VOLTAR AO PASSADO - Pedro J. A. ALBANI


Pedro Jorge de Alcantara Albani - Acad. Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região - ARLS Montanheses Livres 


Toda pessoa tem um momento na vida que busca a sua origem, tentando se reencontrar. Lá estava no ônibus fazendo toda a trajetória de retornou, ficava para trás curvas e quilômetros de estradas. 

Enquanto viajava, pensava na tranquilidade do local, com seus rios borbulhantes, que desviavam das pedras em seu percurso, entre uma queda e outra formavam remansos que era a alegria das crianças, que brincavam em suas águas, ao redor do rio uma mata exuberante, que eram cortadas por pássaros de várias cores e cantos.

A cada curva lembranças brotavam em meus pensamentos, as pessoas que falavam sem maldade, com sua gíria local, algumas chamavam de uma linguagem cabocla, eu preferia imaginar ser a nossa gíria do mato.

Pensavam na receptividade das pessoas do local, marcas dos moradores do interior, que sempre recebiam os que chegavam com o sorriso e deixava um adeus para os que partiam. Quando os ônibus chegavam à cidade era tradição, as pessoas pararem para receber os visitantes;

Lá no alto do sopé da serra, avistei minha cidade perdida no recortar verde do campo. A cada metro novos pensamentos saíam do baú de minha memória, poderia reviver e contar as histórias de minha infância, com aqueles que faziam parte dela.

Pensava como seria a recepção, quem estaria lá para nos receber, quantos abraços receberia e quantas lágrimas de saudade tiraria dos olhos dos meus amigos.

Porém ao chegar, não tinha mais do que cinco pessoas na estação, todos queriam somente receber os seus. Pareciam frios seres humanos da cidade, sem o calor de quem ama os amigos.

Minha cidade havia perdido o encanto, as ruas eram de cor cinza, não havia mais o chão batido, que outrora corríamos atrás da bola. As casas eram cercadas de muros que isolavam uns dos outros, e distanciava o bate papo.

De onde estava procurei a mata que cercava nosso rio, já não podia chamar assim, parecia um valão a carregar toda a impureza da cidade. Da mata havia sobrado somente uma majestosa árvore, que deveria esta se sentindo tão solitário como eu. As pessoas que conhecia já não estavam mais lá, haviam sido empurradas pelo progresso. 

Do todo meu passado somente havia ficado uma árvore, que teimosamente ficou para trás, esperando os filhos da terra para assim compartilhar a dor da saudade.

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