante, no contexto da altura, conferir à Ordem recém criada uma certa patine, alguma daquela aura de autoridade que só a idade proporciona. 

Foi assim que, nesse ano, apareceram diversas cópias de documentos referente à Maçonaria Operativa – as “Gothic Constitutions”. 

Face a estas, e não as achando adequadas, o Grão-Mestre e a Grande Loja ordenaram ao Irmão James Andersen que as coligisse e elaborasse um novo e melhor Método.

James Anderson, em 1723, com a aprovação da sua Grande Loja, publicou o resultado do seu laborioso trabalho, no que se tornou uma das obras que mais influenciou a Maçonaria até aos nossos dias: 

_ O primeiro livro de “The Constitutions of the Free-Masons”. 

Nele incluiu uma secção chamada “the Charges of a Free-Mason” – os chamados “Antigos Deveres” – extraída de registos de lojas “para além do mar”, bem como de Inglaterra, Escócia e Irlanda, para uso pelas Lojas de Londres. 

Foi assim que James Anderson fez uso dos antigos manuscritos a que chamou “The Old Gothic Constitutions”, e que citou e parafraseou extensivamente na sua obra. 

*É por esta razão que, num livro destinado a Maçons Especulativos, encontramos regras que só fazem sentido quando aplicadas a Maçons Operativos.*

Os “Antigos Deveres” são os documentos históricos que constituem as tais “Gothic Constitutions”. 

De um total de 119 documentos, cerca de dois terços são anteriores à primeira Grande Loja de 1717 – talvez uns 75 – e uns 55 são anteriores a 1700. 

Quatro foram escritos por volta de 1600, um é datado de 1583, outro de cerca de 1400 ou 1410, e outro será de cerca de 1390.

Quase todos começam com uma invocação: 

_ “Que a vontade do Pai do Céu, com a sabedoria do seu Glorioso Filho, através da graça e bondade do Espírito Santo, que são três Pessoas num só Deus, estejam connosco no nosso início, e nos dêem a graça de que governemos a nossa vida aqui de modo que possamos chegar à Sua felicidade que não tem fim. Amen.”

Pode ler-se então o anúncio do propósito e do conteúdo, seguido de uma breve descrição das Sete Artes Liberais ou Ciências, uma das quais é a Geometria. 

Seguia-se uma extensa História Tradicional da Geometria, Maçonaria e Arquitetura, que tomava mais de metade do texto, e que se iniciava nos tempos bíblicos de Noé, terminando no ano de 930, em que o Príncipe Edwin reuniu uma assembleia de maçons na cidade de York, e estabeleceu os regulamentos usados “desde esse dia até aos dias de hoje”.

A seguir vinha a forma de se fazer um juramento: 

_ “Um dos anciãos segurava o Livro, de modo que ele ou eles pudessem colocar as mãos sobre o Livro, e então as regras eram lidas.” 

A que se seguia o aviso: 

_ “Que cada maçom tome nota destes juramentos, pois se alguma vez se vir culpado de ter violado um, que possa reconciliar-se com Deus. 

_ E especialmente tu que vais prestar juramento, toma atenção ao cumprimento destes juramentos, pois é um grande perigo para um homem quebrar um juramento feito sobre um Livro”.

Seguia-se a lista das regras a cumprir, algumas de cariz comercial, outras de índole comportamental. 

Sem dúvida que eram essenciais a uma comunidade de artesãos que trabalhavam em grande proximidade vinte e quatro horas por dia. 

Por fim, vinha o juramento: 

_ “Estas ordens que ensaiámos, e outras que pertençam à Maçonaria, iremos guardar, assim Deus nos ajude, e por este Livro e para o seu poder. Amen.”





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