junho 10, 2025

A BIBLIA DO SIMBOLISMO E SUBJETIVIDADE - Ivan Froldi Marzollo


No século IV, a Igreja reuniu-se o Concílio em Nicéia, e uma das tarefas era organizar o “cânon”, ou a lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste Concilio, os livros foram estudados e investigou-se quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram considerados legítimos. E estabeleceu-se a ordem ainda hoje conservada.

“A palavra “cânon” vem do termo grego “kanon” que significa “cana’, ou seja,” uma vara recta “ou” um padrão de medida“. Daí deriva o significado secundário que se refere a uma regra ou padrão de conduta uma forma de lei. “O sentido metafórico da palavra cânon é empregue para significar” aquilo que é conforme a regra ou medi­da. A origem do termo está relacionada ao nome da cidade fenícia de Biblos, onde o papiro, material usado para escrever, era exportado. 

No ano 382DC, começou a ser elaborada a Vulgata Latina [tradução para o latim] por Jerónimo de Stridon, a pedido de Dâmaso, que era o papa daquela época; este trabalho somente foi concluído em 404DC.O Livro da Lei ou Livro Sagrado é, num amplo sentido, a denominação dada às revelações inspiradas por Deus, transcritas pelos seus escolhidos. 

Na maçonaria a Bíblia Sagrada utilizada, particularmente a versão King James , é um texto fundamental na Maçonaria, sendo usada como um símbolo e fonte de estudo e reflexão para os maçons. É um "Livro da Lei" que reflete valores éticos e morais que os maçons devem seguir.

Na China, o Yi- King, escrito por Fo-Hi, provavelmente o mais antigo sábio da história humana, versa sobre as relações do homem com o universo; os livros escritos por Lao-Tse, fundador do taoísmo, discorrem sobre o princípio místico do universo, a prática do bem e a responsabilidade do homem quanto a ocorrência do bem e do mal em razão da sua própria vontade e determinação.

Na Índia os Livros Sagrados são os Vedas. O Rig-Veda, livro dos versos; o Yajur-Veda, livro das sagradas formas; o Sama-Veda, livro dos cânticos; e o Atharva-Veda, livro dos contos de fascinação e poderes mágicos. O Bhagavad Gitã ou o Canto do Bem- Aventurado, atribuído a Krishna, que seria assim como Buda uma das encarnações de Vishnú, o criador, ensina como se formar um sábio dentro de um ciclo de sucessivas existências.

No Egito, o Livro dos Mortos, que trata da vida e da morte, de interpretação difícil, encontrado em túmulos e junto a múmias. É possível que acreditassem servir para guiar as almas dos mortos. E ainda podemos citar outras escrituras sagradas como, os clássicos no confucionismo; Tripitaka no budismo; Avesta no zoroastrismo; Ko-ji-ki e Nihon-gi no xintoísmo; Alcorão no islamismo; Antigo Testamento no judaísmo e a Bíblia Sagrada no cristianismo.

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. 

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei: Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950. Hoje a regra no Rito Escocês Antigo e Aceito é a abertura do livro da lei e a leitura do Salmo 133( versão King James) em toda sessão inclusive em banquetes ritualisticos, neste tocante há aqueles que dizem ser por usos e costumes porém se o banquete é um loja de mesa , neste sentido a loja só é aberta após a leitura do livro da lei.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei:

- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.

- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro;

- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).

No Brasil, a Oficina Chefe do Rito Moderno, em sessão realizada aos 8 dias do mês de Setembro de 1969, baixou resolução definindo a Bíblia como o Livro da Lei, devendo no entanto permanecer fechada.

Juntamente com o Esquadro e o Compasso constituem as três Grandes Luzes da Maçonaria. O Livro da Lei é considerado parte integrante dos utensílios maçônicos, sendo indispensável nos trabalhos de uma Loja.

Segundo os pesquisadores, ela foi estabelecida em 1717, a partir da fundação da Grande Loja da Inglaterra. Existiam divergências quanto à aplicação dos textos do Livro da Lei nos Trabalhos Maçônicos, pelo fato da liberdade de uso, através dos tempos.

Na Inglaterra, é costume abrir o Livro da Lei no Salmo 133, quando a Loja estiver trabalhando em Grau de Aprendiz.O Livro da Lei é o símbolo de Lei moral que cada Maçom deve respeitar e seguir; representa a filosofia que cada um adota ou a Fé que anima e governa os homens. simplesmente o Livro da Lei, livro que continha os Antigos Deveres, as regras, – os Old Charges – que regulavam a atividade das corporações.

O Livro da Lei é um símbolo de sabedoria, justiça e espiritualidade na Maçonaria. Ele guia os maçons em sua busca por virtude e harmonia, promovendo a unidade dentro da Ordem.

Eles são apresentados nos landmarks: VIII - a manutenção das Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, sempre à vista, em todas as sessões das Lojas; o Landmark 21 da classificação de Albert Mackey dispõe que um Livro da Lei deve constituir parte indispensável do mobiliário da loja. Nos seus exatos termos: 

“um Livro da Lei como parte indispensável no ornamento da Loja”.

Na classificação de Jean-Pierre Berthelon, o Landmark 6 diz: 

“O Livro da Lei Sagrada sobre o Altar”. 

E Joaquim Gervásio de Figueiredo adota o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso, como as 3 Grandes Luzes que devem estar sobre o Altar, sendo o Volume da Lei Sagrada a Escritura Sagrada adotada pelo Loja local.

Já a Grande Loja Unida da Inglaterra estabeleceu 8 pontos que necessária e obrigatoriamente devem ser obedecidos por qualquer potência maçônica para que possa obter o seu reconhecimento. Não considerando como um Landmark a rigor, senão como condição sine qua non para tal fim. Assim, para que uma Grande Loja venha a ser considerada regular pela Grande Loja Unida da Inglaterra, ela deve atender os 8 pontos de regularidade estabelecidos, dos quais o ponto 6 está descrito nestes termos: 

“As Três Luzes da Maçonaria: o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso serão sempre expostos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas da sua Obediência. A mais importante das três é o Volume da Lei Sagrada”.

Tal disposição é decorrente do Memorial que a Grande Loja Unida da Inglaterra encaminhou em 4.9.1929 a todas as obediências que com ela mantinham relações, tornando-se os 8 pontos os princípios básicos para o reconhecimento de uma Potência maçônica, no mesmo diapasão a Grande Loja Unida da Inglaterra, numa carta dirigida à Grande Loja do Uruguai, e que esta publicou na sua circular de 18 de Outubro de 1950, exprimia desta forma o seu pensamento: “A Maçonaria não é um movimento filosófico admitindo toda orientação ou opinião… A verdadeira Maçonaria é um culto para conservar e difundir a crença na existência de Deus, para ajudar os Maçons a regular a sua vida e a sua conduta nos princípios da sua própria religião, qualquer que ela seja… mas deve ser uma religião monoteísta que exija a crença em Deus como Ser supremo… e deve ser uma religião tendo um livro sagrado sobre o qual o iniciado possa prestar o juramento à Ordem”.

Ao pleitearmos o ingresso na vida maçônica, tomamos ciência de que embora não seja a maçonaria uma religião, necessária se faz a crença num Princípio Criador, denominado de o Grande Arquiteto do Universo. Mais ainda, logo que conhecemos os Landmarks, vemos que esta crença é de suma importância, como a vida futura também assim o é, e que é indispensável, no Altar, estar o Livro da Lei.

A sua leitura é feita em todas as sessões, independente do grau, e tem por finalidade, embora seja certa a onipresença de Deus, invocar a bênção do Grande Arquiteto do Universo para os trabalhos a serem executados, propiciando a fraternidade e o amor entre os irmãos.

A Grande Loja da Inglaterra, considerada Loja Mãe da Maçonaria Universal, recomenda a utilização da Bíblia e não de qualquer outro livro porque a Maçonaria tem a sua origem nas antigas corporações de mestres pedreiros construtores de igrejas e catedrais formadas sob a influência da Igreja na Idade Média.O Livro da Lei é o símbolo de Lei moral que cada Maçom deve respeitar e seguir; representa a filosofia que cada um adota ou a Fé que anima e governa os homens.A Grande Loja dos Modernos tinha a Bíblia, o Esquadro e o Compasso representando o Mobiliário da Loja até a época da união com a Grande Loja dos Antigos. Diziam as suas Preleções:

Qual é o Mobiliário da Loja? – A Bíblia, o Esquadro e o Compasso.

Os seus usos? – A Bíblia serve para dirigir e governar a nossa Fé, e sobre ela é feito o Juramento pelos nossos novos Irmãos. Assim também o Compasso e o Esquadro, quando unidos, servem para reger as nossas vidas e as nossas ações.

De onde derivam e a quem pertencem? – A Bíblia deriva de Deus, para o homem em geral; o Compasso pertence ao Grão Mestre, em particular e o Esquadro a toda a Ordem.

Por que a Bíblia deriva de Deus, para o homem em geral? – Porque aprouve ao Todo Poderoso revelar mais da sua Divina vontade neste Livro do que por outros meios que já tenha feito; seja pela luz da razão, seja pela retórica com todos os seus poderes.

Por que o Compasso pertence ao Grão Mestre em particular? – Sendo este o principal Instrumento usado para desenhar e fazer plantas arquitetônicas, é particularmente apropriado ao Grão-Mestre, como um Emblema da sua dignidade, e por ser o Chefe e o Governador de toda a Ordem, e sob cujo patrocínio as nossas Grandes leis são tão sensatamente impostas, estrita e universalmente obedecidas pela Ordem em geral.

Por que o Esquadro pertence a toda a Ordem? – Por ser ela juramentada no Esquadro e, consequentemente, compromissada a assim agir sobre ele.O que ocorre na atualidade com os diversos ritos praticados pelas Grandes Lojas é que há ritos que o Livro da Lei é aberto e lido em locais definidos, aberto e lido em locais aleatórios, abertos e não lidos, não abertos. Porém, em qualquer circunstância, junto a ele estão o Esquadro e o Compasso, sempre em posição do grau no qual a Loja esteja reunida. 

Há ritos, porém, que neles o Livro da Lei se encontra ausente.

A Bíblia em uma leitura subjetiva classifico como um bom livro filosófico neste sentido o Compasso e o esquadro estão sobre ela justamente como simbologia do grau de memória e cientificação daquele que se prosta no Altar lembremos que o primeiro juramento é feito vendado. 

Que o Grande Arquiteto do Universo permita a Luz da cientificação a todo buscador da verdade .


 

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