dezembro 30, 2025

CHANUKÁ E NATAL – LUZES E ESPERANÇA - Jacques Ribemboim



Muitas tradições e festividades cristãs têm origem no judaísmo, berço das grandes religiões monoteístas. Não poderia ser diferente, haja vista que Jesus era judeu, assim como toda a sua família, parentes e apóstolos. Portanto, há de se compreender o paralelo existente entre tantas celebrações, coincidindo nas datas, mas reinterpretadas em conteúdo. Ao procurarmos em sites de I.A., contudo, dão como certas as origens pagãs, de culto a solstícios e mudanças de estação – lembrando, porém, que nenhuma festividade greco-romana conseguiu se manter até os nossos dias.

Comecemos com o carnaval, que tem inspiração em Purim, a festa da Rainha Ester, anualmente celebrada entre os meses de fevereiro e março. Em Purim, as pessoas se fantasiam, põem-se a dançar e fazer barulho nas ruas, com apitos e rashanim, tal como se fosse no carnaval.

A Páscoa católica, por sua vez, tem inspiração no Pessach, sempre em março ou abril, com os judeus comemorando a saída do Egito e os cristão rememorando a ressurreição de Cristo. Lembremo-nos de que a Páscoa celebrada por Jesus e seus apóstolos era a judaica, com direito a sidur, vinho e pão-ázimo.

Outros costumes cristãos derivam do judaísmo e seriam muitos para relacioná-los aqui. O dia semanal de descanso, por exemplo, que segundo ordena Deus no Velho Testamento deve ser o sétimo, o Shabat, mas para o imperador romano Constantino deveria ser o domingo, primeiro da semana. O que de fato passou a acontecer por sua ordem, a partir de 321 d.C. – uma iniciativa a mais para distinguir do judaísmo a nova religião naqueles primórdios do monoteísmo europeu. A artificialidade do ato de Constantino fez surgir reações dentro da própria Igreja, dando origem a vertentes sabatistas de séculos depois.

Com relação à festa do Natal, a data coincide com a de Chanuká – a “Festa das Luzes”, quando os israelitas festejam a vitória dos Macabeus contra os gregos selêucidas, declarando a independência da Judeia, em 165 a.C. Na retomada do Templo de Jerusalém, foi registrado o milagre do óleo purificado, suficiente para acender os candelabros por apenas um dia e perdurou por oito. Por isso, todos os anos, os judeus acendem candelabros e agradecem a Deus pela vitória que assegurou a sobrevivência da religião.

No caso do Natal, as luzes da cristandade foram associadas ao nascimento de Jesus e foi convencionado no dia 25 de dezembro pelo Papa Júlio I, por volta do ano 354 d.C., sendo paulatinamente esquecido pelos cristãos o significado de Chanuká como libertação frente aos gregos e ao paganismo.

Todo este berço judaico do cristianismo e o fato de possuir um calendário tão arraigado às efemérides da “Lei Antiga”, dos Rolos de Ester e dos Macabeus, não enfraquecem em absoluto a exegese do Novo Testamento, seus significados e celebrações. Ao contrário, renova espíritos, aproxima as pessoas, intensifica o diálogo e reforça a fé. Importante ter ciência desses paralelos que às vezes nos passam despercebidos.

Imagem: Rosto judaico de Jesus, Richard Neave, BBC, 2001.

Fonte:Publicado no Diário de Pernambuco, 19.12.2025).

HOMO HOMINI LUPUS - Odiomar Teixeira





Será que Thomas Hobbes (1588 – 1679) tinha razão ao dizer que “o homem é um lobo para o homem”? 

Algumas posturas que vemos ser adotadas por certas pessoas levam-nos a crer que sim.

Para Hobbes, cada homem vê sempre no outro um concorrente e as suas sensações são de:

_ apetite ou desejo

_ ou aversão ou ódio. 

O objeto do apetite ou desejo é o bem, enquanto o objeto da aversão ou ódio é o mal. 

Qualquer destas sensações, no entanto, para quem vê o outro sempre como um concorrente, que esteja prestes a superá-lo, determina que o opositor precisa ser eliminado. 

Eis que, este, quer o bem para si e a aversão ou ódio que o nutre para a conquista do que é o bem para si precisa ser eliminada e só pode sê-lo pelo extermínio do concorrente.

É por isto que o homem é ávido pelo poder sob todas as suas formas. 

Na concepção hobbesiana, todos os homens são iguais, onde o mais forte precisa superar o mais fraco, a não ser que este, consciente da sua inferioridade física, ou económica, ou de poder se alie a outros para, então, enfrentar a concorrência e lutar em igualdade de condições.

A realidade de hoje, como foi a de ontem e será a de amanhã, a não ser que a consciência da finitude seja adquirida e cada um se dê conta de que tudo acaba com a morte, tem demonstrado que Hobbes tinha razão quanto àqueles que, consciente ou inconscientemente, possuem esta concepção de que a sociedade é feita para que somente o mais forte sobreviva, precisando, para isto, ser eliminada a concorrência. 

Assim, o “homem lobo” não abandona o seu individualismo e a sua vontade é sempre reduzir o outro ao seu poder e dominá-lo.

Evidente que no século XVII, as formas de dominação e submissão eram muito diferentes das que vemos hoje, que se dão até pela interpretação de que a ocupação de pequenos espaços em órgãos e instituições, que o filósofo marxista Louis Althusser (1918 – 1990) denominava de Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE), aos poucos determinará a chegada ao poder.

Para o “homem lobo” tudo é uma guerra e, em o sendo, nela não há injustiças, sendo justificadas todas e quaisquer práticas, mesmo que estas determinem a dominação e a submissão do outro a ele, pois somente desta maneira o seu poder será consagrado.

As virtudes na guerra são a força e a astúcia e estas dominam o “homem lobo”, para ele não havendo o “teu e o meu” distintos, mas o que é tomado do outro. 

O “homem lobo” despreza a ética e age unicamente voltado à sua vontade de poder e de dominação.

Infelizmente esta é a condição a que se resume a “simples natureza” do “homem lobo” e toda a perversão e o pecado em que se consagra. 

Este é o seu estado de natureza, do qual é incapaz, pela sua concepção, de evoluir para uma sociedade onde as liberdades são garantidas pelo respeito mútuo.

Que o GADU nos livre do “homem lobo”, daquele irmão que o personifica, sentado ao seu lado como um igual, mas que por dentro nutre a sede do poder e do reconhecimento. 




REAL OU VIRTUAL - Sidnei Godinho


Esta semana uma operadora de telemarketing japonesa inovou ao celebrar sua união com um avatar.

A cerimônia foi realizada em uma capela e tinha como noivo a tela de seu celular, que continha a imagem, por ela criada, e com quem interage nos últimos anos.

Questionada sobre algo tão inusitado, ela apenas respondeu que um casamento se trata de ser Feliz e que estava então realizada.

O objetivo realmente está correto, mas é a distorção dos meios que assombra os dias atuais.

Pesquisas comprovam o crescimento vertiginoso da interação com o Chat-GPT com emoludores de personalidade, na criação de companheiros virtuais que se adequem aos seus "Senhores".

Frente à incapacidade de desenvolver relações interpessoais e de se submeter à crítica alheia, a fuga para "Pandora" tem sido o meio escolhido, como um placebo doce que apenas distrai a atenção para a real doença.

O preocupante é que este processo começa quase que anônimo e imperceptível nas distrações diárias, quando o celular serve de escusa para a conversa "olho no olho" sobre os problemas "normais" de qualquer relação. 

Chega a ser caricato ver uma mesa posta para o jantar e cada lugar ocupado com seu celular ao lado do prato, sob a alegação de que aguarda uma ligação importante, ou que está de sobreaviso, ou mesmo que não consegue se separar dele. 

O limite da razão foi perdido esta semana e com o avanço da tecnologia, logo logo o casamento não será com um celular e sim com um avatar "3D", um clone cibernético de si mesmo, pois o que se busca não é a perfeição, mas sim que não se questione suas próprias imperfeições. 

Deus criou Eva e a japonesa Yurina criou "Klaus", ambos para serem companheiros, mas apenas um há de questionar seus atos, porquê o amor é conquista, assim como a lealdade. 

Um marido, uma mulher, filhos, amigos de trabalho, família são parte do que somos, foram construídos por relações sociais, com atritos naturais e não por dados inseridos num programa. 

O sucesso ou não depende de sua capacidade de enfrentar o dissabor REAL ao invés de fugir para um teclado VIRTUAL.


dezembro 29, 2025

FILOSOFIA - DIALÉTICA MAÇÔNICA - Newton Agrella


(atualização)

          Inobstante seu caráter iniciático,  comum às sociedades ou fraternidades de âmbito místico, esotérico e/ou filosófico, a Maçonaria Especulativa é antes de tudo, uma instituição de cunho eminentemente filosófico, que se apoia num sistema de graus para indicar a evolução e o progresso que seus adeptos podem desenvolver  ao longo de sua prática e de sua trajetória, aliadas ao acúmulo de conhecimentos e experiências - notadamente no que diz respeito aos estudos ligados às relações ontológicas e anímicas - que dizem respeito ao Universo e às suas origens.

          Essa filosofia encerra em sua essência a investigação da dimensão do mundo real, da realidade empírica, da sensibilidade de tudo o que envolve a vida humana e claro, o aprimoramento do nível de Consciência, como protagonista deste processo, cujo mote se constitui na lavra simbólica da pedra bruta e no aprimoramento do templo interior humano.

          Como característica inequívoca desta filosofia, a Maçonaria se ocupa em se aprofundar na arquitetura do polimento da pedra, conferindo-lhe forma e beleza, sob a égide da ética e da moral, da ciência e dos saberes lógicos e racionais.  

           Ocupa-se ainda, através da Simbologia, de estudar temas que digam respeito às disposições da alma, do espírito, do intelecto e da razão que produzam um conhecimento válido, a partir de sua constante argumentação.

          A Maçonaria Especulativa, por meio de símbolos e alegorias, independentemente de suas variantes e interpretações ritualísticas, tem como propósito filosófico, aguçar o pensamento crítico, por meio de reflexões e principalmente através do questionamento sobre o porquê das coisas e seus significados.

          A Maçonaria é fiel depositária do combate ao obscurantismo, aos preconceitos, bem como às falácias e sofismas.  

           E antes de tudo isso, ela rejeita rótulos e principalmente dogmas, como formas de impedir a fluidez e a liberdade de pensamento.

           Através do espirito crítico, a filosofia da Arte Real, estimula o ser humano a elaborar seus pensamentos e a tirar suas conclusões das circunstâncias e experiências vividas, por meio de um gatilho chamado "discernimento" - situado entre a sabedoria e o conhecimento - tornando-o assim, difícil de ser manipulado.

          A filosofia maçônica, faculta ao homem, a liberdade de crer, praticar e seguir qualquer credo, religião, doutrina  ou seja qual for o processo de conexão transcendental ou metafísica, que melhor o situe nesta ligação divinal, assim como não distingue seus membros por etnia, raça ou cor. 

          A Igualdade, a Fraternidade e sobretudo a Liberdade, são a tríplice argamassa que dão o caráter universal à Maçonaria, cujo princípio filosófico se estabelece como uma bússola para que se possa exercê-la, bem como espera de seus adeptos a consciência sobre um Princípio  Criador e Incriado do Universo, a que se pode intitular o nome que for, mas que simboliza a geração e origem de todas as coisas e inclusive de nossa própria Existência.

          Fechando esse breve episódio, cabe deixar expresso que a Maçonaria, é a Filosofia que busca entender os princípios de tudo o que há no Universo, criando assim, símbolos para as definições conceituais.



AS SEIS GRANDES LOJAS DA INGLATERRA - Alferio Di Giaimo Neto


Nos séculos XVIII e inicio do século XIX ocorreu na Inglaterra uma formação simultânea de “Grandes Lojas”, começando pela primeira em todo o mundo, que foi a Grande Loja de Londres e Westminster, em 1717. Posteriormente, algo semelhante ocorreria, também, nos demais países.

Baseando-me em livros de origem inglesa, inclusive um pequeno livro (The History of English Freemasonry),  editado pela Grande Loja Unida da Inglaterra, vou expor abaixo um resumo das seis Grandes Lojas que apareceram na Inglaterra naquela época.

A primeira delas foi a “Grande Loja de Londres e Westminster”, de 1717, a mãe de todas as Grandes Lojas do mundo, que permaneceu ativa ao longo dos anos, transformando-se, em 1813, na Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI).

A segunda delas, apareceu em 1725: a antiga Loja da cidade de York, norte da Inglaterra, transformou-se na “Grande Loja de Toda a Inglaterra”. Entretanto, sua influencia se restringia nas províncias de York, Cheshire, e Lancashire. Ela existiu por algumas décadas, elegendo seus próprios Grãos Mestres, erigindo também suas próprias oficinas de Royal Arch e Cavaleiros Templários.

Dessa Grande Loja apareceu uma outra em 1779, que será a 4ª em nossa     seqüência.. 

A terceira Grande Loja foi a “Grande Loja dos Antigos” em 1751, a qual, juntando-se, em 1813, com a primeira mencionada acima, também conhecida como a dos “Modernos”, formou a “Grande Loja Unida da Inglaterra” (GLUI).

A quarta foi formada em 1779.  Com a responsabilidade e autoridade da Grande Loja de Toda Inglaterra foi formada a “Grande Loja do Sul do Rio Trent”, constituída de antigas Lojas que estavam em desacordo com as diretrizes da primeira Grande Loja.

Em 1788, ajuntou-se com a terceira das Grandes Lojas, a “Grande Loja dos Antigos” e parou de existir.

A quinta delas, e é a que existe hoje, foi formada em 1813. A primeira Grande Loja juntou-se com a “Grande Loja dos Antigos” para dar ao mundo maçônico a “Grande Loja Unida dos Antigos Maçons, Livres e Aceitos da Inglaterra”, conhecida por todos hoje em dia como a “Grande Loja Unida da Inglaterra” (GLUI)

A sexta e ultima apareceu e sumiu da seguinte forma: após a união, descrita acima, em 1813, houve dificuldades com algumas Lojas e quatro delas, afastadas da GLUI, formaram em 1823, estabelecida em Wigan, a “Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos da Inglaterra de acordo com as Antigas Constituições” depois de dois anos ficou inativa até 1838. Em 1844, teve uma aceleração das atividades até 1858, e depois foi decaindo aos poucos, sendo que em 1866 foi o ano em que suas ultimas Atas foram registradas.



A MENORÁ E SUA HARMONIA DIVINA - Lucius Cohen


A menorá, o candelabro de sete braços descrito na Torá (Êxodo 25:31-40) é um dos símbolos mais profundos do judaísmo. Representa a luz divicana que ilumina o mundo, ela evoca a  criação em sete dias, o equilíbrio cósmico e a emanação da presença de Deus. Mas e se essa estrutura sagrada pudesse ser reinterpretada através de lentes musicais e numéricas? 

Inspirado em reflexões pessoais e poéticas, exploro uma analogia criativa entre a menorá, o sistema de solfejo musical (dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó) e elementos da gematria hebraica. Essas ideias, embora não sejam parte da tradição cabalística clássica, oferecem uma perspectiva que une luz, som, letras e números em um ciclo infinito de harmonia divina. 

A menorá possui uma vela central, que simboliza a unidade e a presença divina, e três de cada lado, irradiando luz para o mundo manifesto. Essa configuração evoca uma letra Guimel por cada lado, simbolizando misericórdia e rigor, expansão e equilíbrio, bondade e julgamento, todos atributos das sefirot Gevurá e Chesed, é a luz central que se espalha simetricamente para seus opostos, direita e esquerda, na linguagem cabalística. 

Gosto de imaginar as sete notas da escala diatônica do solfejo sobre essa estrutura. O solfejo, sistema pedagógico musical criado no século XI por Guido d'Arezzo a partir de um hino cristão medieval, consiste em sete sílabas distintas: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, repetindo o dó na oitava superior para fechar o ciclo, algo como os mundos da Árvore da Vida da Cabala, que possui os 4 mundos, Atziluth, Beriah, Yetzirah e Assiah, onde a cada ascensão pela porta de Keter, o que se alcança é um retorno à porta do templo, mas nesse caso, um templo superior. 

Essa repetição cria um "infinito" musical, onde a escala pode ascender ou descer eternamente, sempre retornando à tônica (dó) como ponto de resolução e harmonia. 

A vela central é atribuída à nota fundamental dó, o centro de equilíbrio. Assim como o braço central da menorá representa o Shabat ou a sefirá Tiferet, que é a beleza e harmonia na Árvore da Vida da Cabala e o lugar onde o homem realiza a Grande Obra, a dó é a tônica que organiza toda a escala, o "Um" de onde tudo emana, a Aleph e a Yud como Tetragrama, portanto, a vela central vale 1, mas pode valer 10 e incluso 26 ou 8, o número do infinito. 

As notas se espalham pelos ombros da menorá, à esquerda (mi, sol, si) e à direita (ré, fá, 

lá). Essa distribuição simétrica reflete a irradiação da luz divina para os aspectos duais do mundo — o yin e yang cósmico, ou as sefirot de Chesed (bondade) e Gevurah (severidade). Se enumero as notas, dó=1, ré=2, mi=3, fá=4, sol=5, lá=6, si=7, obtenho pela esquerda 3+5+7=15=6, e pela direita 2+4+6=12=3, sendo 6 a penúltima das 7 sefirot inferiores, a Guevurá, que antagoniza e está a um passo do último trabalho que é a misericórdia representada pela Chesed. Pela direita tenho o 3 do triângulo justo, perfeito e divino do homem que alcançou a última esfera do mundo inferior, a Chesed, e desde ali se desprende de todos os metais para alcançar o mundo etéreo e superior da Shequiná, a emanação divina, onde 6+3+1=10, o tudo e o nada que representa Ele. E se dó se repete infinitamente, depois de si=7 temos dó=8, sendo 6+3+8=17=8. E se tenho dó=10 ainda obtenho 6+3+10=19=10=1, comprovando a perfeição da melodia da menorá. 

Ao percorrer as velas laterais, chegamos à última nota: a si, que musicalmente cria tensão e "desejo" de resolução. Ao regressar ao centro, voltamos à dó, completando o ciclo. Essa volta simboliza o infinito: a harmonia divina que se expande e retorna, ecoando a ideia de que tudo vem de Deus e a Ele retorna. Se tenho 6 pela esquerda, ali também tenho a letra Vav recordando que sempre haverá o trabalho a ser realizado, e a Guimel à direita ordenando a prática da caridade. 

A tradição judaica narra um milagre em que o candelabro do templo pôde ser aceso por 8 dias consecutivos com uma quantidade ínfima de óleo, suficiente apenas para uma pessoa. Essa fusão de luz e som sugere que a menorá não é apenas um objeto ritual, mas um diagrama vivo de harmonia cósmica. Acender as velas durante Chanucá, por exemplo, poderia ser visto como "cantar" essa escala divina, elevando a alma através de um ciclo eterno de criação e redenção.

dezembro 28, 2025

LIVRO - Adilson Zotovici


 

És guia do dia a dia

Um cego e enxergas tudo

Que ouves em calmaria

Respondes silente, mudo


Do conhecimento o guia

Abres teu peito ao estudo

Que cada feito extasia

Provento, a Luz sobretudo


Trazes tristeza, alegria

Em texto leve ou agudo

És grandeza por magia


Variado conteúdo

Criado à sabedoria

És tu “ livro”...que saúdo !




A REVOLUÇÃO FRATERNA DA INTELECTUALIDADE MAÇÔNICA - Hélio P. Leite



 AS ACADEMIAS MAÇÔNICAS DE LETRAS COMO

 INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO DA MAÇONARIA BRASILEIRA

       A Maçonaria brasileira, herdeira de uma tradição secular fundada nos princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, vive, em diferentes momentos de sua história, tensões internas, cisões administrativas e divergências interpretativas que fragilizam a convivência entre irmãos e enfraquecem a ação institucional da Ordem. Diante desse cenário, impõe-se refletir sobre instrumentos capazes de promover a pacificação, o diálogo e a reconstrução de pontes fraternas. Entre esses instrumentos, destacam-se as Academias Maçônicas de Letras, espaços vocacionados à cultura, ao pensamento e à elevação espiritual do maçom, que assim se faz o construtor social que nasceu pra ser.

       As Academias Maçônicas de Letras não se constituem como organismos de poder, nem competem com as estruturas jurisdicionais da Ordem, embora as ancore, com sua natureza essencialmente cultural, filosófica e literária. Exatamente por isso, estes egrégios silogeus encontram-se em posição privilegiada para atuar como ambientes neutros, onde irmãos de diferentes Potências, Ritos e tradições podem dialogar sem a pressão das disputas administrativas ou das vaidades institucionais. Neste sentido tornam-se verdadeiros templos do pensamento maçônico, nos quais a palavra substitui o confronto e a reflexão supera o sectarismo.

          A produção literária, histórica e filosófica desenvolvida nestas Arcádias favorece a redescoberta do que é essencial à Maçonaria: seus valores universais, seus símbolos fundadores e sua missão humanista. Ao estudar a história comum da Ordem, seus mitos, seus ritos e suas contribuições à sociedade brasileira, o maçom é convidado a se conectar com aquilo que o une aos seus irmãos, percebendo que isto é muito mais profundo e duradouro do que as diferenças que, por vezes, os separaram. A cultura, neste contexto, atua como sutil cimento da fraternidade, aplainado com a sublime régua da concórdia que o compartilhamento do saber fomenta. 

         Outro aspecto relevante é o caráter inclusivo destas Academias que, ao acolherem maçons experientes e jovens iniciados, estudiosos consagrados, e autores iniciantes, promovem a escuta intergeracional e o respeito à diversidade de pensamentos. Esse permanente exercício de alteridade intelectual espelha, em plano simbólico, a própria essência da Maçonaria como escola de aperfeiçoamento moral. Onde há escuta, há compreensão; onde há compreensão, abre-se o caminho para a pacificação dos eventuais conflitos; onde há amor incondicional, há um vasto e fértil campo onde as rosas da tradição e as tulipas do vanguardismo adornam este jardim de civilidade. 

         Além disso, estas Academias Maçônicas de Letras desempenham um papel pedagógico de largo alcance. Por meio de palestras, conferências, publicações,  eventos culturais etc., contribuem para a formação de uma consciência  maçônica madura, menos afeita ao personalismo e mais comprometida com o bem coletivo, efluindo o senso de pertencimento que faz exequível a coesão social que propõem, com suas raízes bem firmadas no saber, na ética e na memória institucional, o que enleva o orgulho de ser maçom e este dissipa erros, perfídias e obscurantismos, aurorescendo o equilíbrio, o discernimento e fraternidade como vetores essenciais da bem formada maçonaria.

         Sob este olhar, percebemos estas Eméritas Casas do Saber como alavancas, pois, demovem pensamentos, por vezes hostis; tornando mais loquaz a fala que convence sobre o que é justo e grandioso; retiram traves do olhar, para que um novo fito estabeleça que os melhores feitos e efeitos, não se impõem por decretos, mas se constroem pelo diálogo, pela cultura, mas, principalmente, pelo reconhecimento do outro como irmão. Trabalhando no campo das ideias, dos símbolos e da memória, elas erguem pontes onde antes havia muros, reafirmando que a Maçonaria só se cumpre plenamente quando caminha de mãos dadas com a diversidade, festejando a concórdia fraterna por onde passa e com quem estiver.

          Este é o animus do qual nasce todos os dias a Academia Internacional de Maçons Imortais –AIMI, em 31 de maio de 2024, pois, sua inventividade constante a renasce a cada novo ideal que viceja. Concebida de um projeto cultural amplo e agregador, denominado “Arquipélago Cultural Maçônico”, que tem por objetivo interligar cada silogeu maçônico (ilhas) convergindo-as ao propósito único de radicar a identidade social maçônica a partir da preservação da memória, do fortalecimento da cultura e da estimulação aos diversos veios literários que maçom acadêmico representa, independente das potências maçônicas que os abrigam. Esta simbiose de Arcádias, assumiria o papel de elo simbólico e cultural, capaz de transformar iniciativas isoladas em ações coletivas de mais vasto alcance e significação. Ancoradas, na literatura, na história, na arte e no pensamento maçônico, deixam de ser expressões fragmentadas para se tornarem conscienciosos vetores de inclusão, sinergia e empatia no seio da Maçonaria brasileira.

         Neste toar, a AIMI, e o seu projeto Arquipélago Cultural Maçônico, se lançam como um prisma de soluções ótimas aos paradigmas contemporâneos da Sublime Ordem, demonstrando que a formação da família universal, proposta pela Maçonaria desde sua ciese, não se realiza apenas no campo administrativo, mas, sobretudo, no terreno inefável da cultura, onde a palavra ilumina, o símbolo une e conhecimento fraterniza. Envolve a união da intelectualidade maçônica, em autoconvocação para em mobilização nacional encetar gestões e produzir através da escrita, da voz e de ações - artefatos literários que em suas letras dotem as autoridades maçônicas do modus operandi habilidoso que, não somente, emerja a conciliação nacional da Maçonaria Brasileira, mas, principalmente, que garantam gestões prósperas e felicidades, sob o lume: ordem e progresso, sempre! 



DATAS MARCOS DA ORDEM - Douglas Roberto


Reflexões de um Companheiro inquieto e muito curioso, além da dúvida surgida num belo diálogo com um nobre Irmão...

​Buscando sanar as confusões comuns sobre as datas que regem o dia do maçom, consolidei esta breve cronologia sobre os marcos da Ordem:

- ​22 de fevereiro | Dia Internacional do Maçom: Instituído em homenagem ao nascimento de George Washington, primeiro presidente dos EUA e figura central da Maçonaria americana. A data celebra a influência dos ideais maçônicos na formação das democracias modernas.

- ​24 de junho | Dia de São João Batista e Solstício de Verão (Boreal): Uma das datas mais ancestrais da Ordem. Marca a fundação da Grande Loja de Londres em 1717 (a "Premier Grand Lodge"). Simbolicamente, representa o apogeu da Luz e o padroeiro da Maçonaria Operativa e Especulativa Universal.

- ​20 de agosto | Dia Nacional do Maçom (Brasil): Data exclusiva do nosso calendário. Remete à histórica sessão conjunta das Lojas Comércio e Artes e União e Tranquilidade em 1822, onde o Irmão Gonçalves Ledo proferiu o discurso que impulsionou a Independência do Brasil, proclamada semanas depois.

- ​27 de dezembro | Dia de São João Evangelista e Solstício de Inverno (Boreal): De profunda relevância na tradição anglo-saxônica, celebra a união das Grandes Lojas ("Antigos" e "Modernos") que formou a UGLE em 1813. Nos EUA e Inglaterra, é a data tradicional para posses de Veneráveis Mestres e Banquetes de Ordem, simbolizando a renovação e a preservação da doutrina.



dezembro 27, 2025

212 ANOS DE GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA - João Carlos Corrêa Vieira


Há 212 anos , no dia 27 de dezembro de 1813, ocorreu um evento monumental na história da Maçonaria — a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE). Este marco histórico foi alcançado por meio da união de duas Grandes Lojas que operavam independentemente na época:

1️⃣ A Grande Loja Premier (estabelecida em 1717), fnde requentemente chamada de “Modernas”.

2️⃣ A Grande Loja Antiga (estabelecida em 1751), conhecida como “Antigas”.

Após anos de diferenças em práticas, rituais e administração, as duas Grandes Lojas deixaram de lado suas divergências para formar um corpo único e unificado. 

Esta unificação marcou o início de uma nova era para a Maçonaria na Inglaterra e além.

Os Artigos da União foram assinados e, em 27 de dezembro de 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra foi oficialmente estabelecida durante uma reunião especial realizada no Freemasons’ Hall em Londres.  A data foi escolhida deliberadamente para coincidir com a Festa de São João Evangelista, um dos dois santos padroeiros da Maçonaria.

Desde sua fundação, a UGLE cresceu e se tornou um dos órgãos de governo maçônicos mais reconhecidos do mundo, supervisionando milhares de Lojas e mantendo os princípios fundamentais do Amor Fraternal, Alívio e Verdade.

Ontem, ao celebrarmos o 212º aniversário da UGLE, refletimos sobre sua rica herança, tradições duradouras e o espírito unificador que guiou a Maçonaria por séculos.

UGLE é a potência maçônica governante para a maioria dos maçons na Inglaterra, País de Gales e Comunidade das Nações (Commonwealth). é a loja maçônica governante para a maioria dos maçons na Inglaterra, País de Gales e Comunidade das Nações. 

Sua descendência vem da Grande Loja Maçônica formada em 24 de junho de 1717 na Goose & Gridiron Tavern em Londres, é considerada a mais antiga Grande Loja Maçônica do mundo, juntamente com a Grande Loja da Escócia e a Grande Loja da Irlanda. 

🎉 Feliz aniversário, UGLE! 🎉

SOMOS UMA UNIDADE - Adilson Zotovici


Somos uma grande unidade 

Jamais alguma dissonância 

Pelo espírito da igualdade 

Labutamos em consonância 


Para nós a Fraternidade 

Não medirá jamais distância 

Feitos com amor e liberdade

Que entre os cofrades constância 


Do “Arquiteto” a oportunidade 

Um pelo outro em vigilância 

Hoje, amanhã...toda irmandade 


Em cada ação a culminância 

Vez que irmão, inda confrade... 

Com discrição, com elegância !



O AMOR. O MAR E O AMAR - Cesar Augusto Garcia


 

COMO ENTENDER E ESTUDAR O SIMBOLISMO - Alferio Di Giaimo Neto


Deve ser lembrado, que o Maçom deve ter um comportamento essencialmente pratico em suas ações e idéias, principalmente quanto à origem de certos objetos ligados à Maçonaria.

Em outras palavras, uma explanação simples e obvia de um símbolo Maçônico, é preferível a uma explanação fantástica, altamente imaginativa ou romântica.

Seis pontos devem ser considerados:

1- A Ordem (Franco Maçonaria) tem origem nas Guildas Maçônicas na fase Operativa, na Idade Média. 

2- As várias referências Egípcias e Orientais nos rituais maçônicos representam acréscimos ou adições, feitas de tempos em tempos nos rituais originais, mais antigos.

3- O Simbolismo só se transformou em algo proeminente, notório, na Maçonaria, em tempo passado, relativamente curto.

4- A posse de nossos Símbolos por outros corpos organizacionais, Sociedades e Ritos, e vice-versa, não indica, por si, nenhuma conexão entre essas organizações e a Maçonaria, ou, de nenhuma maneira, indica a origem da nossa Ordem Maçônica.

5- A influência que possa ter existido na Maçonaria, de Rituais de antigos Ritos Iniciáticos, na certeza, não ocorreu antes da terceira década do século XVIII.

6- Com respeito a alguns Maçons que acham que a Maçonaria é derivada dos “mistérios” do Antigo Egito e que, todos nossos símbolos são de origem egípcia, deve ser ficar esclarecido que esses “mistérios” não são bem conhecidos e muitos deles estão totalmente perdidos.

Finalmente deve ser dito que alguns objetos encontrados na Maçonaria, que numa primeira visão parecem ser Símbolos Maçônicos, mas que com uma analise mais rigorosa, veremos que não são. É necessário o devido cuidado para distinguir entre genuínos Símbolos Maçônicos daquelas coisas chamadas “Símbolos”, devido uma fértil imaginação e/ou um super entusiasmo maçônico.

Fonte: Pílula Maçônica n. 33