ÉRAMOS SETE - Roberto Ribeiro Reis



Sob a regência de um Venerável Mestre, cuja sabedoria e serenidade eram inatas, desfrutávamos de reuniões incríveis, regadas a boas instruções e um agradabilíssimo clima de fraternidade. Ao som de seu malhete, a 𝙡𝙪𝙯 𝙨𝙚 𝙚𝙨𝙥𝙖𝙧𝙜𝙞𝙖 soberana e de uma claridade inenarrável.

Os Aprendizes esboçavam ânimo e 𝙙𝙞𝙨𝙥𝙤𝙨𝙞𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙙𝙚 𝙩𝙧𝙖𝙗𝙖𝙡𝙝𝙖𝙧, porquanto conduzidos pelo primeiro vigilante, que lhes ensinava, simultaneamente, a arte do silêncio, bem como a hora ideal em que cada um poderia se pronunciar em Loja. Tudo feito com distinta elegância e um tratamento de invejável lhaneza.

À segunda vigilância cabia a 𝙚𝙭𝙤𝙧𝙩𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙖̀ 𝙗𝙚𝙡𝙚𝙯𝙖 da obra do Criador, concitando os Companheiros a admirarem o resultado de sua dedicação, enamorando a pedra cúbica, fruto inevitável aos Geômetras que sabem aplicar sua Gnose, com a Genialidade necessária. Que essa 𝙂𝙚𝙤𝙢𝙚𝙩𝙧𝙞𝙖 𝘿𝙞𝙫𝙞𝙣𝙖 se espalhe por muitas Gerações, através do incansável labor dos companheiros.

A 𝙚𝙨𝙩𝙧𝙚𝙡𝙖 𝙛𝙡𝙖𝙢𝙚𝙟𝙖𝙫𝙖 ao sul, e sua resplandecência era tamanha que inspirava o Orador a discursar sobre a Misericórdia Maior do Supremo Arquiteto, e sobre o Seu 𝘼𝙢𝙤𝙧 𝙄𝙣𝙘𝙤𝙣𝙙𝙞𝙘𝙞𝙤𝙣𝙖𝙡 para com todos nós, independente das reincidentes transgressões que cometemos, diariamente, em nossas vidas.

Todos os Mestres ficavam embevecidos e extasiados pela 𝙚𝙜𝙧𝙚́𝙜𝙤𝙧𝙖 𝙨𝙪𝙩𝙞𝙡 que ali era formada. Não havia azo para o ingresso de vibrações inferiores, e os sentimentos vulgares já haviam sido defenestrados ainda na Sala dos Perdidos Passos.

A essa altura, sob o deslumbre de um 𝙛𝙞𝙧𝙢𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙖𝙯𝙪𝙡 𝙘𝙚𝙡𝙚𝙨𝙩𝙚, recheado de astros e de estrelas, o Secretário tinha a digna e perfeccionista missão de tudo relatar, minuciosamente, para que aquela sessão entrasse para os anais daquela Loja como sendo Justa e Perfeita.

Todas as 𝙚𝙛𝙚𝙢𝙚́𝙧𝙞𝙙𝙚𝙨 eram devidamente 𝙘𝙝𝙖𝙣𝙘𝙚𝙡𝙖𝙙𝙖𝙨, como forma de valorizar aos Irmãos, cunhadas e sobrinhos, numa demonstração de inequívoco apreço e substancial afeto. Nada passava despercebido para o Irmão cujos cuidados e memória saltavam aos nossos olhos.

O metal depositado na Bolsa de Benevolência era tão farto, que se assemelhava às generosas doações ofertadas nos gazofilácios, como no 𝙏𝙚𝙢𝙥𝙡𝙤 𝙙𝙚 𝙅𝙚𝙧𝙪𝙨𝙖𝙡𝙚́𝙢. Ou seja, a beneficência era algo imprescindível, por cujo meio os Irmãos socorriam às aflições do próximo, num gesto de mais puro amor e altruísmo.

Éramos sete irmãos que tornávamos –ritualisticamente- a Loja Justa e Perfeita. Só o fazíamos porque 𝙩𝙤𝙙𝙤𝙨 𝙤𝙨 𝙙𝙚𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙊𝙗𝙧𝙚𝙞𝙧𝙤𝙨 𝙣𝙤𝙨 𝙖𝙪𝙭𝙞𝙡𝙞𝙖𝙫𝙖𝙢, com a mesma mestria e importância, nesse Sagrado Ofício. Não havia distinções entre nenhum dos Pedreiros, em razão de ocupação ou não de cargo.

O que chamejava em nossos Augustos Trabalhos era um 𝙖𝙧𝙙𝙤𝙧 𝙙𝙞𝙫𝙞𝙣𝙤, que foi capaz de nos fortalecer, de nos manter unidos, e de fazer verter em nós a vida em sua plenitude e abundância. A bem da verdade, não éramos somente sete. Éramos “𝙨𝙚𝙩𝙚 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙣𝙨 𝙚 𝙢𝙖𝙞𝙨”...



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