outubro 25, 2025

COLIGAÇÃO DAS LOJAS DA BAIXADA SANTISTA



Ocorreu na noite de ontem mais uma reunião mensal da Coligação das Lojas da Baixada Santista, presidida pelo irmão José Carballido Dominguez, com a presença de grande número de Veneráveis Mestres de toda a região. A Coligação, que reúne Lojas de todas as potências presta relevantes serviços aos seus associados, um dos quais é um pecúlio auxilio-funeral, tanto por ocasião do óbito do irmão, como também da cunhada.

O evento aconteceu no magnífico templo da ARLS Fraternidade de Santos n. 132, fundada em 1853. A Loja mantém há 118 anos uma creche e ha 103 anos um asilo. Ainda tem uma sala de memória, como se fosse um museu, deste mais de século e meio de trabalhos em benefício da sociedade santista. Entre outras peças notáveis está uma espada que pertenceu ao Duque de Caxias.

O ponto alto da reunião foi a palestra do polimata  irmão Oduwaldo Álvaro, com o título "Ritos Maçônicos praticados no Brasil em 2025." O extenso trabalho de pesquisa trouxe muitas informações e proporcionou uma ampla visão sobre os ritos e rituais praticados no Brasil.

Um delicioso jantar encerrou a reunião.

NULLIUS IN VERBA (“NAS PALAVRAS DE NINGUÉM”) - Alexandre Fortes


Traduzido do latim por “Nas palavras de Ninguém” ou “Sem palavras”, “Nullius in Verba” é o lema da Royal Society, que apesar de não ser uma instituição maçónica, é também uma histórica instituição de Londres. 

A Royal Society foi fundada no século XVII, em 28 de Novembro de 1660, em que foi concedida uma carta régia pelo rei Carlos II como The Royal Society e é a mais antiga academia científica continuamente existente no mundo. 

Já teve Robert Moray, Isaac Newton, Christopher Wren e outros como presidentes, e que nos ensina uma valiosa lição: *É preciso ler! É preciso verificar!*

Basicamente o termo em latim nullius in verba significa não crer em coisa alguma apenas pelas palavras e sim utilizando o método científico, verificável, comprovável, escrito. 

E isso nos conduz a uma uniformidade consciente e provável daquilo que é enquanto é; daquilo que é fidedigno!

É preciso verificar, é preciso ler, é preciso ver o que está escrito! 

E isso é deveras importante, sobretudo quando se trata de Maçonaria, de ritualística. 

Tanto para compreender, aprender, e praticar o que está previsto nos nossos Rituais Maçónicos, sem enxertos, sem miscelâneas, sem misturas de ritos ou “macarronadas” de ritos, ou “saladas” ritualísticas e de expressões de diversos Ritos Maçónicos, e outros quejandos… 

É preciso buscar nos Rituais Maçónicos o como é feito, e, fazer corretamente. 

É preciso ler! 

É preciso verificar!

Esta máxima lição de nullius in verba nos adverte e previne sobre não exactamente acreditar, cegamente, (preguiçosa ou indolentemente), como sendo uma “absoluta verdade”, o que somente “ouvimos” e “vemos”, e pelo erro de se replicar deliberadamente o que anteriormente nos foi dito, apenas e unicamente pelo falso princípio de que “porque aqui sempre foi assim… ou, se me ‘falaram’… ou ainda, eu vi assim…, então… que é exatamente assim! 

E, como eu ‘vi’ fazerem assim, então, assim eu faço, assim deve ser, assim eu farei (…)” e sempre será assim!. 

E isto é um erro absurdo!

Posto que se assumirmos tais posturas e atitudes, certamente estaremos incorrendo em erro: o de se replicar o erro!, 

Convictamente, simplesmente porque fizeram errado anteriormente, acreditando-se que era a mais correcta e absoluta verdade a ser seguida sempre.

Onde ficariam a uniformidade e a fidedignidade do Rito Maçónico a serem seguidas?

Todos nós maçons, na liturgia maçónica, assim como na vida, todos erramos e erraremos, mesmo buscando a perfectibilidade. 

Somos seres humanos, somos falíveis. 

Mas, o mais importante não é o justificar-se, pelo facto de sermos todos seres humanos falíveis, de continuarmos errando e nos arrogando como “eternos aprendizes”. 

Mas, outrossim, devemos em verdade é procurar aprender e fazer o que é certo, e isso é o mais sublime! 

Assumirmos a consciência de desbastar as nossas pedras brutas, rugosas e ásperas, e lapidá-las ao mais belo, ao mais perfeito e brilhante possível.

Pertinente  a esta matéria, especificamente, sobre o correcto desempenhar dos trabalhos litúrgicos maçónicos, é absolutamente harmoniosa, tranquila, pacífica, a questão: tudo ali está escrito no Decreto Maçónico – Ritual; está escrito nos nossos Rituais! 

Basta ler, entender, e, fazer! 

Simples assim. 

Tão simples que se nos foge de ser crível, pelo ceticismo insipiente e pelo vício de uma prática corrente de se “fazer errado”, como se fosse algo explicado como “costume antigo na minha Loja” ou do “aqui sempre foi assim” e praticar-se um erro ou vários erros, porque simplesmente “Magister dixit” (“O Mestre disse”). 

É preciso ver onde legalmente está escrito e compreender o que fidedignamente está escrito nos nossos Rituais e fazer o que ali nos ensina e está escrito!

Erros podem ocorrer em textos e/ou palavras. 

Eventuais erros podem ocorrer em passagens, termos, e vocábulos nos rituais. 

Mas os livros doutrinários sobre os Ritos Maçónicos existem e podem, como devem, serem os instrumentos adequados para se socorrer e melhor entender, resolver possíveis e eventuais dubiedades, ambiguidades, ou erros havidos, quando estes ocorrem. 

As Potências se valem das Old Charges, dos Lankmarks, das Constituições, das práticas consagradas e registradas em Actas Maçónicas. 

Há também as Demonstrações Oficiais por Lojas de Instrução Maçónica, dos verdadeiros e legítimos costumes antigos, dos renomados maçonólogos, livros doutrinários ritualísticos para cada Rito Maçónico e de seus comités responsáveis pelas verificações dos Rituais Maçónicos. 

E, sempre, é preciso fundamentação conscienciosa até a próxima edição, correcção, nos rituais maçónicos, quando isto for passivo. 

A busca da verdade, pelo Maçom, deve ser incessante, contínua e sábia. 

Entrementes, de toda e qualquer maneira, algo é certo e indiscutível, insofismável: 


É PRECISO LER! 

É PRECISO COMPREENDER! 

É PRECISO VERIFICAR! 

É PRECISO APRENDER!



OS QUATRO ELEMENTOS - Dirceu Zamboni



Os quatro elementos são: Água, Terra, Ar e Fogo. 

A sua origem no Ocidente foi na Grécia pré-socrática, onde defendiam a ideia que a matéria se originava ora no fogo, ora na água.

Alguns Gregos da linha Pitagórica e Aristotélica acreditavam haver um quinto elemento, mais subtil e chamado de quinta-essência, ou perfeito, sendo este um elemento cósmico e não terrestre. 

Existem historiadores que creditam tal elemento aos chineses, que o chamam de elemento subtil, sabendo-se que o conhecimento científico veio do Oriente para o Ocidente.

Na Astrologia os elementos são divididos em dois grupos:

• Fogo e Ar, que são considerados Ativos (na filosofia chinesa são chamados de Yin), os signos do Fogo e Ar expressam-se no convívio social de forma reservada e com precaução.

• Terra e Água, que são considerados Passivos (na filosofia chinesa são chamados de Yang); os signos da Terra e Água são mais cautelosos e introspectivos.

Na Maçonaria os quatro elementos são representados na iniciação, sendo:

• Terra: representa o útero materno, onde o iniciado é levado a reflectir sobre uma nova concepção de ideias e comportamento, já que morreu para o mundo profano e estará renascendo para o mundo maçónico, ela é representada pela Câmara de Reflexão.

• Ar: representa o recém-nascido que trava uma batalha para chegar ao mundo, passando pelo canal vaginal (filosoficamente), saindo do mundo calmo e acolhedor do ventre uterino, chegando a um mundo completamente desconhecido e despreparado para lidar durante toda uma vida com a nossa condição terrena cheia de atribulações, anseios, alegrias, decepções, etc.

• Água: representa a purificação, onde o novo ser é limpo de toda a sujidade impregnada no seu corpo, quando do nascimento.

• Fogo: representa a chama ardente, a procura de conhecimento filosófico, que nunca deverá ser apagada, pois o verdadeiro maçon é aquele que mantém a sua chama acesa na busca da verdade.


Nas Viagens Iniciáticas


A palavra “viagem” na linguagem emblemática dos maçons diz que, os iniciados viajam do Ocidente para o Oriente e do Sul para o Norte. 

Isto equivale a dizer que os postulantes de iniciação transitam pelos quatro pontos cardeais da Terra. 

As purificações que acompanham tais viagens lembram que o homem nunca é suficientemente puro para chegar ao templo da filosofia.

_ A primeira Viagem, com o seu ruído e os seus trovões, representa o segundo elemento, o AR, que, com os seus meteoros e contínuas flutuações, é o emblema da vida, sujeita a contraditórias variações. 

O AR é o símbolo da vitalidade ou da Vida, é um emblema natural e próprio da vida humana, com as suas correntes, agitações e estagnações, o seu cansaço e energias, as suas tempestades e calmarias e as suas perturbações e equilíbrios.

Esta Viagem representa também, o progresso de um povo. 

O progresso é a vida geral da humanidade, é o seu avançar colectivo. 

Ela encontra atrasos e obstáculos, tem as suas estações e as suas noites, mas sabe vencer todos as dificuldades e tem o seu despertar.

_ A segunda viagem, é exercida pela Água, terceiro elemento da natureza. 

A purificação pela Água nada mais é do que uma espécie de “batismo filosófico”, levado a efeito com o intuito de limpar ou libertar o espírito humano das suas arestas e imperfeições morais, que mais não são que a raiz ou causa interior de todo o mal e dificuldades exteriores.

A Água simboliza o Oceano da Vida, é a purificação mental que conduz ao estado de consciência, dando forças para que a pessoa possa encontrar na Vida a parte bela e construtiva, para encontrar o amor, a satisfação de um ideal; “A Paz”.

_ A terceira viagem, o Fogo é descrito pelos sábios como princípio activo, germinativo e originador da geração. 

Os maçons definem-no como o fervor e o zelo dos militantes da Ordem.

A totalidade dos maçons tem-no como elemento que faz queimar todo o resíduo possível de impureza, destruindo, ao mesmo tempo, todos os traços de ilusão que porventura continue dominando o espírito na sua trajectória de evolução. 

Segundo a fábula, foi Prometeu, conhecido como o Génio do Fogo, quem ensinou aos homens o manejo das chamas.

As chamas simbolizam a parte positiva como as aspirações, o zelo, o fervor, a fé e, sobretudo, o desejo de evoluir, conhecer e crescer. 

A Água purifica a Alma, mas o Fogo destrói as nódoas do vício.


Conclusão


Os quatro elementos costumam-se fazer corresponder aos quatro períodos da vida humana: infância, adolescência, idade madura e velhice. 

Poderíamos ainda fazê-los corresponder aos quatro pontos cardeais, às quatro estações, às quatro idades do Mundo: idade do ouro, da prata, do bronze e do ferro, etc.

Pode-se admitir, sem grandes dificuldades, que o homem se compõe não só de um corpo e de uma alma, mas de quatro partes distintas, às quais daremos seus nomes latinos: Spiritus, Animus, Mens, Corpus. 

A cada uma dessas partes faremos corresponder um dos elementos na seguinte ordem: Fogo, Água, Ar, Terra.


Roguemos ao G∴ A∴ D∴ U∴ que apesar de nossas limitações e defeitos, nos julgue dignos de sermos elementos transformadores sociais e individuais, para a edificação própria e para a construção de um mundo melhor e mais justo e perfeito.


Bom dia meus irmãos. 🙏 


 A∴M ∴

outubro 24, 2025

ELEUTERIO NICOLAU DA CONCEIÇÃO - Jorge Gonçalves



 Hoje é aniversário do irmão Eleutério, patrimônio da Maçonaria.


Celebramos sua vida, sua obra e o legado que continua a inspirar a todos nós.

Nesta data, elevemos nossos pensamentos em prece pela sua plena recuperação. Estamos todos torcendo por você, Mestre.

 Feliz aniversário.

Jorge Gonçalves


Eleutério Nicolau da Conceição é um dos maçons mais inteligentes e cultos do país, que neste momento enfrenta difícil batalha para recuperar sua saúde. A mensagem acima, do irmão Jorge Gonçalves, representa a opinião de cada Maçom brasileiro que ouviu, leu  e aprendeu com Eleutério. Estamos todos irmanados em oração por sua saúde. Michael Winetzki 

O LUGAR MAIS IMPORTANTE DA CASA - Heitor Rodrigues Freire

 

A vida moderna, com seus encantos e confortos, tem proporcionado uma alteração significativa nos costumes e provocado paulatinamente uma transformação que se constituiu num dos pilares de desconstrução da família. Assim, a cozinha, que representava o núcleo em torno do qual a família orbitava, vem perdendo importância.

Na década de 80, quando nos Estados Unidos o hábito de se cozinhar em casa decaiu, com a tendência de comer fora e a ascensão dos fastfoods da vida, alguns economistas emitiram um alerta: “Se o governo assumir o cuidado das crianças e dos idosos, e as empresas privadas oferecerem alimentação aos funcionários, a estrutura familiar vai enfraquecer”.

Essa tendência que rapidamente se espalhou pelo mundo demonstrou que esse alerta foi desprezado, gerando não apenas uma mudança de hábito, mas também a desagregação gradativa do convívio em família.  

Os dados são alarmantes:

Em 1971, 71% dos lares americanos tinham marido, esposa e filhos vivendo juntos.

Hoje, restam apenas 20% desse tipo de família.

E o restante?

Foram para casas de repouso, apartamentos solitários ou vidas desconectadas.

   •   15% das mulheres vivem sozinhas;

   •   12% dos homens estão sozinhos dentro de famílias;

   •   41% das crianças nascem fora do casamento;

   •   Taxa de divórcio: 50% no primeiro casamento, 67% no segundo, 74% no terceiro.

Isso não é acaso — é o custo social de se fechar a cozinha. A comida caseira não é apenas nutrição — é amor, conexão e conforto.

Quando as famílias se sentam juntas para comer:

   •   Os corações se aproximam;

   •   As crianças aprendem com os mais velhos;

   •   Os relacionamentos se suavizam e se tornam calorosos.

Mas quando cada um come sozinho, fixada em seu próprio celular, a vida fica muito utilitária de modo que as casas passam a funcionar como se fossem só um lugar onde as pessoas dormem sob o mesmo teto, e as famílias se tornam tão distantes quanto amigos de redes sociais. Porque cozinhar não é apenas uma tarefa doméstica, mas um elo que mantém o sistema familiar unido.

Outras consequências de se comer na rua:

   •   Óleos de baixa qualidade;

   •   Sabores artificiais;

   •   Vício em fast food;

   •   Comida de má qualidade a preço alto.

O resultado? Obesidade, diabetes, doenças cardíacas e pressão alta ainda na juventude.

Hoje, as empresas nos dizem o que comer, e as farmacêuticas fazem negócios com a promessa de “nos manter saudáveis.”

Nossos avós levavam comida feita em casa até quando viajavam.

Hoje, achamos mais fácil pedir de fora mesmo estando em casa.

Ainda dá tempo — acenda a cozinha, não apenas o fogão… reavive os relacionamentos, o amor, a segurança, a cultura e a saúde.

Cozinhar em casa não exige ser um chef, mas demanda um pouco de empenho e planejamento. Estudos recentes reforçam que preparar a própria refeição pode garantir uma alimentação mais saudável, baseada em ingredientes naturais, e reduzir o consumo de ultraprocessados, ricos em gorduras, açúcares e sódio, que estão associados a doenças crônicas.

No entanto, as gerações atuais estão perdendo essa prática. Com a correria do dia a dia, o consumo de comidas prontas e ultraprocessadas se tornaram o hábito mais comum para pessoas que estão cansadas, e provocam uma onda de problemas na saúde que se instalam sorrateiramente. “É preciso estimular as habilidades culinárias, sobretudo entre as populações mais jovens”, dizem os especialistas.

Cozinhar é uma arte que exige empenho e dedicação, e é uma atividade que estimula a criatividade e sua prática constante cria uma grande satisfação íntima porque exalta a satisfação de fazer bem feito.

Uma cozinha une a família e estimula a união. Enfim, a cozinha é o lugar mais importante da casa.


COMPLEXO - Sidnei Godinho



Há alguns anos, em um debate acalorado um amigo, ao perceber o intuito oculto dos que se intitulavam irmãos, pausou sua fala e disse:

_Você é inteligente, mas eu não sou burro.

O austríaco Alfred Adler é considerado o pai da psicologia individual e conceituou o Complexo de Superioridade como uma mazela comportamental, quando a pessoa tenta se projetar sobre outra.

É uma autodefesa para encobrir sua incapacidade de ser aceita em um grupo.

Vale-se então da posição social, patente, título, status financeiro para impingir, de forma leviana, suas idéias como únicas, desprezando e mesmo condenando quem se posicione à discordar. 

Adler revolucionou a psicologia com abordagens sobre os complexos de Inferioridade e Superioridade.

Ele definiu que o ser humano é motivado pela necessidade de se sentir parte de um grupo e está em constante comparação.

O modo como cada um faz esta auto-análise é que vai moldar seu comportamento e definir seu complexo.

E principalmente definir sua aceitação pelos demais.

A máxima do meu amigo se aplica muito além daquela resposta aos seus algozes que se diziam irmãos.

_ Você é inteligente, mas eu não sou burro.

_ Você é o provedor, mas eu também contribuo.

_ Você é o Comandante, mas eu sei voar.

_ Você é meu Pai, mas eu sou seu Filho.

_ Você é meu Marido, então não se esqueça que sou sua Esposa. 

_ Você pode estar certo, mas eu também posso ter razão... 

Não deixe aflorar uma falsa Superioridade que mascara sua angústia da rejeição por seus próprios atos.

Aproveite o dia para melhor compreender que você é tão importante quanto quem se assenta à direita ou à esquerda.

Tudo é uma questão de tempo para a igualdade se tornar real, não espere então as cinzas para esta constatação.





outubro 23, 2025

QUANDO A FONTE SECAR - Roberto Ribeiro Reis

  


O dinamismo de outrora,

A Maçonaria mundo afora 

Já revelou um feliz cenário.

Hoje, está pálida a aurora,

Pois a união já não aflora

O homem não tem ideário.


O que ressoa só espanta,

A angústia fere a garganta 

O ébrio substitui ao sóbrio.

O que se institui é o vício,

Pavimentado o vil artifício,

Traz só desonra e opróbrio.


Quando nossa fonte secar,

E o velho irmão desanimar,

Em desespero a esperança 

Quando a vaidade ultrajar,

Fazendo a coluna desabar,

O Maçom foi morto à lança


O que nos resta, doravante

É deixar a dor, um instante,

Buscando apoio às luzes.

A vida hoje é inconstante,

E deixar o mal ir adiante 

É largar justos em cruzes.








CAPACITAÇÃO PARA ACULTURAÇÃO - Aldo Vecchini


     Deixando a ignorância para mais adiante, a recomendação ritualística é para os iniciados estudarem e acrescentarem motivos nas suas boas ações e reflexões. Também nos seus conteúdos que balizam seu crescimento intelectual, nesse contexto. 

     É bem sabido que em todos os graus da Maçonaria Simbólica, há a orientação para o desenvolvimento da compreensão e, obviamente, do cabedal, expressos nas suas apresentações e que complementam seu prontuário, seus arquivos laborais.

     Verdade maior. Quanto mais procuramos saber, mais e melhor aprendemos o fazer, pois os acréscimos são, por analogia, o desbastar e, posteriormente, o polir cada bloco de pedra. 

     Essa tarefa artesanal, hoje em dia, se derrama sobre o papel quando o autor, agrupando palavras, expressões, parágrafos, montam a prancha também denominada peça arquitetônica, que tornar-se-á mais um assentamento e comporá seu edifício maçônico, ou seja, sua obra cultural/intelectual.

     Vejam bem! Não há meio termo, tampouco, outras razões para abster-se. O chamamento é imperativo! O candidato em muitas situações pode declinar, mas ao assegurar com firmeza e prosseguir, não deve esmorecer. 

     Nesse comenos, a acolhida, a necessidade de fazer progressos e os incentivos fortalecerão suas conquistas intelectuais e o resultado aparecerá nitidamente, em cada trabalho ou oportunidade em que se manifestar, por iniciativa, convite ou obrigação.

     Vejo com bons olhos a Grande Secretaria de Educação Maçônica - GSEM, bem como a biblioteca da GLESP nas mãos do Irmão/Imortal, Grande Bibliotecário Michael Winetzki. A primeira por possibilitar melhores aprendizados e capacitar os estudiosos no aprimoramento educacional/cultural; a segunda por oferecer infinitas possibilidades e recursos inesgotáveis. 

     Nos diferentes graus, cada obreiro poderá servir-se do material disponível, individualizando toda a explicação e, segundo o que se dispõe nos parâmetros estabelecidos em nossos rituais.   

     Já temos bastante elementos para enfrentar a ignorância, que é o estado de quem não tem conhecimento, cultura, por falta de estudo, experiência ou prática. Pode ainda ser ela a precursora de todos os outros males. E se a Maçonaria a combate, bem como os preconceitos e os erros, também recomenda o estudo e o aperfeiçoamento dos costumes, por meio da busca pelo entendimento e da reflexão, debruçando-se sobre os conteúdos ofertados pelos rituais e complementados pela GSEM e Biblioteca da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo - GLESP.

     É notório os avanços já verificados em cada exposição. Em sendo cada obreiro um trabalhador incansável na edificação do seu verdadeiro patrimônio, ou seja, da sua cultura, cada detalhe torna-se um elemento destacado no conjunto da sua obra.

     Do alicerce ao cobrimento tudo é bem pensado para harmonizar e complementar sua edificação. Feito os antigos construtores que conferiam a cada detalhe uma assinatura própria, os especulativos adornam seus trabalhos com a mais refinada literatura.

     Que bom que é assim. Cumprimos com o nosso dever de tornar feliz a humanidade. Burilando nossos conhecimentos, enriquecendo-os, municiando nossas ações e nossas reflexões com o mais refinado trato, as mais necessárias filigranas, e todas as figuras de linguagem para qualificar nossos pensamentos e nossas composições. Nesse bojo, tudo o que apresentamos expõe o nosso interior, terreno onde semeamos o que há de melhor para germinarem em brotos, flores e, frutos saborosos.

     Carreguemos e alinhemos, significa dizer: saibamos dosar e compreender que a oferta é igualitária e equitativa, mas o que fazemos com o recebido e processado segue o molde de cada um. Importantíssimo reiterar a participação de todos nesse aprendizado, nessa tarefa comunitária, nesse ágape cultural que tanto alimenta o cabedal individual. Todos os obreiros entregarão sempre o melhor assimilado, nesse labor diário e tão necessário à aculturação geral. Estamos satisfeitos com a evolução dos trabalhos nos canteiros de obra.

     E há muita pedra para ajustar-se no edifício sempre em construção, desde tempos imemoráveis. Cada artesão deixa sua contribuição, sua arte e assinatura nos desbastes sob medida, de forma que tudo se encaixa, tudo se completa. Lição já ensinada pelo mestre Hiram Abiff, na edificação do Templo de Jerusalém, parecendo-nos que são os mesmos ajustes dos atuais padrões de tolerância normatizados.

     Melhores acolhidos, os obreiros em preparação, reagem com mais maleabilidade, pois sabem que seus afazeres foram bem avaliados pelos mestres, sempre incumbidos do envolvimento, pelo exemplo, e pela dedicação ao prometido. Assim, as reuniões tornam-se mais atraentes e o nível de aculturação sobe em decorrência do verdadeiro pertencimento.

     Acertaram o alvo, precisamente, com a criação da Grande Secretaria de Educação Maçônica. Todos os conteúdos disponíveis podem ser utilizados de forma a se evitar especulações e erros. Prosseguiremos explorando os saberes sensíveis dos nossos Rituais, convictos de que não descarrilaremos, pois, a segurança ofertada é gigante feito a natureza do que eles contêm. Todos ganham com isso!

     Apropriando-nos dos perfis comportamentais disponíveis, em slides, sob o botão EaD, quais sejam: executor, comunicador, planejador, analista, cada obreiro com sua peculiaridade, orientado pelo seu mentor, percorrerá a trilha de capacitação seguro de que o melhor está por vir, pois já saiu da zona de conforto, venceu o medo inicial e está aprimorando seus saberes, pelo crescimento educacional.

     Não estamos reiniciando nossas reflexões, mas como o símbolo da eternidade e conceito de infinito, também do que recomeça, o Ouroboros, pretendemos sedimentar tudo que está aqui, nas diversas sentenças e proposituras. Nosso intento é, ainda, ir e vir, A e Z, começo e fim, para garantir o entendimento de que tudo o que compõe essa obra, passa pela dualidade, sem entrar no fatídico, mas nos complementares. Zênite e Nadir!!!

     Em sendo assim, dirijamos nossas atenções para o pavimento mosaico, item do painel dos aprendizes, parecendo-nos sugerir sempre que para percorrermos o caminho rumo a posteridade, todas as possibilidades serão compreendidas; todas as oportunidades serão avaliadas e filtradas, restando-nos as escolhas mais virtuosas e que resultarão nas melhores ações, ações amorosas e contagiantes.

     O trabalho intelectual é uma manifestação de amor. O aprimoramento pessoal é uma contribuição para o aperfeiçoamento dos costumes. A manifestação humilde do que aprendeu é um pertencimento, e o melhor recomendado aos estudiosos. De forma que o sucesso maçônico alcança essas instâncias, num movimento rotacional, feito a circulação em Loja, em postura impávida.

     E a obra de cada um será tanto mais colossal, quanto melhor sintonizada e contextualizada. Significa dizer que a fidelidade aos estudos ofertados por nossa Grande Loja e, segundo o estruturado em nossos Rituais do Simbolismo, resultará no refinamento o mais necessário, para não perdermos o bonde da história.

     Assim, burilando o que já sabemos, acrescentando o que mais aprendemos, enriquecemos a nossa arte, arte de construir pontes, em lugar de muros; arte de construir templos, em lugar de masmorras; arte de construirmos relações estreitas e fortes, a exemplo dos laços de fraternidade que unem como verdadeiros Irmãos. Arte Real, digamos bem, pois estamos exercitando o pensamento, permitindo inovações e disseminando saberes na forma de alquimia, solvendo e coagulando, pensamentos e ações. Oxalá!!!



outubro 22, 2025

ARLS ROMÃ 854 - Santos, SP




         Por ocasião da sessão conjunta realizada na noite de ontem na ARLS Coluna Santista n. 151, fui presentado com um magnífico livro, luxuosamente impresso, de autoria do irmão Davidson Abreu, oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, bacharel em direito, escritor e palestrante e autor de outras obras na área de ficção e segurança pública.
        O livro aborda em vários capítulos, e entre outras coisas, a história da maçonaria, a lenda de Hiram Abiff, os Templários e os maçons, a influência da maçonaria nos grandes eventos históricos, ilustres maçons brasileiros e a história da ARLS Romã n. 854, desde a sua fundação em 5 de janeiro de 2006.
        O Venerável Mestre Adalberto Rocha e o autor da obra, também enviaram uma carinhosa mensagem, que reproduzo abaixo:

        Prezado irmão Michael Winetzki
        Se Isaac Newton estivesse entre nós nesta noite, certamente diria: "Se vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes! E hoje, após sua brilhante palestra, temos certeza de que estivemos diante de uma destes gigantes - não só de conhecimento, mas também da generosidade e da inspiração.
        Sua fala foi como a maçã que caiu na cabeça de Newton: inesperada, impactante e capaz de despertar ideias que estavam adormecidas. Só que no seu caso, ninguém saiu com galo na testa - apenas com o cérebro mais iluminado e o coração mais leve.
        Com carinho e gratidão, presenteamos-lhe este livro que conta a história da ARLS Romã n. 854. Que ele seja como a gravidade: invisível, mas sempre presente, conectando saberes, tradições e irmãos.
        E como diria Newton, "A verdade é sempre encontrada na simplicidade". E a simplicidade do seu gesto - compartilhar conhecimento com paixão - nos tocou profundamente.
        Receba este singelo presente como símbolo de nossa admiração e como prova de que, mesmo entre maças e palestras, há espaço para o riso, a emoção e a eterna busca pela luz.
        Fraternalmente
        Seus irmãos da ARLS Romã 854.
        


SESSÃO CONJUNTA DE PALESTRA - Santos, SP








        Prosseguindo as comemorações do Jubileu de Ouro do ano do cinquentenário da ARLS Coluna Santista n. 171, ocorreu na noite de ontem, naquele magnífico templo, uma sessão conjunta das ARLS Coluna Santista n. 171, Valter Prando n. 883 e Roma n. 854, na qual proferi a palestra "Maçonaria de Isaac Newton a Internet".
        O Venerável Mestre Edilson Mendonça de Brito dirigiu com tranquilidade os trabalhos onde mais de 80 irmãos de diversas Lojas e Orientes estavam presentes, além de uma significativa comitiva de autoridades maçônicas. 
        A palestra despertou grande interesse e, finda a sessão, os participantes ainda me abordavam com perguntas.
        O responsável pelo convite foi o Delegado do GM irmão Laércio Jeronymo Silva, que devido ao tardio da hora não pode fazer a leitura do agradecimento que havia preparado, mas que por pertinência, a publico aqui: 

Respeitáveis Delegados:
Alberto Teixeira do 2o. Distrito 
Jose Manoel Gonzales Dieguez do 7o. Distrito
Daniel Valero Avila do 8o Distrito 
Edson Joaquim de Jesus Cambauva do 10o.Distrito 
Valter Sanchez Fernandes do 13o. Distrito
Nosso Palestrante Michael Winetzki Grande Bibliotecário da Glesp 
José Carballido, Presidente da Coligação 
Venerável Mestre Adalberto Vicente da Rocha Filho da Loja Romã 854
Venerável Mestre Sérgio Pinheiro Pedro , Serginho, da Loja Valter Prando 883
Venerável Mestre Edilson Mendonca de Brito da Loja Coluna Santista 171, todos das Lojas patrocinadoras dessa reunião conjunta, em nome de quem saúdo todos os Veneráveis presentes. 
Mestres Instalados
Vigilantes.
Mestres
Companheiros. 
Aprendizes. 

Em Primeiro lugar. 
Parabéns ao nosso palestrante Michael Winetzki, nosso representante de cultura na Glesp, pela brilhante Palestra. 
Um “banho” de cultura maçônica.
Sobre a Importância da Cultura, algumas ponderações,
Perguntas para pensar:
Você se considera uma pessoa culta?
Sua família diz algo a respeito da sua erudição (ou da falta dela)? 
Para você, um ser humano é mais confiável se for mais culto? 
Você vê utilidade nisso?
A cultura introduz o relativismo histórico, 
a dúvida, 
a crítica, 
impede o essencialismo ,que tende ao autoritarismo, de quase todas as instituições de poder. 
Não sei exatamente responder à questão sobre a utilidade da cultura. Sei, com certeza, que a ignorância serve muito bem a quem deseja pessoas apáticas e submissas ao púlpito ou ao palanque.
A cultura liberta, se bem conduzida. Ela diverte, aprimora, faz companhia, e elabora significados.
E … Em segundo lugar, 
Parabéns para o Venerável Mestre, pela condução dos trabalhos, e muitos parabéns para a Loja Coluna Santista 171, no ano do seu Jubileu de Ouro. Parabéns aos Veneráveis Adalberto, Serginho e Brito, pela iniciativa dessa Reunião conjunta de Palestra.
Obrigado pelo carinho e pelas boas vindas.
Para finalizar
Trago o TFA do Sereníssimo Grão Mestre Jorge Anisio Haddad e as cordiais saudações do Delegado Regional da 8a Região, Guillermo Bahamonde Manso. 

        A Loja se comprometeu, em retribuição a palestra, a fazer uma generosa doação de cestas básicas a uma instituição local de beneficência.
        Delicioso jantar encerrou a cerimônia.
        
        


POR QUE MORRE UMA LOJA?


Os corpos Maçônicos morrem pela observância / inobservânciade quaisquer das seguintes ações e atitudes:

01. Por não se frequentar os seus trabalhos;

02. Pela falta de energia do Venerável;

03. Pela falta de atividade do Secretário;

04. Pela falta de empenho do Tesoureiro;

05. Por não chegar nunca na hora do início dos trabalhos;

06. Por não se querer aceitar cargos;

07. Por estar sempre disposto a criticar e nunca disposto a fazer;

08. Por procurar-se encontrar sempre algum defeito nos trabalhos da Oficina;

09. Por desgostar em não ser indicado para integrar alguma  Comissão;

10. Por não desempenhar seu trabalho;

11. Por não emitir opinião, franca e leal, sobre os assuntos consultados e criticar, depois, a alternativa seguida;

12. Por pensar e exteriorizar opinião que desabone oficiais e dignidades;

13. Por ser intempestivo, arrogante, vaidoso ao ponto de não

reconhecer seus próprios erros;

14. Por fazer uso da palavra para agredir e tratar assuntos políticos e religiosos, proibidos em Loja;

15. Por acreditar perfeito, infalível e superior;

16. Por aspirar a todos os direitos e não se cumprir com os deveres,

17. Por não praticar na vida profana a conduta justa com os Irmãos;

18. Por não respeitar as opiniões nem os direitos maçônicos, sociais,

profanos, civis, econômicos  dos Irmãos;

19. Por acreditar que nossos Irmãos têm obrigações e nós só direitos;

20. Por semear ressentimentos entre os membros;

21. Por exaltar a vaidade de um Irmão às custas de outro;

22. Por discutir sem ilustrar;

23. Por trabalhar sempre para si próprio;

24. Por fazer monótonas as reuniões;

25. Por negar-se sistematicamente a todo esforço em prol da Oficina;

26. Por falta de disciplina;

27. Por tornar a Loja numa sala de conversa após aberto a sessão,

28. Por fazer eco de aversões contra um Irmão em vez de defendê-lo;

29. Por converter em sementeira de rivalidades e ódios o que deveria ser motivo de fraternidade e harmonia;

30. Por dizer hipocritamente, em Loja: "O Querido Irmão fulano de tal" e dizer, maldosamente na rua: "O sem vergonha do fulano de tal";

31. Por ser intransigente em tudo, até para pagar as mensalidades;

32. Por desejar sempre ser Venerável, ou quando menos Vigilantes e nunca Secretário, Tesoureiro ou Guarda Externo.

33. Por apatia e falta de lealdade aos juramentos.

Fonte: (Revista Masónica de Chile, Ano XXVlll, nºs 1 e 2 – 1951)

outubro 21, 2025

21/10/1822 - D. PEDRO I FECHA A MACONARIA



No dia 21 de outubro de 1822 Dom Pedro I determinou a interrupção das atividades maçônicas.

Para a historiografia maçônica, a 17ª sessão do Grande Oriente do Brasil se reveste de um significado particular. Realizada em 04 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil em substituição a José Bonifácio. A sessão foi presidida pelo Grande Mestre Adjunto Joaquim Gonçalves Ledo [Diderot]. E no dia 21 de outubro de 1822 dom Pedro determinou a interrupção das atividades maçônicas, afiançando a Ledo que a suspensão seria breve:

 "Meu Ledo. Convindo fazer certas averiguações, tanto públicas como particulares, na Maçonaria. Mando: primo como Imperador, segundo como Grão-Mestre, que os trabalhos Maçônicos se suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; agora resta-me reiterar os meus protestos como Irmão – Pedro Guatimozim Grão-Mestre. P.S. Hoje mesmo deve ter execução e espero que dure pouco tempo a suspensão, porque em breve conseguiremos o fim que deve resultar das averiguações".

... De fato, quatro dias depois, em 25 de outubro de 1822, Pedro Guatimozim, era assim que o Imperador assinava sua correspondência maçônica, determinou o fim da suspensão dos trabalhos em função do término das averiguações:

 "São Cristóvão, 25.10.1822. Meu Irmão – tendo sido outro dia suspendido nossos augustos trabalhos pelos motivos que vos participei, e achando-se hoje concluídas as averiguações, vos faço saber que segunda-feira que vem, os nossos trabalhos devem recobrar o seu antigo vigor, começando a abertura pela Loja em Assembléia Geral. É o que tenho a participa-vos para que, passando as necessárias ordens, assim o executeis. Queira o Supremo Arquiteto do Universo dar-vos fortunas imensas como vos deseja o – Vosso Irmão – Pedro Guatimozim – Grão-Mestre – Rosa Cruz".

Porque? 

D. Pedro I fechou o Grande Oriente do Brasil porque a Maçonaria se dividia em dois grupos. Embora ambos os grupos apoiassem fortemente a independência do Brasil, um dos grupos, liderados por José Bonifácio, apoiava a ideia de uma Monarquia Constitucionalista, enquanto que o outro grupo, liderado por Gonçalves Ledo, defendia já a proclamação da República. 

O grupo republicano, de Gonçalves Ledo, ganhava cada vez mais forças. Assim, D. Pedro I alegando "haver muita divergência entre José Bonifácio e Gonçalves Ledo" (as duas principais lideranças maçônicas na época) simplesmente fechou o Grande Oriente do Brasil.


Fonte: BEM, a Rede Colmeia coloca o texto acima todos os anos, mas a verdade é que D. Pedro I só sancionou uma Lei aprovada pelos Deputados, ele só assinou, o que na pratica é quase a mesma coisa.

BODE - Almir Sant’Anna Cruz


Chega às raias do ridículo e, pior, alimentado pelos próprios Maçons, a associação do bode com a Maçonaria.

É muito comum os Maçons chamarem-se a si próprios de bode e, ao arrepio do que preconizam os Rituais, com a finalidade de amedrontar os candidatos à iniciação, dizer-lhes que “vão ter que sentar no bode”, que devem “ter cuidado com o bode” e outras tolices de igual monta, inconcebíveis para um verdadeiro Maçom, um homem escolhido na Sociedade para “promover o bem estar da Humanidade, levantando Templos às virtudes e cavando masmorras aos vícios”.

*Não existe bode na Maçonaria!*

Um dos principais símbolos da Maçonaria, o pentagrama (estrela de cinco pontas) com uma única ponta para o alto, onde pode ser inscrita uma figura humana (cabeça, braços e pernas), é exatamente o oposto do bode, cuja cabeça se pode inscrever dentro de uma estrela invertida, com uma única ponta para baixo (chifres, orelhas e barba). Enquanto a estrela adotada pela Maçonaria representa o que de mais nobre, ativo e benéfico existe na natureza humana, a estrela invertida, geralmente utilizada em rituais de magia negra, representa o que de mais brutalmente instintivo existe na impureza animal.

*Não existe bode na Maçonaria!*

E a esmagadora maioria dos Maçons desconhece como, quando e onde tudo começou, havendo inclusive alguns eminentes autores nacionais que dizem ser uma invenção exclusivamente brasileira, derivada da expressão “bode preto”, que substitui a palavra “diabo”, o que não está correto. A associação do bode com a Maçonaria é muito mais profunda e perversa e se dá a nível internacional. Nicola Aslan in Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, afirma: Houve mesmo uma época, na Inglaterra, em que alguns gracejadores insistiam em que houvesse um bode na Loja, sobre o qual obrigavam os neófitos a montar. 

*Não existe bode na Maçonaria!*

Na mitologia greco-romana sim. Pan (“tudo” em grego), o deus dos caçadores, das florestas, da vida natural e da fertilidade, era representado com o corpo de homem e com barba, cornos, orelhas, pernas e patas de bode. Na batalha de Maratona, teria ajudado os gregos, amedrontando os persas, seus ini-migos, originando-se daí a palavra pânico.

*Não existe bode na Maçonaria!*

Na tradição judaica, cristã e islâmica sim. Com os demônios figurados como meio homem e meio bode.

A expressão “bode expiatório”, que significa a pessoa a quem é imputada a culpa alheia, é originária da tradição judaica de enxotar para o deserto, no dia da expiação dos pecados, um bode que carregava consigo os pecados do povo. Pois alguns autores maçônicos nacionais, por desconhecerem essa antiga prática judaica, que é relatada inclusive no Antigo Testamento, desenvolveram a mirabolante explicação de que o bode representaria a discrição maçônica. E o pior é que complementam essa tese estapafúrdia afirmando que os Maçons, ao serem torturados pela Inquisição nada revelaram. Desconhecem os autos da Inquisição em que se verifica que sob torturas, físicas ou psicológicas, tudo revelaram e até admitiram, para se livrarem das torturas, práticas inexistentes. Na literatura maçônica estrangeira nada se fala sobre isso! 

*Não existe bode na Maçonaria!*

Nas religiões afro-brasileiras sim. Dos 16 Orixás cultuados no Brasil, 10 deles recebem oferendas de caprinos: Iansã, Oxum, Obá, Nanã, Ewá e Oxalá (cabra); Ogum (cabrito); Ossaim e Obaluaiê (bode) e Exú (bode preto).

*Não existe bode na Maçonaria!*

A associação do bode com a Maçonaria, na realidade, começa com uma grande farsa perpetrada em dois atos teatrais, ambos tendo como pano de fundo a afirmação de que os Maçons cultuam Baphomet, o diabo em forma de bode. 

O primeiro ato inicia-se com a tese de que uma das origens ou fontes de inspiração da Maçonaria foi a Ordem dos Templários, parcialmente confirmada nos Altos Graus, com os chamados Graus Templários. 

Os Templários eram uma ordem militar religiosa fundada em 1118, com a finalidade de proteger o Reino Cristão de Jerusalém e escoltar os peregrinos cristãos que iam a Terra Santa. Os membros seguiam a regra de São Benedito e faziam os votos de pobreza, castidade e obediência. Durante os séculos XII e XIII seus ideais religiosos e militares tornaram a Ordem muito popular.

Para financiar seus objetivos, passaram a receber donativos e dotações e, não obstante suas despesas com a participação nas Cruzadas e com a construção e manutenção de inúmeras fortalezas fossem de grande monta, por serem excelentes administradores, fiéis e organizados depositários, tornaram-se muito poderosos e banqueiros de papas, reis e particulares.

Em 1307, o Rei Felipe o Belo, de França, totalmente falido, resolveu apoderar-se dos bens da Ordem, prendendo os Templários sob a acusação de devassidão e idolatria e entregando-os à Inquisição que, sob tortura, obteve declarações de culpabilidade e queimou vivos, em 1314, os altos dignitários da Ordem, inclusive seu Grão-Mestre Jacques de Molay.

Entre as inverídicas acusações contra os Templários, pesava a adoração a Baphomet, pretenso ídolo associado ao nome de Maomé, representado por uma figura humana com atributos dos dois sexos e com cabeça de carneiro ou bode.

O segundo ato, muito mais prejudicial e delirante, tem como ator principal o impostor francês Gabriel Antoine Jogand Pagés (1854-1907). 

Aluno expulso de colégios católicos, tornou-se jornalista e escritor anticlerical. Depois foi iniciado na Maçonaria e expulso de sua Loja, tornando-se escritor anti-maçônico. Arrependeu-se publicamente de seu anticlericalismo e foi recebido, abençoado e absolvido das inúmeras excomunhões que sofrera, pelo próprio Papa.

Em seus escritos, fazia uso de diversos pseudônimos, entre os quais o de Leo Taxil, com o qual veio a tornar-se muito famoso. Levando uma vida de falcatruas, enganou os Maçons, iludiu o clero, ludibriou os intelectuais e explorou a credulidade do público. 

Deve-se a ele, entre outras, a ideia de um Papa Maçônico, chefe mundial oculto e empenhado em destruir a Igreja Católica; a utilização de cadeiras de pregos onde os candidatos supunham que nelas iriam se sentar; e a invenção de práticas satânicas. Um de seus livros tinha na capa a figura de Baphomet.

Seus escritos eram levados em alta conta pelas autoridades eclesiásticas, sendo traduzidos em diversos idiomas, geralmente por padres. A tradução para o português foi feita em 1892 pelo padre Francisco Correa Portocarreiro, autorizado pelo bispo do Porto.

Embora suas imposturas fossem ridículas, o público de então, sob o beneplácito do clero, era extremamente crédulo. Alguns exemplos:

- Com poderes logo abaixo do americano Albert Pike, grau 33 e Papa Maçônico, estava Sofia Walder, futura mãe do anticristo, fruto de seu conúbio com o demônio Bitru e que nasceria em 29 de setembro de 1896;

- Sofia Walder, certa vez, vomitou labaredas ao beber um copo com água benta que um católico por subterfúgio lhe oferecera;

- Durante uma sessão maçônica, Diana Vaughan, rival de Sofia Walder, tornou-se noiva do demônio Asmodeu;

- Em outra sessão maçônica, Sofia Walder cuspiu numa hóstia e Diana Vaughan se negou a fazer o mesmo por não acreditar que Deus estivesse naquele pão místico. Contra sua expulsão da Loja, interferiu Asmodeu sob a forma de uma cauda de leão, que vergastou os que estavam contra Diana.

A imprensa, o público e o clero regozijaram-se quando Diana, após finalmente vencer Sofia, se converte ao catolicismo, tornando-se ferrenha inimiga do satanismo e da Maçonaria.

O grande impostor torna-se então uma celebridade mundial, tendo sido, inclusive, condecorado pelo Papa Leão XIII com a Ordem do Santo Sepulcro.

Embora os personagens que criara nunca tivessem aparecido em público, o que começou a despertar desconfianças em uns e a certeza da impostura em outros, para a Igreja, os ataques eram convenientes.

Para encurtar esta sórdida história, após sofrer pesados ataques da imprensa, Taxil anunciou, em 25 de fevereiro de 1897, que Diana Vaughan compareceria em público em 19 de abril na Sociedade Geográfica de Paris para fazer uma conferência.

No dia marcado, com a sala tomada por jornalistas, eclesiásticos e leigos, comparece Taxil em lugar de Diana para, já rico com suas imposturas à custa dos tolos, pronunciar um dos mais cínicos e descarados, se bem que esclarecedores, discursos já ouvidos:

- Que a única Diana Vaughan que conhecera era uma moça, sua datilógrafa, a quem pagava 150 francos por mês;

- Que durante 12 anos sua intenção sempre fora a de estudar a fundo a Igreja Católica, com o auxílio de uma série de mistificadores que lhe revelariam os segredos dos espíritos e dos corações na hierarquia sacerdotal, tendo sido bem sucedido além de suas mais audaciosas esperanças;

- Que depois de sua pretensa conversão ao catolicismo, o meio de alcançar seus fins lhe tinha sido sugerido no fato da Igreja ver na Maçonaria o seu mais perigoso adversário, e que numerosos católicos, encabeçados pelo papa, acreditavam que o demônio era o chefe daquela associação anticlerical;

- Que os cardeais e a Cúria de Roma, com conhecimento de causa e de má fé, tinham patrocinado os escritos publicados sob o seu nome e o de outros que utilizara;

- Que o Vaticano conhecia a natureza fraudulenta de suas pretensas revelações, mas estava satisfeito por poder utilizá-las para entreter entre os fiéis uma crença proveitosa para a Igreja;

- Que o bispo de Charleston, cidade que dissera ser a sede do Papado Maçônico, tinha escrito ao papa que as histórias relativas àquela cidade eram falsas, mas que Leão XIII impusera silêncio àquele prelado; e

- Que Leão XIII impusera igual silêncio ao vigário apostólico de Gibraltar, que tinha afirmado não existir lá os subterrâneos onde seriam celebrados os ritos infames que descrevera.

Desde então, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, passou-se a fazer com que os candidatos montassem em um bode, saindo em público pelas ruas da cidade, para escarnecer da Igreja – por ter participado da farsa – e de todos aqueles que nela acreditaram.

Entretanto, as brincadeiras começaram a chocar os mais religiosos que as assistiam e passou-se então a realizá-las em ambientes fechados, longe das vistas do público, geralmente substituindo o animal por mecanismos especialmente montados sobre rodas de bicicletas. O guidom era substituído por cabeças de bode esculpidas ou empalhadas e o candidato segurava nos chifres para dirigir o estranho “veículo”, sob aplausos dos que a tudo assistiam.    

Nos Estados Unidos ainda se faz uso dessa prática, como verificamos em um site americano, em que um profano pergunta a respeito do bode na Maçonaria, recebendo três respostas, todas em conformidade com o que expusemos: 

P: Nos rituais maçônicos há um processo conhecido como montar o bode que ninguém conhece o que significa? 

R 1: Não sei o propósito do ritual, mas o "bode" não é um bode real. É um cruzamento entre uma bicicleta e um cavalo de brinquedo que tem uma cabeça de bode no guidão.

R 2: Uma série de mitos e mentiras bizarras têm sido divulgadas sobre a Maçonaria, e nós, por vezes, fazemos troça com essas coisas.

R 3: “Montar o bode" é a nossa própria visão humorada sobre um tal mito perpetuado por Taxil (envolvendo adoração ao bode ou sacrifício ou algo assim absurdo) e é um jargão tolo aplicado ao processo de passar por Graus. Um humor tipicamente masculino, em verdade um tanto bruto e inapropriado, mas nem por isso engraçado (e inofensivo).

Como se viu, ao contrário da esmagadora maioria dos Maçons brasileiros, os Maçons americanos conhecem, pelo menos superficialmente, que o bode na Maçonaria surgiu como consequência dos embustes de Leo Taxil. 

Taxil foi tão prejudicial à Maçonaria a ponto dos Maçons brasileiros terem feito inúmeras interpretações mirabolantes sobre o bode, desenvolvendo falsos simbolismos, entre os quais a de que simbolizaria a discrição maçônica. E por que não a galinha ou o burro, que não podendo falar, são tão discretos quanto o bode? 

E haja camiseta, boné, caneca, adesivo e chaveiro com a figura do bode, comercializados por Maçons para Maçons. 

O bode na Maçonaria nada representa, foi uma mera gozação que os Maçons no passado fizeram com a Igreja Católica por ter participado da farsa de Taxil e com todos aqueles que nela acreditaram. 

Definitivamente, não existe bode na Maçonaria!

Todavia, se querem dar algum significado ao bode, que seja o seguinte: *escárnio a todos aqueles que acreditam que os Maçons praticam ritos satânicos e que existe bode na Maçonaria*


Excerto do livro **Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores -Interessados no livro contatar o Ir. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350 

Obs: Não é literatura exclusiva para Maçons

ORDINÁRIO vs EXTRAORDINÁRIO - Mike Lima



O Ritual distingue o ordinário do extraordinário. 

Esta frase, referida por um Querido Irmão no nosso canal de comunicação, oferece-se a nós como um repto latente, pela enorme carga simbólica que traz a si associada. 

Tentei lançar este repto que a mim, de forma não intencional era lançado, a não ser por mim e a mim próprio, em última análise, e resolvi trazer até vós as minhas considerações. 

As quais não são as de um sábio ou conhecedor, mas sim, tão à mão do mais recente iniciado no nosso seio, apenas por pensar, e esta é a minha forma de o fazer.

Poderia tentar (perdoem-me o termo) “dourar a pílula” com definições extraídas dos mais poeirentos, empedernidos e cheios de sabedoria livros de uma qualquer estante de saber, abandonada numa biblioteca ao alcance de quem quer perder uns minutos a fazer uma pesquisa, mas resolvi trazer-vos exactamente aquilo que eu penso sobre o assunto, com um pequeno senão, que passo a transcrever:

• Quão admirável é a tradição segundo a qual as palavras do nosso ritual hão-de repetir-se sem nada acrescentar, omitir ou alterar, porque a maioria das frases foram redigidas de forma tão perfeita que qualquer variação quebraria a sua sonoridade e corromperia o seu significado. (Arthur Edward Powell) 

Apesar do que foi escrito por Arthur Powell, o qual em parcas palavras diz exactamente tudo o que há a dizer, arrisco-me a ir mais além e dissecar o que nos trouxe até aqui: *Ritual.*

O Ritual é, para mim, uma sistematização de acções e palavras por forma a conferir mais dignidade ao acto ou cerimónia que o mesmo rege. 

Deixa de parte o acaso, que amiúde é inimigo de quem participa no cerimonial, por estar exposto a perder o sentido do que fazer, quando se dá largas à sua imaginação. 

Desta forma, tudo foi devidamente pensado, de modo a poder dar resposta a todas as questões que se poderiam colocar durante o cerimonial.

Ora, como somos Maçons e esta pretende ser uma Prancha de cariz maçónico, importa aqui relembrar os Meus Queridos Irmãos da distinção entre Rito e Ritual, agora em definição: 

O Ritual  surge-nos como um Manual que contém os rituais e as lendas de cada grau, com que cada Loja trabalha, que se expressa num conjunto de actos e práticas próprias destinadas a cerimónias maçónicas, 

Enquanto que o Rito é um conjunto de graus maçónicos, formando um todo coerente para designar um Rito Particular da Maçonaria, ou seja, um conjunto de rituais, um por cada grau ou cerimónia específica dentro do Rito.

Assim, um Rito é um conjunto de Rituais. Acho que não subsistem quaisquer dúvidas quanto a estes conceitos.

Voltando ao início, temos como Ordinário, tudo o que está dentro da ordem natural das coisas, normal, costumeiro, habitual, comum, que não se distingue dos demais, que não apresenta particularidade notável. 

E Extraordinário, tudo o que não é conforme ao ordinário ou ao costume, que acontece raras vezes, excepcional, raro, estupendo e em última análise, sublime.

O Ritual, pela seleção que é feita do que, de entre o que é normal, pela sua excelência passa a ser supra normal, vai ao nosso léxico buscar uma selecção de palavras que todas elas estão acessíveis a todos nós, (quanto mais não seja nos dicionários, por nãos as utilizarmos diariamente). 

E agrupa-as por forma a transmitir uma mensagem extraordinária através da utilização de palavras ordinárias, no sentido de normais. 

A mesma analogia poderemos estabelecer para acções, por reunirmos um conjunto de acções com significado mais profundo do que o do próprio momento vivido enquanto as mesmas acontecem, agarramos em algo comum e transformamos em extraordinário.

Meus Muito Queridos Irmãos, a Sessão Maçónica decorre a coberto de profanos e é mais que o conjunto dos Irmãos presentes na mesma, é mais, muito mais do que a simbologia inerente ao grau em que se trabalha em sessão. 

A sessão decorre num outro tempo que não o tempo em que estávamos antes do início dos trabalhos e num outro espaço, que não o espaço físico onde poderemos encontrar o edifício do templo. 

Algo de muito importante se processa durante a sessão, conduzida milimetricamente pelas Luzes da Loja, com o Ritual: 

_Existe a mágica transformação, por força da combinação de todas as energias dos Irmãos, do Profano em Sagrado.

Assim, Meus Muito Queridos Irmãos, permitam-me concluir afirmando que o Ritual transmuta o que é Profano em Sagrado.




'.