OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO APRENDIZ - Marcio Grazziotin Dutra



Enquanto aprendizes, recebemos a revelação do que representa o trabalho na Maçonaria; e aprendemos que, para sermos dignos e capazes de desempenharmos nossas funções como verdadeiros e legítimos Maçons, precisamos libertar e purificar nossos corações, apagar maus costumes, preconceitos, ódios, equívocos históricos e filosóficos.

Precisamos dominar nossas paixões, emoções e vaidades, aperfeiçoar nosso espírito, aprender a cultivar a fraternidade e praticar a moral. Devemos preparar-nos para a obra, desbastando a pedra bruta, que somos nós, cheios de defeitos, erros e imperfeições.

Esta é a tarefa que devemos dedicarmo-nos, para que sejamos obreiros que dominam perfeitamente a arte. Neste trabalho somos ao mesmo tempo o obreiro, o instrumento e a matéria prima.

E para isso devemos usar ferramentas especiais, que são a Régua, o Maço e o Cinzel.

A régua é um instrumento ativo, símbolo da medida de tempo e da retidão. Com ela podemos traçar as retas e os ângulos e, portanto, delinear nossos trabalhos. Simboliza a faculdade de ajuizar, o que nos permite comprovar a retidão da obra. É por meio dela que podemos verificar se nossos esforços e atitudes caminham na direção do ideal.

O maço simboliza a força em todas suas modalidades, o entusiasmo, a disposição e a vontade, que é a força primária da qual deriva-se todas as demais forças. Simboliza também a energia, a decisão, o aspecto ativo da consciência, necessário para vencer e superar os obstáculos.

Considerado como um instrumento ativo, é o símbolo do trabalho e da determinação, que direciona a energia necessária para dar forma ao trabalho. Representa a perseverança. Em seu primeiro trabalho, o aprendiz começa a desbastar a pedra bruta e, a partir daí, tem início seu eterno aprimoramento.

O cinzel é um instrumento considerado passivo, destinado a receber a aplicação da força do maço, dando-lhe a direção. É indispensável no polimento da pedra bruta; simboliza, desta forma, a educação, a inteligência, o aperfeiçoamento.

Para alguns, é o símbolo do trabalho do homem sobre si mesmo; o aspecto passivo da consciência, indispensável para descobrir as falhas da personalidade. É o propósito inteligente que deve dirigir a ação da vontade.

Para que a ação combinada desses instrumentos seja realmente maçônica, isto é, útil e benéfica, tem que ser constantemente comprovada e dirigida pela régua, que é a norma de retidão.

Essa função simboliza a sabedoria, símbolo mais apropriado do Venerável Mestre, assim como o maço, emblema da força pode atribuir-se ao 1o Vigilante e o cinzel, produto da beleza ao 2o Vigilante.

Assim como a atividade combinada dos três instrumentos é indispensável para a obra maçônica, igualmente a integral cooperação das luzes da Loja é imprescindível para que esta possa desenvolver um trabalho fecundo.

Simbolicamente, a régua é a consciência; o maço é a força de vontade e energia; o cinzel é a beleza, a moral, a razão; a pedra bruta somos nós e as arestas são os nossos defeitos.

O conhecimento está ligado a régua, pois é necessário medir nossas emoções, paixões e vaidades, dominando-as para iniciarmos a escalada.

A ação é a aplicação da força; que é feito por intermédio do maço sobre o cinzel e aí deverá ser observado o controle emocional na aplicação desses golpes, para que não haja um desastre, imperfeição ou acidente na confecção da obra. 

Como verdadeiros maçons, nunca devemos exercer o maço diretamente sobre a obra. A execução da obra cabe ao cinzel. O maço dá-lhe apenas a força suficiente. Se aplicarmos o maço diretamente na obra é certo que a danificaremos sem realizá-la. Se usarmos só o cinzel sem o maço, a obra não se realizará por falta de ação.

Isto significa que não devemos nos atirar à obra somente com nosso entusiasmo e vontade, mas também aplicar as qualidades do amor, discernimento, bondade e harmonia.

É necessário, ainda, que cada um de nós, sendo uma pedra bruta, conheça sua natureza, descubra de que material é feito, que resistência possui, se é pedra ferro, pedra mármore, granito ou outra composição.

Neste aprendizado de desbastar a pedra bruta, tornando-a polida, temos que usar além de nossa inteligência, ângulos certos e força precisa. Assim podemos dizer que “conhecemos” com a régua, “sentimos” com o cinzel e “agimos” com o maço.

E é através do sentimento, do conhecimento e da ação que devemos nos aprimorar para estarmos em harmonia com nossos semelhantes, para progredirmos na senda do bem e, sobretudo, para evoluirmos. Pois somos degraus na cadeia da divindade; e cada degrau sustenta um e é sustentado por outro.

O ser evolucionado, além de limpar e polir seu degrau, tem também o dever de contribuir para a limpeza dos outros, para que nada de feio se veja na cadeia, assim estaremos evoluindo e colaborando para a evolução do todo. Sempre tendo em mente que "O Todo é muito maior que a simples soma das partes ".

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