A QUESTÃO DO USO - Heitor Rodrigues Freire


Desde o princípio, tudo que existe já foi criado. Já é.

O que acontece é que o conhecimento de tudo foi sendo paulatinamente apreendido pelo ser humano. O ser humano é um ser em construção. Na medida em que cada um se conscientizar disso de forma continuada, estando presente, a coisa muda, porque começa o aprendizado.

O homem foi dotado por Deus de muitos atributos para se desenvolver e contribuir com sua inteligência, capacidade e compromisso com a evolução da humanidade, como a consciência e o discernimento. Os demais foram sendo adquiridos, como a fé, a esperança, o amor, a gratidão, o desapego, a vontade.

A fé, que não é crença, é fidelidade, deve, naturalmente, ser confirmada pela coerência entre o que se diz e o que se faz. Caso contrário, ela não faz sentido. A esperança – que não morre nunca –, é o fator de alimentação permanente da fé.

De um modo geral as pessoas procuram algo grandioso, algo espetacular, e não enxergam o óbvio. É preciso ver o óbvio e nele descobrir as nossas raízes, usando o discernimento – o primeiro passo na evolução espiritual – para encontrar o sentido daquilo que parece complexo, mas, que na realidade, é simples. E para isso é necessário entender que a pressa, a preguiça e a pressão, associadas à arrogância e ao interesse, não nos levam a lugar nenhum, pelo contrário. O óbvio é viver no presente, sem nos preocupar com o passado e sem temer o futuro, porque este é construído a partir do agora. O óbvio é a simplicidade, gerando o despertar da consciência.

Outro ponto a destacar e que é fundamental é o cumprimento daquilo que se prometeu. Ninguém é obrigado a se comprometer, mas feito isso, obriga-se pela palavra ao seu cumprimento.

A partir do momento em que se entende o poder e o significado da palavra, se sente, inicialmente, uma frustração decorrente do tempo desperdiçado e que não volta, mas quando se compreende verdadeiramente, podemos dizer à semelhança de Chico Xavier: “Não podemos mudar o começo, mas podemos fazer um novo fim”.

O amor, também como descoberta, é a maior força do universo. Ou seja, em outras palavras, o coração (sentimento) é muito mais forte do que o pensamento. E na medida em que aprendermos a usar a energia do coração, poderemos conquistar tudo o que quisermos.

Durante muito tempo houve a prevalência do pensamento sobre o sentimento, ou da razão sobre a emoção. Quando se entende isso, ou seja, a prevalência do sentimento, do amor, sobre o pensamento, tudo começa a mudar.

O coração, o altar da consciência, é o principal gerador de campos elétricos e magnéticos do corpo humano: é milhares de vezes mais poderoso do que o cérebro, ou seja, o amor é a força mais poderosa do universo. Os monges, nos mosteiros do Tibete, confirmam isso, que descobriram há milênios. A manifestação do amor nos conduz à gratidão.

Assim chegamos à conclusão de que o sentimento é mais forte e importante do que o pensamento. Agora, quando a isso se acrescenta a vontade – mais uma descoberta –, esta faz com que o sentimento e o pensamento atuem de forma trina, conjunta, sistemática e contínua.

O ser humano começa a despertar e a se conhecer, aprendendo a utilizar todos os mecanismos que o Pai Altíssimo colocou a seu dispor desde o princípio.

Tudo vai depender do que se aprende, e, principalmente, do que se entende e se pratica, da continuidade, porque sem continuidade não há progresso permanente e eterno, o que acaba gerando uma transformação no ser. E leva ao desapego, à libertação de tudo.

No meio de tudo isso, temos que vencer o ego que, teimosamente, coloca dúvida em tudo, exatamente para nos tirar do caminho da evolução, gerando a preocupação com a falha, criando uma insegurança que, muitas vezes, acaba prevalecendo, colocando todo o trabalho anterior em perda.

Assim, se não colocarmos em uso o que aprendemos, de nada adiantará todo o esforço realizado. 

A lei de uso determina que o conhecimento e a riqueza devem circular. É uma lei cósmica eterna e permanente. Essa lei foi postulada por Hermes Trismegisto, que viveu no Egito Antigo e legou para a humanidade todo um conjunto de conhecimento e sabedoria. 

Enfim, sabendo usar, não vai faltar!


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