A COMISSÃO DE SINDICÂNCIA - Marco Antonio Perottoni


Marco Antonio Perottoni, do Rio Grande do Sul, é MM e notável intelectual maçônico.

De todos os trabalhos maçônicos destaca-se um, muito especial, e até diria, extraordinário, em cujo desempenho o maçom há de movimentar-se, tanto no interior do Templo e especialmente fora dele, no mundo profano, que é a “SINDICÂNCIA”.

É, como dissemos, um trabalho especial que muito honra e dignifica o Irm\ encarregado do seu desempenho, uma vez que tem excepcional importância para a construção das bases de progresso de uma Loja. 

É uma incumbência de grande vulto e estrita consideração para o, e com o Irm\ escolhido pelo Ven\ Mestre. 

Não estamos sendo nenhum pouco originais quando dizemos que, quando encarregados de fazermos uma “SINDICÂNCIA”, deveremos ser minuciosos e severos no exame dos candidatos, pois é de nosso desempenho na busca das respostas dos quesitos que vamos gerar o convencimento dos demais IIrm\, na admissão de um profano em nossa Ordem. 

Num clube social uma campanha de “mais um” o que interessa é o número. Na Maçonaria, onde os princípios e finalidades são outros, bem diferentes devem ser os processos de admissão desta “mais um”. O que conta, em nossa Ordem, é a qualidade e jamais a quantidade dos candidatos. 

Como atingir este objetivo? 

Esta seleção, sempre procurada, é conseguida a contento através das “SINDICÂNCIAS” bem elaboradas e levadas a efeito pelos IIrm\ escolhidos pelo Ven\ Mestre e que prezam a distinção que lhe é dispensada ao serem selecionados para executarem honroso trabalho. 

Em razão disso, a “SINDICÂNCIA” assume grau de importância imprescindível para o bom andamento das propostas de iniciação e a garantia de bons resultados nos trabalhos, dai a deferência especialíssima da Loja para com o Irm\ que for escolhido como sindicante. 

Ao contrário, àqueles que não apreciam, no devido valor, a enorme importância e responsabilidade dessa missão, ou não estão dispostos a consumir um tempo em benefício do progresso de sua Loja, fornecendo uma informação consistente e exata, é preferível que não aceitem tão honroso encargo, devendo, delicada e honestamente, rejeitar essa missão, porque uma boa “SINDICÂNCIA” deve ser isenta de qualquer resquício de obrigatoriedade, protecionismo, sem nenhum indício de optatividade e traçada com o intuito de iluminar os IIrm\. que irão tomar parte da decisão que dela, a “SINDICÂNCIA”, advir. 

O Ven\ Mestre elege para tão valiosa e nobre tarefa a IIrm\que lhe merecem respeito, consideração e a mais absoluta confiança. Estes formarão a Comissão de Sindicância, confidencial pois só é e deve permanecer do conhecimento do Ven\ portanto desconhecida dos demais IIrm\ da Loja. 

Nem por isso os demais Obreiros da Oficina deixam de ter responsabilidade na admissão dos candidatos, pois são tacitamente havidos como sindicantes aditivos ou complementares, que tendo conhecimento de algum fato que venha em benefício ou em desabono do candidato, tem o dever de comunicar à Loja. 

DA DEVOLUÇÃO DA SINDICÂNCIA 

O meio mais discreto de fazer retornar a “SINDICÂNCIA” às mãos do Ven\ Mestre, a não ser a entrega direta, é o Saco de PP.’. e IInf.’.. 

Há o prazo regulamentar que deve ser observado na íntegra, e se encontra estipulado no Regulamento Geral do GORGS, que determina como sendo de quinze dias, após o recebimento da mesma pelo sindicante. Este prazo, entendemos, poderá ser prorrogado por mais um período, a critério do Ven\ Mestre, mediante solicitação por parte do sindicante. 

É importante que nos conscientizemos da relevância das informações e da honra que nos é deferida no momento que passamos a fazer parte de uma Comissão de Sindicância, pois de nosso desempenho depende, em muito, o progresso de nossa Loja. 

Para finalizar, transcrevo um trecho de LUIZ PRADO, cujo livro “ROTEIRO MAÇÔNICO PARA O QUARTO DE HORA DE ESTUDOS” inspirou o desenvolvimento desta peça de arquitetura, e que diz o seguinte sobre o sindicante: 

“É a própria Loja curiosa de saber o que ocorre com os candidatos. Seu mister de garimpagem maçônica assemelha-se aos cuidados empregados na escolha das “pedras” preciosas e diamantes embrionários que, tarde ou cedo, irão ser transmutados por meio da lapidação, no caso o processo de iniciação”.

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