julho 14, 2023

O VERDADEIRO TRABALHO DO APRENDIZ - Rui Bandeira



O Aprendiz, após a sua Iniciação, não tem apenas de se integrar na Loja.

Essa integração, se bem que necessária, é apenas instrumental da sua atividade maçônica.

O Aprendiz, logo na sua Iniciação e imediatamente após a mesma, é confrontado com uma panóplia de símbolos variada e complexa.

Uma das vertentes importantes do método maçônico é o estudo e conhecimento dos símbolos, o esforço da compreensão e apreensão do seu significado.

Aprender a lidar com a linguagem simbólica, a determinar os significados representados pelos inúmeros símbolos com que a Maçonaria trabalha é, sem dúvida, uma vertente importante dos esforços que são pedidos ao Aprendiz. 

É uma vertente tão mais importante quanto ninguém deve “ensinar” o significado de qualquer símbolo ao Aprendiz.

Quando muito, cada um pode informá-lo do significado que ele dá a um determinado símbolo.

Mas nunca poderá legitimamente dizer ao Aprendiz que esse é o significado correto, que esse é o significado que o Aprendiz deve adotar. 

O Aprendiz pode adotar o significado que o seu interlocutor lhe transmitiu ser a sua interpretação, mas apenas se concordar com ele.

Se atribuir acriticamente a um símbolo um significado apenas porque alguém lhe disse entendê-lo assim, está a agir preguiçosamente, não está a trilhar bem o seu caminho.

Não quer isto dizer que o Aprendiz não deva, não possa, atribuir a determinado símbolo o mesmo específico significado que outro ou outros lhe atribuem.

Aliás, diversos símbolos são generalizadamente vistos da mesma maneira pela generalidade dos maçons. 

Mas cada um deve meditar sobre o símbolo, procurar entender o que significa, por ele próprio.

Pode – não há mal nenhum nisso! – ouvir a opinião de outros, aperceber-se que significado ou significados outros lhe dão.

Ao fazê-lo, está a beneficiar do trabalho anteriormente realizado por seus Irmãos e é também para isso que serve a Maçonaria, é também essa a riqueza do método maçônico.

Mas deve, é imperioso que o faça analisar, refletir sobre o que lhe é dito, verificar se concorda ou discorda, em quê, em que medida e por que. e então extrair ele próprio a sua conclusão e adaptá-la como a que entende correta. 

Pode ser igual à dos seus Irmãos; pode ser semelhante, mas levemente diferente; ou pode ser muito ou completamente diferente.

Não importa!

Ninguém lhe dirá ninguém lhe pode legitimamente dizer, que está errado.

É a sua interpretação, a que resultou do seu trabalho, da sua análise, é a interpretação correta para ele.

E tanto basta!

E se porventura mais tarde, com nova análise, com os mesmos ou outros ou mais elementos, vier a modificar a sua interpretação, tudo bem também! 

Isso corresponde a evolução do seu pensamento, que ninguém tem o direito ou legitimidade para contestar!

Ainda que beneficiando da sinergia do grupo, da ajuda do grupo, das contribuições do grupo, o trabalho do maçom é sempre individual e solitário!

E também, inegavelmente, difícil.

É todo um novo alfabeto que, mais do que aprender, o Aprendiz maçom está a criar e a aprender a criar!

Não é, ainda, porém, esse o principal trabalho do Aprendiz maçon.

É um trabalho importante, é sobre ele que deverá, há seu tempo, mostrar a sua evolução, mas ainda assim é apenas um trabalho instrumental.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, afinal, o de se aperfeiçoar a ele próprio.

Incessantemente.

Incansavelmente.

Interminavelmente.

Ou melhor, só terminando no exato momento em que deixa esta dimensão do Universo e passa ao Oriente Eterno.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é trabalhar a sua pedra bruta e dar-lhe, pacientemente, diligentemente, a regular forma cúbica que harmoniosamente se integre na grande construção universal, projetada pelo Grande Arquiteto do Universo!

A pedra bruta a aparelhar é ele próprio, as asperezas a retirar são as suas muitas imperfeições, os seus defeitos, os seus deméritos, a forma a trabalhar e a tornar regular e harmoniosa é o seu caráter.

Este trabalho nunca está concluído.

Por mais lisa que esteja a sua pedra, por mais regular e harmoniosa que esteja a sua forma, nunca está perfeita, pode e deve sempre aprimorá-la, alisá-la ainda um pouco mais, dar-lhe ainda melhor proporção.

Este trabalho é o verdadeiro, o importante, o essencial trabalho do Aprendiz maçom e o é para toda a sua vida.

É, portanto, também o trabalho do Companheiro e do Mestre maçon.

Por isso o Mestre maçom que seja realmente digno dessa qualidade só se pode considerar, ainda e sempre, um Aprendiz e continuar, prosseguir, com perseverança, o sempiterno trabalho de se aperfeiçoar, de trabalhar a pedra bruta, que por muito cúbica que esteja, deverá sempre ver como bruta em relação ao que deve estar, ao que ele pode que esteja, ao que deve aspirar que seja, esperando que, chegada a hora, algum préstimo tenha.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, tão só, o trabalho de ontem, de hoje e de sempre, do maçom, qualquer que seja o seu grau e qualidade: Melhorar. 

Melhorar e, depois disso, melhorar ainda!

Todo o resto é apenas instrumental!







julho 13, 2023

SER OU ESTAR MAÇOM - Gabriel Oliveira




Atualmente podemos afirmar que “Ser ou Estar alguma coisa” está se tornando uma expressão bastante difundida, que é utilizada para identificar se uma pessoa assumiu ou não seu posicionamento correto com respeito a qualquer organização da qual participa, como por exemplo – quando se desempenha um cargo público ou legislativo, tal qual o de “Estar Ministro”, entre outros exemplos, sendo inclusive utilizado com personagens em programas humorísticos. 

Absorvendo este conceito e aplicando-o no seio de nossa Fraternidade percebemos que todos nós “Estamos Maçons” ao procedermos nossa Iniciação. 

Estamos Maçons ao frequentarmos a Loja e pagarmos as suas mensalidades e taxas.

Estamos Maçons quando participamos de uma atividade organizada pela loja, uma atividade filantrópica, uma palestra, uma visita a outra Loja. 

Ou até mesmo Estamos Maçons quando meditamos sobre o nosso papel e partimos em busca da meditação interior em busca da verdade. 

Mas o que é Ser Maçom? 

O verbo SER não poderia ser considerado sinônimo do verbo ESTAR. 

A caracterização mais expressiva é de que estar é um verbo que indica certo estado, portanto, há como que embutido em seu conteúdo certa passividade, enquanto que o verbo ser é ativo, representa ativação. 

Ser Maçom é um estado de espírito que deve caracterizar o membro presente a toda situação em que pode ajudar e cooperar para que o mundo torne-se de alguma forma melhor. 

Ser Maçom é compreender que por mais poderosas que sejam as forças externas elas devem ser dominadas pela energia que tem sede em sua própria personalidade. 

Ser Maçom é ter consciência que sua presença discreta pode dar apoio a novos projetos úteis à comunidade e constituir-se num valoroso pilar de sustentação de valores mais nobres do indivíduo. 

Ser Maçom é ser o eterno estudante que busca o ensinamento diário, tirando de cada situação uma lição, e aplica com êxito os princípios estudados. 

Que Desenvolve em toda oportunidade de sua intuição, sua força de vontade, sua capacidade de ouvir e entender os outros. 

Temos que considerar que o Ser Maçom deve, como livre pensador, questionar o porquê de determinados acontecimentos entendendo e vivenciando no nosso aprendizado que palmilhamos lentamente, com passos firmes para não tropeçar nos erros e vícios do passado, mesmo que em momentos saiamos da trajetória para poder compreender o mundo com uma visão holística de suas nuances. 

O Maçom que se limita a ler ou estudar as instruções dos graus ou a literatura disponível e não procura aplicar em sua vida diária os conceitos que lhe são transmitidos, na busca do desbaste da Pedra Bruta, e em erigir o Templo Interno, perde excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser útil para o seu bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico. 

O Ser Maçom é aquele estado em que sem abandonar os hábitos de disciplina racional, a mente busca uma abrangência do universo, o conhecimento intrínseco dos fenômenos que estão ocorrendo, procurando desenvolver a sensibilidade e a compreensão das razões de estudo. 

O Maçom que desenvolveu sua mente para estar atenta e acompanhar a evolução dos fatos sabe como conhecer as sutilezas que envolvem suas origens, é como um oleiro que dá formas sutis ao barro bruto, enquanto que o Maçom modela sua própria consciência num confronto com sua própria personalidade. 

Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos que pensam e agem de maneira diversa da nossa. 

Isto nos propicia excelentes oportunidades de nos adaptarmos a estas personalidades e, sobretudo, de aprimorarmos as formas de inter-relacionamento. 

A sabedoria do bem viver é despertada quando nos conscientizamos dessas diferenças e procuramos compreender o indivíduo através de suas particularidades. 

Ser Maçom é despertar este sentido de compreensão do indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos de dificuldades. 

O exemplo de uma atitude mental moderada, sincera e cooperativa caracteriza muito o Ser Maçom. 

E todos notam que sob muitos aspectos, o Ser Maçom diferencia-se como indivíduo entre todos os outros. 

No aprendizado inicial aprendemos que além dos SS.’. TT.’. e PP.’. o Maçom deve ser reconhecido pelos atos e posturas dentro da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de maneira diuturna os nosso aprendizado e a filosofia dos postulados da Arte Real. 

Sentimos que temos que desempenhar um papel mais complexo na sociedade e dar uma contribuição positiva para que ela se torne superior. 

Ser Maçom implica em algumas renúncias, mas a compensação que advém deste estado de espírito especial é muito agradável. 

Sentimo-nos como se fôssemos os autores da novela e não apenas os personagens passivos, criados pelos mesmos. 

Temos uma participação presente e atuante, embora que, aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado. 

Já se disse que nos colocamos muito mais em evidência, quando nos mantemos como observadores e damos a colaboração somente quando é solicitada pelos outros, do que aqueles que procuram apresentar-se como os donos da festa. 

Considerem, sobretudo, que encontramos muitas pessoas evoluídas e que podem ser consideradas possuídas de elevado espírito Maçom. 

Têm uma expressiva vivência das coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas decisões, mesmo se nunca se tornaram Maçons. 

...*Nós estamos Maçom ao entrarmos na Ordem e Somos Maçom quando o espírito dela entrar em nós*... 

A diferença é muito grande, mas facilmente perceptível. 

Irmãos unam-nos na trilha que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para não Estarmos Maçons, para não trilharmos a Maçonaria simplesmente cumprindo Rituais, envergando a mera condição de um “Profano de Avental”. 

Desejo que todos avaliem como é bom SER MAÇOM! 

...Se há invejosos, é porque você está fazendo algo certo... 





julho 12, 2023

LANDMARKS, NOS LIMITES DA DESCONFIANÇA - Mario Rolleri




Os Landmarks, ou Lindeiros, são regras particularmente impostas pela Maçonaria anglo-saxônica. A palavra Landmark tem sua origem nos maçons ingleses. Esta palavra foi tomada da Bíblia em (Job 24.2 e Pr 22.228/23.10) e recordam os Lindeiros que não se deve violar. 

Na maçonaria se denominam assim as limitações, que supostamente nenhuma Grande Loja pode, ignorar, anular ou modificar, já que neles estão contidos os princípios, e a essência da Fraternidade. Essas limitações, a que chamaremos de Lindeiros, o quanto seja possível e com o fim de não usar a inglesa, são aqueles princípios, ou regras de governo maçônico, que supostamente determinam a natureza de nossa Instituição, e que por vir, de tempos remotos, tem-se em sua maior parte, por invioláveis. Dentro desses Lindeiros, se encontra a maçonaria, fora deles ela não existe. Os que encarnam uma tendência de aceitação chegaram a sustentar que a Maçonaria é um culto fundado em bases religiosas e, cujos princípios originais, os Landmarks, são imutáveis. Até o fim dos tempos, por consequência, não se pode introduzir modificações nos princípios e fundamentos da Maçonaria Original. Identificados com essa tendência, se encontra grande parte dos maçons latino americanos, partidários de uma maçonaria não dogmática, que represente e encarne as forças dinâmicas frente as tendência estáticas.

O vocábulo Landmark, foi empregado desde tempos, muito antigos, pelos maçons operativos ingleses para se referir às práticas, costumes, leis e usos da maçonaria. O prestigioso jurista argentino, Virgilio A. Lasca, em sua obra “Direito Internacional Público Maçônico”, diz que o fundamental a considerar nestas guias ou pautas, deve se inspirar no essencial do conteúdo nas Constituições de Anderson de 1.723, e nas particularizações ou peculiaridades, que em cada jurisdição foi imposta. “Impõe-se uma elevação espiritual para avivar a grande obra a cumprir pela maçonaria nesta humanidade ansiosa de paz e harmonia, para afiançar seu progressivo melhoramento”.

“Devem se contemplar todos os princípios que tendam a unir as Potências, e descartar aqueles outros que são motivos de discrepância, se é que compreendemos bem a Arte de construir uma verdadeira Fraternidade”

No entanto, as referidas Constituições de Anderson não são de modo algum um antigo “lindeiro”, ainda que possa ser um padrão de referência. A Constituição publicada pela Grande Loja Inglesa, em 1.723 é uma verdadeira reforma de usos e costumes da maçonaria operativa, levada a cabo pela necessidade de organizar a Fraternidade, a fim de reunir os elementos dispersos e coordenar seus esforços. 

 Isso está claramente explicitado na pagina 73 do Livro das Constituições de 1.723, onde se pode ler: “… sendo consideravelmente, interpoladas (inseridas) (não só, na Bíblia se fazia interpolação) e mutiladas, e, lamentavelmente alteradas os anexos Constituições… nosso antigo Respeitável Grão Mestre, encarregou o autor a examinar, corrigir e redatar, seguindo um método novo e melhor, a história, deveres e regulamentos de nossa Velha Fraternidade.

 Em consequência, esse autor estudou diversos documentos provenientes da Itália, Escócia e de distintas regiões da Inglaterra, entre eles encontrou grande numero de erros, e deles assim como de outros antigos arquivos maçônicos tirou as Constituições com os Deveres e Regulamentos Gerais. Essa página foi posta de forma muito suspeita, na sombra, pelos historiadores. Conhecemos uma longa lista de muitos antigos manuscritos maçônicos, e acreditamos que o famoso Manuscrito ou Poema Régio, que data do ano 1.390, é o mais antigo de todos. A Carta de Bolonha importante documento de 1.248, também foi mantido no ostracismo pela maioria dos historiadores da Fraternidade. A que se deve esse silêncio? Podemos ver nisso uma não confessada intenção dos ingleses pela preponderância britânica?

A obra de Anderson não pode evitar a aparição de suscetibilidades. Conta-nos Eduardo E. Plantagenet (ver Bases do Direito Maçônico, Landmarks ou Obrigações de Anderson) que aqueles que permaneciam fiéis aos que acreditavam ser a verdadeira tradição maçônica, não queriam admitir que pudesse ser corrompida por alterações de toda ordem. É precisamente a esses irmãos a quem se deve em 1.722, no mesmo momento, em que o trabalho de Anderson era confiado a uma comissão de revisão, especialmente nomeada para seu exame, a publicação de uma constituição “The Old Constitutions belonging to the Ancient and Honourable Society of Free and Accepted Masons”, copiada segundo declaravam, de um documento manuscrito de mais de quinhentos anos de idade.

 Não há dúvida que foram eles que anos mais tarde, em 1.858 como se pretende, provocaram de uma lista de Landmarks ou Princípios Fundamentais e Imprescindíveis da Ordem, que se opuseram com êxito, às “Obrigações de Anderson”. Todavia, hoje a Grande Loja Unida da Inglaterra, faz desses Lindeiros, a base da ortodoxia maçônica. Muitos irmãos crêem que certos Lindeiros, estão indissoluvelmente unidos à Constituição de Anderson.

Se confrontarmos os Landmarks e as Obrigações, continua Plantagenet, vemo-nos fatalmente obrigados, de bom ou mau grado, comprovar que de longe complementa-se mutuamente, como nos induziria a admitir a doutrina anglo-saxônica, ambos os documentos se contradizem, ou se acham em desacordo, sobre mais de um ponto; e que sua autoridade “legal” está longe de ser equivalente e, por último, que suas divergências tão nefastas à grandeza e à sublime universalidade do Ideal Maçônico, tem em sua origem um mal entendido, tanto mais aflitivo, quanto o que parece ser, mais que uma deplorável consequência da eterna incompatibilidade existente entre a letra escrita e o espírito. Essas diferenças, não são frutos do azar nem da fantasia do redator; elas são voluntárias, premeditadas e o que é pior, meticulosamente definida e posta à luz.

Essas diferenças, acentuaram-se com o tempo e impulsionaram os “antigos”(a oposição aos modernos que rodeavam e apoiavam a Anderson) a voltar a seus antigos sentimentos, renegar as Constituições de Anderson, invocar a imprescritibilidade dos Lindeiros, que “Eles haviam descoberto” e provocar assim a alteração do texto original de Anderson e depois a paradoxal semelhança de seus Lindeiros com as Obrigações.

O que são e o que não são os Landmarks, então? Devemos aceitar que até hoje não se conhece nem o numero nem sua natureza particular, e que nenhuma das nomenclaturas em curso os reveste um caráter de autenticidade suficientemente notória, para que possamos da dúvida que nasce em tantas singulares contradições e a visível oferta que produz seu cotejo. Uns poucos correspondem aos antigos e inalteráveis Lindeiros. Outros muitos, não são nada mais que tardias interpolações, que tiveram como objeto primordial sustentar posições altamente criticáveis, pouco maçônicas. Certamente, não será possível através desses, medir o grau de desvio que se há produzido na Fraternidade, o distanciamento dos postulados que a impulsionavam. Considerar que os chamados landmarks são o conjunto de escritos próprios e exclusivo da Ordem, sem fazer uma prévia análise dos mesmos, pode nos levar a cometer graves equívocos. Essa análise é iniludível para determinar se as Obrigações de Anderson podem ou não ser consideradas como a Carta Fundamental da Maçonaria especulativa ou então considerar como tal os princípios básicos da Franco-maçonaria Universal, aprovados na Assembleia Geral de Franco maçons, reunida em Paris, no ano 1.523.

Não há dúvidas que estamos todos de acordo sobre a existência real de determinados Lindeiros não desprovidos de certa autoridade e que podem em certa medida, pelo menos representar alguns elementos essenciais à regularidade maçônica. No entanto, para que pudéssemos fazer deles parte do direito Maçônico, seria necessário que esses Lindeiros fundamentais fossem aliviados de todas as prescrições, cuja universalidade não está não está demonstrada de um modo a não se ajustar à estreita definição, admitida em seu caráter específico. Os Lindeiros que propôs Mackey, são notoriamente posteriores ao livro das Constituições de Anderson. 

Quanto ao resto, que titulo se poderia invocar antes as circunstâncias já assinaladas, para conceder aos Lindeiros uma precedência qualquer  sobre as Obrigações de Anderson? O argumento da anterioridade não pode ser usado; sua autenticidade está sujeita à cautela; sua universalidade é discutível; seu numero é desconhecido; nada define ”oficialmente” seu caráter; nem se quer pode se pretender que a anunciação dos principais, entre eles, tenha aportado um elemento novo para o estabelecimento para os quadros do direito maçônico.

Na Constituição “operativa” publicada em Londres em 1.772, não se encontra nenhuma referencia que possa servir de base para a justificativa dos Landmarks de Mackey. Pelo contrário pôde-se apreciar que, pela primeira vez apareceu essa expressão no vocabulário maçônico, no artigo XXXIX das antigas Ordenanças, publicadas na continuação das Obrigações de Anderson; (XXXIX – Cada Grande Loja tem um poder inerente e autoridade para tomar “novas regras” ou alterá-las, em benefícios desta antiga Fraternidade; Providenciem sempre, para que “os antigos marcos sejam cuidadosamente preservados”…)

Com o decreto de aprovação da Grande Loja, expressa se que os decretos de Anderson, devem ser considerados como as únicas Constituições da Ordem: (… E nós ordenamos que estes sejam recebidos em cada apresentação especial sob nosso conhecimento, como a Constituição só de Maçons Livres e Aceitos entre nós …) não pode haver dúvida que as prescrições a que esta declaração se referia não eram outras que as editadas pelas “Old Charges”.

Se considerarmos essas prescrições com a atenção que merecem, logo notaremos que, adotando o aspecto de uma constituição operativa, elas traçam muito claramente, o quadro espiritual da Maçonaria especulativa, destacando as tradições que importa respeitar para que o Maçom virtuoso possa “realizar” a iniciação e converter-se em um “Iniciado” no sentido intelectual, e para que a Ordem conserve sua fisionomia própria em meio as tantas instituições profanas, dedicadas à satisfação fragmentária e temporal das aspirações transcendentais e integrais da comunidade maçônica.

Enfrentamos assim, uma verdadeira disjunção: optar entre Lindeiros ou Obrigações. Podemos embarcar numa difícil tarefa de pesquisar e analisar todos os Lindeiros que andam dando voltas e decidir quais deles são autênticos e vitais para a manutenção do caráter que identifica nossa Fraternidade. Reitero o equivoco que pode resultar emitir uma opinião sobre os “antigos Lindeiros”, considerando somente os enunciados por Mackey. Ninguém pode responder de que fontes os extraiu. São muitos os irmãos que não aceitam preferência excessiva que se outorga a esses Lindeiros por sobre as Obrigações de Anderson, porque em alguns aspectos eles se desvirtuam em perigosa pugna, e em outros, repetem-na inutilmente.

O que interessa ante todo é entender-se. Quando se proclama que os antigos Lindeiros são “inalteráveis, irremovíveis, imutáveis” resulta positivamente certo, se tem em conta, quando menos as Obrigações de Anderson, porém se não se considera a nomenclatura de Mackey, que tem invadido muitos terrenos para poder pretender certo grau de imprescritibilidade. Não podemos deter a evolução, atando-a a limites de um passado morto. A natureza não é estacionária. “As instituições envelhecem, enquanto a Humanidade rejuvenesce sem parar; os métodos podem se desgastar, a exigência do dos tempos e do espírito modificar-se, as doutrinas corromper-se, somente o “fim” permanece eternamente idêntico a si mesmo, porque nós estamos no “vale”, e Ele está “lá em cima”. Se ousarmos expressar o que é um Landmark iniciático usando nossa própria tese, diríamos que o que nos distingue especificamente da atividade intelectual e social do mundo profano, é precisamente que “a comunidade humana se esforça para realizar a doutrina”tentando a cada indivíduo, cada função, e cada grupo a impor sua aos outros, enquanto que a comunidade maçônica não aspira se não a encaminhar a Humanidade até “o fim”fazendo-a perceptível a todos e deixando cada um o cuidado de encontrar seu caminho, de progredir por ela segundo suas forças e sua possibilidades.

“É por isso que o ensinamento iniciático, se não presta a nenhuma limitação espiritual; a crítica de hoje é essencialmente diferente daquela cujos textos nos mostram os rituais do século XVIII, ainda que o objetivo final continue sendo o mesmo”.

“como conclusão se pode afirmar que as Obrigações de Anderson, igual aos Princípios Básicos Constitutivos da Franco-maçonaria Universal, do ano 1.523, constituem os únicos documentos capazes de proporcionar uma base sólida ao direito maçônico. Desgraçadamente os Landmarks ou Lindeiros em sua forma atual, não somente são nulso em seu valor, senão que por sua imprecisão, sua falta de coordenação e sua oferta, enredada que evidenciam seus fins, constituem, para a Ordem um mal de excepcional gravidade que seria urgente extirpar. È isso possível ? Não há duvida que sim. Bastaria somente não deixar que na busca racional dessa solução do problema que a letra escrita não afogue ao espírito e que as particularidades não estrangulem a Fraternidade (Plantagenet)

Os “antigos Lindeiros “(ou landmarks) cujo sentido real, e números, que poucos maçons conhecem têm demonstrado que só convém às Potencias maçônicas, já que lhes permite, pela ambigüidade do termo, acusar-se reciprocamente da não observação da antiga tradição dos Maçons operativos. O pecado é que todas elas se fazem mais ou menos culpadas, quando eles servem seus interesses.

 

Titulo original em espanhol. Landmarks, en los limites de la sospecha. - Tradução – Laurindo Roberto Gutierrez

julho 11, 2023

QUEM VEM LÁ - Roberto Ribeiro Reis


Para merecer entrar para a Maçonaria,

É preciso assinar um Sublime Contrato,

Onde o aspirante, o escolhido candidato,

Trabalhe a si mesmo, armado de ousadia.


“Quem vem lá?” Pergunta-se com euforia,

Certamente é alguém de coração bom,

Que assim deseja ser recebido Maçom,

Vivendo à base de paz e muita harmonia.


Lá ele saberá que as invejas e os ciúmes,

E a abundante quantidade de venenos,

Não atingem aos Irmãos, que são serenos,

Além de serem livres e de bons costumes.


Viverá em um ambiente sem queixumes,

E todos aqueles sentimentos de somenos;

Descartará o vulgar, os prazeres pequenos,

Sentirá a fragrância dos nobres perfumes.


Reconhecido e iluminado neste ambiente.

Receberá Irmãos e, com eles, as glórias;

Dividirá com todos as mais belas histórias,

Nessa marcha de amor, que é reluzente.


Gozará de instrução, será culto, inteligente,

Obterá conhecimento e um crítico senso;

Maçonaria é mais do que isso, assim penso,

“Quem vem lá” tem a chance de ser diferente!



julho 10, 2023

O AVENTAL MAÇÔNICO


O avental é um legado que a maçonaria moderna recebeu da maçonaria operativa. 

Esta peça, que foi de tanta utilidade para o Maçom operativo, já que lhe protegia a roupa, transformou-se para o maçom moderno numa alfaia simbolizando o trabalho do Maçom.

Até a sua regulamentação pela Grande Loja Unida da Inglaterra, os aventais da maçonaria inglesa assumiram os mais variados aspectos e formas. Simples peles desalinhadas de cordeiro, no princípio, os aventais sofreram uma evolução constante nos países que adotaram a instituição maçônica.

Em fins do século XVIII era grande moda enfeitar os aventais com pinturas e bordados à mão que reproduziam a riqueza emblemática da maçonaria.

Fonte: Paul Naudon, "Histoire Générale de La Franc-Maçonnerie".

julho 09, 2023

O VERDADEIRO AMOR - Michael Winetzki


 

NOVE DE JULHO - Adilson Zotovici



Vale sempre lembrar 

Desses insignes obreiros

Que há muito decidiram lutar

Honrados livres pedreiros


Na verdade Brasileiros

Em movimento Civil e Paulista

Por tempos alvissareiros

“Revolução Constitucionalista”


Uno anseio progressista

Com destemor, com bravura,

Sem ideia separatista...

Contra perigosa ditadura 


Lançaram-se pois, à loucura, 

Fraternais, mas sem medo,

Homens com muita cultura

E em comum...um segredo 


Inda que imposto degredo,

Ou militar, ou à paisana,

Nobre, Salles, Lisboa, Toledo 

Mesquita,Campos, Pestana...


Por Constituição Soberana,

Juntos lutaram à porfia

Por princípio, a liberdade humana,

Tal os arcanos da Maçonaria !




julho 08, 2023

O SOL - Almir Sant'Anna Cruz



 Presente tanto na decoração do Templo quanto nos Painéis do Grau de Aprendiz de origem inglesa e francesa e no do Grau de Companheiro de origem francesa.

O homem primitivo sentia intenso terror diante dos crepúsculos que antecediam as noites frias, escuras e de perigos. Quando viam o Sol ressurgir, ao amanhecer, sentiam imensa satisfação, vendo nele um herói, sempre vencido e sempre vitorioso, uma sucessão interminável de derrotas, de ressurreições e de vitórias. Consideravam-no como símbolo máximo do poder, o poder supremo.

Todas as religiões, desde a mais alta antiguidade, tornaram o Sol como Símbolo mais constante e completo da divindade.

O culto dos corpos celestes, adorados como deuses, foi observado em um sem número de culturas, envolvendo geralmente o medo reverente diante da beleza, da regularidade, do mistério e do poder dos astros, principalmente do Sol, seja no aspecto real ou no imaginário, que exercem sobre a vida. 

A astrolastria inicia-se com o homem pré-histórico, desenvolve-se tanto na Mesopotâmia quanto na América pré-colombiana, chegando à cultura greco-romana. 

Em Roma, o culto solar passou a religião de Estado, com o divino imperador se tornando o equivalente terrestre do Sol, como soberano do universo, ao mesmo tempo em que Mitra era adorado como deus solar.

Fonte de vida e de toda a ordem de nosso sistema solar, o Sol é como que a presença da divindade junto aos homens e, por isso, foi cultuado em todas as religiões.

Tornou-se o símbolo da majestade, da religião, da vida e da luz intelectual.

Para os místicos, o Sol simboliza a espiritualidade, o ponto central de todas as coisas, o centro da circunferência, o coração do ser humano.

Misticamente, o Sol é um inesgotável manancial de vida e luz, que dele flui sem cessar.

Generoso doador de vida, alimenta e sustenta todas as criaturas e é o coração de todo o sistema solar.

O Sol é o deus divino, o “Eu sou”, o Poder Criador, e toda a potencialidade do homem espiritual. É o reservatório central da vida, luz, amor, poder e sabedoria.

Para o Maçom o Sol representa a luz intelectual, da qual está em constante procura e também a autoridade soberana e a verdade divina

O Sol é o vitalizador essencial, a fonte de luz e vida, o princípio ativo, o Pai de generosa fecundidade que nasce no Oriente, de onde vieram a civilização e as ciências. 

Segundo o Ritual do Rito de York do Grande Oriente do Brasil, traduzido do Ritual de Emulação Inglês, “O Sol é a maior Glória do Senhor e o Universo é o Templo da Divindade a quem servimos. A Sabedoria, a Força e a Beleza rodeiam o Seu trono como pilares de Suas obras ...”


Verbete do *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Guias de Aprendiz, Companheiro e Mestre do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz Interessados contatar o autor no WhatsApp (21) 99568-1350

julho 07, 2023

“MAÇONS SÃO SERES HUMANOS!!!“


E como tal, devem se comportar!

Se, seres humanos, Somos passíveis de falhas.

Buscadores de Conhecimento como todos os seres humanos.

Sujeitos a acertos e erros como qualquer ser humano.

Porém, o que em um não iniciado é uma qualidade rara, no Maçom dever ser o cumprimento de um Dever, sendo útil, sem jamais, tirar proveito.

Os que usam de dissimulação para entrar na Ordem, renegando propósitos como: obter proveitos e vantagens, para serem admitidos, se decepcionarão quando perceberem que a Maçonaria consiste em estudar, ler, elaborar trabalhos, auxiliar os necessitados, mudar as condutas inadequadas, tornando-se mais virtuoso.

Um dos Bons Mestres com quem tive a satisfação de conviver (já partiu para o Oriente Eterno), disse, certa vez:

- A Maçonaria é a única escola que concede um grau antes de ministrar as lições.

E isso, faz com que, grande parte dos iniciados, não entenda a diferença entre receber o Grau e concluir o Grau. 

Só podemos nos considerar aptos ao final de cada ciclo.

Além de checarmos quantas lições foram ministradas e respondidas, no tempo transcorrido, seria indispensável avaliar que transformações aconteceram no modo de proceder dos irmãos:

São elementos de concórdia?

Demonstram com suas ações que entendem que líderes jamais impõe sua vontade?

São tolerantes e tem clara noção dos seus próprios limites?

Dedicam-se ao estudo e a pesquisa com afinco?

Possuem disciplina e perseverança para aprender e sabedoria para ensinar?

As belas palavras são condizentes com atitudes de mesmo valor?

Entende que mais do que proferir belos discursos é preciso saber quando, se, o que e como falar; sendo moderado com os menores, prudente com os maiores, sincero com os iguais, manso com os que sofrem, sempre de acordo com os princípios da sã moral? 

Conhece e aceita suas limitações e, dia após dia, trabalha no mármore para retirar as arestas, uma a uma, com cuidado para não estragar a obra? 

Entende que liberdade ao extremo, se torna libertinagem; que ausência de liberdade, se transforma em escravidão e que, somente pode ser benéfica, a liberdade que se associa a responsabilidade?

E ainda, para que seja considerado apto a subir os degraus da escada:

Deve gozar a vida com moderação e sem ostentações.

Ter devoção à pátria e imenso amor à família, aos irmãos e à humanidade.

Precisa ter disposição indomável para combater sem tréguas o vício, a corrupção, o crime, a intolerância e, principalmente, as suas próprias ambições pessoais.

Ser misericordioso, filantropo, inclinado a compaixão e predisposto a empatia.

Respeitar o seu próximo, independente, de cor, posição social, credo ou idealismo político, bem como à natureza e aos animais.

Amparar e ouvir os seus Irmãos, guardando como segredo de confissão as suas fraquezas e enaltecendo, para todos, as suas virtudes.

Precisa gostar da filosofia maçônica, conhecer profundamente a sua liturgia e ritualística, combatendo o obscurantismo, a intolerância, o fanatismo, as superstições, os preconceitos, os erros, as más lendas e invencionices maçônicas.

Ter uma espiritualidade rica e pureza de sentimentos, que justifiquem a honra de revestir-se de aventais e receber títulos, cargos e graus, ciente de que os paramentos devem adornar as virtudes e não, o corpo físico.

Do passado: ser versado em História da Maçonaria, saber suas origens, leis, usos e costumes; no presente: estar disposto a escrever novos capítulos, atuando como construtor social, objetivo primordial da Ordem, para colaborar com o progresso da humanidade.

E percebo que meu Mestre descobriu o Segredo, alcançando a Sabedoria.

O grande Segredo da Maçonaria é o processo interior que permite a transformação das trevas da ignorância em luz do conhecimento.

O grande Segredo da Maçonaria é que ela oferece a oportunidade para que um ser humano falho e com defeitos, possa aperfeiçoar seu caráter.

O grande Segredo da Maçonaria é que ela oferece as ferramentas e ensina como utilizá-las.

Agora meus amados irmãos, “O maior segredo da Maçonaria é que para elaborar uma obra quase perfeita é preciso trabalhar com afinco, paciência, perseverança, disciplina, no bloco informe e bruto que cada ser humano representa.

Simples assim!!!

Mas tornamos tal missão de difícil labor, pois somos a própria matéria prima a ser lapidada, e de maneira diária e continuadamente, pois :” SOMOS SERES HUMANOS, apesar de filhos de uma DIVINDADE  SUPERIOR, Nosso DEUS!!, e não estamos aqui por acaso!!! 

O trabalho é árduo, diuturno, construtivo.

A perfeição somente é alcançada, degrau por degrau!


(Adaptado do Blog arte Real!)

RECURSO PREOCUPANTE - Adilson Zotovici

 


Creio que preocupante

Duro o que observado

Em seu seio a resultante

De muro desaprumado


Quiçá gestão hesitante

Neófito pouco regado

Companheiro sem talante

Mestre inabilitado


A entre safra reinante

“Instalação” rariado

“Reassunção”  abundante

Mostram um alerta ligado


Pra canteiro mais atuante

Com cinzel mais afiado

A desbaste confiante

Ou um maço mais pesado


E que cada vigilante

Queira o muro nivelado

Bem Aprumado e pujante

Do alicerce ao telhado


Pois inda que bom comandante

Comum o recurso encontrado

Venerável Mestre operante

_Um antigo Mestre Instalado_ !



julho 06, 2023

MAÇONARIA BRASILEIRA - Mauro Ferreira


A MAÇONARIA Brasileira se divide em três principais grupos que são:

UMA Federação (GOB) e duas Confederações

 CMSB- (Grandes Lojas Estaduais) e 

COMAB - Grandes Orientes Independentes.

Com aproximadamente 1800 Lojas, o GOB tem cerca de 55.500 obreiros ativos. 

O maior grupo, a  CMSB- Confederação da Maçonaria Simbólica Brasileira (Grandes Lojas Estaduais, em São Paulo-GLESP), tem cerca de 3500 Lojas com cerca de 110 mil ativos. 

A COMAB - Confederação Maçônica Brasileira (Orientes Estaduais Independentes) tem cerca  de 1200 Lojas com cerca de 41 mil obreiros. As tres se reconhecem no Brasil com Tratados recíprocos. 

O GOB  e todas Grandes Lojas CMSB tem Reconhecimento tradicional  internacional e parte dos Orientes da COMAB também os têm.

Tanto a Federação GOB e as Confederações CMSB e COMAB  estão na CMI - Confederação Maçônica Interamericana. 

Lojas, Grandes Lojas e Grandes Orientes que não estão nestes organismos acima não são reconhecidos pelos três.

Existem outros Grandes Orientes que saíram da Federação GOB recentemente com números expressivos de obreiros mas sem Tratados de Reconhecimentos com os tres acima.

Obs: os números acima estão baseados em dados aproximados.

POR QUE MORRE UMA LOJA? - Paulo Melo



Os corpos Maçônicos morrem pela observância ou inobservância de quaisquer das seguintes ações e atitudes: 

1. Por não se frequentar os seus trabalhos; 

2. Pela falta de energia do Venerável; 

3. Pela falta de atividade do Secretário; 

4. Pela falta de empenho do Tesoureiro; 

5. Por não se chegar nunca na hora do início dos trabalhos; 

6. Por não se querer aceitar cargos; 

7. Por se estar sempre disposto a criticar e nunca disposto a fazer; 

8. Por procurar-se encontrar sempre algum defeito nos trabalhos da Oficina;

9. Por desgostar-se em não ser indicado para integrar alguma Comissão; 

10. Por não se desempenhar seu trabalho; 

11. Por não se emitir opinião franca e leal sobre os assuntos consultados, e criticar depois, a alternativa seguida; 

12. Por pensar e exteriorizar opinião que desabone oficiais e dignidades; 

13. Por ser intempestivo, arrogante, vaidoso ao ponto de não reconhecer seus próprios erros; 

14. Por fazer-se uso da palavra para agredir e tratar assuntos de sectarismo políticos e religiosos, proibidos em Loja; 

15. *Por acreditar-se perfeito, infalível e superior;*

16. Por aspirar-se a todos os direitos e não se cumprir com os deveres; 

17. Por não se praticar na vida profana a conduta que devemos ter com os Irmãos; 

18. Por não se respeitar as opiniões nem os direitos maçônicos e profanos, civis, econômicos e sociais, de todos os Irmãos; 

19. Por acreditar-se que nossos Irmãos têm obrigações e nós, somente direitos; 

20. Por semear-se ressentimentos entre os membros; 

21. Por exaltar-se a vaidade de um Irmão às custas de outro; 

22. Por discutir-se sem ilustrar;

23. Por trabalhar-se sempre para si próprio; 

24. Por fazer-se monótonas as reuniões; 

25. Por negar-se sistematicamente todo esforço em prol da Oficina; 

26. Por falta de disciplina; 

27. Por converter-se a Loja numa sala de conversa após abertos os trabalhos; 

28. Por fazermos eco de aversões contra um Irmão em vez de defendê-lo; 

29. Por converter em sementeira de rivalidades e ódios o que deveria ser um sulco de fraternidade e harmonia; 

30. Por dizer-se, hipocritamente, em Loja: *"O Querido Irmão fulano de tal*" e dizer, maldosamente na rua: *"O sem vergonha do fulano de tal*" 

31. Por ser intransigente em tudo, até para pagar as mensalidades; 

32. Por desejar-se ser sempre Venerável ou quando menos Vigilantes, e nunca Secretário, Tesoureiro ou Guarda Externo. 

33. Por apatia e falta de lealdade aos juramentos. 

E principalmente por se esquecer o juramentos de *VENCER SUAS PAIXÕES*... 


Traduzido da Revista Masónica de Chile, Ano XXVlll, nºs 1 e 2 1951)




julho 05, 2023

TAÇA SAGRADA – UMA QUESTÃO CONTROVERTIDA - Pedro Juk



O desenvolvimento dessa peça de arquitetura está direcionado para sentido do esclarecimento de questões constantemente debatidas e interrogadas que envolve a prova denominada a “Taça Sagrada” dentro dos rituais maçônicos e, nesse particular, o que abrange o Rito Escocês Antigo e Aceito no contexto das Obediências Maçônicas brasileiras.

Embora o arrazoado esteja especificamente dirigido aos praticantes do escocesismo, urge, pelo caráter controverso do fato, ser citado o Rito Adonhiramita, principalmente pela prática litúrgica do ato em questão que, na forma praticada em nosso país pelos integrantes do escocesismo, está intimamente ligada ao Rito citado.

É bem verdade que há abrangência da prova da Taça Sagrada em outros Ritos, independente dos que até aqui foram citados, todavia, essa prova está também associada a outras particularidades que se distinguem na forma e conteúdo da prática, a exemplo do Rito Francês, ou Moderno, onde na França, a prova é determinada como a “Taça e a Bebida Amarga” – este Rito emprega apenas a bebida amarga.


QUESTÃO CONTROVERSA NO SENTIDO DE PUREZA E ORIGEM HISTÓRICA.

A TAÇA SAGRADA NO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO.


Um exame mais acurado dos tradicionais rituais escoceses aponta para a inexistência da teatral prova da Taça Sagrada tal qual se conhece atualmente em certos rituais brasileiros. Todavia, quando se aborda o que é tradicional, fica o alerta de que é aconselhável a adoção de um método que dispense pesquisas em antigos rituais escoceses deturpados impressos no Brasil. Em tese, é saber separar o autêntico do duvidoso. Um fato que dever levado, sobretudo em consideração, é o de que, embora o nome sugestivo do Rito seja Escocês, ele é na verdade de origem francesa. Atinar para esse detalhe é por demais importante para que se evitem conclusões apressadas e desprovidas de um compromisso mais sério para com o que é autêntico e verdadeiro.

No tradicional escocesismo, as Taças da Boa e Má Sorte, ou das Vicissitudes – esse é o nome mais condizente ao se tratar do Rito Escocês Antigo e Aceito – estarão dispostas para observação do candidato na Câmara de Reflexão, tal qual um alerta de alto significado moral, sendo que, mais tarde, durante o cerimonial de Iniciação, quando o candidato for inquirido sobre as suas impressões de quando esteve encerrado “naquele lugar sombrio”, o Venerável dará as explicações necessárias sobre o significado simbólico do conteúdo das taças, sem que com isso, haja qualquer necessidade do candidato sorver desta ou daquela bebida - basta a explicação e, neste caso, o simbolismo está muito longe de ser confundido com um trote ou coisas do gênero.

Dito isso, pergunta-se: então qual a razão dessa prova teatral estar tão disseminada em certos rituais escoceses no Brasil?

É inexoravelmente claro que a origem desta anomalia, em termos de rituais escoceses, está ligada diretamente aos primórdios da Maçonaria regular no Brasil.

Sob a ótica de uma análise mais profunda, depara-se com a questão dos ritos praticados à época no Brasil, mais precisamente no início do século XIX.

Sem querer se desviar do objetivo desta lauda, se faz cogente a compreensão de que a primeira Loja regular no Brasil foi fundada em 1.801, no Rio de Janeiro, com o título distintivo de Loja “Reunião”, movida pela liturgia e com fins político-sociais, sob a égide - segundo o manifesto de 1.832, do Grão-Mestre José Bonifácio – do Grande Oriente da Ilha de França, representado pelo Cavaleiro Laurent, que presidira a sua instalação.  (Ilha de França (Ille de France) é o antigo nome da ilha Maurício, uma pequena ilha situada no Oceano Índico, no Arquipélago das Mascarenhas, atualmente pertencente à Grã-Bretanha. Foi descoberta pelos portugueses, em 1.505, dominada pelos holandeses e pelos franceses, a partir de 1.710, tornando-se posteriormente colônia britânica.)

Essa Loja trabalhava no Rito Francês, ou Moderno.

Dois anos depois, de acordo com o mesmo manifesto, o Grande Oriente Lusitano, desejando propagar, no Brasil, a verdadeira doutrina Maçônica, nomeou para esse fim, três delegados, com plenos poderes para criar Lojas Regulares no Rio de Janeiro, filiadas àquele Grande Oriente. Foram então criadas as Lojas “Constância” e “Filantropia”, as quais, junto com a “Reunião” serviram de centro comum para todos os Maçons existentes no Rio de Janeiro – ainda de acordo com manifesto de 1832, do Grão-Mestre José Bonifácio.

As Lojas “Constância” e “Filantropia”  trabalhavam no Rito Adonhiramita.

A se notar que quando se trata de Maçonaria Regular no Brasil naquela época, o Rito Escocês Antigo e Aceito era tido como um ilustre desconhecido, até por que, a despeito de suas origens francesas e com o nome de Rito de Heredom  com seu sistema de vinte e cinco graus, somente tomaria o nome de Escocês, como rito, a partir de 31 de maio de 1.801, data de sua fundação na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos da América do Norte, inaugurando na oportunidade o sistema de trinta e três graus. Seria somente a partir do ano de 1.832, isto é, trinta e um anos após a fundação da Maçonaria regular brasileira, que o Rito Escocês entraria oficialmente no Brasil instalado pelas mãos de Francisco Gê Acayaba de Montezuma – o Visconde de Jequitinhonha. Até então, e isso é importante ressaltar, a Maçonaria regular brasileira praticava apenas dois ritos: o Francês, ou Moderno e o Adonhiramita.

Dadas essas breves e superficiais considerações, pode-se notar que a prática litúrgica inicial da Maçonaria em nosso país era feita através dos ritos denominados então como Ritos Azuis (Moderno e Adonhiramita), enquanto era desconhecido o Rito Vermelho (Escocês). Entretanto, com o advento da instalação do sistema escocês com seus trinta e três graus no Brasil, a partir de 1.832, o fato despertou substancial interesse dos maçons brasileiros que, atraídos talvez pelo novo sistema de trinta e três altos graus, consolidaram o escocesismo em um curto espaço de     tempo, a tal ponto de que, em um futuro não muito distante, o Soberano Grande Comendador do Grau 33.º seria também o Grão-Mestre da Maçonaria simbólica brasileira.

Em face desses acontecimentos, era impresso, já em 1.834, no Rio de Janeiro, através da Tipografia Impressora de Seignot – Plancher & C. º, à rua do Ouvidor, n. º 95, para o Grande Oriente Brasileiro, o “Guia dos Maçons Escossezes ou Reguladores dos Três Gráos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito” (a grafia é da época). Todavia, esse Regulador, ou Ritual (o primeiro dito escocês impresso no Brasil) absorveu, talvez ao gosto dos que já achavam na época esta ou aquela passagem mais bonita, dentre outras, a prova teatral da Taça Sagrada, bem conhecida através dos Rituais Adonhiramitas.

É bem provável que esteja aí o germe dessa controvérsia nos Rituais Escoceses de algumas Obediências brasileiras que perduram arraigados até os dias atuais assumindo uma espécie de norma consuetudinária que tem causado verdadeiros alaridos de protestos ao se mencionar qualquer probabilidade em se extirpar tal prática do Rito Escocês.

A questão, pela sua relevância, será abordada em momento oportuno no decorrer da explicação da exegese do símbolo.

A propósito de esclarecimento e sem querer entrar no campo da prolixidade, é assaz importante se compreender que o tema abordado se prende aos conceitos ritualísticos dos rituais escoceses, portanto, nenhuma crítica é feita a doutrina de qualquer outro Rito.

Da mesma forma, fica aqui robustecida a observância de que qualquer pesquisa séria deverá ser feita em rituais tradicionais de origem francesa ou alguns outros bons rituais, brasileiros ou não, desde que isentos de enxertos e deturpações. De nada vale para qualquer conclusão, se tomado por base, estejam certos rituais ditos antigos, porém repletos de invencionices e deturpações. Nem sempre a antiguidade dá um caráter de autenticidade. É preciso método para tal. A questão controversa aborda a pureza de um Rito e não a beleza deste ou daquele procedimento ritualístico.


A QUESTÃO CONTROVERSA  QUANTO AO SENTIDO DA PROVA.


Foi durante o período de transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa, ou dos Aceitos e a sua afirmação como Moderna Maçonaria, séculos XVII, XVIII e XIX que a Sublime Instituição se inspirou nas antigas civilizações, buscando símbolos, lendas e alegorias, inclusive da própria Bíblia, procurando adaptar-se a certos princípios, retirando o melhor da essência do misticismo, da doutrina moral e da filosofia, buscando com isso formar um arcabouço doutrinário especulativo, que fez, e ainda dela faz, uma Instituição eclética.

A Maçonaria como construtora social, observa e é depositária de uma grande parte da manifestação do pensamento humano, todavia, isso não dá o direito a certos Maçons pensarem que qualquer tema abordado pela Ordem é fato germinado no seio da Instituição. A Maçonaria observa, colhe e ensina, mas não se apropria do grande relicário cultural artístico e científico da humanidade.

Com relação ao simbolismo da “Taça Sagrada”, é inquestionável a sua antiguidade, entretanto, não é uma exclusividade da Ordem, muito menos da uma pretensa existência da Instituição nos tempos imemoriais. A Maçonaria tem uma história documental de aproximadamente setecentos anos, mas nunca uma existência de cunho milenar.

Em quase todas as manifestações do pensamento religioso e dos mitos antigos, existem alusões a respeito da “Taça”, ora aparecendo como um cálice, ora como um vaso, porém, apesar de algumas diferenças quanto a sua forma, conteúdo e lendas, há uma concordância que se converge sempre para certa semelhança.

O simbolismo da taça já era conhecido nos mistérios do Antigo Egito, onde nas iniciações era dado ao neófito conhecer três tipos de bebida em uma taça triangular. Nos mistérios de Eleusis eram apresentadas duas taças ao iniciando, ao mesmo tempo em que era informado de que em uma delas havia veneno. Não tivesse ele medo da morte, deveria apanhar uma delas e sorver o seu conteúdo. Na mística hebraica, a Taça do Amargor era o símbolo da cólera de “DEUS”. Na Antiga Grécia o neófito era conduzido à frente de um trono chamado de Trono da Impostura, no qual uma bela mulher tinha às mãos um cálice que continha uma bebida que nunca se esgotava.

O sentido era de que se  quisesse ir além, seria necessário ingerir aquela bebida. No Cristianismo, por exemplo, se apresenta a lenda do Santo Graal, cujo receptáculo havia sido usado por “JESUS CRISTO” na celebração da última ceia e que, mais tarde, seria o mesmo vaso com o qual José de Arimateia teria recolhido o sangue de uma das feridas do “CRISTO” crucificado.

Por aí se pode ter ciência desse antigo simbolismo ligado às tradições da antiga civilização, sem, contudo, se imaginar uma precoce existência da Maçonaria desde aqueles tempos. No intuito de concretizar o seu arcabouço doutrinário, foi a Maçonaria que adotou, dentre outros, esse antigo simbolismo.

A despeito dessas observações, o controverso disso tudo é a prática teatral usada atualmente em certos rituais escoceses no Brasil. O belo conteúdo moral aplicado pelas alegorias lendárias acabou sendo substituído mais por uma espécie de trote, do que pela lição expressa pelo seu verdadeiro significado. Na verdade, essa teatralização mais intimida do que esclarece o candidato.

Uma exposição racional dos fatos está acima de certos “juramentos” e atos truculentos de uma retirada intempestiva que muitas vezes está cercado de certos lances de sadismo por parte de alguns protagonistas, assistidos por uma assembleia risonha que se deleita com a cena bem ao gosto dos adeptos do trágico e do cômico de um caricato espetáculo dantesco.

Ainda dentro do contraditório, no que tange à Maçonaria, que não é uma religião, aparece o termo “sagrado” relacionado à prova da taça. Pergunta-se: o que há de santo, sacro, ou sagrado que se possa relacionar a duas taças contendo líquidos amargo e doce? Ainda mais: que espécie de juramento é esse sobre uma pretensa “Taça Sagrada” para se guardar silêncio, se o candidato antes de receber a Luz, prestará o verdadeiro juramento maçônico que engloba todo o compromisso dele para com a Sublime Instituição? É cristalino e verdadeiro que compromisso solene é apenas aquele feito diante das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria ( O Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso)   antes de se receber a Luz. Haveria, pois, outro juramento tão importante em uma cena teatral cercada por ameaças e goles de bebidas doces e amargas acompanhado de uma truculenta retirada, sem que o pobre candidato possa ao menos saber o que se passa à sua volta? Então, que juramento de honra é este feito sobre uma taça que ora contém uma bebida doce e ora uma bebida amarga? Onde está o ato santificado?

Ora, não seria mais aproveitável e condizente com o ato uma explicação lógica e racional sobre os limites dos prazeres da vida evitando-se que essa doçura não viesse a se tornar em um paladar acre? Ou a ingestão de líquidos em prol de uma pretensa exposição de coragem e um compromisso de guardar sigilo das provas é tão mais aplicável? Afinal, durante o verdadeiro compromisso, aquele prestado no Alt:.  dos JJur:., o maçom não jura tudo isso?

Há que se compreender que uma Iniciação Maçônica possui profundidade espiritual para a transformação vivida e verdadeira do homem, calando, sobretudo, no seu intelecto.

Aos adeptos de uma pretensa tradição, que mais é na verdade um enxerto no Rito fica mais uma vez o alerta de que a prova teatral da Taça Sagrada não faz parte do primitivo escocesismo. Havia sim, duas taças, mas que ficavam na Câmara de Reflexão e não saiam de lá. Uma continha um líquido amargo e a outra um doce. Quando era mencionado o conteúdo da Câmara ao candidato, o Venerável dava as devidas explicações sobre o simbolismo do líquido amargo e doce, ressaltando que este é um antigo símbolo, presente inclusive na Bíblia. No escocesismo original não existe a prática do candidato ingerir o conteúdo simbólico, muito menos ser o protagonista principal de uma prova truculenta e de um juramento qualificado como sagrado que de santo nada existe.

CONCLUSÃO.

Pelas origens da Maçonaria estarem interligadas em um passado remoto à proteção do clero e ao cunho religioso dado ao trabalho pelas corporações de ofício medievais, é bastante plausível que o contexto da alegoria que envolve as taças da boa e da má bebida em sua tradição tenha se  originado – na Maçonaria – nas tradições dos Salmos, 74,9: “Há na mão do Senhor, uma taça, de vinho espumante e aromático. Dela dá a beber e até às vezes hão de esgotá-la. Hão de sorve-la os ímpios todos da terra”. Para os antigos povos, principalmente os hebreus, uma taça era o símbolo justiceiro de “DEUS” (a Taça do Amargor).

Na Maçonaria em geral e no escocesismo em particular, as Taças da Boa e da Má bebida, como os demais símbolos, representam os opostos, frequentemente apresentados na vida humana e que acabam por determinar a própria evolução espiritual do homem: o vício e a virtude, o bem e o mal, o espírito e a matéria, etc. Simbolizam também a boa e a má sorte, mostrando que aqueles que se afastam do bem à procura de efêmera doçura dos prazeres dos vícios, terão, depois, de suportar os amargores dos revezes adquiridos como resultado das suas atitudes.

A despeito do escrito, reforça-se que não se está aqui fazendo crítica a quaisquer dos demais ritos maçônicos. Também não é um texto laudatório, mas sim objetiva apontar aspectos controversos da história e da filosofia relacionada a alguns rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito em vigor no Brasil.

O que aqui se buscou, foi um ensaio interpretativo apontando para questões controversas, estando, portanto, longe de ser conceituado como a afirmativa de uma opinião final.

O tema é vasto e requer muita atenção e profundidade de estudo para que se possa obter um resultado conclusivo, sério e transparente, todavia, alguns aspectos aqui abordados subtraem uma melhor observação, cujo objetivo é mostrar o verdadeiro sentido da mensagem simbólica, e não um despojado entendimento de que o ato é uma simples prova de coragem aplicada durante o ato iniciático.

Dando por fim a esse arrazoado, segue a transcrição de um precioso texto decalcado do Ritual de Aprendiz Maçom, R:.E:.A:.A:., organizado pelo saudoso Ir:.  Theobaldo Varoli Filho no ano de 1.973, onde o Venerável dá a devida explicação sobre o simbolismo das Taças da Boa e da Má Bebida (Taça das Vicissitudes) ao candidato durante a cerimônia de Iniciação. É interessante atentar para o texto de forma que se possa avaliar o que é mais importante: a mensagem moral, ou uma prova de truculência que mais assusta do que ensina.

“É certo que a vida pode trazer-nos amarguras inesperadas, menos por nossa culpa do que pelas circunstâncias que nos rodeiam. Nós, maçons, buscamos enfrentar com serenidade as boas e más vicissitudes. Sabemos que durante a nossa existência teremos de provar as taças de boa ou má bebida, como não desconhecemos que todo aquele que se afasta da virtude, buscando apenas prazeres, provará do amargor do fel, que resulta de uma doença precária e ilusória. Por isso, os maçons buscam moderação no usufruir dos prazeres da vida”.

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