junho 06, 2025

AMPULHETA E SEU SIMBOLISMO ENIGMÁTICO - Newton Agrella


A palavra “ampulla” que, em Latim, significa redoma de vidro é a que deu origem ao substantivo "ampulheta" em Português, artefato muito utilizado antigamente na navegação, cuja função era a de marcar um período determinado de tempo.

Sem entrar no mérito de sua elaboração estética, mas sim, como um símbolo maçônico encontrado nas Câmaras de Reflexão, seu significado remete a uma profunda análise íntima daquele que se submete ao processo de iniciação na Sublime Ordem.

Sob o ponto de vista filosófico, a ampulheta diz respeito à inevitabilidade da passagem do tempo, e em especial, uma alegoria à própria transitoriedade da vida.  

Considerado na Maçonaria, um símbolo que mostra, pelo escoamento da areia, o transcorrer do tempo, e recorda ao profano a brevidade da existência humana - conferindo-lhe inclusive um ar um tanto esotérico -  com plurais interpretações, a ampulheta traz consigo uma imagem enigmática.

O tempo passa e voa, e a vida sobre a terra é semelhante ao cair da areia.

Àquele que se submete à experiência da iniciação maçônica, cabe registrar que a ampulheta se encontra na Câmara de Reflexões para sinalizar ao Iniciando, que o tempo deve ser aproveitado para as coisas úteis e positivas da vida, tanto para si, como para toda a humanidade. 

O esoterismo contido no simbolismo maçônico  da ampulheta é a de alertar ao Iniciando, que as ínfimas frações do tempo, acumulam-se para dar vazão à Eternidade, anímica e espiritual.

Nessa linha simbólica, a ampulheta representa o ciclo humano.

Pela sua própria compleição, a ampulheta com seus dois compartimentos revela a analogia entre o alto e o baixo, o vazio e o pleno, a terra e o céu e mormente no âmbito especulativo a ruptura simbólica com o mundo profano, e a entrega ao espírito e ao intelecto na busca pelo aprimoramento interior.

Não vai aí nenhum exagero, interpretar que a ampulheta, talvez seja o instrumento mais sensível que instigue a Consciência Humana, do tempo de que se tem para marcar o protagonismo e a razão de nossa história.

A expectativa é a de que cada grão de areia possa representar o exercício mais consistente e significativo do tempo que temos para valorizar esta nossa experiência.

Hora de virar a ampulheta !


CARTA CONSTITUTIVA - Alfério Di Giaimo Neto



Nos primórdios, uma Loja era formada por si só, sem nenhuma cerimônia, normalmente auxiliada por outra da vizinhança, se um número suficiente de Irmãos decidissem formar uma delas.

Mas, em 1722, a Grande Loja da Inglaterra recém formada em Londres, determinou que cada nova Loja na Inglaterra deveria ter uma patente, e desde aqueles tempos todos os Irmãos que resolvessem formar uma nova Loja, empenhavam-se para obter a permissão, a certificação, em forma de carta, da Grande Loja.

Esta nova Loja ficava, então, unida à Grande Loja da Inglaterra, como uma filial, se comprometendo em trabalhar de acordo com seu sistema, e se manter dentro dos antigos landmarks.

Então, a tal Loja era chamada justa, perfeita e regular.

Temos hoje, conforme nos orienta o Mestre Alec Mellor, que nenhuma Loja ou Capitulo pode existir regularmente sem um título de constituição, chamado Carta Constitutiva (em inglês, Warrant ou Charter) que é ao mesmo tempo, a sua certificação de nascimento e, de certa forma, seu alvará de funcionamento.

Henry Wilson Coil nos esclarece que não há uma essencial diferença entre Warrant e Charter, mas ambas as palavras, nos primórdios eram usadas para descrever a autorização, emitida pelo Grão Mestre, consentida pela Grande Loja, de modo oral primeiramente, em seguida por escrito, para a constituição de uma nova Loja.


junho 05, 2025

XXX JORNADA MAÇÔNICA DO BRASIL

 


Também no domingo passado recebo o honroso convite para assumir a Coordenação Geral da XXX Jornada Maçônica do Brasil, o maior e mais importante evento da Ordem no país, e que nesta oportunidade, pela primeira vez será realizado fora da Capital, na cidade de Santos. Participei como palestrante em algumas edições.

A ACAOL, Associação Cultural e Assistencial Obreiros do Leste, que criou e organiza o evento, tem um destacado trabalho de benemerência na região onde se situa e as Jornadas Maçônicas são um poderoso instrumento de divulgação da cultura da Ordem e de visibilidade da ACAOL.

Creio que o convite partiu do pressuposto de que, de maneira mais modesta, eu tenho os mesmos objetivos: disseminar cultura Maçônica e através das doações obtidas com minhas palestras e publicações amenizar a dor e o sofrimento de pessoas em situação de carência.

Agradeço a honra e farei o possível para que esta trigésima edição tenha o mesmo sucesso das anteriores.


RUAS DE PEDRAS POLIDAS





No domingo passado, durante a 16a Jornada Maçônica de Santos fui presenteado com vários livros, o melhor presente que um estudioso pode receber.
Um deles, interessantíssimo, foi uma cortesia do irmão e editor Cléber Bortolomasi, intitulado "Ruas de Pedras Polidas". É um livro com as biografias dos ilustres maçons, dos séculos 18 a 20, que contribuiram com a Ordem e a sociedade e dão nomes às ruas de Santos e região, e na verdade em todo o Brasil.
Os textos, bem documentados e redigidos, são de autoria de diversos membros da ARLS Amigos da Verdade.
Entre as inúmeras biografias e curiosidades estão personagens como Afonso Pena, Benjamin Constant, Carlos Gomes, Ruy Barbosa, Vicente de Carvalho e muitos outros.
Um livro delicioso de ler e com ele aprender. Muito obrigado.

TRAÇANDO PARALELO - Newton Agrella



A originalidade é uma expressão única e singular da capacidade humana de tornar absolutamente autêntica sua engenhosidade e seu processo de criatividade.

Particularmente no campo das Artes, da Música e da Literatura essa condição se torna evidente quando provoca reações que podem variar de humor conforme o perfil de seu ineditismo.

A originalidade está implicitamente associada ao modo de expressar-se, mas sobretudo à forma independente e individual de expor uma pintura, uma escultura, uma música ou uma obra literária. 

Ela se substancia a partir do momento que consiga traduzir "legitimamente" um novo conceito ou uma nova ideia que impacte o espectador, o ouvinte ou o leitor, e cuja essência seja capaz de convencê-los disso.

A originalidade remete-nos desde os textos bíblicos, quando a mesma se manifestava como inequívoco qualificativo do Pecado.

Sim, o Pecado Original, no universo cristão, dá conta sobre a autenticidade da imperfeição humana.

De qualquer forma é uma propriedade que traz consigo o caráter de ser genuína, inimitada e inteiramente própria em sua compleição.

No que diz respeito às peças literárias, o que mais se vê no dia a dia é o famoso "chupa e cola" ; 

Pois é, esse tal do "chupa e cola" ou a  desaforada "não citação de fontes e autores" de que se valem muitos dos que se atrevem a mergulhar no terreno da escrita são extremamente prejudiciais à saúde cultural.

Por mais infame que possa parecer, no ambiente maçônico é algo um tanto rotineiro, aventureiros travestidos de escritores procederem cópias fiéis de inúmeros textos, sem ao menos se preocuparem em dar um mínimo de caráter pessoal aos mesmos.

Imprescindível lembrar, que além de  indevido, este tipo de expediente em nada contribui para um suposto desenvolvimento intelectual do "pseudoautor".

Ainda no que tange à natureza da originalidade, espera-se de um artista, músico, escultor ou escritor  um mínimo de esforço, discernimento, reflexão e arbítrio para elaborar sua obra na esfera de sua verdadeira capacidade intelectual.

O pensamento e o raciocínio são os agentes transmissores desse exercício, os quais encerram em sí um caráter incomparável.

No que contempla a originalidade no campo literário, o texto deve possuir um mérito dialético e argumentativo, alicerçado antes de mais nada, pela ética, como diretriz pelos princípios que motivam e disciplinam o comportamento humano,   manifestando o respeito da essência das normas e valores, atinentes a qualquer realidade social.



OFÍCIO MAÇÔNICO E ORDEM MAÇÔNICA - Almir Sant’Anna Cruz


No Reino Unido utiliza-se até os nossos dias o termo Craft Masonry (Ofício Maçônico), que lembra as corporações de ofício medievais, da Maçonaria Operativa. 

Quando a Maçonaria foi introduzida na França, o termo Craft, ofício, corporação, embora honorável, foi considerada excessivamente plebeia e passou-se a utilizar o termo “Ordem”, considerada mais apropriada ao caráter aristocrático que ela assumiu, que poderia se referir tanto às Ordens do Rei, quanto às Ordens religiosas, ou às Ordens profissionais, como a dos Advogados. 

O termo “Ordem” dava à Maçonaria um prestígio maior que o termo Craft, sendo desta mesma época o costume de todos portarem espadas em Loja, privilégio dos nobres, mas que em Loja igualava o nobre ao plebeu.

Do livro Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores Interessados no livro contatar o irmão Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

junho 04, 2025

O DOM DA VIDA - Heitor Rodrigues Freire

 


Aprendi que a criação de Deus é uma dádiva que deve ser glorificada para sempre, pois representa o pensamento Dele em relação a tudo o que criou. E a maior bênção, sem dúvida, é a criação do ser humano à sua imagem e semelhança, para que seja um elemento útil no trabalho cósmico a ele destinado.

Assim, a nossa encarnação é um fato divino que deve merecer gratidão eterna por parte de cada um de nós. Não somos apenas o resultado de um espermatozóide que fecundou um óvulo, ao acaso. Somos mais do que isso; somos seres imaginados por Deus, ou seja, somos um projeto divino.

Daí a necessidade do despertar da consciência para essa realidade, e a partir daí contribuirmos efetivamente com a nossa inteligência e vontade para a evolução da humanidade. No universo nada é de graça; toda concessão implica uma retribuição. O privilégio de existir exige uma contrapartida que se realiza pelo trabalho. A lei de Deus é a Lei do Trabalho que se manifesta em todo o universo e por toda a eternidade.

O dom da vida é o bem mais precioso que Deus nos concedeu. E esse dom não se esgota no tempo e no espaço. Pelo contrário, é ad aeternum, para toda a eternidade, e é também a mais clara demonstração do amor que Ele tem por todas as suas criaturas.

O dom da vida não se manifesta por acaso. Ao nos dar a vida, Ele também nos conferiu uma individualidade que caracteriza o nosso ser por toda a eternidade.

Ao entender essa condição única, cada um de nós dentro da sua idiossincrasia deve manifestar a mais profunda gratidão por esse fato. Somos únicos. A nossa existência se realiza por fases, em que nascemos e renascemos infinitamente.

Todos somos destinados a morrer. Uns mais cedo, outros mais tarde. Alguns de uma maneira, outros de outra.  Mas o meio é o mesmo: a morte não significa o fim. É a forma de mudarmos de status, de encarnados para não encarnados. Mas sempre vivos. Porque a vida não se restringe ao tempo em que vivemos neste belo planeta azul.

Quando se compreende isso, ocorre uma sensação de leveza, de paz, de alegria, de entendimento, de libertação.

Em geral, a humanidade não se dá conta disso. E esse desconhecimento é que acaba gerando todas as disputas em que o ser humano está envolvido desde o princípio dos tempos. Na realidade, somos todos parte do mesmo corpo cósmico universal. Tudo o que acontece em qualquer parte influencia o restante.

Nós não recebemos um manual com as informações de uso para orientarmos nossa vida. Mas ao longo da existência vamos aprendendo e evoluindo na senda do progresso. Na realidade, todos temos inscrita em nossos corações toda a orientação necessária para isso. Temos que saber buscar. Entendo que três características são indispensáveis: a fé, a gratidão e a integridade. Naturalmente permeadas pelo amor.

Deus nos dotou, a todos, de um atributo intrínseco, infinito e eterno: a fé. A fé não pode ser confundida com crença. Fé é fidelidade. A fé liberta, a crença fixa, prende. Outro atributo da fé é que ela é pessoal, individual. A fé revitaliza o ser humano.

A gratidão é uma característica que, infelizmente, está longe do procedimento do ser humano. O que mais se observa hoje, em todas as atividades, é a ingratidão. A gratidão deve ser cultivada desde o berço. E desenvolvida com a prática constante.

A integridade, então, neste mundo em que as atitudes são permeadas pelo interesse, em que tudo o que se faz é em função do imediatismo, é um produto em falta. A integridade requer consciência plena do compromisso assumido com Deus.

A fé, a gratidão e a integridade acabam ensejando outros princípios que, naturalmente, se inserem na vida das pessoas, como a alegria de viver e a determinação na busca da realização dos objetivos, criando uma atitude positiva, escolhendo pensamentos e sentimentos que serão úteis à transformação de cada um.

Isso tudo me levou a uma mensagem do espírito Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, que diz assim: 

 "Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias, moras onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento. Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades; nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização". 

É isso.

O PELICANO - Carlos Armando Molinaria



Examinando as páginas do Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria de Nicola Aslan, vamos encontrar a seguinte descrição sobre o Pelicano: "símbolo maçônico representado pelo pelicano derramando sangue pelos seus filhotes a que foi adotado pela maçonaria, na antiga arte cristã, o Pelicano era considerado emblema do salvador".

Este simbolismo tem por base uma antiga superstição, cuja falsidade foi demonstrada, mas, enquanto se acreditava nela, o Pelicano foi adotado como símbolo do Cristo, derramando o seu sangue pela Igreja e pela Humanidade.

A esta interpretação teológica, os místicos aplicaram, porém, outro significado, considerando o Pelicano como símbolo do próprio sacrifício, indicando que na medida em que damos, nossas posses, as nossas aquisições intelectuais, as nossas habilidades, alimentamos a nossa vida, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, sendo que, à medida que os anos passam, o nosso sacrifício se reflete em boas ações que perduram além da nossa vida, como que lembrando os sacrifícios que fizemos.

Entre os alquimistas, o Pelicano foi um utensílio que utilizaram para suas operações, e um símbolo.

Tratava-se de um alambique de vidro circular, de uma só peça, com o bojo encimado por um capitel tubulado, do qual partiam dois tubos opostos e encurvados, formando asa.

Estes tubos voltavam a entrar lateralmente no bojo, de modo que o líquido destilado recaía constantemente dentro dele. Não se sabe bem se o nome de Pelicano foi aplicado pelos alquimistas ao aparelho por causa de sua forma que se parecia com esta ave, ou pela função do aparelho, destinado a alimentar constantemente e manter a vida, com o produto de suas entranhas, o "franguinho" do alquimista, ou seja, a "obra" que ele procurava realizar.

Nas várias fases por que passava a grande "obra", a matéria tomava diferentes cores, tornando-se sucessivamente preta, branca, verde, amarela, arco-íris etc., simples transições entre as cores principais. Estas tinham os seus símbolos: o preto simbolizava um cadáver, um esqueleto, um corvo etc. o branco geralmente por um cisne; o vermelho, a rubificação, como o chamavam, por uma fênix, um Pelicano ou um jovem rei coroado encerrado no Ovo Filosófico.

O Pelicano é sempre representado quando se abre as suas entranhas para alimentar seus filhotes, sempre em números considerados sagrados: 3-5-7. A Maçonaria vê no Pelicano o DEUS alimentando o seu Cosmos com a própria substância.

Por isso na Joia dos Cavaleiros "Rosa-Cruzes" o Pelicano é visto embaixo da rosa-cruz e do compasso, que apoia as suas pontas sobre o quarto círculo que sustenta o seu ninho.

No simbolismo maçônico, o Pelicano é o emblema mais característico da caridade.

É como tirar de suas entranhas o alimento de seus filhotes. Muitos veem no Pelicano o mais lindo símbolo do amor materno.

Entre os antigos Egípcios, o Pelicano era tido como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo, porque apresentava certas qualidades que faziam com que os nativos de então se surpreendessem pelos esplendores da ave.

O Espírito Santo bafejava sobre o povo, assim como a pomba nos evangelhos representa o Espírito Santo, tal como naquela passagem quando Cristo foi batizado nas águas do Rio Jordão. Saindo das águas, o céu se abriu e desceu o Espírito Santo na forma de uma pomba.

Seria Lenda?

Superstição?

Seria Verdade?

Não podemos questionar. 

E isso porque o pássaro era o símbolo da maternidade mais augusta, da maternidade elevada ao seu grau máximo.

Então, o Pelicano possui uma espécie de bolsa, logo depois do bico, descendo para o papo. E, na forma de regurgitação, deposita ali os alimentos para os filhos. Quando necessitando desse trabalho, enfiava o bico pela bolsa e retirava o alimento que ali estava, servindo assim seus próprios filhos.

A ave procedia dessa forma para a manutenção dos filhotes, mas acreditavam piamente, os daquela época, que o Pelicano arrancava parte do próprio corpo para alimentar a prole, ou extraísse o próprio sangue que alimentava os rebentos.

O Pelicano não serve de sua carne, não serve de seu sangue para alimentar os filhotes, pelo processo que era vedado aos primitivos notarem, devido à distância em que ficavam. E a semelhança ficou, o símbolo permaneceu.

E o Pelicano é para nós, realmente o emblema mais extraordinário de nossa própria Ordem, quando a mãe comum realiza todos os sacrifícios para amparar os filhos, para alimentar seus rebentos para propagar a própria espécie.

Não estranha, pois, que a Maçonaria dos Altos Graus, tenha adotado este símbolo do Pelicano para o Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, 18, grau alquímico por excelência e eminentemente cristão, fazendo-o, outrossim, o símbolo do amor paterno e materno.



junho 03, 2025

MACONARIA DIA A DIA EM POESIA - Adilson Zotovici


   
 Tive o privilégio, neste domingo, durante a Jornada Maçônica de Santos, de receber um dps primeiros exemplares do novo livro do maior poeta da maçonaria brasileira, Adilson Zotovici, intitulado Maçonaria dia a dia em poesia. Este blog posta poemas do mestre todos os domingos. A capa é uma obra prima criada por sua filha, arquiteta, que lembra as telas do artista francês Marcel Duchamp. Coube-me ainda a honra de redigir o prefácio desta notável obra, que reproduzo abaixo.
Os interessados na excepcional obra podem me contatar, que transmitirei ao poeta.

PREFÁCIO PARA ADILSON ZOTOVICI

soneto é uma forma poéticas clássica e amada da literatura. Foi criado pelo poeta italiano Giacomo da Lentini, no século XIII, caiu nas graças do grande poeta e humanista Francesco Petrarca e ganhou popularidade entre como uma forma literária elegante e profunda. O nome vem do italiano sonetto, que significa "pequeno som" ao referir-se ao ritmo e à sonoridade produzida pelos versos rimados.

Soneto é um poema de forma fixa composto por catorze versos, sendo dois quartetos, um conjunto de quatro versos e finalizado com dois tercetos, conjunto de três versos, com diversas possibilidades de métrica, oferecendo uma harmonia agradável. Ele se caracteriza por sua estrutura rígida e sua capacidade de explorar temas complexos, como o amor, a morte e a natureza, em uma forma breve e rítmica. Os sonetos clássicos apresentam versos decassílabos (10 sílabas poéticas) ou alexandrinos (12 sílabas poéticas). Mas a criatividade dos poetas permite compor sonetos com outro tipo de metrificação.

O maior expoente e divulgador do soneto na Itália, foi poeta e humanista Francesco Petrarca que viveu no século 14, e que deu a essa forma poética a estrutura rígida que conhecemos hoje. Petrarca escreveu centenas de sonetos dedicados ao seu amor platônico, Laura, explorando temas de amor idealizado e inatingível. Outras grandes expressões foram o vate português Luiz Vaz de Camões e o inglês William Shakespeare. Embora pareça simples é uma composição bastante complexa, que foi utilizada pelos maiores poetas do mundo. Olavo Bilac e Vinicius de Moraes são grandes expoentes deste tipo de poema no Brasil.

O irmão e confrade Adilson Zotovici inovou neste tipo de poema enquadrando temas maçônicos em sonetos, com um extraordinário domínio de vocabulário e métrica, o que o coloca, sem dúvida, entre os maiores, senão o maior poeta da maçonaria em nossas plagas. Imaginação fertilíssima, publica pelo menos dois sonetos todas as quartas-feiras, que são lidos nos grupos de maçonaria de todo o país.

Este é o seu sexto livro, o que configura uma obra de grande expressão e qualidade que enriquece a maçonaria, a literatura brasileira e as academias às quais pertence, com todos os méritos. Mais do que comentar é fundamental ler, e saborear o ritmo, as rimas, a construção vocabular e linguística que define um poeta, assim como canta Florbela Espanca e se aplica perfeitamente a Zotovici.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

Michael Winetzki


O QUE É O MAL PARA A MAÇONARIA? - Sérgio Quirino Guimarães


 

Inicio este artigo com a seguinte provocação: não existe o bom Maçom!

Isso porque, simplesmente, não há a possibilidade do mau Maçom. Bom e Mau são adjetivos que não cabem no que representa a condição de ser Maçom.

Assim como toda água é molhada e todo fogo é quente, os adjetivos que cabem ao Maçom são intrinsecos. Por ser Maçom, ele é honesto. Não! Por ser honesto, ele foi convidado para participar da Maçonaria.

Por outro lado, o MAL e o BEM "existem" na Maçonaria. Não em concepções religiosas, mas no que é mais sagrado para nós, na Moral e na Ética.

Não podemos dizer que desconhecemos a origem do Mal, pois ele é apenas o lado fraco da natureza humana, manifestado em tudo aquilo que não é desejável ou que deve ser combatido. O Mal é o próprio vício, em oposição à virtude. Por isso, um deve estar em masmorras, e o outro, em templos.

O filósofo alemão Immanuel Kant ensinava que o ser humano teria uma PROPENSÃO para o mal, apesar de ter uma DISPOSIÇÃO original para o bem. Assim, nos reunimos em Templos para por um freio salutar a tal propensão.

E quando o Mal é mais perceptivo entre nós? Quando há disputas eleitorais! Em todos os níveis, Irmãos entram em atrito com outros por conta de cargos em Loja. Lojas que "racham" após a eleição para VM e Potências Maçõnicas que surgiram por ações jurídicas em pleitos gerais.

O estudo acadêmico sobre o mal chama-se Ponerologia, que vem do grego "poneros", cujas possibilidades linguisticas originam, remetem e coadunam com diversos substantivos, verbos e advérbios, tais como: doloroso, calamitoso, doente, cruel, malicia, culpa, o diabo e os pecadores.

Desse modo, como Maçons Especulativos, quais pensamentos lhes vem à mente por essas palavras? Devemos, pois, nos conscientizar de nossas próprias fraquezas, e a principal delas é a vaidade. O Mal existe por toda parte, com suas atrações e a tentação do falso brilho das coisas.

A ganância, a inveja, a mentira, a soberba, as calúnias e a ambição mancham tronos e altares, corrompem Lojas e Potências, contaminam todos aqueles que sacrificam seus nomes e sua dignidade em razão do apetite pela vida material.

Isso, porém, é um processo salutar de aprendizado tanto para os protagonistas quanto para os coadjuvantes, bem como para aqueles que acompanham de maneira serena o desenrolar da instrução.

O Livro da Lei ensina que "Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã (Salmo 30:5). E qual deve ser nossa atitude com este "Mal"?

Nenhuma! O enforcado procura sua própria corda! O mal é apenas o lado fraco da natureza humana.

SE VOCÊ, DE FATO, É MAÇOM, TRABALHA PARA E COM O LADO FORTE DE SUA NATUREZA HUMANA, O BEM.




junho 02, 2025

16a JORNADA MAÇÔNICA DE SANTOS



Na manhã de ontem, domingo, tive a grata satisfação de realizar uma palestra na 16a Jornada Maçônica de Santos, promovida pela UNIVEN - União de Veneráveis da Baixada Santista e pela Coligação de Lojas da Baixada Santista, que congrega quase todas as Lojas da vasta região que vai de Bertioga até Itariri. Cerca de 200 irmãos estiveram presentes para ouvir oito excelentes palestras que culminaram com um magnífico almoço.

O meu tema foi "Ética e Moral no dia-a-dia e na maçonaria" e fiz uma leitura dos conceitos desta filosofia desde a Grécia clássica, com Sócrates, Platão e Aristóteles, passando pela Escolástica de Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, pela Ética do Estado de Maquiavel até Kant, Sartre e Hanna Arendt, com a sua filosofia da banalização do mal.

A viagem filosófica, com um conteúdo sério mas uma apresentação bem humorada agradou aos espectadores que, para minha honra, aplaudiram em pé.

A organização do evento foi primorosa, desde a sua localização no Palácio Maçônico de Santos com a realização de palestras simultâneas em dois amplos templos; a escolha das palestras, todas de alto nível, o excelente almoço oferecido e a delicadeza de um copo térmico, como brinde, ao final. Tudo sem custo algum para os participantes.



junho 01, 2025

MENTE ABERTA - Newton Agrella




Tudo se torna mais difícil quando nos apoiamos no nosso próprio entendimento.

A autossuficiência humana, por vezes nos leva a um beco sem saída e até mesmo às fronteiras de nossa compreensão.

Isso contudo, não nos impõe que tenhamos que nos entregar ao conformismo, tampouco subjugarmo-nos a  dogmas ou a verdades absolutas, que inapelavelmente fazem com que a nossa capacidade especulativa seja relegada a segundo plano.

Muito pelo contrário, o emblema que a Maçonaria confere quando o Esquadro e o Compasso se encontram  traduzem os seguintes significados, conforme suas disposições sobre o Livro da Lei:

Primeiramente, demonstra em que grau a Loja está trabalhando.

O esquadro sobre o compasso simboliza o predomínio da matéria sobre o espírito. 

Um estágio de aprendizado.

Já no caso do esquadro e compasso entrelaçados, isto revela que matéria e espírito se completam num trabalho de constante evolução intelectual.

E num terceiro estágio, o compasso sobre o esquadro representa a predominância do espírito sobre a matéria, instante em que teoricamente, o maçom predipõe-se à entrega de um profundo exercício especulativo filosófico, baseado na investigação e no estudo do ser humano, da sua existência e da realidade que o cerca. 

Esse estudo ontológico caracteriza-se pela lógica, raciocínio, razão e intelecto, porém dotado de uma aura esotérica, como herança da Maçonaria Operativa que trazia em sua essência fortes influências históricas, religiosas, místicas e lendárias que não podem e nem devem ser desprezadas.

É diante desse esboço que insistir em apoiarmo-nos exclusivamente no nosso entendimento sobre as coisas, torna-nos reféns de nós mesmos, limitando nosso discernimento e nossa linha de ação.

Evoluímos à medida que predispomo-nos a ouvir mais e a prestarmos mais atenção àquilo que está mais distante de nós.

A primazia de nossa evolução está na troca de experiências e de termos a noção inequívoca de que não somos donos de verdade alguma.

Somos sim,  mera projeção do tempo, cuja estética física e mental se molda de acordo com o que somos capazes de esculpir interior e exteriormente.



PARIDADE - Adilson Zotovici




Vê  a fraterna igualdade

Na Sublime Instituição

Qual crê na sua expansão

Que imprime grandiosidade


Cada elo, que cada irmão,

Uma riqueza em verdade

Dado sua diversidade

Presa à mesma Construção


Não há superioridade

De cada cargo ou função

E nem algo que dê razão

Ao amargo da vaidade


Há o leitor voraz que seu bordão

Quem só lhe apraz solenidade

Há o que faz caridade

E quem do Templo manutenção


Ledo engano a sumidade

Ou os que buscam ovação

Que o plano a todos só erudição

Que ofuscam irmão de humildade


A bom muro qual pedra o artesão

Grande ou pequena  há paridade

Por seu talento e propriedade

Mesma obra o intento, a  missão !