TIRADENTES, HERÓI e HISTÓRIA - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país.

Eleger e reverenciar heróis faz parte da cultura de cada povo.

Trata-se de uma espécie de valorização da própria natureza humana e da identidade de cada sociedade.

Ao herói se lhe é dado um salvo-conduto, como instrumento de representatividade de um povo.

Como não poderia ser diferente, nós brasileiros, também elegemos nossos heróis.

Há aqueles que dizem respeito notadamente aos ideais de Liberdade e Soberania, como é o caso de Tiradentes, cuja consagração ao status de mártir, faz com que do ponto de vista histórico-social, seja aquele que melhor se identifique com as aspirações e  com o sentimento de orgulho de nosso povo. 

A data de 21 de Abril de 1792 que diz respeito à sua morte por enforcamento, que o diga.

Ainda que marcada por traços obscuros de sua trajetória de vida, bem como das interpretações imprecisas que historiadores conferem a ele, e que se explicam em função das  inevitáveis distorções que a transmissão oral dos fatos e a carência de registros documentais produzem, não há contudo, como desvirtuar a relevância de seu papel no tocante à Inconfidência Mineira, em que seu protagonismo foi inquestionável num dos episódios embrionários na luta pela independência do Brasil em relação à coroa portuguesa.

A data de 21 Abril parece até, que ganhou um certo estigma, fruto inclusive da própria mídia nacional, que na História mais recente de nosso país, registrou  a morte do então eleito presidente, Tancredo Neves, que tomado por uma grave doença não conseguiu ser empossado e assumir a presidência da República, provocando uma verdadeira comoção nacional.

Cabe lembrar, que sua figura dócil, paternal e conciliadora contribuíram de forma inequívoca para que o mesmo fosse igualmente alçado à condição de herói.

E assim a História vai sendo contada, com requintes de beleza, sofrimento, amor e ódio, de tal sorte, que o que permanece na mente das pessoas, é o que o imaginário registra e guarda na memória.

Aliás, para um povo que habitualmente tropeça em sua própria memória histórica, nada melhor do que preservar seus heróis, inobstante algumas inconsistências que possam haver em todo esse processo.


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