dezembro 14, 2025

VENERÁVEIS IRMÃOS COMO AS VELAS - Adilson Zotovici




_Queimam-se alguns como as velas_,

_Para darem Luz aos seus iguais_ !...

Entre boas obras tão belas

De  _"Antonio Vieira"_, cabais


Inda que entre tantas mazelas

Basta ver da história os anais

Do sacrifício as procelas

Peremptórias pois, e formais


Às vezes, razões, são querelas

As quais viram tementes portais

Entrementes quais sentinelas


Entregam-se de formas vitais

Sinceros varões, como elas...

Mas as ingratidões são normais  !



O SILÊNCIO COMO UM GESTO DE SABEDORIA - Alexandre Fortes




        O silêncio é visto como um gesto de sabedoria tanto na Epístola de São Tiago quanto na Maçonaria, embora com focos e contextos distintos. O silêncio é uma atitude ativa que precede e qualifica a fala, sendo um caminho para a verdadeira sabedoria e o aprimoramento do ser.

        Na Epístola de Tiago (Novo Testamento), a sabedoria do silêncio está intimamente ligada ao controle da língua, considerada uma força poderosa e perigosa. O silêncio (ou, mais precisamente, o uso moderado e refletido da fala) é um sinal de maturidade espiritual e sabedoria.

        Controle da Língua, Sabedoria e Humildade: O texto enfatiza que quem consegue controlar a língua é uma pessoa perfeita e capaz de dominar todo o seu corpo (Tiago 3:2). A língua é comparada a um pequeno freio que governa um cavalo ou a um pequeno leme que dirige um grande navio (Tiago 3:3-4). A verdadeira sabedoria (que é “do alto”, ou seja, divina e pura) é marcada pela mansidão e por ações justas, e não por palavras vãs ou jactância (Tiago 3:13-17). O silêncio, neste contexto, é a virtude de se calar para evitar o pecado do falar impensado, maldizente ou arrogante.

        Na Maçonaria, o silêncio é um princípio iniciático fundamental, sobretudo para o Aprendiz Maçom. É um símbolo e um meio para se alcançar a sabedoria e o autodomínio.

        Condição para a Aprendizagem: O silêncio imposto ao Aprendiz (e a máxima de “Ouvir, Ver, Calar” – Audi, Vide, Tace) não é um mutismo por ignorância, mas uma disciplina para que ele possa ouvir, observar e meditar sobre os ensinamentos, rituais e símbolos sem dispersão.

        Reflexão e Transformação: O silêncio é o meio pelo qual o iniciado pode se entregar à meditação e à reflexão interior, essenciais para a lapidação da “Pedra Bruta” (o próprio Maçom no seu estado imperfeito). É no silêncio que se busca o autoconhecimento e o domínio sobre as paixões.

        Discrição (Segredo): Além da sabedoria interior, o silêncio também é a virtude da discrição e do sigilo que protege os mistérios e o funcionamento da Ordem, conforme a tradição pitagórica (a palavra “mistério” deriva de “Myein”, que em grego antigo significa “boca fechada”). O sábio é aquele que sabe quando e o que falar e o valor do silêncio.

        No Pentateuco, (os cinco primeiros livros da Bíblia: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), o valor do silêncio é frequentemente expresso de forma implícita, ligando-o à obediência, à reverência a Deus (YHWH) e à aceitação da Sua vontade ou juízo.

        Embora o Pentateuco não possua uma exaltação do silêncio como disciplina filosófica (como em Pitágoras) ou espiritual (como no Alcorão ou no Novo Testamento de Tiago), ele é essencialmente a ausência de murmuração ou questionamento diante da autoridade divina.

        No campo da filosofia, diversos filósofos clássicos antigos da Grécia e de Roma defendiam o silêncio não como mera ausência de som, mas como uma disciplina ativa essencial para a sabedoria, o autodomínio e o conhecimento verdadeiro.

        Filósofos Clássicos e o Silêncio

        Pitágoras (c. 570 – c. 495 a.C.)

        Pitágoras é, talvez, o mais emblemático defensor do silêncio como disciplina iniciática.

        O Silêncio como Teste: Na sua escola em Crotona, o silêncio era uma regra estrita para os neófitos (chamados Acústicos). Eles deveriam praticar o silêncio por um longo período (algumas fontes citam até cinco anos) apenas para ouvir e observar (o preceito de Audi, Vide, Tace – Ouvir, Ver, Calar).

         Finalidade: O silêncio visava lapidar o temperamento e vencer o impulso de falar impulsivamente. Era o passo inicial para a purificação e para desenvolver uma mente mais reflexiva, capaz de assimilar os ensinamentos mais profundos da cosmogonia e da matemática (o caminho para se tornarem Matemáticos).

        Citação Atribuída: “Ouve e serás sábio. O começo da verdadeira sabedoria está no silêncio.”

        Sócrates (c. 469 – 399 a.C.) e Platão (c. 428 – 348 a.C.)

        Embora Sócrates fosse conhecido pelo seu método dialético (baseado na pergunta e resposta), ele valorizava a contemplação e a fala deliberada.

        Sócrates: O seu famoso “só sei que nada sei” e a sua busca incessante pela definição das virtudes implicavam uma moderação na fala e um reconhecimento da ignorância que deve ser preenchida pela reflexão. Há análises do seu silêncio em diálogos como o Timeu, que sugere a recusa do discurso superficial.

        Platão (Discípulo de Sócrates): Uma citação notável atribuída a ele resume bem a ideia:

        “Os homens sábios falam porque têm algo a dizer; os tolos, porque têm de dizer algo.” (Esta citação destaca o valor do silêncio como o estado de quem espera ter algo de substância para contribuir.)

        Estóicos (Séneca, Epicteto)

        O estoicismo, que floresceu mais tarde, mas se baseou em princípios clássicos, via o silêncio como uma ferramenta de autodomínio e virtude.

       Epicteto (c. 50 – c. 135 d.C.): Defendia o silêncio como a regra geral na conduta.

        “Que o silêncio seja a sua regra geral; ou fale apenas o que é necessário e em poucas palavras.” (Enfatizando a fala como algo funcional e não fútil).

       Séneca (c. 4 a.C. – 65 d.C.): O silêncio, para os estóicos, era parte do treinamento moral (askesis) para evitar a tagarelice (adoléschia) e cultivar a tranquilidade (ataraxia).

        Plutarco (c. 46 – c. 120 d.C.)

        Plutarco, embora posterior ao período clássico, compilou e analisou o pensamento antigo. Ele dedicou reflexões sobre a tagarelice (adoléschia) como uma paixão que se opõe ao silêncio.

        Ele examinava a relação entre o “silêncio e virtude” (sigē e aretē), alinhando o controle da fala com a excelência moral, o que era caro a Platão e Aristóteles.

        O silêncio, portanto, não é visto como um vazio ou algo inócuo em si, mas sim como o berço da reflexão, o exercício do autocontrole, da prudência refletida e o sinal de quem busca a verdade, em vez de meramente qualquer tipo de postura artificial, de simples omissão, tibieza ou falta de denodo.

 


O SEGREDO DO COPINHO DE ÁGUA QUE VEM COM O SEU CAFÉ




        Muita gente acha que aquele copinho de água servido junto do café é um agrado da casa ou apenas um costume de cafeteria. Mas esse pequeno gesto, que parece simples e até dispensável, na verdade tem uma função específica e faz parte de um ritual tradicional que muita gente nunca aprendeu da forma correta. O detalhe curioso é que a maioria das pessoas usa a água do jeito errado — e isso muda completamente a experiência da bebida.

        A prática vem da Itália, berço do café espresso moderno. Lá, baristas e cafeterias seguem uma etiqueta própria: a água serve para limpar o paladar antes do primeiro gole de café. Beber água antes hidrata a boca, elimina sabores residuais de comida e reduz a interferência natural do amargor. É o que prepara as papilas gustativas para perceber as nuances do grão — acidez, corpo, aroma e finalização.

        Quando você toma o café com o paladar “zerado”, o sabor se torna mais nítido e equilibrado. Não é frescura: é ciência sensorial aplicada.

        No Brasil, porém, o costume se popularizou de outro jeito. Muitas pessoas bebem a água depois do café para “aliviar o gosto forte”. Em cafeterias que seguem a tradição, esse gesto pode ser interpretado como desfeita, pois sugere que o café estava ruim.

        Além disso, beber água depois não neutraliza o paladar de forma útil — pelo contrário, atrapalha a percepção das notas finais, que fazem parte da experiência do espresso.

        Em ambientes de degustação profissional, o processo é sempre o mesmo: um gole de água, um gole de café, pausa e análise. É assim que especialistas avaliam qualidade, torra e complexidade aromática.

        O copo de água, portanto, não é um brinde, mas uma ferramenta sensorial que transforma o café em uma experiência completa.

        Da próxima vez que seu espresso chegar com um copinho ao lado, lembre-se: ele não está ali por acaso. Ele foi pensado para melhorar o sabor, respeitar a bebida e deixar você sentir o café como ele realmente é.

Fontes: Specialty Coffee Association (SCA), Instituto Italiano del Espresso, Coffee Quality Institute.



dezembro 13, 2025

CONSEGUE SE VER - Cesar Augusto Garcia


 

AS MENTIRAS SOBRE A MAÇONARIA

    



            Léo Taxil, pseudônimo de Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès (1854-1907) foi um dos maiores criadoress de mentiras maçônicas de todos os tempos. Essas mentiras, com as quais tapeou o mundo ocidental por muitos anos através de vários livros antimaçônicos, foram confessadas pelo próprio.

        Léo nasceu na França. Depois de uma temporada escrevendo pornografia da Era Vitoriana, seguida de uma vida miserável produzindo tratados anticatólicos, ele focou nos Maçons. Em 1889, Taxil inventou uma ordem elaborada supersecreta e toda fictícia da Maçonaria chamada "Palladium", que supostamente admitia mulheres, realizava orgias sexuais, conduzia assassinato ritual, e, o mais importante, adorava um "demônio" chamado Baphomet. Em seus escritos, Taxil colocou Albert Pike como suposto chefe desta organização. Para se ter uma ideia do nível de invenção de Léo Taxil, vejamos o que ele escreveu em um dos seus livros, se referindo a instruções dadas pelo próprio Albert Pike:

        "O que nós temos que dizer a uma multidão é: - Nós adoramos um Deus, mas é o deus que se adora sem superstição. Para vocês Soberanos Grandes Inspetores Gerais, nós dizemos isso, que vocês podem repetir aos Irmãos dos 32º, 31º e 30º graus - A Religião Maçônica deveria ser, por todos nós, iniciados nos altos graus, mantida na pureza da Doutrina do Luciferianismo [...]"

        Em 1897, Léo Taxil admitiu publicamente as suas mentiras, ao mesmo tempo que tirava sarro de forma impiedosa de quem acreditava nelas. Ele enganou também a Igreja Católica, pois a partir destas declarações, o papa da época emitiu declarações antimaçônicas. Depois das acusações que caíram sobre ele, Léo Taxil admitiu suas mentiras e desapareceu. Nunca mais foi visto.

        Não é à toa que até hoje, autores antimaçônicos continuam a divulgar essas bobagens com grande regularidade e afirmam que os Maçons adoram Satanás. Por causa de Léo Taxil, infelizmente, A Maçonaria, Albert Pike e o grande "demônio" com chifres Baphomet estão interligados para sempre.

Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA


TIJOLO POR TIJOLO, NUM DESENHO LÓGICO” – Chico Buarque


Texto de meu querido amigo e contemporâneo de jornalismo Rui Baptista de Albuquerque Martins que nos deixou tão cedo. Artista, jornalista, publicitário,  mente brilhante. 

Hoje, 13 de dezembro, comemoramos o DIA DO PEDREIRO, profissional imprescindível à sociedade. Cumprimentamos todos que atuam nessa área e, também, os PEDREIROS LIVRES, fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e perfeita. Amiga ou amigo do Facebook, leia os textos que publico a seguir:

“O pedreiro é um dos operários mais antigos da história do mundo. A profissão surgiu quando o ser humano saiu das cavernas e passou a construir sua própria casa. Esse operário rudimentar evoluiu, se especializou e se profissionalizou fazendo do uso de pedras e tijolos uma arte para construir as cidades.

O próprio Jesus era conhecido como um carpinteiro ou operário da construção civil: "Não é ele o carpinteiro [...]?" (Mc 6,3). O livro dos Atos informa que o apóstolo Paulo sabia fabricar tendas (casas) e que trabalhou nessa atividade em Corinto, com o casal Áquila e Priscila: "[...] tinham a mesma profissão - eram fabricantes de tendas [...]" (At 18,3).

Em 1549, quando o governador-geral Tomé de Sousa desembarcou na Bahia, trouxe na sua comitiva um grupo de pedreiros portugueses, que vieram construir uma fortaleza de pedra e cal, por ordem do rei de Portugal.

No Rio de Janeiro, um documento de 1573 atesta que, no Brasil, o mais antigo pedreiro foi João Ribeiro.

O pedreiro é um profissional contratado ou avulso. Ele atua nas áreas ligadas à construção civil de obras públicas ou privadas, executando alvenarias exteriores e interiores em casas e edifícios; edificando a estrutura de edifícios; revestindo maciços de alvenaria, de pedra, tijolo ou outros materiais, utilizando diversas argamassas. O pedreiro profissional conhece a técnica da preparação de argamassas e a utilização dos instrumentos e máquinas apropriados, como: colher de pedreiro, pá, régua, fio de prumo, esquadro, betoneira etc.

Em decorrência do desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, o pedreiro precisa se atualizar para usar os materiais de modo adequado, precisa saber ler e interpretar desenhos e outras especificações técnicas; verificar a qualidade do trabalho executado; analisar o plano de execuções de acordo com as dimensões pedidas; enfim, controlar a qualidade da obra.

Embora o pedreiro não ocupe uma posição de destaque social, em virtude da sua pouca instrução, ganha em importância pela sua contribuição braçal na construção da sociedade. Em razão disso, vários países mantêm memoriais em homenagem a esses profissionais. Em 1961, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira determinou que fosse erguido um monumento aos pedreiros, visto que foram eles que construíram a nova capital brasileira, em 41 meses". (Texto: Portal Paulinas – A comunicação a serviço da vida).


PEDREIROS LIVRES


"A Maçonaria é uma associação universal de homens livres e de bons costumes cultivando entre si a justiça social, aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia e igualdade, aperfeiçoamento intelectual e fraternidade. Os Maçons estruturam-se em células autônomas, "todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si", e reúnem-se nas designadas oficinas ou lojas. Trata-se de uma obediência iniciática, filosófica, filantrópica e educativa.

Cada Loja Maçónica é composta pelo venerável mestre ou presidente, que preside e orienta a reunião por um mandato; primeiro vigilante, que conduz os trabalhos e trata da organização e disciplina em geral; segundo vigilante, que adestra os aprendizes; orador, que sumariza os trabalhos e reúne as conclusões; secretário, que redige as atas e trata da sua conservação e é responsável pelas relações administrativas entre a loja e a obediência; mestre de cerimônias, que introduz na loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o experto nas cerimônias de iniciação; tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos da loja e vela pela sua organização financeira. Os cargos do venerável ao secretário são chamados as luzes da oficina.

Na Escócia uma nova Ordem que surgiu junto as sociedades dos pedreiros-livres (os mesmos que construíam as catedrais góticas, Formando a Francomaçonaria ou apenas Maçonaria.

Pedreiro é o que trabalha a pedra e o Maçom de uma forma figurada também o faz e. por ser livre, é chamado de PEDREIRO LIVRE". (Texto: Yahoo).

dezembro 12, 2025

O APRENDIZADO MAÇÔNICO - Robson Rodrigues



Não bastassem os problemas ligados à Ritualística, à Liturgia, e à Administração Maçônica a maioria das Lojas Simbólicas, em que pese o esforço dos seus Vigilantes e Veneráveis Mestres, deixa muito a desejar no que diz respeito ao aprendizado maçônico. 

Mas embora as Lojas tenham o dever de empenhar-se no aperfeiçoamento dos seus membros em contrapartida seus Aprendizes, Companheiros e Mestres têm igualmente o dever empenharem-se na busca do aprendizado maçônico. 

É o que tentaremos demonstrar a seguir.

À Loja que iniciou o Aprendiz cabe doravante a tarefa de ministrar-lhe os ensinamentos necessários à sua formação maçônica nos três graus da Maçonaria Simbólica.

No entanto, no dizer de Nicola Aslan:

• “as Lojas Simbólicas, geralmente sobrecarregadas por preocupações de ordem administrativa, litúrgica ou filantrópica dispõem de muito pouco tempo para ministrarem instruções eficientes dos três primeiros graus, limitando-as, via de regra, à comunicação dos Sinais, Toques e Palavras, além do adestramento dos Obreiros na liturgia e no ritualismo...”.

Ora, se as Lojas Simbólicas, como constatado pelo Irm.: Aslan, via de regra, limitam-se à comunicação dos Sinais, Toques e Palavras, não é difícil deduzir que não haja nesses casos propriamente aprendizado maçônico. 

O que há é transmissão de conhecimentos, informações, mas não aprendizagem.

• “Aprender é a capacidade que o ser humano tem de assimilar, introjetar, produzir e reproduzir conteúdos novos” -- ensina a educadora Dulce Magalhães.1[1]

Esses conteúdos -- ela prossegue -- são os elementos que formam percepção, intenção, interpretação e decisão – as quatro modalidades de construção da realidade. 

Quando aprendemos alteramos nossos conteúdos de forma a produzir uma nova realidade. 

Para que haja aprendizagem é preciso que haja alteração da realidade. 

Quando aprendemos a percepção e interpretação da realidade já não é a mesma que tínhamos antes. 

Podemos dizer que nosso mundo mudou. 

Houve mudança. 

Nós mudamos. 

Por outro lado, se apesar do estudo e conhecimento que adquirimos a nossa realidade não mudou é sinal que não aprendemos.

Aprender, portanto, é muito mais que simplesmente estudar ou receber as informações sobre determinado conhecimento, pois nem sempre isto irá gerar uma nova perspectiva ou realidade.

*P E R G U N T A S*

1. Como você avalia o Aprendizado Maçônico?

2. O que podemos fazer para melhorar o Aprendizado Maçônico?

Para que o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre possam de fato aprender é necessário muito mais que simples comunicação de Sinais, Toques e Palavras ou informações sobre os conteúdos simbólicos dos instrumentos de trabalho do seu grau. 

A mesma professora aponta para algumas qualidades necessárias para que ocorra o aprendizado, dentre as quais, elegemos três e sobre elas passaremos a discorrer.

 *ABERTURA* – A abertura é uma das primeiras condições para que o processo de aprendizagem desabroche. 

O Aprendiz Maçom há que estar aberto ao conhecimento do novo, à mudança, à formação de novos paradigmas. 

Em hipótese alguma ele deve estar fechado em suas “verdades”. 

É preciso que duvide daquilo que sabe ou conheceu até então.

 *INTERESSE* – Interessar-se é voltarmos nossa atenção para aquilo que a nós convém, julgamos conveniente, importante, oportuno; que irá acrescentar algo mais em nossa vida. 

O Aprendiz tem que ter o interesse despertado para os ensinamentos maçônicos. 

Caso ele considere o processo de ler, pesquisar, inquirir e ouvir a respeito dos ensinamentos maçônicos uma tarefa chata e enfadonha não há interesse e, portanto, a aprendizagem não ocorrerá.

  *A CURIOSIDADE* -  é outra qualidade indispensável para o aprendizado. 

Sem ela não teríamos os maiores gênios e filósofos. 

Quando é iniciado o Candidato é advertido: “Se a curiosidade aqui te conduz, retira- te!” 

Mas não nos referimos aqui à curiosidade no sentido pejorativo do termo. 

O Aprendiz Maçom não deverá ser um xereta, bicão ou intruso, mas alguém insatisfeito com aquilo que lhe é repassado, disposto a querer mais, perguntar, saber mais, investigar. 

Ele deverá ter sempre em mente as perguntas “Por que?” e “O que é?” Por que Loja? Por que orla dentada?

Por que a Bíblia? Por que três passos? O que é pavimento mosaico? O que é Oriente? E assim sucessivamente.

O Aprendiz Maçom recebe os ensinamentos do seu grau nas Sessões Maçônicas. 


Mas por diversos fatores eles não são suficientes para que ele adquira os conhecimentos necessários ao seu aprendizado.

Assim como um aluno não consegue apreender tudo apenas comparecendo às aulas do seu curso, também o Aprendiz deverá, além das instruções recebidas nas Sessões, dedicar-se em casa ampliando os seus estudos a respeito daquilo que lhe foi repassado nas Sessões Maçônicas. 

Para tanto, ele deverá atentar para alguns pontos fundamentais:

O Local - A escolha do local é fundamental. 

Um ambiente tranquilo em qualquer canto da casa é o suficiente. 

Não precisa ser super equipado. Basta que nele o acesso aos livros e demais materiais de estudo estejam à mão. 

Não é conveniente estudar no local de trabalho, nem nas conduções no trânsito.

Horário - O horário também deve ser estabelecido e preciso. 

É importante reservar um horário determinado. 

Nunca deixar para estudar no horário que sobrar, pois o tempo passará e não sobrará tempo nenhum. 

É importante lembrar que o tempo somos nós que fazemos, dando prioridade àquilo que nos interessa. 

Aqueles que alegam não ter tempo para estudar, na verdade, não estão é priorizando os estudos.

Além disso, o Aprendiz deverá ter:

*DISCIPLINA* - A disciplina é uma virtude e como tal pode ser adquirida pelo hábito. 

Caso o aprendiz decida estudar um pouco sobre o seu grau todos os dias criará um hábito. 

No entanto, não é preciso que ele chegue a tanto. 

Basta decidir por um ou dois dias na semana, uma ou duas horas e já terá um aprendizado satisfatório.

*ESPÍRITO CRÍTICO* - O espírito crítico aqui referido não é o de atentar apenas para o lado negativo de pessoas e coisas, mas de não aceitar tudo como pronto e acabado. 

Trata-se de questionar, analisar os méritos e deméritos do que estão nos livros, revistas, internet e outros ensinos repassados.

A leitura dos rituais é de extrema importância. 

Mas não é o suficiente. 

Os estudos maçônicos vão além dos rituais. 

Estes, embora indispensáveis, não devem ser o único objeto de estudo. 

Xico Trolha, um dos maiores escritores maçônicos do nosso país, costumava dizer que os rituais são apenas o feijão com arroz. 

As cartilhas, instrucionais e manuais de estudos maçônicos criados por algumas Lojas e Obediências são subsídios importantes, mas também não são suficientes. 

O Aprendiz deverá dispor ainda de alguns bons livros, nacionais e estrangeiros, inclusive, dicionários maçônicos etimológico e de termos maçônicos. 

A relação dos livros próprios para o Aprendiz deverá ser feita pelos principais instrutores da Loja, os Vigilantes e o Orador. 

Além destes qualquer outro Irmão com o conhecimento necessário deverá orientar o Aprendiz quanto aos livros que deve comprar e aqueles que não deve comprar, por serem produto da fantasia de determinados autores e nada confiáveis.

Cremos que cumprindo a Loja a sua tarefa de orientar e ministrar ao Aprendiz os ensinamentos maçônicos básicos do seu grau e este se dedicando com interesse aos estudos o aprendizado com certeza virá. 

Por derradeiro é importante ressaltar que o ser humano está continuamente aprendendo. 

Não há limite de idade para aprender.

Qualquer pessoa é capaz de aprender, desde que deixe de lado a baixa estima, o “eu não consigo”; tenha garra, vontade, determinação e atente para alguns requisitos básicos para o aprendizado.





O MANUAL DA GESTAPO - MAÇONARIA



        (Durante a segunda guerra mundial antes de invadir qualquer país em particular os nazistas prepararam um manual para a Gestapo. Este livro, conhecido como o livro negro, detalhava os inimigos do nazistas no país a ser invadidos e dava indicações sobre como lidar com os grupos 'problema'. Fornecia também informações gerais sobre: a economia, as instituições políticas, a infraestrutura, a imprensa, as igrejas e assim por diante.

        Parte do planejamento para a invasão da Grã-Bretanha em 1940 foi a preparação de um livro negro pelo Schutzstaffel (SS) Geral Walter Schellenberg (1910-1952). A imagem acima  é a única conhecida de Schellenberg. A foto e as suas palavras, abaixo, devem servir de aviso a todos os maçons.

        Desnecessário dizer que a maçonaria foi considerada um grupo de 'problema'. Os alvos primários da Gestapo eram as Lojas em Londres e Edimburgo onde os registros  teriam sido apreendidos e todos os membros seriam presos. Uma lista de Lojas foi fornecida para que maçons pudessem ser aprisionados).

        Abaixo é o que ele escreveu sobre a maçonaria na 'Grã-Bretanha' :

        A Inglaterra é o país da Maçonaria; os clérigos ingleses da era iluminismo foram a fundação sobre a qual a ideologia dos maçom foi construída. No entanto, não foi só organização que permitiu que a maçonaria se espalhe tão extensivamente; foi o comércio exterior e o poder político da Grã-Bretanha, e a influência cultural, que permitiu que a maçonaria siga o sucesso da Grã-Bretanha. Hoje a Maçonaria inglesa é bem maior em número e na reputação do que o seu ramo latino. Destacando as grandes lojas, a sua adesão é encontrada em países germânicos e anglo-saxões, bem como no império e na América do Sul. As casas solteiras são encontradas em todo o mundo, especialmente em áreas sob a influência do Reino Unido.

        O significado histórico da Maçonaria, que se espalhou da Inglaterra para o continente, é o avanço da emancipação judaica na Europa, nascido do património intelectual e político dos Maçons. Eles incluem um grande número dos líderes sociais políticos e são os portadores do imperialismo britânico. As casas de campo, colonial e militar desempenham uma parte especialmente importante como gateways para empresas coloniais e políticas e como bases do estilo de vida inglês em todo o império. O estilo de vida dos maçons nas casas coloniais atrai os nativos de uma forma imperceptível para um elo "Apolítica" próximo com os governantes do seu país e coloca-os sob o feitiço da grandeza política da Inglaterra e das suas nobres tradições. Com a sua adaptação ao estilo inglês da vida, tornam-se desnacionalizado e caem cada vez mais em esterilidade política. Mas o lodge não é apenas uma ligação entre os nativos e os ingleses, servos e mestres, mas representa um elo vinculativo entre a Grã-Bretanha e seus domínios.

        O Rei e a sua família são a ligação mais forte entre a Grã-Bretanha e os estados membros do império, sendo simultaneamente a liderança política e maçônica do império. Maçons desenhados das aulas políticas proporcionam o link entre a política e a família real. As raízes profundas desta classe dominante na população inglesa, e a sua completa aceitação, são devidos em grande medida à tradição e à solidariedade maçônica. As inúmeras e politicamente significativas classes médias proporcionam o principal círculo eleitoral de maçons na Inglaterra, e estão vinculados pela sua liderança maçônica. Para além da sociedade e do seu seguinte, a alvenaria liga a Escócia e a Irlanda (cujo grand lodge, em contraste com a sua divisão nacional em estado livre irlandês e Ulster, une toda a Irlanda) com a Inglaterra.

        Único para a Maçonaria inglesa são as Lojas cujos membros são compostos de pessoas das mesmas profissões ou das mesmas áreas. Eles constroem essas bases maçônica em áreas individuais, e através deles a possibilidade de influenciar essa área - ou até mesmo a vida inteira do império britânico - é feita relativamente fácil. Existem Lojas que são compostas principalmente de membros da família real e membros da sociedade. A Universidade aloja-se em Oxford e Cambridge e as Lojas de escolas públicas (especialmente as de Eton e Harrow) formam centros maçônica para as aulas de decisão sócio-política. Para além destes, há Lojas de significado puramente político: o novo alojamento de boas-vindas une os membros parlamentares do partido trabalhista. Nas lojas militares e templos maçônicos, onde apenas membros de profissões específicas ou grupos profissionais podem trabalhar, há comités fraternos que influenciam a vida política em nome da Maçonaria.

        A Maçonaria é, assim, um instrumento político invisível eficaz, importante para a estrutura interna da Grã-Bretanha e do seu império, e para o imperialismo britânico. O que nos preocupa é que, na sua orientação ideológica e na sua eficácia política - enquanto durar - é uma arma perigosa nas mãos dos plutocratas da Grã-Bretanha contra a Alemanha socialista nacional.

        A que grau a atitude inglesa e o Espírito Maçônica  ficou claro com o estabelecimento de Lojas na Inglaterra. Depois a Maçonaria inglesa procurou segurar todos os políticos mais importantes do estado e da igreja, bem como em economia e cultura. A Maçonaria manteve-se para as tendências liberais e democráticas que se espalharam da Inglaterra sobre a França e, finalmente, sobre toda a Europa no século XVIII. 

        A conexão entre as ideias maçônicas e o liberalismo inglês se tornou mais próxima nos séculos XIX e XX. A crença em uma religião mundial puramente baseada na razão, em que todas as pessoas eram iguais, independentemente das diferenças raciais e nacionais, teve particular influência sobre a emancipação judaica.

        As Lojas defenderam a igualdade dos judeus, e a sua aceitação incondicional nas cLojas ajudou a sua emancipação social e cívica na Inglaterra, pois nas organizações dos maçons os judeus conseguiram entrar em contato com as principais classes da sociedade inglesa.

            A Maçonaria manteve não só o contato estreito com os judeus mas com as igrejas e seitas inglesas. Isso está ligado à essência do puritanismo que está perto das ideias do judaísmo e do Antigo Testamento. Os judeus se viram como o povo escolhido na terra e em consequência desta tradição puritana os ingleses consideravam-se como o povo escolhido do mundo. Esta crença em ser escolhida é a base da regra mundial da Inglaterra e, portanto, de um império mundial. A Maçonaria inglesa considera-se a organização para a realização desta ideia. A partir destas raizes um particular cristianismo espiritual dos ingleses  também deixou a sua marca na Maçonaria. Nas Lojas a Bíblia aberta reside como um símbolo no altar, e todos os membros  têm que obedecer ao construtor onipotente de todos os mundos através das leis morais definidas na Bíblia. Indicativo da ligação estreita entre a maçonaria e a igreja inglesa é o fato de que um grande número de bispos e muitos clérigos além d,e leigos são maçons.

        Mesmo no início do seu desenvolvimento a Maçonaria inglesa foi extraordinariamente hábil politicamente. Como os jesuítas, os maçons procuraram penetrar nas esferas políticas mais altas. Aos poucos, influenciou a nobreza, liderando estadistas, políticos e diplomatas, os oficiais seniores dos Exércitos e a marinha, líderes do comércio e da economia, capitães da indústria e principais empresários, parlamentares e jornalistas, e finalmente o clero. Prestou especial atenção para obter o maior número de membros possível da família real, e para entender a posição da realeza inglesa em relação à Maçonaria a síntese estreita da política maçônica com política do imperialismo inglês deve ser considerada. 

        Em Teoria, deveria ter havido oposição entre a política puramente humanitária e a política de poder, mas na prática esses contrastes foram eliminados através da Maçonaria. A humanidade tornou-se um slogan político contra estados que se opuseram à pretensão da Inglaterra à dominação mundial, ou se manteve no caminho da política inglesa em geral. Isto tornou-se óbvio na propaganda da imprensa inglesa contra a Alemanha durante a primeira guerra mundial. Vezes sem conta, o antigo (mas para sempre novo) slogan dos maçons sobre a luta das ' Democracias ' contra ' Autocracia ' foi usado. Houve apelos sem fim para a ' Libertação ' dos ' sofrimentos ', e tantas vezes a ' liberdade do mundo ' ameaçada por estados autocráticos foi defendida. Esta luta da Maçonaria inglesa é inalterada; autocracias foram substituídos por 'Estado autoritário'.

        A ligação estreita entre a Maçonaria inglesa e o imperialismo é especialmente clara no desenvolvimento das casas militares e coloniais inglesas. Pouco tempo após o estabelecimento da Maçonaria na Inglaterra em 1717, Lojas semelhantes também se desenvolveram na Irlanda e na Escócia - as lojas tentaram adquirir conexões ao pessoal militar de alta patente, e essas tentativas foram bem recebidas não só na Inglaterra, na Irlanda e na Escócia, Mas no Canadá e nas antigas colônias inglesas na América do Norte através de regimentos do exército britânico. As lojas especiais de militares e de campo foram fundadas dentro de guarnições individuais e em níveis mais altos na sede.

        Essas Lojas muitas vezes recrutaram quase todo o corpo de oficiais dos regimentos ou sede militar onde foram estabelecidos. As Lojas acompanharam as unidades em suas diferentes operações militares e, assim, desempenharam um papel significativo no crescimento da Maçonaria inglesa em países fora da Inglaterra, Irlanda e Escócia. As Lojas também aceitaram civis como membros; quando os regimentos partiram e os que deixaram para trás criaram Lojas civis. As relações entre o exército e a maçonaria na Grã-Bretanha tornaram-se cada vez mais apertadas durante os séculos XVIII e XIX, com muitos oficiais de alto escalão exercendo um papel de liderança na Maçonaria, como Grão Mestre ou Veneráveis. As Lojas foram criadas também na Marinha. Havia Lojas para os oficiais navais em Bristol e Liverpool.

        A lista de lojas militares, de campo e marinha aumentou ano a ano e através destas lojas a Maçonaria estabeleceu-se não só no continente americano, mas nas posses britânicas na Ásia, e principalmente na Índia. O estabelecimento da Maçonaria também foi promovido pelo regimento lojas das unidades britânicas implantadas lá. Na política colonial inglesa essas lojas militares eram os centros ideológicos e políticos para a expansão dos interesses britânicos. Onde quer que os homens de negócios ingleses, soldados ou colonos se reuniam, a fundação de Lojas prosseguiu. Ofereciam um centro social e cultural para os pioneiros coloniais em países estrangeiros, e a associação e as convicções espirituais uniformes dentro da Maçonaria britânica deram a este trabalho um impulso extraordinário. Acima de tudo, permitiu aos colonos ingleses confrontar a população nativa com uma frente unida. Ao mesmo tempo, também manteve contato com a pátria.

        No início, só os brancos foram admitidos como membros destas Lojas coloniais, os nativos sendo excluídos, mas este arranjo ocorreu em contradição direta com os princípios maçônica mais básicos. Assim, durante o curso do século XIX a Grande Loja da Inglaterra decidiu permitir o pleno acesso aos nativos. Esta aceitação de nativos conferia à política colonial britânica uma vantagem para não ser subestimada. Não só foram os principais nativos admitidos, mas os negros nas posses africanas que tinham frequentado escolas e universidades de inglesas. Eles  tornaram-se parte da maçonaria inglesa, alguns em Loja puramente para a sua raça, e alguns em lojas de raça mista. Os nativos, que tinham sido trazidos para a tradição inglesa, através do seu atendimento nas escolas de inglês, foram excluídos do nacionalismo indiano e foram alienados de suas próprias tradições indianas.

        Aqui a Maçonaria inglesa pode ser vista a ter usado as mesmas táticas políticas como praticadas pelo governo inglês, e ter tentado trazer para a sua organização os príncipes mais importantes da Índia e outras figuras de liderança.

        As Lojas britânicas nas posses ultramarinas obedecem aos princípios da mãe inglesa nas lojas em suas atividades. Considerando a dominação inglesa de vastas áreas do mundo, não é surpreendente que a Maçonaria mundial também esteja sob o controle inglês. Isso deve-se principalmente ao fato de que a Inglaterra é a pátria da Maçonaria moderna. Não só na Europa mas na África, na Ásia, na América e na Austrália há Grandes Lojas, que agora são independentes, mas devem o seu estabelecimento original às atividades dos maçons britânicos. No United Grand Lodge da Inglaterra ainda veneram a "mãe" da Maçonaria mundial.

        Mesmo que tenha havido tensões entre os ingleses e as grandes casas da Escócia e da Irlanda, formam uma unidade completa em um sentido espiritual. Característica da posição dominante que a Maçonaria inglesa detém dentro da Maçonaria mundial é o fato de que o mais alto conselho para a Grã-Bretanha e suas posses ultramarinas é membro da organização internacional, a Confederação de Lausanne, mas até agora nunca participou dos congressos realizados pela Confederação. Aqui o grupo de inglês não tem como exercer sua influência. 

        Com suas múltiplas ligações e relações, a maçonaria britânica pode se dar ao luxo de se retratar como apolítica. Não exige objetivos políticos específicos, uma vez que controla significativamente o domínio da política inglesa. Sob o disfarce de uma organização de bem-estar humanitária, a Maçonaria inglesa é um elemento fundamental do imperialismo inglês e, portanto, do Império Mundial britânico.

        Uma lista das lojas britânicas conhecidas está contida no índice de assunto da lista de busca especial.



dezembro 11, 2025

SINDICÂNCIA - Sérgio Quirino




Tema recorrente, com muitas facetas, a ela é imputada grande parte das mazelas das Lojas.

Convém esclarecer que a sindicância não é uma questão ritualística da Loja ou da Ordem. Isso significa que não há um “rito” estabelecido. Toda Potência Maçônica adota um questionário padrão e básico, com as informações mínimas necessárias para um conhecimento, em princípio, superficial de um homem que foi convidado a ser iniciado. A Loja tem a autonomia de agregar novas perguntas e diversificar formas e oportunidades de aproximação.

Por não consistir em um aspecto ritualístico, o entendimento correto é que se trata de um procedimento administrativo e de caráter investigativo. No sentido estrito da palavra, sindicância caracteriza uma investigação, portanto a conversa deve ter o tom de uma averiguação, inquirição, apuração rigorosa.

SINDICANTE NÃO PODE E NÃO DEVE SER “BONZINHO”.

SUA FUNÇÃO NÃO É GARANTIR A ENTRADA DE UM NOVO MEMBRO.

ELE É O PRIMEIRO AVALISTA DO SEU FUTURO VENERÁVEL.

Observemos que o sindicante não pode saber quem é o padrinho do candidato para não se intimidar ou ser benevolente. A atenção deve ser redobrada, visto que a aquisição de um novo obreiro dará entrada a um novo membro à Maçonaria Universal e sua família.

No entanto, há um aspecto interessante quando dizemos que o padrinho é o “primeiro sindicante”. Creio que a qualificação correta seria “principal sindicante”. Ele não pode ser apenas um apresentador do candidato. Muito antes de apresentar a proposta/formulário ou formalizar o convite, ele deve solicitar a documentação exigida pela Potência. Em posse da documentação e não havendo qualquer óbice, aí sim dar prosseguimento.

O padrinho não pode encaminhar para a Loja a proposta faltando respostas ou documentos que gerem dúvida quanto à idoneidade do candidato. Quando isso acontece, cria-se uma zona de desconforto na Loja.

Se o candidato tem algum problema na justiça, mesmo que, aparentemente, ele seja inocente, aguardemos o desfecho. Isso porque a sociedade acredita e se conduz pelo ditado “onde há fumaça, há fogo”. Receber um novo membro réu em processos criminais é visto pelos cidadãos como se a Maçonaria estivesse protegendo um criminoso.

Posto isso, quais são os pontos cruciais de uma sindicância? Ter a certeza de que o candidato está em consonância com os Landmarks 19 e 20?

“19.A negação da crença na existência de Deus é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação. 20.Subsidiariamente a essa crença é exigida a crença em uma vida futura.”

Não! Ter a certeza de que a esposa está de acordo com a iniciação? Também não!

Os três motivos acima não são simplesmente, impeditivos de iniciação. Na verdade, eles, por si mesmos, configuram impeditivos para o convite e, oxalá, para que o Venerável ocupe três Mestres Maçons para sindicalizar alguém sem pré-requisitos básicos.

Portanto, a questão que deve ser tratada com severidade são a Chancelaria e a Tesouraria. Os sindicantes devem informar ao candidato, de maneira incisiva, que ele estará assumindo um compromisso moral e ético em frequentar as reuniões e terá uma despesa mensal no valor de R$ xy,xy. Do mesmo modo, explicar que suas inadimplências financeiras e/ou ausências injustificadas lhe causarão a exclusão da Ordem, e quem deve iniciar o processo são os sindicantes, pelo motivo de que o candidato mentiu para eles.

Tais afirmações podem parecer “ásperas”, porém muitos problemas em/de Lojas poderão ser evitados e resolvidos com essa atitude. Dura lex sed lex.

Neste 19º ano de compartilhamento dos artigos dominicais, reafirmo o desejo de independente de graus, cargos ou títulos, continuar servindo os Irmãos com propostas para o Quarto-de-Hora-de-Estudo. Uma lauda para leitura em 5 minutos e 10 minutos para as devidas complementações e salutares questionamentos.

O exíguo tempo é um exercício de objetividade e pragmatismo que visa otimizar os trabalhos e cumprir integralmente o ritual.

Convosco na Fé - Robur et Furor


O SIMBOLISMO DA PEDRA ANGULAR - Albert Mackey.




 Devido a uma ordem de precedência, aproximamo-nos à consideração do simbolismo ligado a uma importante cerimônia no ritual do primeiro grau da Maçonaria, que se refere à extremidade nordeste da Loja. Nessa cerimônia, o candidato se torna o representante de uma pedra angular espiritual. Dessa forma, para a completa compreensão do verdadeiro significado da emblemática cerimônia, é essencial que investiguemos o simbolismo da pedra angular. A pedra angular, como o alicerce sobre o qual o edifício todo deve supostamente permanecer, é, sem dúvida, a pedra mais importante de toda construção. Ao menos, é assim considerada pelos maçons operativos. A pedra é colocada em cerimônias majestosas, geralmente com ajuda de maçons especulativos, e ela sempre deve conferir dignidade à ocasião; o evento é visto pelos operários como uma fase importante na construção do edifício.

Às várias propriedades que são necessárias para constituir uma verdadeira pedra angular – sua firmeza e durabilidade, sua forma perfeita, e a peculiar posição que assume como laço entre as paredes – nós devemos atribuir o fundamental caráter que ela atingiu na linguagem do simbolismo. Apenas a Maçonaria, de todas as instituições existentes, preservou sua antiga e universal conotação, e não poderia – como se pode supor – ter negligenciado a adoção da pedra angular entre seus mais estimados e admiráveis símbolos. utilizando-a como referência de muitas de suas significativas lições de moralidade e verdade.

A principal diferença entre a Maçonaria Operativa e a Especulativa é que enquanto a primeira se ocupou com a construção de um templo material, a última se dedica a erguer uma casa espiritual – uma casa não construída com as mãos – na qual as pedras são substituídas pelas virtudes do coração, pelas puras emoções da alma e pelos ardentes sentimentos que brotam das fontes ocultas do espírito.

O aspirante à luz maçônica – o Neófito – em sua primeira entrada no vestíbulo sagrado se prepara ao trabalho consagrado de erigir dentro do peito uma morada adequada para o Espírito Divino, então começa a nobre obra ao se tornar ele próprio a pedra angular sobre a qual o edifício espiritual deve ser construído.

Aqui, então, inicia-se o simbolismo da pedra angular.

A pedra angular com sua superfície perfeitamente quadrada é, em sua forma e conteúdo sólido, um cubo. O quadrado é um emblema da moralidade, ou do estrito desempenho de cada obrigação. O cubo, na linguagem do simbolismo, denota verdade.

A cerimônia do extremo nordeste da Loja, uma vez que deriva todo valor típico de seu simbolismo da pedra angular, indubitavelmente pretendia retratar, em sua linguagem consagrada, a necessidade de integridade e estabilidade de conduta, de verdade e retidão de caráter, de pureza e santidade de vida, que, somente naquela época e lugar, o candidato é mais pressionado a manter,

A pedra angular espiritual é depositada no extremo nordeste da Loja, pois ela é o símbolo da posição do neófito, o representa em sua relação com o mundo. Do mundo profano, de onde ele acabou de emergir. Algumas de suas imperfeições ainda estão consigo; restam ainda algumas arestas por aparar; ele ainda pertence ao Norte. Mas está buscando a Luz e a Verdade; a trilha pela qual ele enveredou vai em direção a leste. Ele não é totalmente profano, nem completamente maçom. Se ele fosse inteiramente do mundo, o Norte seria o lugar para encontrá-lo – o Norte que é a região da escuridão. Se ele estivesse completamente inserido na Ordem – caso fosse um Mestre Maçom -, o Leste o receberia – o Leste, que é o local da Luz. Mas ele não é nenhum dos dois; é um Aprendiz, apegado ainda a alguma ignorância do mundo, somente parte da Luz da Ordem incide sobre ele. A mistura da escuridão que emana do Norte com a aproximação reluzente do Leste – é bem expressada, em nosso simbolismo, pela posição adequada da pedra angular espiritual no extremo nordeste da Loja. Uma superfície da pedra fita o Norte, e a outra, o Leste. Ela não está completamente em uma parte nem totalmente na outra e à medida que este é um símbolo de iniciação não completamente desenvolvido – incompleto e imperfeito – ele está adequadamente representado pelo recipiente do primeiro grau, no exato momento de sua iniciação.

A força e a resistência da pedra angular também foram eminentemente sugeridas nas ideias simbólicas. Para cumprir com o seu propósito como fundação e apoio da construção sólida que ela precede, deve ser usado um material que conseguirá suportar todas as outras partes do edifício sobre si. Sendo assim, quando o “oceano eterno cujas ondas são anos” tiver engolido todos aqueles presentes na construção do prédio, no vasto turbilhão de sua corrente sempre fluente; e quando, geração após geração, ele se for, e as pedras do edifício arruinado começarem a desmoronar, atestando o poder do tempo e da repentina natureza de todas as incumbências humanas; a pedra angular ainda restará para contar, através de suas inscrições, de sua forma e beleza, para qualquer um, que já existiu naquele lugar, talvez então desolado, uma construção consagrada a algum nobre ou divino propósito e pelo zelo e liberalidade de homens que agora não vivem mais.

Por consequência, a resistência e a durabilidade da pedra angular, em contraste com a queda e a ruína da construção sob a qual as fundações foram colocadas, lembram o maçom que, quando a casa terrena de seu tabernáculo se for, ele terá dentro de si uma fundação segura de vida eterna – uma pedra angular de imortalidade -, uma emanação do Divino, que deve sobreviver à tumba e ascender, triunfante e eterno, acima do pó pútrido da morte e da sepultura.

É assim que o Aprendiz do simbolismo maçônico é lembrado pela pedra angular – em forma, posição e permanência -, através das significativas doutrinas da obediência, virtude e verdade – que compõem o grande ensinamento da Maçonaria.

Resumo do capítulo XXIII do livro O Simbolismo da Maçonaria, Vol. 2, de Albert Mackey.

dezembro 10, 2025

10/12 - DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS - Bruno Bezerra de Macedo

       

A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

PÕE EM ORDEM OS CAMINHOS DA FELICIDADE

     O "ser indivíduo" (buscando autonomia e interesses pessoais) é a base da dignidade humana e dos direitos individuais. O "ser cidadão" (atuando como construtor social) é o que permite a coexistência harmoniosa e o progresso da comunidade. A maioria das sociedades democráticas busca um equilíbrio dinâmico entre os direitos e liberdades individuais e as responsabilidades coletivas para o bem-estar comum, do qual emerge a felicidade (eudaimonia) que só é possível por meio da interação social, da linguagem e da vida em comunidade (a pólis), segundo Aristóteles.

        Para sociólogos como Durkheim, a sociedade sempre prevalece sobre o indivíduo. As normas, regras, costumes e leis sociais (os "fatos sociais") exercem coerção sobre os indivíduos, moldando seus comportamentos e garantindo a perpetuação da sociedade. A identidade individual é, em grande parte, construída a partir do pertencimento a grupos sociais e da assimilação de valores coletivos. Uma sociedade justa e próspera requer tanto a proteção robusta dos direitos individuais quanto um compromisso firme com o bem-estar coletivo e a responsabilidade social.

        Conceitos como a santidade da vida (em contextos religiosos) ou o direito natural à vida (em contextos seculares, como os iluministas e maçons John Locke e Thomas Jefferson) reforçam essa ideia. O direito à vida é reconhecido como o direito fundamental e inalienável mais importante, sendo a base para todos os outros direitos, protegê-lo e garanti-lo é dever do Estado. A participação maçônica na Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988, que resultou na Constituição Federal de 1988 é percebida, ainda que discreta. Mesmo que não haja uma menção direta à Maçonaria no texto constitucional seus princípios de liberdade, igualdade e fraternidade estão refletidos em vários aspectos da Carta Magna, mostrando seu serviço à pátria.

        Maçonicamente, a dignidade social é o reconhecimento da dignidade inerente a cada indivíduo, que exige que todos sejam tratados com respeito, valor e igualdade, independentemente de suas características pessoais. Isso se traduz no direito a ter as necessidades básicas atendidas, como saúde, educação e moradia, e na proteção contra qualquer tratamento degradante. A dignidade social, sob a égide tanto da tolerância (harmonia na diferença) quanto a responsabilidade social (desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para todos), lastreia um mundo mais equitativo, sereno, igualitário e feliz. Documentos legais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e constituições democráticas, consagram a liberdade e a dignidade da pessoa humana, pois, andam de mãos dadas com a integridade moral. Manifestam uma síntese de ideais valorizados que veem a liberdade como a capacidade escolher conscienciosamente.

        No âmbito das constituições modernas, destaca-se o Brasil, a legislação fulcra uma tríplice responsabilidade (civil, administrativa e penal) para quem causa danos ambientais, reverberando o que há consagrado em documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH, pois, o direito à vida é direito basilar e imprescindível ao ecossistema Terra. Todos os seres vivos e o meio ambiente estão intrinsecamente conectados e dependem uns dos outros para a sobrevivência. Sustentar o ecossistema é, além de reconhecer essa teia da vida compartilhada, um irrecusável convite à reflexão sobre a nossa relação com o meio ambiente, elevando a sustentabilidade ao patamar dos mais nobres gestos de fraternidade e humanidade.

        Incontestavelmente, a mão maçônica escreveu o Artigo 1º da DUDH, imprimindo-lhe diretamente suas três formidáveis colunas mestras: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade". Fraternidade requer vida livre e equânime em direitos e oportunidades. Nada há de mais fraterno do que defender o ecossistema Terra, pois, cuidar do planeta é um ato de amor e solidariedade, para com os seres humanos e para com todas as formas de vida. É um laço que une a ética humana à responsabilidade ecológica reforçando o senso de pertencimento e o orgulho de ser humano daquele que constrói a humanidade zelando por seu habitat.

        A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) reconhece a família como o núcleo natural e fundamental da sociedade, protegendo o direito de homens e mulheres se casarem e formarem uma família, sem discriminação, e assegurando direitos iguais no casamento e sua dissolução, além de proteção do Estado e da sociedade, conforme o Art. 16, ela garante o direito a um padrão de vida digno para a família (alimentação, moradia, saúde) e proteção especial para a maternidade e infância, estabelecendo que todas as crianças têm os mesmos direitos, independentemente de onde nasceram. A DUDH além elevar a família e seus membros (crianças, pais) à categoria de sujeitos de direitos, fulcra as condições para que ela prospere com dignidade e segurança, sendo um pilar fundamental para a liberdade, justiça e paz.

        Ao incutir valores como responsabilidade, empatia e ética, a família – enquanto célula-mater da sociedade – contribui para a formação de cidadãos conscientes e participativos, essenciais para a saúde de uma democracia e para o progresso da comunidade, onde a eficácia da inclusão social empreendida é ampliada quando a família trabalha em parceria com outras instituições e distintos grupos sociais, cujas funções e estrutura impactam significativamente o desenvolvimento e o progresso dos grupos sociais que erigem a sociedade. A Maçonaria, por exemplo, entende que uma pessoa que não está bem com sua família não pode pertencer plenamente à Ordem, pois a harmonia familiar é o mais robusto fundamento para a construção de um mundo mais fraterno e justo. A crença fundamental é que um homem que cumpre seus deveres para com sua família (esposa, filhos, pais) está mais apto a cumprir seus deveres para com sua comunidade, seu país e, consequentemente, sua Loja.

        Por oportuno, o Art. 25 da DUDH radica o direito a um padrão de vida adequado, incluindo alimentação, vestuário, habitação e cuidados médicos, que é essencial para a saúde e bem-estar da própria pessoa e de sua família. Além disso, confere proteção especial à maternidade e à infância. Além dos direitos, a Declaração também aborda deveres, como o de agir em espírito de fraternidade e o dever para com a comunidade. Desta forma, conhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é crucial porque ela é a base para a dignidade, igualdade e liberdade de todos, servindo de inspiração para leis e políticas globais, promovendo a justiça social, combatendo a discriminação (racismo, sexismo, etc.) e estabelecendo direitos fundamentais como saúde, educação e trabalho justo, sendo uma ferramenta vital para construir uma sociedade mais justa e pacífica. Discuti-la reforça a importância do respeito mútuo e promove um senso de responsabilidade coletiva.

        

A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS M ORDEM OS CAMINHOS DA FELI


PAIXÃO DOS POETAS - Cesar Augusto Garcia


 

LIBERDADE, FILOSOFIA E MAÇONARIA - Arnaldo Gonçalves




NA FILOSOFIA 

A liberdade é um dos temas centrais do pensamento filosófico e ocupa lugar de destaque nas obras de Immanuel Kant e Rudolf Steiner. 

Embora ambos a considerem fundamental para a existência humana e para a vida moral, as abordagens de ambos diferem tanto do ponto de vista dos fundamentos como das consequências práticas. 

Enquanto Kant compreendia a liberdade como uma condição necessária da razão moral, Steiner vi-a como um ideal de desenvolvimento interior e espiritual. 

Analisar essas duas perspectivas oferece-nos um panorama ilustrativo sobre o papel da liberdade na construção ética do ser humano.

Para Kant, a liberdade é essencialmente a autonomia da vontade. 

Ser livre significa agir não de acordo com impulsos sensoriais ou inclinações externas, mas conforme as leis que a razão impõe a si mesma. 

No âmbito da filosofia moral kantiana, a liberdade manifesta-se quando o indivíduo age segundo o imperativo categórico. 

“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal” escreve Kant na Fundamentação da Metafísica dos Costumes de 1785. 

Embora a natureza humana esteja submetida às leis causais do mundo fenomênico, Kant afirma que, enquanto seres racionais, pertencemos também ao mundo noumênico (mundo das coisas em si), onde a liberdade é possível e real além, da nossa percepção. 

Essa dupla cidadania fundamenta a responsabilidade moral e a dignidade humana.

Rudolf Steiner, por sua vez, propõe uma concepção mais dinâmica da liberdade. 

Na sua obra A Filosofia da Liberdade, ele defende que o ser humano alcança a verdadeira liberdade à medida que desenvolve a sua capacidade de pensar de forma consciente e individualizada. 

Ele diz nesse texto “somente quem, através do amor ao agir, é impelido a agir, é verdadeiramente livre. 

Quem age apenas porque reconhece um dever, é, na verdade, não-livre.”

Para Steiner, a liberdade não é simplesmente um dado da razão, mas o fruto de um processo de amadurecimento interior. 

Agir livremente é agir a partir de intuições morais próprias, concebidas através de um pensar vivo e autônomo, e não apenas por obedecer a mandamentos externos ou impulsos inconscientes. 

Assim, a liberdade é tanto uma meta como uma tarefa, que exige contínuo esforço de autoconhecimento.

Comparando essas perspectivas, vemos que Kant e Steiner convergem na valorização da razão e da autonomia, mas divergem no modo como a liberdade se alcança. 

Kant concebe-a como submissão da vontade a princípios universais da razão prática, enquanto Steiner enfatiza a expressão criativa do indivíduo, guiado por intuições morais personalizadas. 

Para Kant, a liberdade é o princípio incondicional da moralidade; para Steiner, ela é a expressão singular de um Eu em constante formação e evolução espiritual.

Concluindo, a reflexão sobre a liberdade em Kant e Steiner nos revela a profundidade e a complexidade desse conceito. 

Ambos nos mostram que a liberdade é inseparável da vida moral, seja como fundamento racional, seja como realização do ser espiritual. 

Em tempos em que a autonomia individual e a responsabilidade ética se tornam cada vez mais desafiadoras, o diálogo entre essas duas visões pode nos inspirar a buscar uma liberdade que seja, ao mesmo tempo, racionalmente consciente e espiritualmente viva.

*NO PENSAMENTO MAÇÓNICO*

A liberdade é um dos princípios fundamentais da Maçonaria, sendo celebrada tanto como condição necessária para a busca da verdade quanto como um ideal moral que o maçom deve cultivar. 

Desde o primeiro grau de aprendiz, o iniciado é lembrado de que a verdadeira liberdade não consiste em fazer tudo o que se deseja, mas em agir com responsabilidade, guiado pela razão e pela consciência. 

Nos rituais, frequentemente se afirma:

• “A Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; e se um cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, não teria mais liberdade.”

Esta frase, de inspiração iluminista, é apresentada para reforçar que a liberdade, para o maçom, está sempre em harmonia com a ordem, a moral e a justiça.

Nos trabalhos simbólicos, a liberdade também é associada à libertação interior. 

O maçom é convidado a libertar-se das paixões desordenadas, dos preconceitos e da ignorância, buscando o autodomínio e a iluminação intelectual e espiritual. 

Como diz um trecho do ritual do grau de Aprendiz:

• “A liberdade verdadeira só pode ser alcançada pelo conhecimento de si mesmo e pelo aperfeiçoamento das virtudes.”

Assim, a Maçonaria entende que a liberdade exterior só tem valor pleno quando é reflexo de uma liberdade interior conquistada através do esforço pessoal e da disciplina. 

Dizem os rituais dos graus filosóficos “que a liberdade de consciência, a liberdade de pensamento e a liberdade de palavra sejam para nós direitos sagrados, que jamais consentiremos sejam violados ou desprezados.”

Além disso, a liberdade é constantemente apresentada como um bem sagrado a ser defendido. 

Em muitos rituais, especialmente no Rito Escocês Antigo e Aceito, os maçons juram defender a liberdade de consciência e de pensamento. 

Um exemplo simbólico forte aparece quando se afirma:

• “Que a liberdade de pensar e de crer, dom supremo da Razão e da Consciência, seja preservada contra toda tirania.”

Nesse sentido, a Maçonaria vê na liberdade não apenas um direito pessoal, mas um dever coletivo, comprometendo seus membros a lutar contra a opressão, a ignorância e o fanatismo, sempre em nome da dignidade humana e do progresso da humanidade.

Já noutro rito – o francês – diz-se “a Maçonaria proclama a liberdade como direito inalienável do homem e ensina que somente o conhecimento e a virtude podem libertá-lo verdadeiramente.” 

A visão passada no rito francês é que o homem livre é aquele que domina as suas paixões, conhece-a si mesmo e se orienta pela luz da razão — valores herdados diretamente do espírito do Iluminismo que inspirou a Maçonaria Moderna, especialmente a francesa.

No Rito Memphis-Misraïm, a liberdade é um princípio essencial que transcende a liberdade política ou social, sendo vista como um direito sagrado do ser humano, mas também uma responsabilidade moral. 

O maçom deste rito é constantemente chamado a ser um defensor da liberdade de consciência, atuando como um guerreiro contra a ignorância, a superstição e a tirania. 

Em um dos trechos ritualísticos, afirma-se: “o maçom de Memphis-Misraïm deve ser o apóstolo da liberdade, da razão e da verdade. Quebre as cadeias da ignorância e da tirania, e ilumine-se na luz da Sabedoria”. 

Aqui, a liberdade não é apenas um ideal político, mas também um processo interior de libertação do espírito e do despertar da consciência.

CONCLUSÃO

Em conclusão, a liberdade, tanto na filosofia quanto na Maçonaria moderna, surge como um princípio essencial, mas de compreensão profunda e multifacetada. 

Para filósofos como Kant e Steiner, a liberdade é o alicerce da moralidade e do autoconhecimento, exigindo uma constante luta pela autonomia da vontade e pela consciência ética. 

Na Maçonaria, especialmente no contexto dos ritos mais elevados, a liberdade não se restringe ao simples direito de ação, mas se expande para o domínio da liberdade interior, da liberdade de pensamento e do despertar espiritual. 

A Maçonaria moderna, inspirada pelos ideais iluministas e filosóficos, propõe ao maçom a missão de buscar a verdade, a justiça e a razão, libertando-se das cadeias da ignorância e da tirania. 

Assim, a liberdade, em sua mais pura forma, é compreendida como a capacidade do ser humano de agir com plena consciência, de trabalhar pela transformação interior e de construir uma sociedade mais justa e iluminada. 

Tanto na filosofia quanto na Maçonaria, a liberdade não é um fim, mas um processo contínuo, que exige coragem, reflexão e compromisso com os princípios universais de verdade e fraternidade.