novembro 30, 2022

MÚSICA...MESTRE DE HARMONIA! - Adilson Zotovici


Adilson Zotovici da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora


A música, maço e cinzel,

No espírito da Maçonaria

Uma egrégora, um dossel,

Em compasso à liturgia 


Entre outras artes liberais

Aritmética, geometria,

Em partes fundamentais

Juntas da astronomia


Já fizera _Asclépio_ outrora

Dela boa terapia

Reverbera inda agora

Na moderna psiquiatria


É balsamo que acalma

Se então calma melodia

Que é o remédio da alma

_Platão há muito dizia_


_Rei Saul_ nas tribulações

De _David_ a harpa ouvia

Com _hinos as revoluções_  

Eça de Queiroz sugeria


Disse _Homero_ historiador

Valendo-se da filosofia

Que à mente e corpo é esplendor

Alegra a gente por magia


Alegria, espantos... afinal

Sons e cantos em sintonia 

Aos encantos d'Arte Real

*Por  bom Mestre de Harmonia* !


Adilson Zotovici

Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora

O PAPEL DO MENTOR DA LOJA - Richard A. Reeve


O autor é Provincial Grand Mentor da Provincial Grand Lodge for Gloucestershire

Tem sido uma prática estabelecida que os novos membros devam ser guiados através da suas primeiras jornadas maçônicas pelos seus Padrinhos e Proponentes, que se pretende que os apoiem e aconselhem, bem como que se responsabilizem por quaisquer dificuldades que possam surgir. Nos casos em que os candidatos são apresentados a uma loja pessoalmente, este é, e ainda deve ser, o procedimento correto. Há ocasiões, no entanto, em que nem o Padrinho nem os Proponentes podem cumprir estas obrigações. Isto pode ser por causa de mudado de Loja, de ter assumido compromissos noutros lugares, problemas pessoais, ou às vezes, infelizmente, apenas por uma perda de interesse da parte deles.

Com o advento da Internet e outras tecnologias modernas, tornou-se necessário modificar algumas das práticas tradicionais de recrutamento de membros. Agora podemos receber inscrições através da página da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE), da nossa própria página Provincial, bem como por outros meios. Em muitos casos, estes candidatos não são conhecidos pessoalmente por nenhum de nós, mas foram atraídos pelas informações disponíveis para os cidadãos do mundo, que não são maçons. Como, devemos então tratar o papel tradicional do Padrinho e do Proponente?

No Book of Constitutions, o Artigo 171 declara que “Um membro que propuser ou secundar um candidato para iniciação ou adesão à Ordem será responsável perante a Loja por todas as taxas requeridas, segundo o seu estatuto em relação a esse candidato”. Não podemos pedir a irmãos de qualquer Loja, que adotem estes deveres em relação a candidatos à iniciação não conhecidos e propostos pessoalmente por eles.

A solução

A função de Mentor da Loja constitui uma solução para estas questões. É um compromisso extremamente importante dentro de cada loja, e não para ser tomado de ânimo leve. Na verdade, é aquele que deve ser conferido de acordo com o mérito e a capacidade. O futuro sucesso da maçonaria se tornar-se-á cada vez mais dependente da diligência dos Mentores da Loja. À medida que métodos mais modernos de recrutamento ganham prevalência, também será cada vez mais importante para os Mentores supervisionar a seleção, assim como monitorizar a progressão dos candidatos. Grande parte do exame inicial de possíveis candidatos à iniciação será realizado pelo Mentor de cada loja. O Mentor da Loja deve, no entanto, certificar-se de que não apenas o candidato é adequado para a sua loja, mas que a sua loja também é adequada para o candidato.

O Mentor da Loja deve preocupar-se com o bem-estar de todos os membros da sua loja, do mais recente ao mais antigo. Deve estar atento a quaisquer sinais de discórdia fraterna, não comparecimentos inexplicáveis ou aspereza injustificada. Deve também trabalhar em estreita colaboração com o Venerável Mestre e o Mestre de Cerimônias para encorajar a apresentação do ritual por aqueles que se possam sentir intimidados pelo desempenho público, ou pensar não estão à altura disso. Ele deve encorajar os irmãos mais idosos a serem receptivos a mudanças nas práticas aceites, necessárias à sobrevivência e prosperidade da nossa fraternidade.

Parece ser claro que a função de Mentor da Loja é da maior importância e requer uma seleção cuidadosa entre os membros da loja. Nunca deve ser pensado como uma espécie de cargo que exige pouco trabalho, não remunerado ou nomeação de última hora. Requer considerável experiência maçônica juntamente com diplomacia e coragem. Também deve ser considerado como um compromisso de longo prazo com a Loja, da mesma forma que o Capelão e o Hospitaleiro, pois é somente através de tal dedicação que um irmão pode ganhar a experiência para executar as suas tarefas com satisfação para si mesmo e com vantagem para sua loja.


Fonte: Grande Loja Unida de Portugal


novembro 29, 2022

...EU SOU MAÇOM...



O carro de um vendedor que viajava pelo interior quebrou e conversou com um fazendeiro de um campo próximo.

O vendedor está preocupado porque ele tem um compromisso importante na cidade local. "não se preocupe, diz o fazendeiro, você pode usar meu carro. Vou chamar um amigo e mandar consertar o carro enquanto você vai ao seu compromisso."

A lá foi o vendedor, e umas duas horas mais tarde ele voltou, mas infelizmente o carro precisava de uma peça que chegará somente no dia seguinte.

"Sem problemas", diz o fazendeiro, "use meu telefone e reprograme seu primeiro compromisso de amanhã, fique conosco hoje, e providenciaremos para que seu carro esteja pronto logo cedo!"

A esposa do fazendeiro preparou uma jantar maravilhoso e eles tomaram um pouco de malte puro em uma noite agradável. O vendedor dormiu profundamente e quando acordou, lá estava seu carro, consertado e pronto para ir. Após um excelente café da manhã, o vendedor agradeceu a ambos pela hospitalidade.

Quando ele e o fazendeiro caminhavam para seu carro, o vendedor percebeu que o fazendeiro poderia ser Maçon, ele se voltou e perguntou "meu irmão, muito obrigado, mas preciso perguntar, você ajudou-me porque sou Maçom?"

"Não", foi a resposta, "Eu ajudei você porque eu sou maçom."

novembro 28, 2022

O SOTAQUE NOSSO DE CADA DIA - Newton Agrella


Se há um substantivo na Língua Portuguesa intrigante quanto a sua etimologia, e que está intimamente vinculado a questões linguísticas é justamente "sotaque".

Pois é, este mero e singelo vocábulo, na grande maioria das referências bibliográficas e nas análises vernaculares, via de regra, traz como "origem obscura ou desconhecida".

Porém, apesar disso, há uma clara e pedagógica explanação quanto ao seu significado.

O sotaque, sob o conceito de quando se refere a um mesmo idioma, representa a forma peculiar que as pessoas têm de pronunciar ou de articular e emitir determinados sons, também conhecidos gramaticalmente como "fonemas".

Esta peculiaridade se estende também para a maneira como se pronunciam determinados grupos de palavras.

Esse fenômeno linguístico é notadamente observado como característica própria de uma região, classe ou grupo social, etnia, sexo e até mesmo de fator etário.

Um dos aspectos mais interessantes quanto ao sotaque "dentro de um mesmo idioma", diz também respeito em especial, ao ritmo, à cadência, à entonação, à ênfase ou até mesmo quanto à distinção fonêmica.

A clareza e a maneira circunstancial com que determinados grupos linguísticos expressam e articulam as palavras, são amostras evidentes destas distinções fonêmicas.

É importante contudo registrar que o sotaque não significa falar corretamente ou não.  

Pelo contrário, trata-se de um fenômeno linguístico, cuja forma de pronunciar as palavras, frases e empreender seu próprio ritmo e entonação são fatores herdados da geografia, de condições climáticas, de influências trazidas de outros povos, de processos de colonização e até  mesmo de povos primitivos que já habitavam determinadas regiões.

No caso da língua portuguesa falada no Brasil, os sotaques são muitos, variando de região para região, até em razão das dimensões continentais do país e de seus diversos processos de influências externas. 

Sejam estes processos gerados por colonização, por invasões estrangeiras, por ondas de imigração dentre tantos outros.

Que dirá então, quando a comparação de sotaques se faz entre falantes de um mesmo idioma (no caso o português) de diferentes países lusófonos, como Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Goa, Timor Leste e Macau.  

Aí então tudo fica mais complicado, pois além do sotaque, as diferenças linguísticas tornam-se ainda mais gritantes, chegando à beira de se tornarem quase que dialetos, se comparados entre si.

Ainda assim, e com uma dose de boa vontade, essas dissonâncias conseguem ser Inter inteligíveis.

Reitere-se que esta abordagem está sendo feita dentro do contexto de uma mesma língua, no parâmetro de um mesmo Idioma. 

E ainda assim, é algo passivo de profunda análise e considerações.

Vai por fim, uma consideração particular, isto é; não existe o melhor, o mais bonito, ou o mais erudito sotaque de um idioma. Isso é pura invencionice e subjetivismo sem qualquer base intelectual.

O que existe sim, é uma espécie de "tentativa de padronização de um sotaque", basicamente em função de aspectos midiáticos, que via de regra, obedecem a interesses econômicos, políticos, sociais e culturais.

O seu sotaque, o meu e o deles ou delas é simplesmente uma questão contingencial, que revela quão ampla e diversa é a condição humana de se fazer entender e de ser compreendida.

Um brinde à nossa Língua Portuguesa!!!



novembro 27, 2022

O HOMEM, O MAÇOM E A MAÇONARIA - Hércule Spoladore

 




O Homem é um ser complexo, estranho e imperfeito. Às vezes se julga senhor do mundo e às vezes em depressão, ou quando algo em sua vida não está bem se sente muito pequeno inútil e destruído. Em seus momentos de fantasia, aspira ser Deus, sendo que jamais poderá vir a sê-lo.

Quer ser imortal, pois não admite a morte, mas nunca se lembra que se perpetua através de seus genes em seus descendentes.

É um ser gregário, aliás, condição vital para sobreviver. Desde os tempos das cavernas ele aprendeu a viver em grupo. É curioso. Pergunta muito, muito embora não tenha respostas para causas maiores de sua existência. Isto lhe traz um conflito existencial muito grande. Quer conhecer a todo custo o que se passou com as civilizações anteriores e quer entrar em contato com seres inteligentes do Universo.

Explora o Cosmo como um todo e em particularidades, explora a própria Terra, em busca de suas raízes, suas origens, sem tê-las conseguido até a presente data. Desconhece a razão da vida e da morte, e temeroso diante das forças telúricas e universais passou a respeitar venerar e até idolatrar o criador invisível de tudo. Ai reside o princípio religioso da maioria dos Homens, mais pelo temor da grandiosidade que o cerca, que pela sua inteligência, a qual é limitada.

É um ser vicissitudinário. Em sua mente existem milhões de fantasmas de ideias, de sonhos, de tal forma que ele muda sempre, para uma evolução maior ou menor, mas amanhã nunca será o mesmo de hoje. Nunca será o mesmo em todas as épocas de sua vida, embora mantenha suas características de personalidade. Nos últimos séculos e especialmente no último, sofreu todas as influências possíveis e imagináveis quer pela evolução do próprio pensamento humano quer pelos verdadeiros saltos científicos dados pelas invenções e pelas tecnologias modernas. O meio intelectual e moral foi mergulhado e envolvido por estas descobertas. No último século o desenvolvimento científico da Humanidade foi maior que em toda a história da atual civilização e civilizações anteriores. As descobertas científicas aconteceram e acontecem sem qualquer antevisão do futuro

As suas consequências não previsíveis dão forma para a nossa atual civilização. Quer dizer, não há uma programação objetiva e direta direcionada a um ponto futuro para conduzir a Humanidade. A ciência empurra o homem. Às vezes ele não sabe onde irá parar. Os cientistas não sabem para onde estão indo e nem aonde querem chegar. São guiados por suas descobertas, às vezes imprevistas e, grande parte por acaso. Cada um destes cientistas representa o seu próprio pensamento estabelece suas próprias diretrizes para si e para a sociedade. Por analogia, o mesmo caso acontece com a Internet. Não sabemos o que irá acontecer. Teremos que “pagar” para ver.

O Homem estuda desesperadamente as leis da natureza, estas, deveriam só ter valor quando chegassem até ele diretamente, não filtradas pelo véu intelectual repleto de costumes incorretos e tendenciosos, chegando assim a sua mente sem preconceitos, consumismos, conformismos e distorções. Aí ocorrem os sofismas, especialmente dirigidos por interesses financeiros manipulados por grupos multinacionais.

O comportamento humano em função destes fatores muda verticalmente de tempos em tempos, ao sabor de uma mídia controlada por estes grupos, que explora as invenções da maneira que mais lucro lhes dá, dando uma direção equivocada à Humanidade em muitos setores. E esta praga ataca o Homem na política, na religião, no comércio e em todos os segmentos da vida, e ainda no que é mais complexo, no seu relacionamento.

O Homem é um ser emocional, agressivo, intuitivo e faz pouco uso da razão para resolver seus problemas. Age mais pela emoção.

Konrad Lorenz, prêmio Nobel de 1973, zoologista austríaco admite que a agressividade do Homem seja uma herança genética de seu passado animal e que o Homem não seria fruto do meio em que vive. As guerras para ele serão inevitáveis por maiores que sejam as conquistas sociais e científicas da Humanidade. Apesar de ter sido combatido pela maioria dos psicólogos do mundo inteiro, ele parece ter razão. As guerras continuam existindo e a forma de destruição do próprio Homem cada vez mais sofisticada. A invenção mais moderna de autodestruição chama-se terrorismo.

Os Homens para se organizarem criaram regras disciplinares e entre elas a Ética e a Moral, que tanto se escreve a respeito e há autores que as consideram a mesma coisa. Anato Le France em seu livro “Os deuses têm sede”, cita que o que chamamos de Moral não passa “de um empreendimento desesperado de nossos semelhantes contra a ordem universal, que é a luta, a carnificina e jogo cego dos contra.

A Moral varia na cronicidade das épocas, pois o que serviu para nossos pais, não serve para nossos filhos” (Mazie Ebner Eschenbach).

A Moral seria, pois, para entendermos melhor, o estudo dos costumes da época e a Ética, a ciência que regula as regras pertinentes.

Os Homens ditos civilizados costumam afirmar que a Ética é um princípio sem fim. Mas o mesmo Homem que é um ser competitivo, agressivo, emocional e que seria capaz de destruir a si e ao mundo em determinadas situações, ele também é em outros momentos bom, caridoso, compreensivo, leal, capaz de gestos de desprendimento em favor de seus semelhantes.

Dentro desta dualidade se procura ainda que de forma muito superficial, traçar uma pálida silhueta do Homem, já que é impossível descrevê-lo profundamente como um todo. Todo Maçom é um Homem, pelo menos no sentido genérico e, como tal não escapa as especificações boas ou más citadas na descrição deste perfil traçado.

A Maçonaria traz a esperança de mudar os Iniciados para melhor. Isto até chega acontecer verdadeiramente para poucos, e estes entenderão que a Ordem é antes de tudo uma tentativa de levar os adeptos ao seu autoconhecimento e ao estudo das causas maiores da vida e que também sua função no mundo atual será político-social. Entenderão que a Maçonaria é para eles uma forma de evolução ética, moral e espiritual.

Outro grupo de Maçons vive nesta ilusão, mas não vai de encontro a ela. É medíocre e conformado, aceita tudo, mas sabe muito bem a diferença. Apenas por uma questão de não duvidar, aceitar as coisas erradas passivamente, e por preguiça mental letárgica não luta e espera que as coisas aconteçam. Porem, a maior parte dos Maçons jamais entenderá o desiderato verdadeiro da Ordem. Jamais entenderá esta meta, mas acreditará equivocadamente de que a está conseguindo.

A maioria dos Maçons não lê, não estudam, criticam os que querem produzir algo de bom, querem saber quem será o próximo venerável, e querem que a sessão termine logo, para “demolirem os materiais” e sorverem o precioso líquido que traz eflúvios etílicos, das “pólvoras amarela e vermelha”, nos “fundões” das lojas, onde excelentes Irmãos cozinheiros preparam iguarias divinas. Até nem podemos condená-los, já que são Homens e como tal não são perfeitos.

Os Maçons de um modo geral trazem para dentro das Lojas, todas as transformações e influências que existem no mundo profano, e sem se aperceberem tentam impor suas verdades como se fossem as verdades ditadas pela Ordem.

Está havendo um grande equívoco na Maçonaria atual, pois esta, tem em seus princípios valores antigos tradicionais aparentemente conservados através dos rituais, costumes escritos, constituições etc., que muitos Maçons têm a pretensão de está-los seguindo, sem que isto seja verdade.

O que acontece em realidade é que a maioria destes valores acaba sendo letras mortas, pois o Maçom na sua condição de Homem que recebe todas as influências citadas do mundo profano, especialmente no terreno das comunicações, informações e do moderno relacionamento humano, traz para o seio da Maçonaria, tudo o que ele está sofrendo e se envolvendo fora das lojas, tais como a competitividade desleal, o consumismo exagerado, a agressividade incontida, a ganância pelo poder, a vaidade auto idólatras, enfim uma série de situações que ele mais cedo ou mais tarde, quando fizer uma análise de consciência, se o fizer, pois a maioria nem isso faz, ele verá que não foi bem isso que ele pretendia da Ordem. Então vem a desilusão total, uma das causas de esvaziamento das nossas lojas

Fala-se em tradição na Maçonaria, mas em realidade esta foi se distorcendo aos poucos, pois os tempos são outros e tudo muda, e as mudanças ocorrem sem se apercebê-las, pois muito embora aparentemente ligado ao passado, o Maçom vive o tumultuado mundo presente A Maçonaria a exemplo da nossa civilização atual foi organizada sem o conhecimento da verdadeira natureza do Maçom. Embora feita só para Maçons não esteja ajustada ao real espaço que ela deveria ocupar.

O modernismo, como não podia deixar de ser, também chegou à Ordem. Hoje, em muitas lojas não se usam mais as velas e sim lâmpadas elétricas. Os rituais foram acrescidos de práticas que não existiam na Maçonaria primitiva. Os templos se tornaram suntuosos, e, ricas colunas os adornam. Acabou-se a simplicidade de outrora. Apareceram cerimônias enxertadas, inventadas, rebuscadas.

Constroem templos para todos os lados. Um templo às vezes fica ocioso por vários dias da semana, onde poderia ter uma loja funcionando a cada dia e os demais templos construídos com muito sacrifício de alguns, poderiam ser uma escola, um lar de velhinhos, ou qualquer outra modalidade de prestação de serviços enfim, uma obra que depois de construída seria doada a sociedade.

As pendengas políticas entre os líderes da Ordem, chegam a tal rivalidade que com frequência são levadas às barras dos tribunais na Justiça comum.

A ganância pelo poder é um fenômeno bastante frequente na mente de alguns Maçons. Um simples cargo de venerável, às vezes é disputado de forma bastante ignóbil, não maçônica, pelos oponentes. Imaginem então, o que ocorre quando de trata de eleição para o cargo de Grão-Mestre.

Não se concebe e não se justifica que este poder temporal maçônico que em realidade não significa coisa alguma em matéria do Conhecimento que a Ordem pode proporcionar, cause tanta cobiça, tantas situações antimaçônicas, as quais observamos com freqüência, sendo que a maioria dos Maçons fingem que não as estão vendo.

Sábio foi um juiz profano que não acatou uma ação de um líder maçônico contra outro, alegando que os problemas de Maçons fossem resolvidos dentro da própria Maçonaria já que a Justiça tinha coisas mais importantes a tratar. A Maçonaria foi exposta nesta situação, ao ridículo.

Como é triste, como é doloroso, como doe no fundo da alma quando um Irmão torna-se falso, difama, conspira e tenta destruir outro. Às vezes seu próprio Padrinho é o atingido ou um Irmão que tanto lhe queria. E isto sempre ocorre não pela Dialética que é adotada pela Maçonaria que é a arte de poder se expressar e alguém contrariar ou contraditar uma opinião para se chegar a uma verdade, mas tão somente por inveja doentia ou vaidade.

Porém existe o reverso desta análise. Não podemos afirmar que o Maçom como o Homem em si seja totalmente mau. Ele é dual. Foi criado assim. Ele tem o seu lado mau, mas luta desesperadamente para ser bom, sendo que maioria das vezes não consegue. É a eterna luta do Homem. O ofendido altruísta costuma usar a qualidade cristã do perdão e aí volta a abraçar o Irmão que lhe ofendeu. E tudo acabam em fraternidade, às vezes sincera e às vezes falsa. “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. (Augusto dos Anjos

Não podemos negar que nos causa tanta alegria, quando ficamos conhecendo um Irmão que nos é identificado como tal, onde quer que se esteja. Especialmente longe da cidade onde moramos. E comum este Irmão abrir seu coração, sua residência sua loja. Isto é realmente lindo na Ordem. É uma satisfação muito grande e uma realidade inconteste.

Outra situação boa que costuma acontecer na Ordem é a hospitalidade fraterna com que somos recebidos em outras lojas não importando a Obediência. Esta situação acontece nas lojas-base, não havendo mais atualmente a discriminação que havia outrora determinada pelos líderes das ditas Obediências. Foi um avanço social dentro da própria Ordem muito importante. Já não existem mais “primos”, agora somos irmãos de verdade, salvo algumas raras exceções.

O dualismo no Maçom continuará, ele é genético, mas a Maçonaria espera que seus adeptos desenvolvam somente o lado bom. Sua doutrina é toda voltada para esse fim. Então, não culpemos a Ordem, por distorções ou digressões, estas são inerentes ao Maçom, ao Homem imperfeito.

Entretanto, a Ordem deveria mudar o esquema de suas sessões imediatamente. Gastamos ¾ de uma sessão com problemas administrativos. 

Aí está o grande mal. É aí que reside a nossa grande falha. Se houvesse uma sessão administrativa mensal, onde uma diretoria capaz resolvesse todos os problemas rotineiros, e as demais sessões fossem abertas e fechadas ritualisticamente, mas sua seqüência fosse tão somente de trabalhos apresentados, debates, instruções, doutrinação, têm certeza de que mesmo aqueles Maçons que não lêem, não estudam, aprenderiam muito e tomariam gosto pela leitura, pois seriam despertos de um sono que talvez a própria maneira atual de ser da Ordem seja responsável.

Ainda no quesito “Diretoria ou Comissão”, vivenciamos constantemente perda de um precioso tempo debatendo metodologias sobre eventos, campanhas, e outros assuntos pertinentes as atividades da Loja no mundo profano, ora, porque não constituir várias “Comissões ou Diretorias”, para que as mesmas tenham autonomias na organização, promoção e decisões sobre o assunto na qual a ou as mesmas está (ao) imbuída (as)? Assim, com certeza desafogaria a sobrecarga sobre a administração da Loja, a qual poderia focar mais seu tempo nos trabalhos ritualísticos com os IIr.:, delegando a eles independentemente de Grau a responsabilidade do mesmo pesquisar, elaborar e apresentar em loja trabalhos referentes assuntos maçônicos, de forma que, o mesmo estaria enriquecendo seu conhecimento, assim teríamos uma dinâmica mais atraente, desnecessária a participação constante de “Profanos” realizando palestras em loja, o que já é percebido o descontentamento da maioria.

Temos acreditar no Homem, no Maçom, mesmo ele não sendo um ser perfeito. Ele desde que devidamente preparado poderá ainda a vir a ser o esteio da Humanidade. Estamos no momento mal doutrinado. Temos que nos rever e modernizar, o futuro já é hoje. Vivemos num mundo de informações. Estas não podem ser sonegadas ou deixar de serem assimiladas. Já estamos ficando para trás em muitos segmentos da sociedade. Não aguentaremos por muito tempo o modelo anacrônico que estamos seguindo se não nos atualizarmos. Isto qualquer Maçom poderá deduzir, se refletir um pouco sobre a Ordem.

Acreditamos que a Maçonaria despertará, e que num futuro bem mais próximo do que imaginamos tudo mudará para melhor. Porque, apesar de todas as influências negativas ou não ela conservou sua essência iniciática. E este fator manterá sua unidade simbólica e espiritual perene.

novembro 26, 2022

SER E PARECER - Heitor Rodrigues Freire


No palco da vida, onde todos somos protagonistas, muitos procuram interpretar personagens que não correspondem à realidade interior de cada um e se tornam assim caricaturas de si mesmos. É importante a busca para a manifestação do nosso DNA verdadeiro.

Essa questão foi abordada por Shakespeare, em sua peça Hamlet, e como todo grande autor, com a sensibilidade que lhe era inerente, percebeu os caminhos que a sociedade de sua época estava trilhando. Daí a pergunta fundamental: “Ser ou não ser, eis a questão. O que será mais nobre: sofrer em nosso espírito as pedras e setas com que a Fortuna enfurecida nos alveja ou insurgir-nos contra um mar de provações e, em luta, dar-lhe um fim?” (Ato III, cena I).

Shakespeare, nessa peça, explora com muita profundidade a condição humana, com temas polêmicos e relevantes de todas as épocas e sociedades: corrupção, traição, incesto, vingança e moralidade – e por meio de uma longa análise filosófica e psicológica do comportamento humano, utiliza raciocínios aplicáveis até hoje, dando à sua obra um ar de atemporalidade, que atravessa os séculos.

Depois que Maquiavel, um século antes, sentenciara que, afinal de contas, o que importava não era ser (ser honesto, justo, virtuoso) mas parecer ser, então, a questão atual é: será mesmo melhor manter as aparências?

Claro que não, para Shakespeare, bem como para toda a tradição clássica, o ato é algo transformador. Quando realizamos uma coisa, quando cumprimos uma tarefa ou desempenhamos um papel, aquilo que fazemos não apenas transforma a realidade, mas, principalmente – e é algo que com muita frequência esquecemos – nos transformamos nós mesmos. Somos aquilo que fazemos. É o ato quem nos transforma interna e externamente. Não são as ideias, nem os sonhos, nem as aspirações, mas os atos que realizamos que configuram o nosso caráter e a nossa personalidade.

O grande problema, como Shakespeare intuiria, é que na sociedade moderna – e na atual digo eu –,  o que interessa é mesmo parecer ser. A vida transformou-se num imenso palco onde cada um representa seus papéis. O importante não é mais ser honesto nem justo, mas “fazer um bom papel” e agir de acordo com o script, com aquilo que se espera ou aquilo que foi determinado em alguma planilha.

Em qualquer empresa existem parâmetros, processos e procedimentos perfeitamente normatizados e a única coisa que se espera é que “cumpramos o nosso papel”. Quem age representando um papel torna-se um personagem. Quem age de forma consciente e deliberada querendo apenas ser quem é, torna-se uma pessoa. Melhor ou pior, dependendo dos atos que praticar, mas pessoa. 

Agimos a partir do que somos. E é por isso que a verdadeira questão, na hora de tomar uma decisão, será sempre “ser ou não ser”. Quando nos questionamos antes da decisão, estamos escolhendo, na verdade, quem é que queremos ser ao realizarmos uma ação determinada. É por isso que se alguém quiser ser honesto, e não desonesto, então procurará fazer o trabalho honestamente. 

E é por isso também que se o que pretendemos apenas é parecer ser honesto então a questão ficará bem mais simples. Bastará fazer, voltando a Maquiavel, de qualquer jeito e com quaisquer meios, porque o que importará, então, será “disfarçar muito bem esta qualidade e ser bom simulador e dissimulador”.

Uma forma de identificar o ser e o parecer se observa hoje no mundo empresarial. As tarefas se realizam e se aperfeiçoam a partir da técnica, que se consubstancia pela repetição dos atos. Com a repetição adquirimos destreza e habilidade.

A questão que se apresenta é a da virtude. Se a decisão for desenvolver-se como humano, sem dúvida, a virtude se destaca. A virtude repetida constantemente nos estrutura interiormente, transforma-nos por dentro quando passamos a cultivar hábitos que aprimoram nossa personalidade. A técnica não produz essa transformação interior porque é um tipo de conhecimento importante para realizar tarefas e resolver problemas, mas sempre será externa.

A virtude se adquire quando queremos fazer a coisa certa porque precisamente é a coisa certa a se fazer, e a desejamos de forma consciente, livre, voluntária e espontânea. 

“Cada um se satisfaz com aquilo que fala, mas receberá conforme aquilo que faz” (Provérbios 12,14).

Resumindo, a técnica não nos transforma por dentro, mas os hábitos virtuosos sim, o que nos leva à conclusão: se queremos evoluir como seres conscientes, devemos ser.

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novembro 25, 2022

EGO ESPIRITUAL X RELACIONAMENTOS - Tony Robbins




No filme "Eu não sou seu guru", Tony Robbins disse mais ou menos assim: 

_Você pode ter força espiritual, meditar todos os dias e ser o melhor nisso, mas se não sabe se relacionar, não evoluiu nada. 

Essa é a mais pura verdade! 

O que mais vemos por aí é uma galera grande se achando evoluído porque tem uma religião, porque faz caridade, porque faz Yoga, porque é vegetariano, porque medita... 

O que nos faz crescer e evoluir são as nossas relações.

São elas que nos mostram verdadeiramente quem somos. 

De nada adianta fazer tudo isso se ainda não sabemos nos relacionar e se não estivermos conscientes de que essa é a única forma de crescer. 

Porque meditar é fácil! Frequentar casas espirituais também!

Ser generoso dentro dos templos é mais fácil ainda! 

O difícil é trazer tudo isso pro dia a dia, nas relações.

Porque nelas experimentamos intimidade e na intimidade as nossas vulnerabilidades são expostas. 

É aí que mostramos mesmo quem somos. 

É aí que as nossas sombras aparecem.

E é aí, no dia a dia das relações, que podemos nos trabalhar para melhorar. 

Nesse momento da intimidade, as mentiras que contamos pra nós e para o mundo, não se sustentam.

Não tem meditação, Yoga, ou Espiritualidade que sustente as nossas mentiras. 

É claro que tudo isso nos conduz a um lugar melhor de nós mesmos.

É maravilhoso fazer tudo isso. 

Mas não basta! 

Todas essas coisas são parte do caminho, parte do caminhar.

Todas essas formas de nos acessarmos fazem parte da teoria, mas a prática mesmo são os relacionamentos. 

_Não basta meditar todo dia e se aborrecer constantemente com o(a) companheiro(a), ou com os filhos, ou com os pais. 

_Não basta se espiritualizar, fazer caridade e tratar mal o porteiro, o garçom, o caixa do supermercado. 

_E não basta achar que somos maravilhosos e seres elevados se não conseguimos saber, de verdade, quem somos. 

_Não adianta fazer de conta que está se aprofundando, quando na verdade o olhar só fica na superfície, colocando a responsabilidade de tudo nos outros. 

O nome que se dá a todas essas pegadinhas é "Ego Espiritual".

E o mundo tá cheio deles. 

Pessoas que até têm uma boa intenção de transformação, mas que na maioria das vezes não conseguem reconhecer seus erros, suas falhas e vão colocando as responsabilidades daquilo que não deu certo, no outro. 

Então, é preciso estarmos atentos ao nosso ego espiritual. 

É preciso estarmos atentos a quem somos e o que lá no fundo desejamos. 

É preciso reconhecer que se nos julgamos melhores e/ou mais evoluídos porque não comemos carne, porque produzimos menos lixo, porque andamos de bicicleta ou por qualquer outra coisa, tudo o que não somos é evoluídos. 

Porque seres evoluídos não se comparam e não competem. 

Eles são o que são, sabem disso e não precisam provar pra ninguém. 

E se você descobriu que seu ego espiritual está gritando aí dentro, que bom! 

Fique feliz por estar se tornando consciente dele. 

Porque é só através dessa consciência que podemos melhorar. 

Seja bem-vindo ao mundo dos que são de verdade!!! 


novembro 24, 2022

HAPPY THANKSGIVING DAY - Feliz Dia de Ação de Graças- Newton Agrella


É interessante como essa data tem um significado tão especial, principalmente nos ESTADOS UNIDOS, observado como um dia de gratidão a Deus, com orações e festas, pelos bons acontecimentos ocorridos durante o ano, especialmente pela comunidade cristã.

A despeito de todas as dificuldades ocorridas em todo o planeta, ainda assim, hoje nos EUA, CANADÁ, Reino Unido e CARIBE (nas ex-colônias inglesas) as famílias se reúnem, as pessoas fazem uma festa de consagração a Deus, de comunhão familiar, em que o Peru (sobretudo nos EUA) é o prato-chefe dessa festa.

É o famoso "Thanksgiving Day", que juntamente com o "4 de Julho" e o "Natal", na América apelidado de "Turkey's Day" (Dia do Peru) é considerado o maior feriado naquele país.

Aqui no Brasil, do ponto de vista religioso, é uma efeméride, cuja celebração é bastante tímida.

Aqui,  o que se pensa nessa época do ano, de modo geral é no dia seguinte, e em especial nas grandes cidades brasileiras, é na famigerada "Black Friday", em que o consumismo desenfreado é impulsionado pela mídia e pelas quase sempre "promoções fake", onde os preços são dobrados ou triplicado, e através de mecanismos maquiavélicos, traduzidos por "Descontos Inacreditáveis", na Ordem de 50%  a 90% - fazendo com que milhares de brasileiros invadam, troquem até alguns empurrões e sopapos nas Lojas, e saiam com televisores e aparelhos domésticos, carregados triunfantemente, como se estivessem erguendo um verdadeiro troféu.

Feliz daquele que se deixa enganar, e consegue esboçar um sorriso amarelo com um ar de Felicidade...

Happy Thanksgiving Day to you  and

Happy Black Friday to you


novembro 23, 2022

PINÓQUIO, MEU IRMÃOZINHO - Norberto P. de Barcellos

                                  

(Uma outra interessante visão simbolismo de Pinóquio pelo intelectual Norberto Barcellos da Loja Concórdia) 


Creio que no mundo não há uma só criança que não tenha povoado a sua infância com as Aventuras de Pinóquio, sem duvida um grande clássico da literatura infantil. Seu autor, Carlo Lorenzini, ou Collodi como gostava de assinar, era maçom, astrólogo, profundo estudioso do esoterismo. Numa leitura superficial nos deparamos com uma história simples, interessante e profana, na qual o autor dá um puxão de orelha nos meninos arteiros. Porém, numa releitura minuciosa e adulta, nos deparamos com um simbolismo maçônico, disfarçado nas entrelinhas ou escondido no interior simbólico do texto. 

Gostaria de esclarecer que, o que estou dizendo não tem nada de inédito, pois o Maçom Georgio Manganelli chegou a dedicar um livro sobre o assunto, da mesma forma que, posteriormente, Walt Disney de forma velada levou para o cinema. Também o Ir.: Giovani Malevolti escreveu sobre o tema. Portanto, em outras palavras e inspirado no que já foi abordado anteriormente pelos autores já citados, segue o meu relato.

Caso tenhamos uma leitura maçônica sobre a famosa obra infantil do autor, encontramos três instruções nas entrelinhas que para nós são extremamente familiares:

1 – LIBERDADE - Pinóquio quer ser livre;

2 – IGUALDADE -  é o que mais Pinóquio deseja: ser igual aos outros meninos;

 3 – FRATERNIDADE - é o que move a moral da história.

Senão vejamos:

Ao pegar um pedaço de madeira para trabalhar, Mestre Antônio descobre que ela está viva. É bom observar a semelhança: caso fosse um talhador, certamente estaria desbastando a Pedra.    

Nisso recebe uma visita:

- “É Gepeto, um bom homem, porém desprovido de tolerância,” - grita o velhinho ao bater na porta da casa de Mestre Antônio. 

Logo depois Gepeto recebe de presente do Mestre Antônio (que maçonicamente seria um V.M.:) aquela madeira viva. Feliz retorna para sua casa. É um lugar humilde, iluminado com vela, mais parecendo uma câmara de reflexão. E naquela mesinha tosca, Gepeto resolve escrever o seu testamento: “fabricarei uma marionete que se chamará Pinóquio, este nome lhe trará muita sorte”. 

E assim aquele pedaço de madeira, manuseado com habilidade pelo velho marceneiro, vai tomando forma até tornar-se o Pinóquio. Embora feito para ser um boneco de bons costumes, deveria, porém, ficar atento para não ser desviado do caminho do bem. E assim, Gepeto e Pinóquio ficam muito apagados, um ao outro. A história segue. Gepeto é injustamente preso. Enquanto isso, Pinóquio enfrenta uma ventania fria, chuva torrencial e, mais tarde, em casa, um fogo que queimará os seus pés. 

Vejamos a coincidência: AR, ÁGUA, FOGO. Será por acaso?

Gepeto, já livre dos problemas, retorna para casa. Restaura os pés do Pinóquio que então promete não faltar mais as aulas e se comportar bem. 

Gepeto, feliz com a promessa, chega a vender o velho paletó para comprar uma cartilha para Pinóquio estudar. Agora, pensa Gepeto, Pinóquio poderá se transformar num cristão. Daí para frente, a história de Collodi conspira positivamente para o crescimento de Pinóquio. 

Mas, como veremos, Pinóquio ainda passará por situações de AR-ÁGUA-FOGO. Provas que um leitor sem conhecimento maçônico entenderá como AVENTURAS. 

Vai daí que entra na história a Fadinha de Cabelos Azuis que, em outras palavras, representa a Razão (ou seja, a Maçonaria). Como vemos, temos o tempo todo a presença de uma tríade:

 Racionalismo, 

Dever 

Responsabilidade


Mesmo assim, Pinóquio (ah esse Pinóquio!), continua se metendo em confusões. De repente lá está ele, enforcado pelo pescoço, sob a copa de um grande carvalho. A Fadinha bate 3 vezes, dando sinal para salvá-lo. Resolvido o dilema, Pinóquio é recebido numa mansão toda iluminada. E é examinado por 3 médicos para saberem a gravidade do acontecido. O laudo é simples: para se curar e para pertencer aquela bela casa, Pinóquio precisará tomar de uma bebida açucarada e também provar da taça amarga.

Em outras palavras: 

a) a Fada bate 3 vezes 

b) os 3 médicos

c) bebida açucarada e depois a taça amarga

d) que mansão iluminada será essa?


Então, a Fada com feições de menininha, dirá:

 “se você quiser ficar comigo, será meu irmãozinho!” 

Creio que a resposta está dada.

Dando continuidade: Pinóquio, ao ver a Fada pela segunda vez (que agora é uma senhora) manifesta o sonho de ser um menino de verdade. 

Como resposta, ouve que precisará estudar muito, além de passar por algumas provas. A vida continua e o tempo passa. Pinóquio cumpre com a recomendação e faz tudo direitinho. Até que, para sua felicidade, fica sabendo pela Fada que, finalmente, se tornará um menino de carne e osso. Surpreso e feliz Pinóquio sai pela rua, porém novamente se mete em mais outra confusão.  Após as inúmeras traquinagens (ao ponto de ficar com orelhas de burrico e, mais tarde, ver o seu nariz crescer) novamente encontra a trilha do que é bem e recomeça a sua caminhada com retidão. 

Nisso Gepeto se vê em apuros no mar. Pinóquio tenta salvá-lo e é engolido por um tubarão gigantesco. 

Apenas como observação: 

tubarão na obra original, é interessante ressaltar, pois por alguma razão, mais tarde na história é relatada uma baleia.

 A Fada de Cabelos Azuis, agora com a aparência de uma cabra, procura assisti-lo.

- A Fada com aparência de CABRA? Com tantas imagens, Collodi escolheu uma CABRA? Qual a razão?

O interessante é que ao vencer cada uma das provas, Pinóquio fortifica-se e sofre uma gradual melhora – o que maçonicamente podemos chamar de elevação.

Muito bem, voltando para a história, ainda dentro da barriga do tubarão. A escuridão é terrível e Pinóquio sente muito medo. Até que vê um pequeno feixe de luz e começa a segui-lo. A luz vai aumentando, aumentando e de repente é uma imensa claridade!

E assim o boneco alcança a fonte da belíssima luz: é uma mesa muito humilde, com uma vela acesa em cima. Para a sua surpresa, vê Gepeto, todo de branco. E olhando pela janela os dois se emocionam com a imagem de um céu imensamente iluminado por estrelas e uma lua belíssima

– a luz, o céu, as estrelas? Não creio numa coincidência.

E temos aqui o artista salvo pela sua criação, pois Gepeto volta para a vida carregado por Pinóquio.

Assim o menino de madeira retoma para os estudos e passa a trabalhar para o seu pai. Manda o fruto dos seus trabalhos para a Fada que tem necessidade deles. 

- que trabalhos serão?

Até que chega o tão esperado dia. Certa manhã, Pinóquio ao abrir os olhos, descobre que não é mais um boneco de madeira, mas um menino igual aos outros. Corre até o quarto de Gepeto e o encontra bem de saúde e feliz. 

Assim a terceira passagem foi realizada. A iniciação está completa.

A cena termina no Templo, com o Gepeto numa alegria incrível ao ver Pinóquio:

 – a pedra foi desbastada e finalmente polida. 

Do outro lado vê-se o velho boneco de madeira, posto de forma desengonçada, cabeça caída para um lado, pernas dobradas.

E aí, mais uma beleza: 

Pinóquio não sofreu uma mutação, não se tornou um humano. Pelo contrário, um NOVO SER NASCEU e o marionete na cadeira testemunha a beleza dessa mensagem

Finalizando, Collodi coloca numa frase de Pinóquio a singeleza de um Iniciado Maçom: 

“Como eu era engraçado quando marionete! E como estou contente agora que me tornei um menino bom!”

Sem dúvida um final maravilhoso para a bela história infantil. Mas, que para nós, maçons, representa a simbologia de uma verdadeira iniciação.

E, antes que algum Irmão diga que o meu nariz está crescendo tal qual o do Pinóquio, por aqui encerro o meu estudo. 

Mas posso garantir que eles foram felizes para sempre.


                                          

Bibliografia: IIr.: Georgio Manganelli e Giovani Lalevolti


 






AS AVENTURAS DE PINÓQUIO, UM CONTO MAÇONICO - Michael Winetzki



Segundo o historiador maçônico José Castellani, o grau de companheiro é o mais importante da Franco-Maçonaria pois representava o topo da carreira profissional nas guildas construtoras operativas da Idade Média e que evoluíram no século 18 para Maçonaria Especulativa. Do ponto de vista doutrinário mostra o obreiro já completamente formado profissionalmente.

Jovens ingressavam nas oficinas que pertenciam aos chamados mestres de ofício para aprender uma profissão e sua família pagava ao dono da oficina por isso. Depois de diversos anos de duríssimo trabalho, ao adquirir as habilidades especiais necessárias, ele se tornava companheiro, que não era grau, mas denominação de sua qualificação, e poderia sair, se tivesse condições para isso, para montar sua própria oficina.

Naquela longínqua época ser construtor era uma das profissões bem remuneradas pela igreja e pela nobreza, e ser reconhecido como tal era garantia de uma excelente renda e de uma boa vida. Por esta razão, os mestres de obra saíam dos companheiros mais habilidosos e experientes, que ao montarem os seus negócios eram reconhecidos pelos obreiros como seus mestres, veneráveis mestres – Worshipsul Master.

A Grande Loja de Londres foi fundada em 1717 e o grau de Mestre Maçom só surgiria seis anos depois, em uma guilda de músicos e arquitetos, e só seria implantado a partir de 1738. Por isso o grau de companheiro sempre foi o grau doutrinário mais importante da maçonaria desde aquela época.

Diversos autores criaram alegorias sobre o grau de companheiro e uma das mais interessantes foi criada pelo escritor italiano Carlo Collodi em 1882 e imortalizada em desenho animado por Walt Disney em 1940, ambos maçons. Trata-se das “Aventuras de Pinóquio”, a história de um velho mestre artesão, usando sempre um avental, que constrói um boneco de madeira. O trabalho do artesão de dar forma perfeita a um pedaço de madeira é uma alegoria da lapidação da pedra bruta.

Essa história contém ensinamentos de ordem moral e um relato iniciático em que Pinóquio vai abandonando seus defeitos e se torna uma criança, um ser humano puro e perfeito. O relato é o veículo no qual Collodi entrega uma mensagem profundamente espiritual, esotérica e de crescimento pessoal. O conto é uma apologia para a educação e uma denúncia do vício e da ociosidade.

Vamos relembrar a história. O Mestre Gepetto, que usa sempre um avental, sempre sonhou em ter uma criança. Ao ver brilhar no céu a estrela azul, pediu que seu desejo fosse concedido (isto significa entrar em contato com um nível maior de consciência).

Naquela noite, enquanto dormia, apareceu a Fada Azul e deu vida ao boneco, o advertindo que se se comportasse bem, poderia se transformar em um menino de verdade. (a transformação do boneco imperfeito em uma pessoa perfeita é uma ideia iniciática que conhecemos). Mas para auxiliar o boneco em sua tarefa evolutiva, chamou o Grilo Falante para ser a sua consciência (o trabalho de desenvolvimento pessoal e espiritual é uma tarefa da maçonaria.)

Os fios que movem os bonecos marionetes são como os fios dos destinos que movem as pessoas, e o boneco Pinóquio, amoral e estúpido, insensível aos ditames de sua consciência (o Grilo Falante), desconhecia e não praticava as virtudes, e assim como muitos humanos seguia o caminho mais fácil, das paixões e dos vícios. Escravo do ego, não respeita seu pai, não ouve conselhos, foge de casa para acompanhar o circo, se envolve com más companhias, foge das responsabilidades e suas mentiras fazem crescer o nariz e as orelhas de burro, uma alegoria da vaidade e da ignorância que acompanham aqueles com ego hipertrofiado.

Ao fugir da escola diz ao Grilo, (...para ser sincero, não tenho a menor vontade de estudar e me divirto mais correndo atrás de borboletas ou pegando pássaros nos ninhos... a profissão que me agrada é comer, beber, dormir, me divertir e levar o dia inteiro na vagabundagem...).;. A consciência, o Grilo Falante lhe sussurra: “a educação é uma maneira de nos libertar mas se não quer ir à escola, aprende pelo menos um ofício, para poder ganhar honestamente o pão de cada dia... porque todos os que abraçam o ofício que você gosta acabam sempre no hospital ou na cadeia”.

 A alegoria nos mostra que muitos preferem correr atras de luxos e vaidades ou da concupiscência e ensina ao companheiro maçom que é só através do estudo aplicado e dedicado dos rituais, do desenvolvimento do ofício de ser maçom é que podemos conseguir um melhor leque de boas escolhas na vida.

Pinóquio sofre as consequências de suas más ações, a sua vida vai ficando cada vez pior, até que é engolido por uma baleia, a alegoria da Câmara das Reflexões, no escuro, isolado, ele morre simbolicamente para renascer depois. Essa alegoria evoca também a história de Jonas, nas palavras de Mateus 12:40.

“Pois assim como Jonas esteve no ventre do grande peixe por três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem no seio da terra três dias e três noites”. E simbolicamente o Filho do Homem é, como Pinóquio, o filho de um Mestre Carpinteiro.

À luz de uma vela o boneco, no interior do grande peixe, Pinóquio medita sobre o seu destino e decide mudar, abandonando seu passado de inconsequência. Neste momento a baleia o expele para o mar, onde é purificado pela água, mas se afoga no oceano. Essa morte equivale ao do profano ao ser iniciado, como está em João 3:3-10 – Em verdade eu vos digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus....quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus”.

E no final da história, ápice do sentido simbólico e iniciático deste conto, Pinóquio, renascido, como o maçom após a iniciação, se arrepende e amadurece vai adquirir uma humanidade plena, ou seja, ser um menino de verdade, tendo deixado seus vícios e adquirido virtudes que vai levar pelo resto de sua verdadeira vida. O filósofo e historiador napolitano Benedetto Croce disse:- “a madeira com a qual Pinóquio foi esculpido é a própria humanidade” e cabe a maçonaria fazer a transformação dos homens informes em homens melhores, cavando masmorras ao vício e levantando templos à virtude.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

 

 

 

 

 

 

 

 

novembro 22, 2022

O QUE É YESHIVÁ - Rogerio




Yeshivá é um local onde judeus se reúnem para estudar Torá e as tradições rabínicas. Originalmente referia-se a uma academia para alunos avançados, hoje o termo também se refere a escolas primárias judaicas, onde estudos judaicos compõem uma parte significativa do currículo.

História da Yeshivá

Segundo a tradição, a instituição da yeshivá antecedeu até mesmo a entrega da Torá. Shem e Eber, respectivamente filho e neto de Noach, lideraram uma yeshivá, na qual Avraham, 1 Yitschac, 2 e Yaacov 3 estudaram lá. Assim, antes de Yaacov e sua família se mudarem para o Egito, ele enviou Yehudá para estabelecer uma yeshivá também.4

Após a outorga da Torá, a yeshivá tornou-se o local onde a Torá e as tradições orais eram transmitidas de geração em geração. Durante a era do Segundo Templo, houve grandes yeshivot lideradas pelos grandes sábios da época.

Os ensinamentos dessas academias foram registrados na Mishná, Midrash, Guemara e outros textos daquele período. Isso continuou mesmo após o povo judeu ter sido exilado. Como a comunidade judaica na Terra Santa diminuiu, as yeshivot de Bavel (atual Irã e Iraque) se destacaram como centros de erudição judaica.

Durante o período dos Rishonim (aproximadamente 1000-1500 EC) foram substituídas por yeshivot na Espanha (Sepharad) e na França-Alemanha (Ashkenaz). Em muitas comunidades, o rabino da cidade também liderou uma yeshivá. Estes eram frequentemente assuntos ad hoc, nos quais os alunos estudavam em um pequeno anexo à casa do rabino ou adjacente à sinagoga local.

O Movimento Yeshivá

Ao longo do século XIX, uma nova onda de yeshivot foi aberta na Europa Central e Oriental. Com funcionários oficiais, currículos e salas de estudo, eles infundiram o estudo da Torá com propósito, dedicação e orgulho.

Exemplos notáveis incluem Yeshivá de a Volozhin - um modelo que foi duplicado por toda a Lituânia, e a Yeshivá de Pressburg - no que é hoje Bratislava - que deixou uma marca indelével nos judeus austro-húngaros.

Em 1896, o Rabino Shalom Dov Ber Schneersohn, o quinto Rebe de Chabad, abriu uma única yeshivá na cidade russa de Lubavitch, onde, além das longas horas dedicadas ao Talmud e à lei judaica, uma parte significativa do dia foi dedicada ao estudo dos ensinamentos chassídicos. Esta yeshivá gerou muitas yeshivot de Chabad espalhadas no mundo todo (incluindo a rede subterrânea de yeshivot de Chabad que operava na União Soviética).

Termos Importantes da Yeshivá

Mesivta: A palavra aramaica para Yeshivá é metivta (ou mesivta na pronúncia Ashkenazi). Em muitos círculos, o mesivta pode ser usado como um nome próprio como parte do nome de uma dada yeshivá, mas não é usado como um termo genérico que se refere a um local de estudo da Torá. Na linguagem Chabad, mesivta se refere a uma Yeshivá ketaná (“pequena yeshivá”) para estudantes mais jovens do ensino médio.

Beit Midrash: Beis medrash, na pronúncia Ashkenazi, significa “casa de estudo”. Ao contrário da sinagoga, onde a atividade principal é rezar, o beit midrash é usado principalmente para o estudo da Torá, embora a oração também aconteça lá. Além de se referir ao local dedicado aos estudos, ele geralmente se refere a uma yeshivá para alunos mais velhos do ensino médio, também conhecida como “yeshivá guedolá” (“grande yeshivá”).

Colel: Literalmente “coletivo”, um Colel é um programa de yeshivá para homens casados, que frequentemente recebem um pequeno salário para que possam se dedicar ao estudo da Torá.

Quem é Quem na Yeshivá?

Rosh Yeshivá: A “cabeça da academia”, o Rosh Yeshivá pode ensinar a todos os alunos ou apenas aos estudiosos mais talentosos.

Mashguiach: O “supervisor” é responsável pelo desempenho e bem-estar dos alunos da yeshivá. Em algumas yeshivot, o mashgiach pode se dirigir aos estudantes regularmente.

Mashpia: No sistema da yeshivá Chabad, muitas das responsabilidades associadas ao mashguiach estão no domínio do mashpia (“doador”) que fornece orientação em questões de progresso espiritual e desenvolvimento pessoal, além de ensinar aos alunos textos chassídicos.

Menahel: O diretor pode ser responsável por admissões de estudantes, logística, decisões políticas e, geralmente, garantir que tudo esteja funcionando bem.

Talmid: Palavra hebraica para "estudante", o talmid é a espinha dorsal da Yeshivá e a razão de sua existência.

Isso pode ser dividido em duas categorias:

Avreich: hebraico para "peer", refere-se a um companheiro de Colel.

Bochur: Alternativamente traduzido como “jovem” ou “escolhido”, refere-se especificamente a um estudante solteiro.

NOTAS

1. Yoma 58b.

2. Jerusalem Targum para Bereshit 24:62.

3. Bereshit Rabá 63:27.

4. Bereshit Rabá 95:3. Presumivelmente, embora a Torá não tivesse sido “dada”, eles estudaram o conhecimento e a instrução Divina como comunicados a Adam, Noach e outros.