dezembro 15, 2025

ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE I - Pedro Juk



I - INTRODUÇÃO

        ABÓBADA – Substantivo feminino (do latim: volvita = revirada) – é entre outras coisas, o teto arqueado e tudo o que é convexo e arredondado, na superfície exterior, e côncava e arqueada na parte interior. Para alguns Ritos Maçônicos o teto de uma Loja é normalmente arqueado para simbolizar o firmamento, já que o Templo representa simbolicamente e invariavelmente uma sessão da Terra, mais precisamente localizado sobre o equador terrestre e é representado por um quadrilongo[1], cujo comprimento (longitudinal) é orientado de Leste para Oeste ou do Oriente para o Ocidente e a sua largura de Norte a Sul (Colunas do Norte e do Sul), determinada pelo eixo longitudinal representado pelo equador que divide a Terra em dois hemisférios. A abóbada representa exatamente o céu ou firmamento sob o ponto de vista daquele que do hemisfério norte terrestre olha para céu.

        Em se tratando de um Templo Escocês, a decoração do teto ou abóbada é geralmente estelar e esse costume tem como base originária o Antigo Egito, onde o exemplo mais belo e evidente dessa decoração pode ser observado no Templo de Carnac (Luxor). Todas as formas das partes arquitetônicas dos Templos Egípcios eram determinadas mais pelo seu aspecto simbólico do que propriamente pela sua função estética, já que os Templos representavam uma imagem simbólica do mundo, com o teto representando o firmamento, e o piso a Terra da qual brotavam colunas, como gigantescos papiros.

        Atenção: A citação acima procura demonstrar apenas a origem do hábito de se estelar o teto, portanto não se está aqui afirmando que existisse Maçonaria, e muito menos Rito Escocês no Antigo Egito nessa época. Essa exposição tem apenas o caráter de explicar a origem de um costume que, pelo ecletismo maçônico acabou fazendo parte do arcabouço doutrinário da Ordem, levando-se sempre em consideração que a Franco-Maçonaria surgiu apenas na Idade Média cujas origens e elos estão dispostos entre as Associações Monásticas Medievais e posteriormente às Confrarias Leigas. Já o Rito Escocês Antigo e Aceito, teve sua origem no século XVIII, mas nunca como o nome definido de Rito Escocês, o que ocorreria somente em 31 de maio de 1.801 na cidade de Charleston, na Carolina do Sul nos Estados Unidos da América do Norte sobre o paralelo 33 da Terra.

        A despeito dessas considerações e embora muitos Templos Maçônicos tenham o seu teto estrelado a esmo, fato considerado errado, o mesmo deve ser decorado, além das representações específicas como veremos adiante, obedecendo à posição relativa ao hemisfério norte, isso pelo simples fato de que a Maçonaria nasceu no referido hemisfério e, pelo seu aspecto apenas simbólico deve assim obedecer a essa orientação. Querem alguns tratadistas imaginosos, considerar que para aqueles Templos localizados no hemisfério sul, seja obedecido o mapa estelar do respectivo hemisfério. 

        Ora, em primeiro lugar a Maçonaria Universal (Simbólica) não pode ser considerada diferenciada se praticada nesse ou naquele hemisfério, pois ela é única, exclusivamente simbólica e, sobretudo racional, diferenciando-se apenas pelas particularidades inerentes a cada Rito praticado, porém, igual em essência. Dessa forma, não há a necessidade de invenções fantasiosas, místicas e ocultas que buscam amparo em qualquer tipo de influência dos astros ou coisa parecida. Destarte, deve se observar a “liberdade” como princípio basilar da Ordem, que nesse caso, refere-se à crença pessoal de cada Irmão. 

        Em segundo lugar, qualquer inversão de posições dentro de um Templo, implicaria na inversão total do seu conteúdo simbólico, afetando diretamente o arcabouço moral e doutrinário do Rito em questão, colocando em risco as orientações que primam pela racionalidade, a despeito daquelas repletas de imaginação e fantasia.

        Nota importante: A presente Peça de Arquitetura refere-se ao Rito Escocês Antigo e Aceito apenas nos Graus Simbólicos, todavia, esses conceitos podem ser aplicados à Maçonaria Simbólica Universal de uma forma geral, desde que sejam respeitadas as particularidades de cada Rito na sua tradição e essência doutrinária, bem como aqueles que por ventura também façam uso do conjunto simbólico em questão.

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