abril 30, 2024

450.000 ACESSOS A ESTE BLOG


Ao apagar das luzes deste mês de abril, este modesto blog ultrapassa as 450.000 visualizações, com a média de 16.000 acessos mensais, para um publico específico e limitado, o que o transforma com certeza em um dos blogs mais vistos do país.

Sei que muitas Lojas tem usado como material de trabalho as nossas postagens, de autoria de alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros e de irmãos anônimos, cujo talento e cultura nos permite este reconhecimento.

Recebo em torno de 50 mensagens por dia, e só posso escolher duas, no máximo três. Mais do que isso a leitura ficaria cansativa, de forma que artigos tão bons quanto os publicados ficam na prateleira, em compasso de espera. 

Apesar do trabalho que dá, e que não é pouco, fico feliz por contribuir com a divulgação da cultura brasileira, e se ainda não deu para tornar feliz a humanidade, eu me esforço para tornar felizes os irmãos leitores.

Caloroso TFA

VISITA A ARLS FRATERNIDADE OSASQUENSE 823 - OSASCO



A convite do irmão e amigo Nivaldo Zorzan visitei ontem, 29/04, a ARLS Fraternidade Osasquense n. 823, em Osasco, uma das maiores e mais ricas cidades do Estado de São Paulo.

Foi uma sessão de iniciação, conduzida de maneira leve e precisa pelo Venerável Mestre Robnelio da Silva Lima, com a presença de visitantes de diversas Lojas da região e do Delegado do Grão Meste do 1o Distrito da 22a região da Glesp, irmão Alessandro Zahotei, que entrou também no clima de simpatia que prevaleceu em uma cerimônia solene, porque o novo candidato, depois aprendiz, estava entrando em uma Loja onde seu pai, o orador da noite, e seu irmão carnal, que também ocupou cargo, já participavam.

Notável foi a integração dos irmãos, tanto no Templo, quanto no churrasco que se seguiu. Eles não se sentavam, ficavam todos em pé, circulando entre os diversos grupos que se formavam e criando um clima de simpatia e bom humor. 

A MEMÓRIA - Adélia Prado


A memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos.

Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.

Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis.

Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem.

Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.

A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são escancarados de alguma maneira.

Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de você – foi o fundo musical de um amor, ou a trilha sonora de uma fossa – e mesmo que tenham se passado anos, sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações; alguma parte de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época.

Amigos verdadeiros têm a capacidade de se eternizar dentro da gente. É comum ver amigos da juventude se reencontrando depois de anos – já adultos ou até idosos – e voltando a se comportar como adolescentes bobos e imaturos.

Descobrimos que o tempo não passa para a memória. Ela eterniza amigos, brincadeiras, apelidos.

Mesmo que por fora restem cabelos brancos, artroses e rugas.

A memória não permite que sejamos adultos perto de nossos pais. Nem eles percebem que crescemos. Seremos sempre as crianças, não importa se já temos 30, 40 ou 50 anos.

Pra eles, a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das estórias contadas ao cair da noite ... Ainda são muito recentes, pois a memória amou, e aquilo se eternizou.

Por isso é tão difícil despedir-se de um amor ou alguém especial que por algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas.

Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor.

Mas aquilo que amamos tem vocação para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em quando.

Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que amamos pode ser facilmente reativado por novos gatilhos: somos traídos pelo enredo de um filme, uma música antiga, um lugar especial.

Do mesmo modo, somos memórias vivas na vida de nossos filhos, cônjuges, ex-amores, amigos, irmãos.

E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram.


Adélia Prado em Aroma de Poesia

A LUZ COM TRES GOLPES DE MALHETE - Bruno Oliveira


O seu nome era Dias, e nem o sabia, mas pertence àquela categoria nominada de Maçons sem avental.  Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano.

O primeiro golpe foi dado em uma de suas aulas onde o tema era o Livre-Arbítrio de Santo Agostinho, é interessante notarmos que a grande maioria de nós utiliza o conceito de Livre – Arbítrio como o poder de tomar decisões ou com a ousadia de fazer o que lhe convir.

Afinal somos livres para isso não? Livres e de bons costumes, um de nossos pré-requisitos. Mas fomos além, ao deparar-me bebendo direto da fonte que o livre-arbítrio na verdade é a prática de boas ações que nos deixam mais próximos ao GADU. Explico, se cedermos as nossas vontades, que vem de nossos instintos, automaticamente saímos do ciclo virtuoso das boas ações e rumamos ao ciclo vicioso, a vontade todos temos, a questão é ter a “intenção de” o querer... Podemos ter vontade de tudo, é natural, porém devemos querer as boas ações, as virtudes, sempre que fomos fracos no combate aos nossos vícios e paixões perderemos o livre-arbítrio. Aquilo havia me deixado reflexivo durante semanas.

O Segundo Golpe, ao contrário do primeiro que fez as marcações necessárias em minha pedra bruta, realmente tirou com a força necessária as lascas como um antigo pedreiro operativo fazia nos canteiros de obras em tempos mais antigos, de uma conotação mais espiritual, senti que aquela aula, laica como deve ser o ensino, mas carregada de uma profunda espiritualidade que a todos envolveu. Refletimos sobre o GADU e como é a RELIGIÃO que ao menos na tese deveria nos RE – Ligar com nosso criador, a realidade constatamos em diversos prismas é realmente diferente, o frio cortante do cinzel nos atingiu quando fomos levados a refletir sobre o quão seria ilógico rogarmos pedindo algo a um Ser Onisciente, que seria o mesmo que mandar uma mensagem não estaria cumprindo sua função cabida. E se e quando entendermos realmente a magnitude e profundidade do SER, do nosso existir, da quão sagrada e ao mesmo tempo efêmera é a vida, não teremos coragem de pedir mais nada. Vejam que para quem tem uma formação Católica Romana isso abala as estruturas de crenças e culturas, não que o era fortemente, mas havia resquícios. Meu espanto foi que ao buscar na memória de minhas leituras no Livro da Lei, constatei que as mais belas e poderosas orações eram Louvando ou Agradecendo ao GADU, dificilmente alguma Oração Pedindo para si.

Impactado questionei aquele Mestre sobre a inconsistência dessa reflexão como não poderia um pai pedir a Força Criadora do Universo que não salve o seu filho de uma grave enfermidade? No qual ele me respondeu com a atitude de erguer uma cadeira no ar e soltando-a deixando cair, com olhos perplexos em sua direção, ele nos perguntou se a cadeira caiu e disse que ao cair nada mais fez que sua função enquanto cadeira no ar, cair.

Uma analogia para que se cumprimos nossa função enquanto SER, uma cadeira é uma cadeira nem o deseja deixar de ser, logo cumprira sua função enquanto a for. O homem morrer é um BEM, pois todo ser vivo é natural que um dia morra. Se algo não segue a lei natural isso estaria errado, logo um MAL.

Dizem que uma aula boa é aquela que mexe com o espirito do aprendiz, essa com certeza o fez, e terminou dizendo que era apenas um ponto de vista e que antes de concordarmos ou não, termos fé ou não, usássemos a consciência da existência e poderes do GADU e que sempre que algo que julgássemos ruim ou bom nos acontecesse Louvássemos e Agradecêssemos ao Senhor, feito isso um canal seria restabelecido, fica aqui minha deixa para cada um fazer a sua experiência nisso, a minha se foi positiva ou não já é respondia por essa prancha.

O Terceiro Golpe deu beleza, com o espírito mais calmo, as reflexões foram em torno de São Tomás de Aquino, que dizia que antes de crermos temos que compreender ao contrário de Agostinho, material para vários trabalhos. A questão era O Bem e o Mal, a elucidação de que o Bem é o processo de sermos o que somos nem o desejarmos deixar de ser obtido pelas práticas de boas ações que nos aproximam do GADU, porém incomodado novamente questionei como pode alguém ser feliz com a partida de alguém que ama.

Abriu-se uma nova abstração, o que é Felicidade? Contrário de Infelicidade. Alegria? Contrário de Triste. Foram refletidos diversos relatos de pessoas Alegres, mas infelizes como o caso de suicídio do ator Robin Willians que contagiava a todos com sua alegria, mas era infeliz pois realizou seu desejo de deixar de ser quem o era, tirando a própria vida.

Um ente querido ao partir para o oriente eterno pode deixar os familiares tristes, mas felizes, pois, a tristeza pela falta de um ente querido, mas a felicidade como resultado da compreensão que o Bem foi feito e cumprido em seu sentido natural. Profundo e complexo, mas nem por isso uma inverdade.

Bem e mal são representados por alegorias na descrição onde Adão e Eva consome o fruto da arvore da Compreensão, da sabedoria, onde se deu o pecado original que não é a sabedoria em si, mas o pecado original do homem começa quando o homem começou a determinar o que é “Bem” e “Mal” segundo a sua perspectiva, daí resulta o sofrimento e angústia pois como coloca Kant o homem não é capaz de determinar um fato imparcialmente, com neutralidade sem essa estar embebida em sua própria realidade. O Bem está ligado ao GADU tudo que for fora e contrário a ele não foi criado por este, mas sim é a ausência como o frio é a ausência do calor.

Como eterno aprendizes que somos, acredito que não lapidei a minha pedra, mas umas de minhas pedras, e que podemos tirar lições de uma simples aula a mais complexas reflexões, que possamos nos aperfeiçoar cada vez mais na construção de nosso templo interior e que acima de tudo utilizemos a vida como nosso canteiro de obra.


“All in all you were all just bricks in the wall” (Pink Floyd)


Ir. Bruno Oliveira


abril 29, 2024

UM VESTIDO NOVO PARA UM ÓDIO ANTIGO - Pilar Rahola


O rotulo e o slogan prevalecem em relação a visão critica, a intolerancia e o preconceito demarcam um relativismo aetico de uma ex-querda que perdeu a capacidade de sonhar e a utopia foi reduzida a frangalhos

Segunda-feira à noite, em Barcelona. No restaurante, uma centena de advogados e juizes. Eles se encontraram para ouvir minhas opiniões sobre o conflito do Oriente Médio. Eles sabem que eu sou um barco heterodoxo, no naufrágio do pensamento único, que reina em meu país, sobre Israel. Eles querem me escutar. Alguém razoável como eu, dizem, por que se arrisca a perder a credibilidade, defendendo os maus, os culpados? Eu lhes falo que a verdade é um espelho quebrado, e que todos nós temos algum fragmento. E eu provoco sua reação: "todos vocês se sentem especialistas em política internacional, quando se fala de Israel, mas na realidade não sabem nada. Será que se atreveriam a falar do conflito de Ruanda, da Caxemira, da Chechenia?".

Não. São juristas, sua área de atuação não é a geopolítica. Mas com Israel se atrevem a dar opiniões. Todo mundo se atreve. Por quê? Porque Israel está sob a lupa midiática permanente e sua imagem distorcida contamina os cérebros do mundo. E, porque faz parte da coisa politicamente correta, porque parece solidariedade humana, porque é grátis falar contra Israel. E, deste modo, pessoas cultas, quando lêem sobre Israel estão dispostas a acreditar que os judeus têm seis braços, como na Idade Média, elas acreditavam em todo tipo de barbaridades. Sobre os judeus do passado e os israelenses de hoje, vale tudo.

A primeira pergunta é, portanto, por que tanta gente inteligente, quando fala sobre Israel, se torna idiota. O problema que temos, nós que não demonizamos Israel, é que não existe debate sobre o conflito, existe rótulo; não se troca ideias, adere-se a slogans; não desfrutamos de informações sérias, nós sofremos de jornalismo tipo hambúrguer, fast food, cheio de preconceitos, propaganda e simplismo.

O pensamento intelectual e o jornalismo internacional renunciaram a Israel. Não existem. É por isso que, quando se tenta ir mais além do pensamento único, passa-se a ser o suspeito, o não solidário e o reacionário, e o imediatamente segregado. Por quê? Eu tento responder a esta pergunta há anos: por quê? Por que de todos os conflitos do mundo, só este interessa? Por que se criminaliza um pequeno país, que luta por sua sobrevivência? Por que triunfa a mentira e a manipulação informativa, com tanta facilidade? Por que tudo é reduzido a uma simples massa de imperialistas assassinos? Por que as razões de Israel nunca existem? Por que as culpas palestinas nunca existem? Por que Arafat é um herói e Sharon um monstro? Em definitivo, por que, sendo o único país do mundo ameaçado com a destruição é o único que ninguém considera como vítima?

Eu não acredito que exista uma única resposta a estas perguntas. Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito. Se, além disso, nós aceitarmos que ser anti-Israel é a nova forma de ser antissemita, concluímos que mudaram as circunstâncias, mas se mantiveram intactos os mitos mais profundos, tanto do antissemitismo cristão medieval, como do antissemitismo político moderno. E esses mitos desembocam no que se fala sobre Israel. Por exemplo, o judeu medieval que matava as crianças cristãs para beber seu sangue, se conecta diretamente com o judeu israelense que mata as crianças palestinas para ficar com suas terras. Sempre são crianças inocentes e judeus de intenções obscuras.

Por exemplo, a ideia de que os banqueiros judeus queriam dominar o mundo através dos bancos europeus, de acordo com o mito dos Protocolos (dos Sábios de Sião), conecta-se diretamente com a ideia de que os judeus de Wall Street dominam o mundo através da Casa Branca. O domínio da imprensa, o domínio das finanças, a conspiração universal, tudo aquilo que se configurou no ódio histórico aos judeus, desemboca hoje no ódio aos israelenses. No subconsciente, portanto, fala o DNA antissemita ocidental, que cria um eficaz caldo de cultura. Mas, o que fala o consciente? Por que hoje surge com tanta virulência uma intolerância renovada, agora centrada, não no povo judeu, mas no estado judeu? Do meu ponto de vista, há motivos históricos e geopolíticos, entre eles o sangrento papel soviético durante décadas, os interesses árabes, o antiamericanismo europeu, a dependência energética do Ocidente e o crescente fenômeno islâmico.

Mas também surge de um conjunto de derrotas que nós sofremos como sociedades livres e que desemboca em um forte relativismo ético. Derrota moral da esquerda. Durante décadas, a esquerda ergueu a bandeira da liberdade, onde houvesse injustiça, e foi a depositária das esperanças utópicas da sociedade. Foi a grande construtora do futuro. Apesar da maldade assassina do stalinismo ter afundado essas utopias e ter deixado a esquerda como o rei que estava nu, despojado de trajes, ela conservou intacta sua auréola de lutadora, e ainda dita as regras do que é bom e ruim no mundo. Até mesmo aqueles que nunca votariam em posições de esquerda, concedem um grande prestígio aos intelectuais de esquerda, e permitem que sejam eles os que monopolizam o conceito de solidariedade. Como fizeram sempre. Deste modo, os que lutavam contra Pinochet, eram os lutadores pela liberdade, mas as vítimas de Castro são expulsas do paraíso dos heróis e transformadas em agentes da CIA, ou em fascistas disfarçados.

Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito.

Eu me lembro, perfeitamente, como, quando era jovem, na Universidade combativa da Espanha de Franco, ler Solzhenitsyn era um horror! E deste modo, o homem que começou a gritar contra o buraco negro do Gulag stalinista, não pôde ser lido pelos lutadores antifranquistas, porque não existiam as ditaduras de esquerda, nem as vítimas que as combatiam.

Essa traição histórica da liberdade se reproduz no momento atual, com precisão matemática. Também hoje, como ontem, essa esquerda perdoa ideologias totalitárias, se apaixona por ditadores e, em sua ofensiva contra Israel, ignora a destruição de direitos fundamentais. Odeia os rabinos, mas se apaixona pelos imãs; grita contra o Tzahal (Exército israelense), mas aplaude os terroristas do Hamas; chora pelas vítimas palestinas, mas rejeita as vítimas judias; e, quando se comove pelas crianças palestinas, só o faz se puder acusar os israelenses. Nunca denunciará a cultura do ódio, ou sua preparação para a morte, ou a escravidão que suas mães sofrem. E enquanto iça a bandeira da Palestina, queima a bandeira de Israel.

Um ano atrás, eu fiz as seguintes perguntas no Congresso do AIPAC (Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel) em Washington: "Que profundas patologias alijam a esquerda de seu compromisso moral? Por que nós não vemos manifestações em Paris, ou em Barcelona, contra as ditaduras islâmicas? Por que não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres muçulmanas? Por que eles não se manifestam contra o uso de crianças-bomba, nos conflitos onde o Islã está envolvido? Por que a esquerda só está obcecada em lutar contra duas das democracias mais sólidas do planeta, e as que sofreram os ataques mais sangrentos, os Estados Unidos e Israel?”

Porque a esquerda, que sonhou utopias, parou de sonhar, quebrada no muro de Berlim do seu próprio fracasso. Já não tem ideias, e sim slogans. Já não defende direitos, mas preconceitos. E o preconceito maior de todos é o que tem contra Israel. Eu acuso, portanto, de forma clara: a principal responsabilidade pelo novo ódio antissemita, disfarçada de posições anti-Israel, provém desses que deveriam defender a liberdade, a solidariedade e o progresso. Longe disto, eles defendem os déspotas, esquecem suas vítimas e permanecem calados perante as ideologias medievais que querem destruir a civilização. A traição da esquerda é uma autêntica traição à modernidade.

Derrota do jornalismo. Temos um mundo mais informado do que nunca, mas nós não temos um mundo melhor informado. Pelo contrário, os caminhos da informação mundial nos conectam com qualquer ponto do planeta, mas eles não nos conectam nem com a verdade, nem com os fatos. Os jornalistas atuais não precisam de mapas, porque têm o Google Earth, eles não precisam saber história, porque têm a Wikipedia. Os jornalistas históricos que conheciam as raízes de um conflito, ainda existem, mas são espécies em extinção, devorados por este jornalismo tipo hambúrguer, que oferece fast food de notícias, para leitores que querem fast food de informação.

Israel é o lugar mais vigiado do mundo e, ainda assim, o lugar menos compreendido do mundo. Claro que, também influencia a pressão dos grandes lobbys dos petrodólares, cuja influência no jornalismo é sutil, mas profunda. Qualquer mídia sabe que se falar contra Israel não terá problemas. Mas, o que acontecerá se criticar um país islâmico? Sem dúvida, então, sua vida ficará complicada. Não nos confundamos. Parte da imprensa, que escreve contra Israel, se veria refletida na frase afiada de Goethe: "Ninguém é mais escravo do que aquele que se acha livre, sem sê-lo". Ou também em outra, mais cínica de Mark Twain: "Conheça primeiro os fatos e logo os distorça quanto quiser".

Derrota do pensamento crítico. A tudo isto, é necessário somar o relativismo ético, que define o momento atual, e que é baseado, não na negação dos valores da civilização, mas na sua banalização. O que é a modernidade?

Pessoalmente a explico com este pequeno relato: se eu me perdesse em uma ilha deserta, e quisesse voltar a fundar uma sociedade democrática, só necessitaria de três livros: as Tábuas da Lei, que estabeleceram o primeiro código de comportamento da modernidade. "O não matarás, não roubarás", fundou a civilização moderna. O código penal romano. E a Declaração dos Direitos Humanos. E com estes três textos, começaríamos novamente. Estes princípios que nos endossam como sociedade, são relativizados, até mesmo por aqueles que dizem defendê-los. "Não matarás", depende de quem seja o objeto, pensam aqueles que, por exemplo, em Barcelona, se manifestam aos gritos a favor do Hamas.

"Vivam os direitos humanos", depende de a quem se aplica, e por isso milhões de mulheres escravas não preocupam. "Não mentirás", depende se a informação for uma arma de guerra a favor de uma causa. A massa crítica social se afinou e, ao mesmo tempo, o dogmatismo ideológico engordou. Nesta dupla mudança de direção, os fortes valores da modernidade foram substituídos por um pensamento fraco, vulnerável à manipulação e ao maniqueísmo.

Derrota da ONU. E com ela, uma firme derrota dos organismos internacionais, que deveriam cuidar dos direitos humanos, e que se tornaram bonecos destroçados nas mãos de déspotas. A ONU só serve para que islamofascistas, como Ahmadinejad, ou demagogos perigosos, como Hugo Chávez, tenham um palco planetário de onde cuspir seu ódio. E, claro, para atacar Israel sistematicamente. A ONU, também, vive melhor contra Israel.

Finalmente, derrota do Islã. O Islã das luzes sofre hoje o ataque violento de um vírus totalitário, que tenta frear seu desenvolvimento ético. Este vírus usa o nome de D'us para perpetrar os horrores mais inimagináveis: apedrejar mulheres escravizá-las, usar grávidas e jovens com atraso mental como bombas humanas, educar para o ódio, e declarar guerra à liberdade. Não esqueçamos, por exemplo, que nos matam com celulares conectados, via satélite, com a Idade Média. Se o stalinismo destruiu a esquerda, e o nazismo destruiu a Europa, o fundamentalismo islâmico está destruindo o Islã. E também tem, como as outras ideologias totalitárias, um DNA antissemita. Talvez o antissemitismo islâmico seja o fenômeno intolerante mais sério da atualidade, e não em vão afeta mais de 1,3 bilhões de pessoas educadas, maciçamente, no ódio ao judeu.

Na encruzilhada destas derrotas, se encontra Israel. Órfão de uma esquerda razoável, órfão de um jornalismo sério e de uma ONU digna, e órfão de um Islã tolerante, o Estado de Israel sofre com o paradigma violento do século XXI: a falta de compromisso sólido com os valores da liberdade. Nada é estranho. A cultura judaica encarna, como nenhuma outra, a metáfora de um conceito de civilização que hoje sofre ataques por todos os flancos. Vocês são o termômetro da saúde do mundo. Sempre que o mundo teve febre totalitária, vocês sofreram. Na Idade Média fascismo europeu, no fundamentalismo islâmico. Sempre, o primeiro inimigo do e confusão social, Israel encarna, na própria carne, o judeu de sempre.

Um pária de nação entre as nações, para um povo pária entre os povos. É por isso que o antissemitismo do século XXI foi vestido com o disfarce efetivo da crítica anti-Israel. Toda crítica contra Israel é antissemita? Não. Mas, todo o antissemitismo atual transformou-se no preconceito e na demonização contra o Estado Judeu. Um vestido novo para um ódio antigo.

Benjamim Franklin disse: "Onde mora a liberdade, lá é a minha pátria". E Albert Einstein acrescentou: "A vida é muito perigosa. Não pelas pessoas que fazem o mal, mas por aquelas que ficam sentadas vendo isso acontecer".

Este é o duplo compromisso aqui e hoje: nunca se sentar vendo o mal passar e defender sempre as pátrias da liberdade.


Pilar Rahola I. Martínez Nasceu em 21/10/1958 é jornalista e escritora catalã, com formação política e MP. Estudou Espanhol e Filosofia Catalã na Universidade de Barcelona. Possui vários livros e artigos publicados, palestrante internacional requisitada pela mídia e universidades, é colunista do La Vanguardia, na Espanha; La Nacion, na Argentina e do Diário da América, nos Estados Unidos. De 1987 a 1990 Rahola cobriu a Guerra na Etiópia, Guerra dos Balkans, Guerra do Golfo e a Queda do Muro de Berlim como diretora da publicação Pòrtic. Suas áreas de atuação incluem Direito das Mulheres, Direito Humano Internacional, e Defesa dos Animais. Nos últimos anos tem exposto seu ponto de vista sobre Israel e o Sionismo.


Entre diversos prêmios recebidos: Doutor Causa Honoris na Universidade de Artes e Ciência da Comunicação, em Santiago do Chile (2004), pela sua luta em favor dos direitos humanos; Prêmio Javer Shalom, pela comunidade judaica chilena pela sua luta contra o antisemitismo; Cicla Price (2005), pelo mesmo motivo; Membro de Honra da Universidade de Tel Aviv (2006); Golden Menora entregue pela Bnai Brith francesa (2006); Laureada com o priemio Scopus pela Universidade Hebraica de Jerusalém (2007); participou como convidada de honra em diversas ocasiões, entre elas no AIPAC de Conferência Política (2008); em 2009 recebeu prêmio da Federação das Comunidades Judias da Espanha, Senador Angel Pulido e Prêmio Mídia de Massa pelo Comitê Judaico Americano pela luta pelos Direitos Humanos; A Liga Anti Difamação lhe concedeu o prêmio Daniel Pearl “pela sua dedicação e comprometimento a um jornalismo honesto e responsável baseado em um código de ética e por falar honestamente ao público”; recebeu o prêmio Morris Abram entregue pela UN pela sua defesa aos Direitos Humanos, Genebra, 2011, entre outros.

MAR PORTUGUÊS - Fernando Pessoa


Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!


Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.


Poema extraído do livro "Mensagem" de Fernando Pessoa.

Pintura a óleo de Carlos Alberto Santos


CONVITES PARA SESSÕES MAGNAS DE INICIAÇÃO. (R.'.E.'.A.'.A.'.) - Newton Agrella

Não raro, deparamo-nos com Convites de Lojas que trazem no seu enunciado os seguintes dizeres:

****

A   A.'.R.'.L.'.S.'.  "XXXXXX"  tem a honra de convidar os valorosos IIr.'. para a          Sessão Magna de Iniciação do *neófito* "XXXXX"....

****

Cabe esclarecer que o termo correto a ser utilizado é *candidato*

Aliás, há um estágio a ser cumprido antes de ser iniciado na Maçonaria que obedece ao seguinte critério:

*CANDIDATO*

É aquele que após um convite feito por um legítimo maçom recebe um formulário-proposta de admissão.

Ao aceitar receber o formulário, ele passa à condição de Candidato, mantendo-se assim até que, após a Sindicância, tenha sido aprovado por escrutínio secreto o seu possível ingresso na Sublime Ordem.

*POSTULANTE*

É a expressão utilizada ao Candidato que cumpriu o período de postulado e encontra-se no aguardo para o momento de sua Iniciação em que o mesmo participa dos ritos preliminares, até que passe pela prova do elemento Terra, pela Câmara das Reflexões.

*RECIPIENDÁRIO*

É o  que o tem algo a receber. Ainda não tendo sido iniciado, ele contudo passou pelas outras provas e presta seu juramento.

*NEÓFITO*

Este é o nome que se dá ao "Iniciando", após ter prestado seu juramento solene, assim permanecendo até se lhe seja dada a Luz Maçônica e seja finalmente constituído *APRENDIZ MAÇOM* pelo Venerável Mestre.

Apenas para boa ordem vale destacar que o termo *"INICIANDO"* é um nome genérico dado aos Postulantes, Recipiendários e Neófitos.




abril 28, 2024

VOCE QUER TOMAR UM CAFÉ COMIGO?

 



Esse blog teve início no dia 20 de setembro de 2011. Aproveitei um blog pessoal que já existia para dar início ao compartilhamento dos trabalhos maçônicos que eu recebia, mas não só de maçonaria, como também ciência, arte, cultura, história, filosofia,  etc., em textos escritos por renomados autores e por talentosos irmãos.

Desde então publiquei mais de 2400 artigos e atingi 450.000 visualizações na data de hoje, o que transforma este modesto trabalho em um dos blogs mais acessados do país, graças a qualidade de suas publicações.

É um grande prazer fazer este blog, mas representou até agora cerca de 1.800 horas de trabalho e algumas pequenas despesas. Sempre foi e sempre será gratuito, mas tenho certeza de que alguns leitores gostariam de compartilhar um café comigo.

Assim, não há obrigação nenhuma, mas se você curte a minha companhia, ainda que virtual, talvez queira oferecer um cafezinho. Apenas um café, que tenho certeza, você pagaria com carinho se nos encontrássemos ao vivo.

Então, se desejar, deposite o valor de um café no meu PIX na CEF, Michael Winetzki, chave 061.98199.5133. Não precisa se identificar, não precisa enviar comprovante, não precisa fazer nada. E nem depositar nada se não quiser. Eu sempre terei prazer na sua companhia.

Encaro apenas como cortesia de algum leitor, pela satisfação que lhe proporcionam estas leituras. Um caloroso TFA. Michael

OS SIGNIFICADOS OCULTOS DAS PALAVRAS - Lúcio José Patrocínio

É interessante ver como cada geração encontra suas causas por que lutar, mas nesse caso específico pela luta por igualdade de gênero, como sou cabalista, filósofo, e teólogo, não posso modificar a linguagem por entender que muitas coisas estão em jogo aqui. Explico.

Todas as palavras em todos os idiomas possuem significados (ocultos ou explícitos) e todas estão interconectadas e suas interconexões também geram novos significados. Quando você propõe esse tipo de mudança na linguagem como o uso de “they, ellos, eles” em vez de “he, el, ele” (inglês, espanhol, português como exemplos), conhecimento e sabedoria podem ser perdidos, por isso penso que essa luta está equivocada. 

Quando dizemos “him” não significa “man”, significa “ser”, ambos sexos. “Ele” vem do hebraico e evoluiu para todos os demais idiomas, por exemplo “El = He” e “le = him” em castellano, se utiliza para referir ao homem, contudo também significa Deus, então quando dizemos “he, him” estamos fazendo referência a nós como a imagem de Deus, ambos sexos, porque a palavra Elohim “Deus em hebraico” significa ele + ela, Adão + Eva, não podendo ser considerado sexista e machista, porque estamos nos referindo a ambos sexos como divindades.

Quando afirmo que conhecimento e sabedoria se perdem quando modificamos os idiomas, me refiro a que tudo tem significado esotérico, teológico ou simplesmente histórico. As letras têm peso, elas têm valor, cada letra tem um número, por exemplo A = 1 (em hebraico א “Alef” = 1). 

Agora vejamos, O nome de Deus vale 26, porque seu nome se escreve “יהוה” e suas letras valem 5+6+5+10 = 26. Primeiro preciso que você entenda o conceito de unidade com Deus. Deus é o tudo e o nada, portanto a primeira letra do nome Dele, a letra Yud “י” vale 10, onde 1 significa o tudo e 0 significa o nada, mas 1+0 = 1, portanto Deus também pode ser enumerado com o 1, nós somos 1 com Deus. Se nós valemos 1 e deus 26, logo, a união de nós com Deus = 27. Então perceba que se você pegar o número 3, a unidade mínima necessária para criar o mundo tridimensional (o triângulo, 3 lados), e multiplicar por 3, você tem o 9 (9 está a 1 de Deus = 10, portanto o mundo com Deus é 9 + Deus = 10), e 9*3 = 27, que significa o 26 de Deus + 1 que é você, 27 é você com Deus. 

Agora vejamos que em hebraico “Ele” vale 5+6+1 = 12, e “Ela” vale 5+10+1 = 16, portanto a união do homem com a mulher vale 12+16 = 28. Ora, ora, vemos que um casal resulta em 28, portanto a união entre homem e mulher vale 26 + 2, Deus + o casal.  

Explico tudo isso para que você entenda a grandeza da linguagem, entenda que há muitas coisas além do superficial, e esse conhecimento está em risco quando modificamos os idiomas para que seja mais inclusivo.

ATARANTADO - Adilson Zotovici


Triste o discurso tacanho

Do obreiro despreparado

Que à Loja pronunciado

Sobre os arcanos de antanho


Por liberdade é levado

A procedimento estranho

Sem entendimento, sem ganho

E bom tempo desperdiçado


Em discurso mui alongado

Num repleto emaranhado

Em completo desmaranho


Jeito de mestre embuçado

Feito pastor atarantado

Que desnorteia o rebanho !



abril 27, 2024

ARLS GUATIMOZIM 66 - SP - UMA INICIAÇÃO DE 1764

 


Na noite de ontem fiz uma visita a ARLS Guatimozim 66, no seu templo no Palácio Maçônico da GLESP. Fato raro, todas as cadeiras estavam ocupadas, não havia nenhum assento vago. Eram 33 Lojas presentes das potências regulares, diversos ritos, mais de uma centena de irmãos participando, inclusive o past Grão Mestre Francisco Gomes.

O motivo foi a excelente palestra-show conduzida pelo irmão João Gobbo, erudito estudioso dos rituais maçônicos, que organizou um teatro para reproduzir uma iniciação como era feita em 1764, baseada na exposure "Tres batidas distintas" (Three Distinct Knoks), um texto anônimo publicado em forma de ritual no ano de 1764 e que se tornou uma das fontes fundamentais para a pesquisa da história maçônica do século 18.

O ritual apresentado neste documento, praticado pelos "maçons antigos", em oposição aos "modernos", que só se uniriam em 1813 para a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra, foi o alicerce fundamental do desenvolvimento do Rito Escocês Antigo e Aceito, do York Americano e do Rito de Emulação.

Os irmãos que apresentaram a peça teatral pareciam profissionais. Durante os cerca de 30 minutos que durou a cerimonia não se ouviu sequer um pigarro, tamanha foi a atenção que despertou. O Venerável Mestre da Loja, irmão Paulo Augusto Huvos, também fez, e muito bem, o papel de VM da iniciação ancestral. Merece destaque o irmão que foi "iniciado", que decorou todas as suas complexas falas.

Ao final, o carismático irmão Gobbo, tradutor dos rituais, deu uma demonstração de profundo conhecimento do tema e da história da maçonaria respondendo a todas as questões que foram apresentadas pelos assistentes. Uma noite inesquecível.

NÃO SE TURBE O VOSSO CORAÇÃO - Roberto Ribeiro Reis


Não se turbe o vosso coração, amado Irmão! Por mais que a vida se vos apresente, momentaneamente, um vendaval de aflições, tudo, absolutamente tudo nessa vida, passa.

O que nós temos de mais comum é a capacidade de eternizarmos nossos sofrimentos, em detrimento das maravilhas e bênçãos que nos são dadas pelo Supremo Arquiteto do Universo. Os momentos de glória, as vitórias, os (re) nascimentos são facilmente esquecidos; já as agonias, as separações, as dores de parto e as angústias se nos parecem jamais ter fim.

Não se turbe o vosso coração, honrado Obreiro! Vosso fardo parece ter a dimensão e o peso de um edifício de trinta e três andares, mas, a bem da verdade, o Excelso Criador vos deu a força necessária (não somente para suportá-lo), mas também para que vos reerga, dignamente.

Que nós nos espelhemos em tantos irmãozinhos que padecem em aflições, mundo aforas, mas que nem por isso perdem sua esperança em dias melhores; a fé de alguns parece inabalável, como aquela fé preconizada nos textos bíblicos, entoadas em cânticos, salmos e louvores de todos os matizes.

Não se turbe o vosso coração, paladino da Arte Real! Buscai cinzelar todas as asperezas e imperfeições que vos conduzem ao sentimento de mágoa, ressentimento ou excessiva lamúria. Lavar a vossa alma com o choro é imperioso, mas a prática desinteressada do bem em prol de vosso semelhante há de ser um exercício que minorará vossas dores.

Que nos apossemos, com determinação, dos instrumentos necessários para nos tornarmos pessoas menos fúteis, mais produtivas, menos suplicantes e mais agradecidas. A beleza e o esplendor do sol nos concitam, diariamente, a recebermos a luz que nos orientará a caminhada, seja ela leve ou espinhosa, seja ela pacífica ou extremamente beligerante.

Não se apoquente vossa alma, Pedreiro livre e de bons costumes! Vosso Edifício Real está sendo erigido à base de muito suor, muita luta e demasiado esforço interior. Ele ainda encontra-se inacabado. Sua conclusão só depende de vós, através da dedicação e das visitas interiores diárias.

Não vos chateeis com a ingratidão dos próximos, nem buscai granjear o aplauso das multidões. O conhecimento que vós deveis almejar vem do Altíssimo, das instâncias do Inefável, onde somente os verdadeiros Justos têm permissão de se aproximarem.

Enquanto os homens buscam a (pseudo) glória entre os seus pares, procurai vos contentar com o anonimato, pois as boas obras hão de ser feitas sem a presença dos holofotes.

Meus valorosos Irmãos, que a egrégora a nos envolver seja aquela permeada de luz, de sabedoria e de conhecimento. Que nos dispamos de todos os sentimentos de vaidade, orgulho, soberba, ciúmes, enfim, de tudo aquilo que é de somenos e que não tem valor algum para nossas vidas. Vivamos, sempre, À.’. G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’. e nada mais!

LEONARDO DA VINCI


Leonardo da Vinci foi um polímata (capacidade de alcançar a excelência em várias áreas do conhecimento) italiano do Renascimento conhecido por sua habilidade em diversas disciplinas, como pintura, escultura, arquitetura, música, anatomia, engenharia e escrita. Além de suas conquistas nestas áreas, você também é atribuída a capacidade de escrever com ambas as mãos simultaneamente em direções opostas.

Esta habilidade única de Da Vinci de escrever com a mão esquerda e a direita ao mesmo tempo em direções opostas é conhecida como escrita especular. Isso significa que eu podia escrever da esquerda para a direita com uma mão enquanto escrevia da direita para a esquerda com a outra mão. Esta técnica permitia-lhe evitar manchar a tinta fresca enquanto escrevia ou desenhava, pois podia alternar entre ambas as mãos.

A escrita especular de Da Vinci é evidenciada em seus famosos cadernos de anotações, onde estão escritos em italiano e em espelho. Isso fascinou os estudiosos durante séculos, pois gerou teorias sobre sua possível intenção de esconder suas ideias ou proteger seu trabalho de ser facilmente compreendido por outros.

A capacidade de Da Vinci escrever com ambas as mãos em direções opostas é um testemunho da sua habilidade manual, coordenação motora e capacidade de dominar múltiplas tarefas simultaneamente.

Este talento excepcional é apenas mais uma amostra da genialidade e versatilidade de um dos artistas e cientistas mais influentes da história.

Fonte: Fundação Caso 



abril 26, 2024

SESSÃO SOLENE NA GLESP



 
Em comemoração ao aniversário dos 34 anos da ARLS Luzes da Mooca 384, o SGM da GLESP, irmão Jorge Anisio Haddad, presidiu na noite de ontem uma sessão solene com as 8 Lojas da 36a região. Havia mais de cem irmãos presentes no Templo Nobre da Glesp.

O Ir. Haddad apresentou um resumo de seu trabalho a frente da GLESP e seus planos para o próximos meses. Falou por uma hora e respondeu a inúmeras perguntas bem francas.

O destaque, e a razão pela qual estou postando foi a ação política do maçom.

O SGM disse que a GLESP é apartidaria mas que o maçom, como cidadão, DEVE participar da ação política apoiando candidatos maçons e que ele mesmo irá fazer podcasts com candidatos irmãos e colocar no YouTube.

É uma visão nova e lúcida do papel que a Ordem teve no passado na construção da sociedade democrática em que vivemos. 

DOAÇÕES DA ARLS CAMINHO DA LUZ 148 DE PINHAIS



 



Muitos irmãos sabem que os honorários de minhas palestras consistem na doação de cestas básicas na própria cidade onde a Loja está situada.

Nestes 23 anos de palestras em Lojas Maçônicas, Rotary e Lions Clubes, empresas e instituições foram doadas, como retribuição ao meu trabalho, mais de 200 toneladas de alimentos. Foram mais de 2.000 palestras em todo o Brasil, de Porto Alegre a Belém do Pará, de Cuiabá a Natal.

Eu registro as doações não por vaidade, mas como forma de emular e motivar as Lojas a fazer e a prosseguir fazendo este trabalho de beneficência. 

Estive recentemente por duas semanas em Curitiba, onde fiz onze palestras e obtive o compromisso da doação de 110 cestas básicas. 

O simpático Venerável Mestre da ARLS Caminho da Luz 148 de Pinhais, irmão Roberto Fonseca, teve a gentileza de enviar uma mensagem e mostrar o resultado do trabalho que envolveu toda a Loja na montagem das cestas básicas. 

Eu me sinto honrado e gratificado quando isso acontece. É a maçonaria em ação cumprindo um de seus principais objetivos que é tornar feliz a humanidade. 

DA CONFIANÇA - Heitor Rodrigues Freire


 

A confiança é um sentimento que desperta forças invisíveis que agem naturalmente em favor de quem a manifesta conscientemente. Desta forma, a confiança ativa a esperança e cria um ambiente de forças positivas, mobilizando os mecanismos da lei, da Lei do Amor, que agem em benefício de quem a possui.

A confiança é uma sublime força de atração, que remove os mais pesados obstáculos, age com sutileza, gera as forças energéticas e influencia quem se encontra sob o seu raio de ação. Mesmo para quem estiver em adversidade, a confiança anula os efeitos contrários que poderiam neutralizar sua ação.

E, sobretudo, a confiança tranquiliza, porque sabe que a solução de qualquer problema está a caminho, estimula a esperança e ensina que saber esperar é tão importante quanto saber agir, evitando decisões precipitadas que acabariam comprometendo uma situação aflitiva.

O que o mundo nos mostra hoje é a ausência de confiança porque, infelizmente, há um vírus invisível – o vírus da discórdia – que gera situações de sofrimento por sua ação deletéria em toda a humanidade.  

A nossa incrível e milenar capacidade de acreditar em fofocas, intrigas, e modernamente em fake news – quando partimos de uma base falsa e embarcamos em suposições infundadas –, faz parte do nosso imaginário, criando divisões de todo tipo, seja pela discussão política – que vem separando famílias que brigam por pessoas que nem sabem da nossa existência –, seja por divergências hereditárias, dissidências comerciais, etc.

Jesus ensinou que toda casa dividida não sobreviverá: “Todo reino dividido internamente será destruído. Da mesma forma, uma família dividida contra si mesma se desintegrará”. (Marcos, 3:24-27). 

Muitas empresas foram constituídas com sacrifício por seus fundadores, mas quando passam para os herdeiros, instala-se esse vírus mortífero que acaba com os afetos, gera divisões e sepulta os ideais de união e trabalho que nortearam sua criação, concorrendo para sua dissolução, sem medir as consequências.

E por que isso acontece?

Pela ausência do amor e da tolerância entre as pessoas, pela falta de confiança entre os irmãos, só preocupados consigo mesmos, e empenhados em levar vantagem de qualquer maneira, perdendo a dimensão da eternidade e da continuidade da vida humana na espiritualidade, sem levar em conta o sacrifício de seus pais ou avós na construção de uma empresa, voltados que estão unicamente para seus interesses imediatos.

“O amor não é uma relação entre duas pessoas. É um estado de paz, dentro de ti ... o amor é uma experiência espiritual” (Osho).

A grande diferença entre os seres humanos e os animais é que estes só vivem no presente, cuidando unicamente de sua subsistência, enquanto o homem deixa de viver o momento presente e passa a provocar situações ou supor atitudes que podem vir a se mostrar falsas, causando discórdias, às vezes, inconciliáveis.

“Faça o que fizer, o segredo da felicidade é muito simples: não deixe que o passado se interponha, não deixe que o futuro o incomode. Porque o passado já não existe e o futuro ainda não chegou. Viver na memória, viver na imaginação, é viver no que não existe.” (Osho).

A vida é uma oportunidade única de aprendizado e de sabedoria, criando situações que concorrem para a evolução da espécie humana, dependendo unicamente de suas ações.

É mais que necessário que aprendamos a viver com amor e confiança.

(*) Artigo inspirado no livro Vigiai e Orai, do Irmão José, psicografado por Carlos A. Bacelli, fonte permanente de aprendizado e inspiração.

A BIBLIA SAGRADA COMO LIVRO DA LEI NA MAÇONARIA - Denizart Silveira de Oliveira Filho


O Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso constituem as três grandes luzes da Maçonaria. O Livro da Lei é obrigatoriamente aberto no início das Sessões, tanto nas Lojas Simbólicas como nos Altos Corpos da Maçonaria Filosófica, de vários Ritos, especialmente no REAA. Essa obrigatoriedade, no caso das Lojas Simbólicas, decorre de um dos Landmarks estabelecidos pela Grande Loja da Inglaterra. O 6o dos Landmarks afirma: 

“As três grandes luzes da Maçonaria, isto é, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso serão sempre exibidos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas sob seu controle, sendo a principal dessas Luzes o Livro da Lei, a Bíblia Sagrada”.

A felicidade de qualquer nação depende da influência que Deus exerça sobre as pessoas, famílias e instituições que a formam. Quando não se busca a Deus, quando Sua Lei é desconhecida e Seus Ensinos são ignorados a nação não pode ser feliz, harmoniosa e forte. A maior e mais preciosa descoberta que se pode alcançar nesta vida é a de que Deus dedica especial cuidado a todo ser humano. Não se consegue ser feliz sem que se desfrute de uma perfeita comunhão com Deus, o Criador de todas as coisas. Cada indivíduo possui, dentro de si, um espírito que anseia por uma real aproximação e integração com sua fonte de origem: DEUS. Há um registro nos anais do subconsciente humano que jamais se apagará, causando uma alegria extrema ou um profundo sofrimento. Para que esses temores fossem desfeitos, Deus providenciou o Seu Livro, a Bíblia, a qual, em suas fulgurantes páginas, revela ao homem o caminho excelente, a fonte inexaurível de felicidade e vida abundante e eterna. Em suas páginas, o homem encontra resposta para seus questionamentos; sente que Deus é exatamente do tamanho da necessidade de sua alma; tem sua fome e sede satisfeitas; tem suas enfermidades curadas; pode achar felicidade para sua alma e saber que o Céu é a habitação dos Justos após a morte; tudo isso porque a Grande descoberta consiste na Vida, no Amor e na Esperança. A Bíblia trata sobre a vida, a morte e o sentido de nossa existência; trata sobre Deus e o homem e sobre o amor que nunca falha; ajuda a descobrir vida e amor em homens iluminados. E tudo isso ocorre porque a Bíblia é um Livro Sagrado e escrito sob a Inspiração de Deus. 

A inspiração divina da Bíblia está enraizada na fé religiosa e na convicção de que seus textos foram transmitidos por Deus aos escritores humanos, que foram instrumentos para registrar e transmitir a vontade e a mensagem divina. Essa crença é fundamentada em várias passagens bíblicas que sugerem a origem divina das Escrituras. Por exemplo: 

(a) "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça" (2 Timóteo 3:16); 

(b) "Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). 

A inspiração divina da Bíblia envolve a convicção de que os autores bíblicos foram guiados pelo Espírito Santo ao registrar os textos sagrados. Embora tenham usado sua própria linguagem, conhecimento e experiências individuais, a mensagem transmitida foi supervisionada e orientada por Deus para transmitir a verdade divina aos seres humanos. 

Finalmente, a Bíblia contém a mente de Deus. Sua doutrina é santa; seus preceitos, justos; suas histórias, verdadeiras; e seus preceitos, imutáveis. Assim, lendo a Bíblia nos tornamos sábios; crendo nela estarmos seguros; e praticando o que ela ensina nos tornamos homens melhores, mais próximos da imagem, semelhança e santidade de DEUS.

abril 25, 2024

VISITA A ARLS MARECHAL NEIVA 32


 Na noite do dia 24/4 visitei a Benemérita ARLS Marechal Neiva n. 32, que funciona no prédio principal da GLESP.

Em sessão emocionante devido a passagem para o Oriente Eterno do irmão Benjamin, que era muito amado por todos, foram lhe prestadas inúmeras homenagens, que tiveram início com música portuguesa no início da sessão e com um belo poema do irmão orador declamado ao final.

Juntamente com outros irmãos tive a oportunidade de fazer alguns comentários sobre a instrução da sessão que foram bem recebidos.

Agradeço ao Venerável Mestre irmão Thiago Lacerda Pereira a gentileza com que fui recebido e destaco a ordem e suavidade com que a sessão foi conduzida 

OS CRAVOS DE ABRIL - Adilson Zotovici



Versos em singela homenagem

A um  povo irmão e ordeiro

Lusitanos com amor, coragem,

Dissiparam velho nevoeiro


Disse o canto alvissareiro

Da _“Grândola, Vila Morena”_

O refrão tão verdadeiro

_“O Povo é quem mais ordena”_  


Numa linguagem serena

Com fraternidade, brandura,

Soberania, igualdade plena,

Por expressão sem clausura


Acima dos travos de amargura

Bravos com afã, em união,

Com Cravos Vermelhos e ternura

Nas ruas com elã, em aclamação


Vinte e cinco de abril a elisão

Da ditadura em verdade

Marco duma revolução

Social, de cultura à sociedade


E o Trovador da Liberdade

Autor da senha sobranceira

Comemora na eternidade

_Sob a sombra da azinheira !_



A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA MAÇONARIA - Rui Bandeira


Para um maçom é muito importante o apoio que lhe é prestado pela sua família face à quantidade de ausências do seu ambiente familiar que vão sucedendo ao longo dos anos para cumprimento dos seus deveres maçônicos. Deveres estes que, na maioria dos casos, serão a frequência das sessões da Respeitável Loja a que pertença, as assembleias gerais da sua Obediência, atividades que sejam promovidas pela sua Respeitável Loja tanto no mundo profano como internamente; bem como para a assistência de cursos, debates e palestras que lhe interessem, tanto nas várias áreas do Esoterismo como no âmbito da Maçonaria em geral.

Digo que é necessário esse apoio, porque, com o passar do tempo, é normal existir algum desgaste natural nas relações familiares e, por vezes, as sistemáticas ausências que levam o maçom a sair do seu lar, poderão criar brechas no seu relacionamento se essas saídas não forem entendidas, ou bem compreendidas, pela sua esposa e os familiares. Por isso é necessário também existir uma certa maturidade e confiança entre ambos para que continue acesa a tal “chama” que nos aquece o coração e que nos alimenta a alma.

Se a vida familiar de um maçom não se encontrar com a estabilidade necessária a este tipo de relacionamento, o elevado absentismo que vai existir no seu quotidiano será sempre uma fonte de crítica por parte de uma esposa ou família que se sentirão colocadas à margem da vida do casal em detrimento da vida e família maçônica.

Mas porventura o que nunca deverá acontecer (!!!) será o maçom se desculpar com as suas atividades maçônicas para justificar as suas constantes ausências para ter um comportamento menos lícito e incorreto com a sua cara-metade. - Quando um maçom disser à sua família que “vai à Loja”, é para ir mesmo! - Pois a mentira não faz parte da conduta que se espera de um maçom; o qual deverá nunca esquecer que é um homem de “bons costumes” e que deverá ser naturalmente um bom “chefe de família”.

Todavia, durante o processo de candidatura de um profano a maçom, é usual existir um contato entre os inquiridores instruídos desse processo com a família do candidato para se aferir qual o nível de aceitação que a família terá em relação à proposição do seu familiar. Pois se a família discordar, a candidatura estará “ferida de morte” logo no seu início. Pois possivelmente se for deferida esta proposição, as presenças deste novo membro em loja serão fortuitamente escassas para o que se esperaria dele. E a frequência das sessões da sua Respeitável Loja é obrigatória a todos os seus membros salvo motivo que seja atendível e aceite pelo seu Venerável Mestre (o responsável da Loja).

No âmbito desse contato, também é informada a família de algumas das obrigações do candidato nomeadamente na questão da sua presença nas sessões de loja bem como das obrigações pecuniárias que terá de cumprir, ou seja, a joia e quota mensal/anual de loja.

O que demonstra que a opinião da família é sempre deveras importante, ou não fosse a família a base estrutural da nossa sociedade. E este contato possibilita ainda à família saber o quanto é relevante também, para a futura loja que cooptará o seu familiar.

Algumas das mais valias que a família dos maçons terão/têm à sua disposição, são a possibilidade de conhecer gente que doutra forma não conheceria e que estaria fora do seu círculo habitual de amizades ou o estreitamento dos laços de amizades com outras pessoas com quem já se relacionaria num âmbito mais superficial para além de puder confraternizar nos vários eventos que vão sendo organizados tanto pela Loja como noutros organizados a “descoberto”… Cimentando assim, os laços que unem os maçons entre si e que se estendem às suas respetivas famílias. 

Sendo que na generalidade da sociedade civil, mas principalmente em “meios pequenos”, as amizades e famílias maçônicas/profanas quase se confundem, pois é sempre mais fácil o relacionamento entre Irmãos e/ou com gente que comungue dos mesmos princípios de vida.

Existem vários tipos de família, umas grandes, outras pequenas, mas a família maçônica será sempre singular e bastante eclética… 

Em qualquer lugar do mundo, um Irmão será sempre um irmão… e isso para mim será sempre o mais importante.

abril 24, 2024

MAÇOM GOSTA DE ESTUDAR?

Recebi no dia de hoje, com gentil dedicatória, o livro do irmão Cledson Cardoso, de Lins.

A notável obra, que resume algumas das palestras do autor, principalmente em sua Loja Liceu, uma das pioneiras em apresentações virtuais, traz textos interessantes como o pensamento de Aristóteles e sua influência no Rito Moderno; o poder da palavra nas manifestações profanas e maçônicas e a moral e a ética são os pilares da formação maçônica, entre outros.

O estilo de redação de Cledson é e leve, fácil de ler e entender e o livro é belíssimo, diagramação de outro irmão, um intelectual e artista da criação gráfica, Jonas de Medeiros de SC. Ambos são confrades da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras. 

Para o leitor que tiver interesse em adquirir um exemplar ou desejar conversar com o autor, papo agradável e inteligente, o contato é (014) 99102.2505.


 

REFLEXÃO - Rui Bandeira

No século XVIII, quando se expandiu a Maçonaria Especulativa, esta seguia e divulgava os princípios do Iluminismo. A Maçonaria foi então um farol que apontou o caminho da evolução social, da conceção laica, livre, igual, fraterna e tolerante do mundo, da sociedade e do lugar nela do Homem. 

O pensamento escolástico é substituído pela Ciência Experimental; racionalismo e empirismo substituem o pensamento arcaico apenas fundado nas interpretações teológicas dominantes; Locke teoriza a Tolerância como valor social; emerge o reconhecimento e proteção dos direitos humanos; o absolutismo é substituído pela submissão à Lei; a soberania por direito divino é substituída pelo conceito de que a soberania pertence ao Povo e deve ser exercida em nome do Povo, para o Povo e pelos representantes designados pelo Povo; emerge e triunfa a noção de que as sociedades devem prezar e preservar a Liberdade, assegurar a Igualdade, possibilitar a vivência em Fraternidade; o princípio da separação de poderes triunfa. Em toda esta evolução os maçons deram o seu contributo.

Trezentos anos depois, o mundo e a sociedade são radicalmente diferentes em relação ao que eram no início do século XVIII. Os valores que a Maçonaria adotou implantaram-se progressivamente em toda a sociedade e - felizmente! - hoje são essencialmente valores da sociedade, não de qualquer estrutura social, Maçonaria incluída.

Trezentos anos depois, verificando-se que o essencial do ideário maçónico venceu e está institucionalizado no mundo desenvolvido, inevitavelmente que surge a interrogação: continua, nos dias de hoje, a Maçonaria a fazer sentido? Não será hoje uma instituição ultrapassada pelo sucesso do seu ideário, transitada da modernidade no passado para o arcaísmo no presente? 

Em termos sociais, só o que mantém utilidade e sentido permanece. Tudo o que não preenche já o requisito da necessidade, do interesse, inevitavelmente estiola, fenece, cai em desuso, desaparece. Ou então transforma-se, assegurando a sua existência e pujança pela assunção de valores e interesses socialmente úteis e necessários no momento presente. Qual a função da Maçonaria hoje? Apenas a defesa dos valores que o tempo e a evolução social consagrou? Apenas uma instituição "anti-reviralho"? Ou será que a matriz genética da Maçonaria lhe permite vislumbrar, aprofundar, consensualizar novos caminhos ainda por explorar ou desenvolver, valores a implementar? Se assim é, quais os caminhos a que dar atenção, como consensualizar a direção a tomar?

Os tempos de hoje são radicalmente diferentes dos de há trezentos anos, de há duzentos anos, de há cem anos, mesmo de há cinquenta anos. As sociedades complexizaram-se visivelmente. A comunicação e os meios de a efetuar evoluíram, modernizaram-se, democratizaram-se, vulgarizaram-se. Onde antes havia poucos meios apenas ao alcance de uns poucos privilegiados, hoje tudo está praticamente à disposição de todos. A informação hoje é tudo menos escassa. Pelo contrário, começamos a ter dificuldade em selecionar, em determinar de entre a abundante cascata que incessantemente jorra sobre nós o que verdadeiramente interessa e o que é dispensável, o que é fundamentado e o que é apenas boato, palpite ou mesmo patranha. A segmentação de interesses e a extrema variedade de temas para os múltiplos interesses pessoais instalou-se. A informação hoje é multipolar e mundividente, cabendo ao indivíduo - a cada indivíduo - selecionar o que lhe agrada, o que lhe interessa, o que pretende. Neste circunstancialismo, qual o papel da maçonaria? Como pode e deve comunicar? Com que meios? Seguindo que estratégias? Procurando assegurar que objetivos?

Trezentos anos depois, estamos no fim do caminho, chegámos a uma encruzilhada ou simplesmente somos nós que temos de desbravar o caminho para que a Humanidade chegue aonde ainda não imaginou sequer poder chegar? O nosso - dos maçons, da Maçonaria, mas também da Humanidade - caminho chega até ao horizonte ou vai para além dele?

Tudo isto são interrogações que hoje se abrem à reflexão dos maçons e que é bom que os maçons se coloquem, em reflexão individual ou em análise coletiva, mas sempre plural.  

Por mim, penso que há ainda muito a fazer, que os sonhos e anseios do ideário maçónico estão ainda por completar. Quanta intolerância ainda campeia! Como são ainda vulneráveis muitos dos valores que, muitas vezes ligeiramente, consideramos solidamente implantados! E continua a haver - sempre continuará, acho - espaço e meio para cada um de nós poder melhorar e contribuir para a melhoria da sociedade. 

Mas também penso que as interrogações que atrás coloquei devem ser postas e que é tempo de lhes darmos atenção, de estudarmos os seus contornos e de buscarmos as respostas mais adequadas para cada uma delas. Nesse aspeto, a Maçonaria tem em si mesma uma caraterística organizacional que constitui uma poderosa ferramenta: a sua estrutura nuclear, com plena autonomia de cada Loja e, dentro destas, com plena aceitação dos caminhos e reflexões individuais de cada um. Isto permite que todas as interrogações acima colocadas - e muitas outras - sejam tratadas de formas diferentes, por gente diferente, em tempos diferentes, com diversas perspetivas. Cada Loja escolhe ou naturalmente dedica-se a um pequeno aspeto de um problema. Cada maçom interroga-se sobre o que lhe chama a atenção. Umas e outros buscam caminhos, propõem soluções. Cada Loja por si. Cada maçom em si. Em aparente desorganização e descoordenação. Mas é precisamente essa desorganização que se revela, afinal, muito bem organizada, na medida em que permite e gera o máximo de liberdade na reflexão dos grupos e dos indivíduos. Desse cadinho, a seu tempo emerge uma ideia que se espalha. Das ideias que se espalham, algumas fortalecem-se. Das que se fortalecem, algumas atingirão o patamar do consenso. E assim as ideias e os valores que o tempo presente reclama emergem e fazem o seu caminho, em sociedades modernas cada vez mais complexas.

Daqui a outros trezentos anos, quem então viver e se interessar fará o balanço sobre o êxito dos trabalhos, pistas, soluções e caminhos que agora efetuamos, buscamos, encontramos e prosseguimos.