Será que Thomas Hobbes (1588 – 1679) tinha razão ao dizer que “o homem é um lobo para o homem”?
Algumas posturas que vemos ser adotadas por certas pessoas levam-nos a crer que sim.
Para Hobbes, cada homem vê sempre no outro um concorrente e as suas sensações são de:
_ apetite ou desejo
_ ou aversão ou ódio.
O objeto do apetite ou desejo é o bem, enquanto o objeto da aversão ou ódio é o mal.
Qualquer destas sensações, no entanto, para quem vê o outro sempre como um concorrente, que esteja prestes a superá-lo, determina que o opositor precisa ser eliminado.
Eis que, este, quer o bem para si e a aversão ou ódio que o nutre para a conquista do que é o bem para si precisa ser eliminada e só pode sê-lo pelo extermínio do concorrente.
É por isto que o homem é ávido pelo poder sob todas as suas formas.
Na concepção hobbesiana, todos os homens são iguais, onde o mais forte precisa superar o mais fraco, a não ser que este, consciente da sua inferioridade física, ou económica, ou de poder se alie a outros para, então, enfrentar a concorrência e lutar em igualdade de condições.
A realidade de hoje, como foi a de ontem e será a de amanhã, a não ser que a consciência da finitude seja adquirida e cada um se dê conta de que tudo acaba com a morte, tem demonstrado que Hobbes tinha razão quanto àqueles que, consciente ou inconscientemente, possuem esta concepção de que a sociedade é feita para que somente o mais forte sobreviva, precisando, para isto, ser eliminada a concorrência.
Assim, o “homem lobo” não abandona o seu individualismo e a sua vontade é sempre reduzir o outro ao seu poder e dominá-lo.
Evidente que no século XVII, as formas de dominação e submissão eram muito diferentes das que vemos hoje, que se dão até pela interpretação de que a ocupação de pequenos espaços em órgãos e instituições, que o filósofo marxista Louis Althusser (1918 – 1990) denominava de Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE), aos poucos determinará a chegada ao poder.
Para o “homem lobo” tudo é uma guerra e, em o sendo, nela não há injustiças, sendo justificadas todas e quaisquer práticas, mesmo que estas determinem a dominação e a submissão do outro a ele, pois somente desta maneira o seu poder será consagrado.
As virtudes na guerra são a força e a astúcia e estas dominam o “homem lobo”, para ele não havendo o “teu e o meu” distintos, mas o que é tomado do outro.
O “homem lobo” despreza a ética e age unicamente voltado à sua vontade de poder e de dominação.
Infelizmente esta é a condição a que se resume a “simples natureza” do “homem lobo” e toda a perversão e o pecado em que se consagra.
Este é o seu estado de natureza, do qual é incapaz, pela sua concepção, de evoluir para uma sociedade onde as liberdades são garantidas pelo respeito mútuo.
Que o GADU nos livre do “homem lobo”, daquele irmão que o personifica, sentado ao seu lado como um igual, mas que por dentro nutre a sede do poder e do reconhecimento.

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