A VERDADE REAL – O MEU CONCEITO DE MAÇONARIA - Pedro Silva




Não é possível falar da história da maçonaria sem falar da história do homem, da sua evolução natural e espiritual, da sua necessidade de um Deus compatível com os seus anseios investigativos e da sua constante busca pela verdade  –  da sua particular verdade.

Daí não ser razoável, entendo, neste momento e oportunidade falar da história da maçonaria em sentido “strictu”. 

Deixa-se isto para os historiadores, que sobram em número, premissas e controvérsias, que a datem e cronologicamente a coloquem no espaço e tempo, discutam a sua paternidade e os seus heróis, que de facto existem.

O homem, ainda nas cavernas, descobriu a necessidade de dispor de seres superiores em auxílio no seu quotidiano, para fazer frente aos inimigos naturais que lhe ceifavam a vida. 

Frágil, estava na base da cadeia alimentar e era a vítima perfeita para todos os predadores, de menor ou maior grau de letalidade.

Cansado das catástrofes naturais, deixou a vida nómada de caçador/coletor – a seguir as manadas de caça e as estações das frutas – estabeleceu-se nas cavernas, criou a agricultura e domesticou o animais para a sua alimentação.

Frustrado de tantos deuses, um para cada situação que lhe afligia, ao custo de severos sacrifícios ritualísticos e oferendas, depois de milhares de anos passados, concebe a divindade num Deus único: Eis que nasce, pelas mãos dos homens as religiões, e com elas o monoteísmo.

Ocorre que pelas mesmas mãos que nasce o culto a um Deus de bondade, nasce também, na contramão deste mesmo princípio, o poder discricionário quando estado e religião se juntam para coibir o conhecimento, o livre pensar e a liberdade daqueles que se opunham a estas barbáries. 

E à simples manifestação de um ideia, como a afirmação da esfera terrestre, resta a estes investigadores da verdade, a tortura e a morte; a guilhotina, a fogueira, o esquartejamento.

Concluem, então, aqueles providos do pensar, que não conseguiriam, pela linguagem das religiões criadas pelos homens, manter acesa a chama divina nas suas vidas: Nasce a filosofia, mas que em si mesma não se bastava, pois ausente estava o Construtor – o Arquiteto de todo o Universo – permanecendo tão somente a razão, sem par, sozinha no mundo das ideias.

Outros homens, entretanto, em minoria ainda mais acentuada, concluíram – criada a filosofia – que tão somente a razão filosófica não preenchia o vazio milenar da sua existência; era preciso agregar a Razão Filosófica a um Deus de Liberdade e Justiça: Eis que se concebem os pressupostos de uma instituição que viria ser a Maçonaria que hoje congregamos; uma instituição que se confunde em regra geral com a própria idade do homem, pois, desde sempre houve um espírito maçónico em gestação na mente humana, dada a liberdade natural que o impulsiona,  mesmo que a instituição ainda não existisse na forma que em breve se apresentaria.

Para tal, para que ninguém fosse afastado do seu seio, não importando a religião que seguisse, constitui-se uma expressão sem nome, dada a sua inefável condição – O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO – para que nesta linguagem, todos os iniciados, concebessem este Ser superior que os criou a todos, sem linhas limítrofes territoriais e conceituais que os dividisse: nasce uma instituição universal, disposta livremente por todo o Planeta Terra.

Agregado está, pois, no seu meio, todos os credos dos homens de todas as cores, sem distinção, tendo como único e exclusivo objetivo a construção de um homem melhor, espiritualmente em paz e sem perder o domínio da razão, pois encontrado estava o meio termo que as torna compatíveis, coexistentes e coabitáveis no templo maior que é a consciência do próprio homem.

Elege-se e aprimora-se, então, ao longo dos séculos, pela necessidade do formação gradual do espírito humano, uma Escola Filosófica,  num conteúdo programático de 33 graus. Esta escola, entretanto, diferentemente das outras correntes didáticas, sempre deixa, lado a lado, ombro a ombro, de mãos dadas, Deus – O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO – e a Razão.

Passado o obscurantismo que marcou a idade média, mesmo tendo acabado a perseguição formal aos LIVRES PENSADORES, outras são as batalhas: e vieram o fascismo, o nazismo, a escravatura nas suas diversas, antigas e presentes formas, os governos totalitários – presentes até hoje – enfim, todas estas formas escabrosas de cerceamento da liberdade humana, lamentavelmente ainda presentes no Século XXI, que são, e continuarão sendo, para a maçonaria, o objectivo final da luta para o seu absoluto extermínio.

Este é o meu conceito de maçonaria. 

Não poderia ser diferente, em face da liberdade de pensar a que estamos constitucionalmente protegidos, neste diuturno tecer de conceitos e de investigação da verdade que nos satisfaça, que nos faça bastar-nos a nós mesmos e na coexistência entre os nossos; que nos permita o repouso das nossas consciências.

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