dezembro 30, 2025

REAL OU VIRTUAL - Sidnei Godinho


Esta semana uma operadora de telemarketing japonesa inovou ao celebrar sua união com um avatar.

A cerimônia foi realizada em uma capela e tinha como noivo a tela de seu celular, que continha a imagem, por ela criada, e com quem interage nos últimos anos.

Questionada sobre algo tão inusitado, ela apenas respondeu que um casamento se trata de ser Feliz e que estava então realizada.

O objetivo realmente está correto, mas é a distorção dos meios que assombra os dias atuais.

Pesquisas comprovam o crescimento vertiginoso da interação com o Chat-GPT com emoludores de personalidade, na criação de companheiros virtuais que se adequem aos seus "Senhores".

Frente à incapacidade de desenvolver relações interpessoais e de se submeter à crítica alheia, a fuga para "Pandora" tem sido o meio escolhido, como um placebo doce que apenas distrai a atenção para a real doença.

O preocupante é que este processo começa quase que anônimo e imperceptível nas distrações diárias, quando o celular serve de escusa para a conversa "olho no olho" sobre os problemas "normais" de qualquer relação. 

Chega a ser caricato ver uma mesa posta para o jantar e cada lugar ocupado com seu celular ao lado do prato, sob a alegação de que aguarda uma ligação importante, ou que está de sobreaviso, ou mesmo que não consegue se separar dele. 

O limite da razão foi perdido esta semana e com o avanço da tecnologia, logo logo o casamento não será com um celular e sim com um avatar "3D", um clone cibernético de si mesmo, pois o que se busca não é a perfeição, mas sim que não se questione suas próprias imperfeições. 

Deus criou Eva e a japonesa Yurina criou "Klaus", ambos para serem companheiros, mas apenas um há de questionar seus atos, porquê o amor é conquista, assim como a lealdade. 

Um marido, uma mulher, filhos, amigos de trabalho, família são parte do que somos, foram construídos por relações sociais, com atritos naturais e não por dados inseridos num programa. 

O sucesso ou não depende de sua capacidade de enfrentar o dissabor REAL ao invés de fugir para um teclado VIRTUAL.


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