maio 12, 2025

MANIFESTAÇÃO DA GLUI SOBRE RELIGIÃO - Eleutério Nicolau da Conceição





Este texto foi publicado em 2014 no livro: “Arte Real – Reflexões Históricas e Filosóficas”, que escrevi em parceria com o irmão Walter Celso de Lima. Consta do capítulo “A Questão Religiosa”, e está registrado a partir do pé da página 139, até o topo da página 142. Sua tradução é de minha responsabilidade e foi feita a partir da revista “Massoneria Oggi”, do Grande Oriente D’Itália, ano IV, No 5, referente aos meses de setembro e outubro de 1997. Nessa revista o texto em questão está inserido na íntegra no artigo: “La Massoneria e il G.A.D.U. Um Dio Massonico che non existe”, de autoria de Delfo Del Bino, Da Universidade de Florença. É um longo e interessante artigo, no qual o texto citado ocupa apenas duas colunas, de um total de 12. Na verdade, em seu artigo Del Bino transcreve a manifestação da GLUI do livro de Giuliano Di Bernardi: “Filosofia dela massoneria”, para usa-la como contraponto aos argumentos do próprio Di Bernardi, que tenta definir filosoficamente um Deus maçônico.

A Grande Loja Unida da Inglaterra publicou declaração em 1985 definindo as diretrizes básicas da maçonaria sobre a relação Maçonaria/Religião, as quais transcreveremos a seguir:

 

1) Enunciado Fundamental

“A maçonaria não é uma religião nem substituto da religião. Ela exige de seus adeptos a crença em um ser supremo do qual, todavia, não oferece uma doutrina de fé.

A maçonaria é aberta a homens de todas as fés religiosas.

Nos trabalhos de loja é proibido se discutir religião.

 

2) O Ser Supremo

Os nomes utilizados para indicar o Ser Supremo permitem a homens de fés diferentes unirem-se em prece a Deus como cada um deles o concebe, sem que o conteúdo da prece seja causa de discórdia. Não existe qualquer deus maçônico. O deus do maçom é aquele da religião que ele professa. Os maçons mantém respeito recíproco pelo Ser Supremo definido como tal em sua respectiva religião. Não é objetivo da Maçonaria procurar unificar religiões diversas: não existe portanto qualquer deus maçônico composto.

 

3) O Livro da Lei Sagrada

A Bíblia, considerada pelos maçons como o Livro da Lei Sagrada, é sempre aberto durante os trabalhos de Loja.

 

4) As Obrigações dos Maçons

Os maçons assumem compromisso jurando sobre o Livro da Lei Sagrada. Eles se empenham em manter sobre segredo os sinais de reconhecimento e em seguir os princípios da Maçonaria.

As punições físicas são puramente simbólicas, não são objeto de compromisso. O empenho em seguir os princípios da maçonaria É obrigatório.

 

5) Confronto entre maçonaria e religiões

Na maçonaria não existem os seguintes elementos constitutivos de uma religião:

a) uma doutrina teológica; vetando-se as discussões sobre religião, se deseja impedir o surgimento de uma doutrina teológica maçônica;

b) oferta de sacramentos;

c) A promessa de salvação mediante obras, conhecimento de segredos ou outros meios; os segredos da maçonaria referem-se a métodos de reconhecimento e não à salvação.

 

6) A maçonaria respeita a religião

A maçonaria não é, de modo algum, indiferente à religião. Sem interferir com a prática religiosa, ela incentiva seus adeptos a seguirem sua fé particular, pondo seus deveres em relação a Deus (em todos os nomes mediante os quais ele seja conhecido) acima de todos os outros. Os ensinamentos morais da maçonaria são aceitáveis por todas as religiões. Desta maneira, a Maçonaria respeita as religiões.”

 

Essa declaração teve como objetivo esclarecer todos os equívocos existentes sobre o tema, os quais, infelizmente ainda permanecem. Sendo continuamente trazidos novamente à discussão.


Esse texto foi traduzido da revista do Grande Oriente da Itália: “Massoneria Oggi.”

D. Del Bino, La Massoneria e il G.A.D.U. Un Dio massonico che non esiste. Massoneria Oggi, Anno IV, No5, 1997, pp 20,21.

maio 11, 2025

MÃE, ESTRELA MATUTINA - Neneca Barbosa


Mãe, estrela matutina,

Que brilha na manhã,

Com sua bela doçura

Grandes lições ensina.

É excelente guardiã,

No seu mar de candura.


Mãe é pérola preciosa

Que trás muita intuição,

Cheia de sabedoria

Tem perfume da rosa.

Amor no coração,

E até psicologia.


Mãe dá regaço ao filho,

Protege do perigo,

Aquece com calor,

Perpetua no seu brilho,

Acalenta em seu abrigo,

Enfrentando o labor.


Neneca Barbosa - João Pessoa, PB

COM CONFIANÇA - Adilson Zotovici



Quase tudo nesta passagem

Pode haver prosterna mudança

Ganha-se, perde-se  a vantagem

Na longa e eterna andança


O esteio em cada paragem

A própria auto confiança

Para prosseguir a viagem

E o meio, uma forte aliança


Na Arte real a bagagem

Donde advém grande herança

Ideal à remodelagem



Grande Arquiteto a segurança

Para não perder a coragem,

A Fé, Liberdade e Esperança !



...RENASCE O SOL INVICTO... - Jorge Antônio Vieira Gonçalves

 

Após a mais longa das noites, renasce o Sol Invicto, origem ancestral da celebração do Natal

Após a mais longa das noites, quando o mundo parecia mergulhado numa escuridão sem fim, o Sol retorna, ainda fraco, mas invencível. Esse momento, marcado pelo solstício de inverno no hemisfério norte, foi celebrado por diversas culturas antigas como o renascimento do Sol, um símbolo de renovação, esperança e continuidade da vida. É a esperança de que, mesmo a noite mais escura acabará, e a luz sempre retornará.

O mitraísmo romano, herdeiro de tradições persas mais antigas, estabeleceu uma profunda relação com o Sol, especialmente com os solstícios, isto é, a posição em que o Sol nasce no primeiro dia do inverno ou do verão. É o solstício de inverno que parece ter sido o mais importante para os nossos ancestrais, utilizado para marcar o início de um período de celebração. Durante o solstício de inverno do hemisfério norte, que ocorre por volta de 21 de dezembro, o Sol, ao meio-dia, atinge sua altura mínima no céu e começa, lentamente, sua jornada de retorno, elevando-se dia após dia no horizonte e aumentando gradativamente as horas de luz.

Esse dia, o solstício de inverno, a mais longa das noites, representava, para as antigas civilizações, o momento exato do renascimento solar, quando a natureza começava a dar sinais de que a escuridão não seria definitiva. É o prenúncio da primavera que virá, com sua fertilidade e abundância. Como bem disse Lucrécio: "A natureza de uma coisa faz outra brotar, e, da morte, uma nova vida nascer."

Mas, afinal, qual seria a relação entre o solstício de inverno e a origem da celebração do Natal ou nascimento de Cristo?

A verdade é que a data exata do nascimento de Jesus permanece um enigma insolúvel. Não há registros contemporâneos ao evento. Logo, como os relatos bíblicos não oferecem uma data para o nascimento de Jesus, e como essa data não se encontra nas Escrituras, nada impediu que o nascimento de Cristo fosse estabelecido em 25 de dezembro, assim como poderia ter sido em qualquer outro dia do calendário.

Segundo o Evangelho de Mateus (capítulo 2, versículos 1 a 16), Jesus teria nascido em Belém, no final do reinado de Herodes. Ao saber da notícia, Herodes teria ordenado a morte de todos os meninos com menos de dois anos, mas o menino Jesus, segundo a narrativa, teria escapado para o Egito.

No século VI, um monge sírio chamado Dionísio, o Exíguo, após consultar as Escrituras e cronologias romanas, fixou o nascimento de Jesus no ano 753 da fundação de Roma. Esse cálculo marcou o início da chamada Era Cristã. Curiosamente, sabe-se hoje que Herodes morreu em 749 a.u.c., ou seja, no ano 4 antes de Cristo. Só para lembrar, os romanos contavam os anos a partir da fundação de Roma, utilizando a expressão 1 a.u.c. (ab urbe condita), que significa “desde a fundação da cidade”. Logo, se Jesus nasceu sob o reinado de Herodes, seu nascimento deve ter ocorrido, necessariamente, antes da data calculada por Dionísio. Por conta desse erro histórico consolidado, Jesus nasceu, tecnicamente, alguns anos "antes de Cristo". 

Repito, qual seria a relação entre o solstício de inverno e o nascimento de Jesus Cristo?

A genialidade está aqui: quando a tradição cristã, ao se consolidar como religião oficial do Império Romano, absorve e reinterpreta as celebrações solsticiais. Natalis solis invicti, que significa “nascimento do Sol invencível”, logo é reinterpretada pela tradição cristã como o nascimento de Jesus Cristo, a luz que vence as trevas do mundo, associando-se simbolicamente e inteligentemente ao solstício de inverno.

Desde a Caldeia até os antigos construtores de catedrais, os homens leram os céus como uma espécie de manuscrito sagrado e interpretaram neles os sinais e os segredos dos ciclos da natureza. A celebração do Natal em dezembro é, portanto, herdeira direta da antiga reverência à luz que retorna, à vida que ressurge, ao Sol que, mesmo oculto, jamais é vencido.

A luz sempre foi interpretada como símbolo do esclarecimento e da razão. Quanto mais intensa é a luz, mais fácil se torna a jornada do autoconhecimento e da busca interminável pelo aperfeiçoamento. Trata-se de um exemplo poderoso da importância da linguagem simbólica presente nas antigas civilizações. Por isso, quando celebramos o Natal, com o Papai Noel vermelho da Coca-Cola, lembremo-nos de que, como nossos ancestrais, muitas vezes sem perceber, celebramos, na verdade, a antiga esperança daqueles que, há milênios, reuniam-se ao redor do fogo para aguardar o retorno do Sol.

Referência bibliográfica

BBC News Brasil. Como o 25 de dezembro se tornou o dia de celebrar o nascimento de Jesus. 22 dez. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-59736586. Acesso em: 7 maio 2025.

GONÇALVES, Jorge Antônio Vieira. Filhos das Estrelas. Disponível em: https://www.maconariacomexcelencia.com/post/filhos-das-estrelas

ASIMOV, Isaac. O império romano: história universal. Tradução de Luis Reyes Gil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2023. 304 p. ISBN 978-85-422-2464-1. Título original: The Roman Empire.