julho 08, 2025

SANTOS PADROEIROS DA MAÇONARIA, SEU SIMBOLISMO E RELAÇÃO COM AS RELIGIÕES CATÓLICA E PAGÃ - Hercule Spoladore


Nos antigos “collegia fabrorum” romanos, cada corporação de construtores tinha seu deus ou deuses protetores, como era o caso de Jânus, o maior protetor das corporações de artífices. Seus adeptos celebravam anualmente as festas solsticiais de verão e inverno.

Logo no início do Cristianismo, as associações monásticas, guildas ou confrarias de pedreiros, consideradas como precursoras da Maçonaria Operativa, que estavam vinculadas às obrigações religiosas, passaram a adotar os santos católicos como seus protetores, padroeiro, patronos, os quais alguns eram sucessores dos deuses anteriores e não passavam de antigos deuses transformados ou adaptados em santos cristãos e outros santos criados pela própria Igreja entre os quais se destacam alguns já conhecidos como os primeiros mártires dos primeiros tempos do cristianismo. 

O exemplo dos pagãos que tinham um ou mais deuses como padroeiros, posteriormente haviam corporações da Maçonaria Operativa que tinham até mais de um santo padroeiro, isto conforme a região e país.

Alguns santos que foram patronos de algumas corporações: São Bleso, São Luiz, São Nicolau, São José, Santa Ana, São Brás, São Gregório, Santo Alpiniano, São Martinho, São Martim, Santo Estevão, Santa Bárbara, São Tomás e os Quatro Coroados. Nem todos estes santos fazem parte dos santos reconhecidos pela Igreja Católica. Depois a Maçonaria adotou os São João, o Batista e o Evangelista.

Diz a lenda, que São Dunstan que teria sido Bispo da Cantuária e que teria sido grão-mestre dos franco-maçons da Inglaterra que em 959 D.C. e que teria reanimado os trabalhos das confrarias as quais estavam decaídas após a morte do rei Athlestan, o lendário-rei arquiteto. Esta lenda é contestada por muitos autores.

São Swithun de Winchester, santo anglicano teria sido o quarto grão-mestre das confrarias dos franco-maçons da Inglaterra de 856 a 872 D.C. Também não há comprovação desta narração. Interessante que a Igreja anglicana não canoniza oficialmente os santos, apesar de aceitar certos santos católicos tradicionais e conservar para estes, tal título, por tradição, não pela religião.

Atualmente os santos mencionados a não ser os Quatro Coroados e os São João, não fazem parte de qualquer segmento maçônico. No entanto existem outros santos que merecem ser citados e comentados pela influência, pelo menos histórica e tradicional e também pelas festas em seu nome entre os pedreiros livres.

Cita-se Santo Albano que serviu no exército romano, depois voltando à sua terra natal Verrulan na Inglaterra, nomeado pelo imperador Crasso, como governador da praça forte local, onde também era mestre de obras. Santo Albano teria implantado ali um sistema usado pelos franco-maçons, melhorando a situação dos operários que viviam em regime de escravidão. Posteriormente, sob as ordens de Deocleciano, imperador de Roma, ele foi decapitado, porque se tornou cristão. A Igreja Católica celebra no dia 22 de junho e a Igreja Anglicana no dia 17 de junho, como dia deste santo. Ele é considerado o primeiro mártir cristão da Inglaterra.

Santo André, patrono da Escócia tem sua festa em 30 de novembro. Apesar da Maçonaria daquele país aceitar São Jorge como seu padroeiro, faz a sua grande festa no dia de Santo André. Note-se que no painel simbólico de vários ritos, na Prancheta da Loja aparece uma cruz em X também chamada a Cruz de Santo André ou “Crux Decussata”. Santo André teria sido martirizado numa cruz deste tipo. Ainda a cruz em X que aparece na Prancheta é usada para o manuseio do alfabeto maçônico.

São Jorge é padroeiro da Inglaterra e é festejado em 23 de abril pela Grande Loja Unida da Inglaterra. As constituições maçônicas inglesas determinam que seja realizada anualmente uma grande festa em sua honra na sexta-feira seguinte ao dia de São Jorge.

Os quatro Santos Coroados, têm a sua história citada no Poema Régio. Conta-se que quatro escultores Severo, Severiano, Carpóforo e Vitorino os quais por se negar a esculpir imagens de deuses pagãos, foram vergastados até a morte com varas revestidas de chumbo. Há autores que se referem aos quatro Santos Coroados como sendo soldados e não escultores.

Todavia, existem outras versões segundo as quais a Igreja Católica por longo tempo desconheceu o nome dos quatro coroados e que o Papa Melquíades em 310 D.C os tornou santos ao celebrar no dia 08 de novembro o dia de outros cinco escultores: Claudio, Castor, Sinforiano, Simplício e Nicostrato, que teriam sido asfixiados em barris de chumbo, no ano 287 D.C. porque dois anos após a morte dos quatro coroados, também se negaram a esculpir estátuas pagãs. Estes nove mártires foram sacrificados por ordem de Deocleciano, cruel imperador romano, e inimigo dos cristãos. Deocleciano reconhecia Mitra como seu deus principal. O nome destes mártires citados não consta como santos citados no atual rol da Igreja Católica.

Os Quatro Coroados foram escolhidos por algumas confrarias de maçons operativos ingleses como seus padroeiros.

O nome Quatro Coroados viria a inspirar o nome da primeira e mais famosa loja de pesquisas do mundo, a Loja Quatuor Coronati nº 2076 de Londres fundada em 28 de novembro de 1884 e instalada em janeiro de 1886 com o único fim de pesquisar de forma racional a história, símbolos, lendas enfim, tudo sobre a Maçonaria. Esta Loja tem suas colunas fortemente erguidas até a presente data, possui um museu e uma biblioteca admiráveis, um departamento de membros correspondentes em nível mundial bem como é responsável pelo estudo e pesquisa da antiga maçonaria verdadeira baseada em fontes primárias especialmente documentais e também pelo desmascaramento de uma série de lendas falsas a respeito da Ordem. Publica anualmente um livro chamado Ars Quatuor Coronatorum onde são publicadas todas as pesquisas feitas por seus membros. Existem lojas de pesquisas em muitos países que emprestaram o nome da Quatuor Coronati. Uma das mais importantes é a Forschungsloge Quatuor Coronati de Bayreuth - Alemanha. Existe no Brasil uma Loja com este nome, trata-se da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda” de Belo Horizonte.

Após a Maçonaria tornar-se oficialmente especulativa ou moderna a partir de 1717, ou já antes há algumas dezenas de anos, ela já não era mais essencialmente composta de profissionais da construção e católicos, quando começou a aceitação de rosa-cruzes, cabalistas, ocultistas, príncipes, artistas, cientistas da época, nobres, anglicanos luteranos e alquimistas. Neste momento histórico a influência da Igreja estava bastante diminuída já que a Maçonaria deixou de ser eminentemente católica.

Por uma questão de tradição, e dentro de uma situação irreversível, pois são históricos, tradicionais além de simbólicos alguns santos ficaram inseridos definitivamente na tradição maçônica. É o caso dos “São João” o Batista e o Evangelista e São João Esmoler. São João é citado inclusive nas Constituições de Anderson. E ainda o Rito Adonhiramita cultua o terceiro São João, o de Jerusalém ou São João Esmoler. Fala-se também de um São João da Escócia, que não tem razão alguma para ser levado a sério, pois foi pura invenção.

Os maçons atuais, independente de suas religiões se aceitam ou não os santos, pelo menos tem nos dois São João como seus patronos, e este costume vem da Idade Média. É uma tradição que transcende a religião. É uma tradição respeitada por todos os maçons. Como foi dito, eles encerram um simbolismo que faz parte da Ordem.

Nestas alturas dada a tradição será impossível retirá-los da Ordem. Todavia, o Rito Francês ou Moderno desde 1887 resguardando o princípio da absoluta liberdade de consciência aboliu a fórmula GADU bem como a Bíblia nos seus trabalhos em lojas e assim consequentemente São João não faz parte do Rito como padroeiro.

Os três primeiros graus do simbolismo são universais e considerados verdadeiros, únicos, legítimos, genuínos conhecidos aceitos e praticados em toda a superfície da Terra. São chamados graus de São João. Toda a doutrina maçônica acha-se contida nos graus de São João, ou seja, nos três primeiros graus.

São João Batista, O Precursor

João Batista era provavelmente essênio, segundo alguns autores. Sempre aparece nas imagens nas igrejas de roupa vermelha, símbolo do martírio segundo alguns religiosos. O Evangelho segundo São João exprime as mais perfeitas formulações a respeito da eterna dúvida com relação às respostas imutáveis da mente humana. O esoterismo dos escritos de São João faz com que os teólogos, os exegetas e outros estudiosos das religiões as compreendam mais profundamente. Há ainda certa analogia entre os escritos de São João e os ensinamentos de Hermes de Trismegisto (do latim Hermes Trismegistus). Neles encontram-se a mesma evocação do Verbo e da Luz. Tal é a influência de João Batista que a Maçonaria moderna foi fundada no dia de São João no dia 24 de junho de 1717, dia de sua celebração. Dizem alguns autores que João Batista pregava no deserto e se alimentava de mel e gafanhotos. Vestido de pele de camelo atada apenas por um cinto, e assim foi pregar em Jerusalém. Ele praticava o batismo.

Segundo a Bíblia São João Batista sempre condenou uma relação adúltera entre Herodes de Antipas e sua sobrinha Herodiádes, a qual tinha uma filha de nome Salomé. Durante uma das festas da corte, Salomé dançou com tal graça que Herodes entusiasmado disse a ela que daria a ela o que ela pedisse. Ela instigada pela mãe, não teve dúvidas, pediu a cabeça de João Batista. O rei mandou então decapitar João trazendo o carrasco a cabeça num prato que foi entregue a jovem e esta entregou à sua mãe

Segundo o historiador judeu Flavio Josephus, João Batista foi decapitado no cárcere de Mequeronte, perto do Mar Morto e de Qunran onde foram encontrados em 1947 os celebres pergaminhos que foram lá deixados pelos essênios.

São João Evangelista, o Apóstolo e Evangelizador

Foi um dos apóstolos de Jesus Cristo, que juntamente com seu irmão Tiago eram chamados de filhos do trovão, por causa de seus temperamentos exaltados. Após sua convivência com Jesus ficou conhecido como o apóstolo do amor e também como o discípulo que mais perto esteve do Mestre por ser aquele que mais o acompanhou. Em suas epístolas é constante a preocupação para que se pratique o amor fraternal. Nos vitrais da Idade Média é sempre representado com roupa verde. Seu evangelho tem relação com a Maçonaria. Suas visões apocalípticas quando João “recebeu de um anjo uma vara para medir o templo com exceção do átrio” marcaram muito sendo uma das razões da Maçonaria adota-lo como um dos seus santos padroeiros cuja festa é celebrada em 27 de dezembro. O Apocalipse parece ser uma mensagem cabalística e esotérica deixada para um grupo seleto de iniciados

OS DOIS SÃO JOÃO E SEU RELACIONAMENTO COM O DEUS ROMANO JÂNUS

O Cristianismo uma vez implantado tratou de extirpar toda a tradição pagã até então existente em Roma, que era ditada pelo mitraismo, religião de origem persa existente há 2700 A.C. a qual confrontava com os novos princípios cristãos, que estavam sendo implantados.

Roma tinha entre seus deuses locais, um deus tipicamente romano Jânus ou Joannes que deu nome ao mês de Janeiro, e que era representado por duas faces (bi frons) uma olhando para frente, para o futuro e outra olhando para trás, para o passado

As festas solsticiais de Jânus eram celebradas em 21 de junho e 21 de dezembro dias de entrada e saída do verão e inverno respectivamente, isto no hemisfério norte, no hemisfério sul é o contrario, e ainda comemoravam no dia 25 de dezembro o nascimento do menino Mitra.

Segundo vários autores houve uma adaptação de Jânus, sendo o mesmo cristianizado sob o nome dos dois São João. Inclusive pela semelhança do nome Joannes ou Jânus com João. Há quem diga que ambas são duas versões de um único ser. Jânus aparece em muitas gravuras antigas, vitrais, moedas antigas sempre com as duas faces. A igreja Católica não concorda com esta interpretação.

O cristianismo aproveitou a religião, tradição e os costumes dos pagãos modificando de acordo com a conveniência cristã da época. É logico que o cristianismo que estava sendo implantado não poderia manter a adoração ao deus-Sol. Por isso, substituíram-no por Jesus Cristo. Os antigos especialmente no hemisfério norte comemoravam a noite de 20 para 21 de dezembro o solstício de inverno até com sacrifícios humanos, o renascimento do Sol (Natalis invicti solis). No dia 20 para 21 de junho igualmente era comemorada uma festa solsticial de verão. Esta regra valia para o hemisfério norte, sendo no hemisfério sul, o contrário. As datas que os cristãos adotaram para os dois São João foram uma em 24 de junho João Batista e a outra em 27 de dezembro para São João Evangelista estão muito próximas das datas solsticiais celebrada pelos pagãos. E ainda aproveitaram o nascimento de Mitra 2.700 a.C. que os pagãos adotavam no dia 25 de dezembro para ser o dia do nascimento de Cristo e ainda criaram um novo calendário iniciando o ano zero com o nascimento de Cristo.

O Cristianismo naquele momento histórico de sua existência teve que fazer apropriações das tradições e costumes dos pagãos e dar a sua forma de ser, para incorporar as inúmeras fileiras de pessoas convertidas a nova religião, que estavam ainda culturalmente programados pela religião antiga.

Ainda no simbolismo que foi transmitido pela Maçonaria Operativa nas figuras de São João Batista e São João Evangelista que estão representados nos painéis dos ritos em seus rituais por um círculo com duas paralelas tangenciais. Este círculo representa o ciclo anual ou ainda a trajetória do Sol correspondendo os pontos de contatos destas duas tangentes diametralmente opostas aos dois pontos solsticiais que correspondem ao Trópico de Câncer no hemisfério sul e ao Trópico de Capricórnio no hemisfério norte.

Para os maçons, círculo representa o Sol e as duas paralelas tangenciais representa os dois São João. Para os maçons apegados à corrente calcada no Antigo Testamento elas representariam Moisés e Salomão, mas está abandonada esta interpretação.

SÃO JOÃO DE JERUSALÉM, SÃO JOÃO ESMOLER OU HOSPITALEIRO

O Rito ou Maçonaria Adonhiramita adota como padroeiro São João de Jerusalém também conhecido como São João Esmoler ou São João Hospitaleiro. É um santo reconhecido pela Igreja. Teria nascido no ano de 550D.C. e falecido em 619 em Amamonte-Chipre.

Este São João não tem relação com os santos da Maçonaria Operativa. Segundo Ragon, quem trouxe este santo,para a Maçonaria, foi o Barão de Tschoudy e outros maçons da época que acreditavam que a Maçonaria era originada das Cruzadas. Segundo a lenda, este São João seria filho do rei de Chipre e teria deixado sua terra natal e abdicado de seus direitos como herdeiro do trono e teria partido para Jerusalém para dispensar socorros aos peregrinos e soldados cristãos feridos. Todavia segundo outros autores afirmam que ele seria o Patriarca de Alexandria e teria enviado recursos à Modesto de São Teodoro na Palestina para reconstruir as igrejas destruídas pelos árabes. Há também outra lenda que diz que ele fora grão-mestre dos Cavaleiros de São João de Jerusalém no século VII. Ainda existem autores que o identificam com São João da Escócia, figura lendária na Maçonaria que jamais existiu.

SÃO JOÃO DA ESCÓCIA

Este “santo” jamais existiu. No entanto nos antigos rituais do Grande Oriente do Brasil ele era citado e mesmo nas paredes dos átrios ou Sala dos Passos Perdidos dos templos havia imagens deste “santo”. Também não está relacionado como santo da Igreja. Encontra-se citação com este nome como o nome de uma loja francesa fundada em Marselha em 1751 e que teria desempenhado papel importante na Revolução Francesa, mudando de nome após terminar a revolução.

Também citam alguns autores que ele teria este nome porque seria o santo de uma igreja construída na Escócia por franco-maçons. Fala-se também que seria o título de uma Ordem de Cavalheiros Espanhóis, bem como outra de São João da Palestina, que combateram em Jerusalém os chamados infiéis. Mas não se tem comprovação.

Em fim, há um grande número de “São João” que constam como santos do hagiológio da Igreja, a saber:

JOÃO BATISTA, JOÃO EVANGELISTA, JOÃO ESMOLER, João Batista Scalabrini, João Batista de La Salle, João Batista Piamarta, João Batista Berchmanns, João Bosco, João de Brito, João Crisóstomo, João Clímaco, João da Cruz, João de Deus, João Damasceno, João Ogilvie, João de Sahagum ou João Facundo, além do Papa João I e João II.

Não se pode negar que a Maçonaria tem um relacionamento profundo com o Cristianismo. A Maçonaria emprestou da Igreja Católica, a cópia do próprio templo maçônico, muitos símbolos, objetos, muitos costumes que foram adaptados, vestes, (vide os graus superiores do REAA). E também emprestou o Batista e o Evangelista.

Ressalte-se que quando começou a ser falar em Maçonaria Operativa, a Igreja Católica já existia há mais ou menos mil anos.

Com relação aos santos protetores da Maçonaria eles não têm para a Ordem um valor religioso, e sim simbólico. Portanto os dois São João têm seu lugar dentro da Maçonaria através de seus evangelhos com simbolismo esotérico profundo e também diferente da interpretação religiosa e do público profano.

REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia.Editora Artenova S.A.- vol. IV - Rio de Janeiro, 1976

CASTELLANI, José. Cadernos de Estudos Maçônicos - Consultório Maçônico II. Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. - Londrina, 1989

NAUDON, Paul. A Maçonaria. Edipe - Artes Gráficas - São Paulo, 1968

PALOU, Jean. A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática. Editora Pensamento - São Paulo, 1964

VAROLI, Theobaldo F. Curso de Maçonaria Simbólica - Editora A Gazeta Maçônica S.A - São Paulo, 1970

julho 07, 2025

EM FUNÇÃO DO TEMPO - Newton Agrella



São tantas reflexões, provérbios e adágios a respeito do tempo, que até a própria literatura se perde em incontáveis obras, onde este dispositivo é invariavelmente o protagonista da história.

E ele não dá paz. 

Está presente em tudo o que nos circunda e especialmente dentro de nós.

Instigante como o tempo se recicla por sí só. 

Torna-se passado, presente e futuro, sejam quais forem as circunstâncias.

Ele não está nem aí.

O tempo é atrevido.

Ele se mete onde não é chamado, fica de espreita e sai de fininho quando menos se espera.

O tempo é pleno e furtivo, é leve, solto e pesado conforme o andar da carruagem.

É capaz de renovar nossa alma e nos encher o coração de felicidade, do mesmo modo que nos faz sofrer e despertar a tristeza dentro de nós.

O tempo não é fácil não. 

Ele é praticamente inegociável, indecifrável e imprevisível.

Quando muito, vende-nos uma ilusória sensação de efêmera propriedade, onde quem redige e toma conta do contrato é somente ele.

O tempo é isso, um dispositivo incontido que nasce, vive e morre sem dar satisfação.

As explicações nós buscamos, as justificativas nós inventamos, pois nada é capaz de detê-lo ou pará-lo, mesmo que seja por um átimo de segundo.

O tempo é herói ou vilão seja qual for o script, pois quer queira, quer não, é em função dele que a história se desenrola e a vida se registra.



julho 06, 2025

CASTRO ALVES - 154 anos de sua morte



O poeta baiano Antonio Frederico de Castro Alves (1847-1871), apesar de sua morte precoce, é considerado um dos mais importantes poetas brasileiros de todos os tempos. De formação cultural sofisticada, construiu sua poesia sobre temáticas eminentemente brasileiras, alcançando uma admirável compreensão da alma popular. 

Nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da cadeira n. 7, da Academia Brasileira de Letras por escolha do fundador Valentim Magalhães.

Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos, e, por esta, neto de um dos grandes heróis da Independência da Bahia. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se finalmente na Faculdade de Direito em 1864.

 Cursou o 1º ano em 1865, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou apaixonada ligação amorosa com atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.

Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração. Escreveu o drama Gonzaga e, em 1868, transferiu-se para o sul do país em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi, afinal, amputado no Rio, em meados de 1869. Sua saúde, que já se ressentira de hemoptises desde os dezessete anos, quando escreveu “Mocidade e Morte”, cujo primeiro título original era “O tísico”, ficou definitivamente comprometida. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 1870 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.

Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora italiana Agnese Trinci Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa a que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 1870, numa das fazendas em que repousava, havia completado A Cachoeira de Paulo Afonso, que saiu em 1876, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: “Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio.”

Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada de forte sensualidade, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloquência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.

Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves, na linhagem de Victor Hugo, um dos seus mestres, viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de “Cantor dos escravos”. A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloquência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.


Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da História. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, dificilmente se podia elevar a objeto estético, o que ele alcançou, no entanto, numerosas vezes. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.

Com seu lirismo exacerbado compôs poemas antológicos do romantismo brasileiro, mas não afastou-se jamais de sua veia libertária de onde emergiu o poeta social, o republicano, o abolicionista, o cantor dos escravos. Alguns poemas, como "O navio negreiro" e "Vozes d'África", obtiveram enorme sucesso popular quando declamados pelo poeta e se transformaram em verdadeiras bandeiras na luta contra a escravidão. O livro "Os escravos" foi publicado de forma independente pela primeira vez em 1883, doze anos após a morte do autor e reúne as composições antiescravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d'África”.

Nos poemas de Os Escravos de Castro Alves, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma ideia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a ideia do poema.

Ao longo de Os Escravos de Castro Alves e A Cachoeira de Paulo Afonso, Castro Alves vai apresentando ao leitor a vida do cativo, negro ou mestiço, sujeito à crueldade dos senhores, que arrancam os filhos dos braços das mães para os vender, estupram as mulheres, torturam e matam impunemente os “Homens simples, fortes, bravos…/ Hoje míseros escravos/ Sem ar, sem luz, sem razão…”

Afrânio Peixoto registra que esta obra deu a Castro Alves, então o maior poeta lírico e épico do Brasil pelos livros Espumas Flutuantes e Hinos do Equador, o "renome de nosso único poeta social", e também como "poeta dos escravos" e "poeta republicano", no dizer de Joaquim Nabuco, e ainda o "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitario", no dizer de José Veríssimo.

Peixoto ressalta que a obra propaga a causa abolicionista. Registra que seus primeiros versos pela libertação dos cativos datam de 1863, quando contava somente dezesseis anos de idade; a maioria deles, contudo, é de dois anos mais tarde, 1865, quando são publicados, declamados e divulgados em todo o país, antecedendo autores como Tavares Bastos e dando o prenúncio da geração que traria a luta pela causa anti-escravidão como um dos ideais a ser perseguido e somente alcançado duas décadas depois.

Única peça de teatro escrita por Castro Alves, "Gonzaga ou A Revolução de Minas : drama historico brazileiro" foi encenada pela primeira vez na Bahia, no dia 7 de setembro de 1867, com estrondoso sucesso, sendo o poeta coroado e carregado nos ombros pelos admiradores até sua casa. O drama, carregado de patriotismo, recebeu elogios de José de Alencar e Machado de Assis e obteve consagração também em São Paulo, quando foi levado a cena, em outubro de 1868.

O Único livro publicado em vida do poeta, "Espumas flutuantes" teve grande e contínuo sucesso de público. Trata-se de uma coletânea de textos produzidos entre 1864 e o ano da publicação, na qual se encontram os vários tons da sua poesia: o intimista, o coloquial e o grandiloquente. Organizada paralelamente ao volume 'Os escravos', que o poeta não teve tempo de publicar, a coletânea não traz, por isso mesmo, os poemas abolicionistas que o consagraram.

Em “Ode ao Dois de Julho” (ou “Dous” de Julho, como grafado na versão original), Castro Alves faz uma espécie de poema épica em homenagem à Independência da Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823. Nessa data em questão, houve um conflito intenso entre as forças de Portugal e as do Brasil, resultando na expulsão dos europeus e na consolidação da Independência do Brasil.

Na primeira estrofe vemos uma descrição do campo de batalha, nos cerros da Bahia, com um anjo da morte costurando uma mortalha (um pano funerário) em Pirajá, onde aconteceu um dos conflitos decisivos. Nesse primeiro momento ainda resta a dúvida: qual dos dois gigantes vencerá, Brasil ou Portugal?

Em seguida, Castro Alves compara a batalha a um circo, como ao Coliseu, famoso pelas lutas de gladiadores. Entretanto, não era uma batalha de dois povos, mas uma batalha entre dois ideais: o passado e o futuro, a escravidão ou a liberdade. A batalha se estende até que a “branca estrela matutina” surge nos céus, marcando o início de novos tempos. E uma voz surge logo em seguida: a voz da Liberdade, que se estenderia às gerações futuras, honrando os soldados que perderam a vida lutando por essa causa.

https://www.academia.org.br/academicos/castro-alves/biografia#:~:text=Biografia&text=Castro%20Alves%20(Ant%C3%B4nio%20Frederico)%2C,escolha%20do%20fundador%20Valentim%20Magalh%C3%A3es.

ARLS IDEAL E TRABALHO n. 150 - Praia Grande



Mais de 150 irmãos de 34 Lojas de diversas cidades estiveram presentes na manhã deste sábado em Praia Grande, na cerimônia de instalação e posse do irmão Adolfo Costa Dominguez como Venerável Mestre da ARLS Ideal e Trabalho n. 150.

A Comissão de Instalação foi presidida pelo Sereníssimo Grão Mestre Jorge Anysio Haddad e os irmãos Luiz Alves de Oliveira como primeiro vigilante instalador e Carlos Bastos Pires Campos como segundo vigilante instalador. Ambos estes irmãos, que foram fundadores de outras Lojas em Praia Grande e Mongaguá, foram iniciados na Loja Ideal e Trabalho.

O novo Venerável Mestre, carinhosamente conhecido como Adolfinho, é a terceira geração de maçons da mesma Loja e desde que foi iniciado De Molay tem mostrado extrema competência em todos os cargos que ocupou, o que augura bons tempos para a Loja.

Seu pai, Adolfo Dominguez, participou ativamente da instalação de seu filho e em momento emocionante ambos relembraram a figura do patriarca Adolfo Pombo, pai e avô, que os conduziu nas trilhas da maçonaria.

Um delicioso churrasco marcou o encerramento da cerimônia.


MAÇONARIA DIA A DIA EM POESIA - Adilson Zotovici


PRÉ  LANÇAMENTO  DE  LIVRO

MEUS IRMÃOS,

Com a Graça do GADU, escrevi e editei  meu 6º Livro de poemas maçônicos intitulado *MAÇONARIA DIA A DIA EM POESIA*  , com 425 poemas em 269 páginas, dirigidos à maçons, não maçons, homens e mulheres, prefaciado pelo escritor e Palestrante Michael Winetzki.

Parte do resultado das vendas desse livro, como os anteriores, será revertido à beneficência.

O valor de cada exemplar é de R$ 70,00  mais postagem para todo Brasil no valor de R$ 10,00,  num total de *R$ 80,00* , que poderá ser pago através do PIX  11984488008 ( Vivian Zotovici) 

Após a compra, por favor, queria informá-la com seu endereço postal completo (com CEP)  no WhatSapp (11) 98448.8008

Adilson Zotovici

MI ARLS Chequer Nassif-169-São Bernardo do Campo-SP

ARLSV Lux In Tenebris-47 -Rondônia

Membro das Academias Maçônicas de Letras :

AMVBL –Rondônia 

AIMI – Brasilia-DF

AMLJF- Juiz de Fora –MG

ALAGOA- Alagoas

ABMLTCAM – São Paulo-SP

Gratidão a todos .

É UM LIVRO ...- Adilson Zotovici


Tua vida é um livro obreiro

Que escreves passo a passo

Lida dum Livre pedreiro

Descreves a cinzel e maço


No capítulo primeiro

Vives ufano embaraço

No negrume derradeiro

Do fim do profano laço


Breve a Luz ao teu canteiro

Atilas tua pedra em compasso

Folha a folha medra o roteiro


Em verso, prosa, flor e aço...

História e o labor verdadeiro

O teu estilo...teu traço !



julho 05, 2025

LANDMARKS - Antonio Onías Neto


Qual a origem e o significado da palavra LANDMARK?

Ela origina-se do inglês. LAND: terra, país, terreno ou território, MARK: marco, sinal, mancha. Em inglês define-se LANDMARK como lugar conhecido, ou marco de território. Em português diríamos marca de terreno, estaca, baliza, lindeiro, marco lindeiro, linda, limite territorial.

Vamos encontrar nesse sentido, pela primeira vez, na Bíblia em:

Jó, 24, 2 – “Há os que removem os limites,…”

Deuteronômio, 19,14 – “Não removerás os marcos do teu próximo, os quais teus antecessores fixaram na tua herança…”

Deuteronômio, 27,17 – “Maldito aquele que remove os marcos do seu próximo.”

Provérbios, 22, 28 – “Não removas o antigo marco, que teus pais puseram.”

Provérbios, 23, 10 – “Não removas o antigo marco, nem entres nos campos dos órfãos; …”

Na Maçonaria, vemos, com o sentido de antigas obrigações, usos, costumes, tradições, ser empregado pela primeira vez em 1721, na compilação dos Regulamentos Gerais da Grande Loja de Londres, em seu artigo 39, quando era Grão Mestre nosso irmão George Payne: “Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para modificar este Regulamento ou redigir um novo em benefício desta fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os antigos Landmarks…”

No entanto, já em 1723, a Assembléia Geral da Grande Loja da Inglaterra substitui a palavra “Landmark”, por “RULE”, ou seja, “REGRA”.

Vejamos como a maioria dos autores maçônicos se expressa sobre os Landmarks:

Albert G. Mackey – “Há diversidade de opiniões entre os tratadistas a respeito da natureza dos antigos landmarks da Maçonaria: porém o melhor método será limitá-los aos antigos e universais costumes da Ordem que acabaram por concretizar-se em regras de ação, ou que se articularam em leis por alguma autoridade competente, e o seria em tempo tão remoto que não deixou sinal na história.” (Jurisprudence of Freemasonry, e apresenta sua relação com 25 landmarks)

Albert Pike – “Os princípios fundamentais da antiga Maçonaria Operativa eram poucos e simples e não se chamavam Landmarks.” (Atas da Veterana Associação Maçônica, transcritas por T. S. Parvin, onde critica Mackey e no final relaciona 5)

Bernard E. Jones – “Seria impossível, portanto, alguém dogmatizar em matéria em que a Grande Loja (a da Inglaterra) não fez qualquer pronunciamento, e em que os Maçons com experiência não podem concordar. Infelizmente existe a tendência de se usar a palavra “landmark” como um substantivo conveniente para descrever algo que não tem significado definido.” (Freemasons Guide and Compendium).

George Oliver, Rev. – “A respeito dos landmarks da Maçonaria, alguns se limitam aos sinais, toques e palavras. Outros incluem as cerimônias de iniciação e exaltação; os ornamentos, paramentos e jóias da Loja ou seus símbolos característicos. Outros opinam que a Ordem não tem outros landmarks além de seus segredos peculiares.” (Dictionary of Symbolic Masonry e apresenta sua relação com 31).

H. G. Grant – “Não pode considerar-se landmark da Maçonaria o que não está estabelecido pelos escritos de nossos pais ou reconhecidas autoridades como regra ou crença dos Franco-maçons em 1723, ou antes, ou que não esteja aceita como marca.” (Ancient Landmarks with suporting evidence, e apresenta sua relação com 54)

John W. Simons – “Consideramos como marcas os princípios de ação que identificam com a forma e essência da Maçonaria, e, que a grande maioria aceita, são invariáveis e todos os maçons estão obrigados a manter intactos, sob pena de irrevogáveis sanções.” (Principles of Masonic Jurisprudence, mas apresenta sua relação de 15)

Josiah Drummond – “Tudo quanto podemos saber é que são leis e costumes existentes desde tempo imemorial. Se há algum uso universal de origem desconhecida, é um landmark.” (Maine Masonic Text Book)

Jules Boucher – “Na Maçonaria francesa, a “Liberdade de Pensamento” é um “landmark” fundamental e, paradoxalmente, este “landmark” não tem limites!” (“La Symbolique Maçonnique”, pg. 217)

Luke A. Lockwood – “Os landmarks da Maçonaria são aqueles antigos princípios e práticas que assinalam e distinguem a Maçonaria como tal, e são fonte de jurisprudência Maçônica.” (Masonic Law and Practice, apresentando 19 Landmarks)

Oswald Wirth – “Os landmarks são de invenção moderna e seus partidários jamais conseguiram se por de acordo para fixá-los. Isso não impede que os anglo-saxões proclamem sagrados esses limites essencialmente flutuantes, que ajustam de acordo com seus particularismos. Cada Grande Loja fixa-os de acordo com seu modo de compreender a Maçonaria; a maçonaria é compreendida de modos muitos diferentes, razão das definições contraditórias, destrutivas da unidade dentro de uma instituição que visa à concórdia universal.” (Qui est Régulier)

Robert Morris – “Os dogmas invariáveis que a assinalam dão a conhecer e mantêm os limites da Francomaçonaria.” (Dictionary of Freemasonry e relaciona 17)

W. B. Hextal – “Os antigos landmarks da Francomaçonaria, como todo outro landmark material ou simbólico, só se podem manter estáveis quando se apóiam em seguros fundamentos. Ao se aprofundar o filósofo sobre a pedra em que descansem descobre que o nosso seguro fundamento é o trino dogma da fraternidade de Deus, a fraternidade dos homens e a vida futura. Todas as leis, usos, costumes e métodos que não se apóiem neste dogma básico, serão convenções ou acomodações, porém de modo algum participarão da natureza dos antigos landmarks.” (Ars Quattuor Coronati, volume XXV)

Entre os brasileiros nós podemos citar:

Henrique Valadares (Cayru) – “Os landmarks delimitam o que é Maçonaria e o que não é Maçonaria: o que estiver nos landmarks, ou dentro deles, é Maçonaria regular; o que estiver fora dos landmarks não é Maçonaria ou é Maçonaria espúria”. São os “limites”. O Livro das Constituições de Anderson refere-se aos “antigos Landmarks”, que devem ser “respeitados cuidadosamente”.

“Para que uma regra ou norma seja considerada landmark tem que reunir em si vários requisitos:

a) antigüidade, isto é, deve existir desde um tempo imemorial. Por isso, se hoje as Autoridades maçônicas pudessem reunir-se e decretar uma lei universal, esta não seria absolutamente um landmark.

b) espontaneidade e generalidade, isto é, o landmark não tem autor conhecido, não se origina de nenhuma autoridade pessoal, só é landmark todo uso universal, de origem desconhecida.

c) invariabilidade e irrevogabilidade, isto é, todo landmark é inalterável.”

(O Aprendiz-Maçom)

Nicola Aslan – “Evidentemente, o problema dos Landmarks continuará sem solução possível, e de nada irá adiantar a melhor definição ou a melhor compilação apresentada, porque sempre será um trabalho estabelecido sobre a areia. Como já tivemos oportunidade de dizer para nós, os Landmarks, e particularmente os de Mackey, que obtiveram o maior sucesso, representam, ou para melhor dizer, pretenderam representar dentro da Maçonaria o mesmo papel que as Falsas Decretais desempenharam, outrora, dentro da Igreja Católica.” (Landmarks e outros problemas Maçônicos)

Vanildo de Senna – “Os Landmarks, na verdade, constituem atualmente, problema de difícil solução. Tratadistas, jurisconsultos e todos quantos deles se ocuparam jamais puderam chegar a um acordo no sentido de defini-los, enumerá-los, classificá-los e interpretá-los.” (Landmarks – Tese, Antítese e Síntese)

Se formos verificar a relação dos Landmarks existentes observaremos a diversidade dos mesmos, quase todos levantados por Virgílio A. Lasca e alguns por nós constatados:

São somente 3 para Alexandre S. Bacon e Chetwood Crawley;

5 para Albert Pike , aceitos por Morivalde Calvet Fagundes e José Castellani;

6 para Jean Pierre Berthelon e para a Grande Loja de Nova York, tomando por base os capítulos em que se dividem as Constituições de Anderson.

7 para Roscoe Pound e o cubano Carlos f. Betancourt, adotados pela Grande Loja de Virgínia;

8 para a Grande Loja de Massachusetts, repetindo a relação de Mackey, apenas diminuindo-lhe a numeração;

9 para J. G. Findel, aceitos pelo Rito Moderno;

10 para a Grande Loja de Nova Jersey;

12 para A. S. MacBride;

14 para Joaquim Gervásio de Figueiredo;

15 para John W. Simons adotados pela Grande Loja de Tennessee;

17 para Robert Morris;

19 para Luke A. Lockwood adotados pela Grande Loja de Connecticut;

20 para a Grande Loja Ocidental da Colômbia;

23 para a Grande Loja de Louisiana;

25 para Albert G. Mackey e Chalmers I. Paton, aceitos pelas Grandes Lojas Brasileiras;

26 para a Grande Loja de Minnesota;

29 para Henri A. Lecerff;

31 para o Rev. George Oliver;

54 para H. G. Grant adotados pela Grande Loja de Kentucky.

Por seu lado, a Grande Loja Unida da Inglaterra, embora não chame de Landmark, fixa 8 condições sem as quais não reconhece outro Corpo Maçônico.

Como vemos cada Grande Loja adota uma compilação, e cada estudioso do assunto acrescenta mais uma.

Não cansaremos os leitores com a transcrição de todas elas, nos restringiremos a citar textualmente a de Findel, que é aceita pela maioria das Lojas do Rito Moderno, embora também se possam fazer ressalvas sobre alguns deles, e comentaremos item por item a de Mackey, endeusada pela maioria dos Maçons brasileiros, inclusive faltando com a verdade ou a transcrevendo ora com a supressão, ora alterando-lhe o conteúdo, com a intenção de não ferir susceptibilidade de alguns ou de conseguir mais adeptos.

Compilação de Findel

1.- A obrigação de cada Maçom professar a religião universal em que todos os homens de bem concordam. (Praticamente transcrevendo as Constituições de Anderson)

“Um Maçom está obrigado, por sua condição, a obedecer à Lei Moral, e se compreende bem a Arte, não será jamais em um estúpido Ateu nem um Libertino irreligioso. Mas se bem que nos Tempos antigos fossem obrigados em cada País a ser da Religião, qualquer que fosse, desse País ou dessa Nação, contudo é considerado mais conveniente de somente os sujeitar àquela Religião sobre a qual todos os Homens estão de acordo, deixando a cada um suas próprias Opiniões, isto é, serem Homens de bem e leais, ou Homens de Honra e de Probidade, quaisquer que sejam as Denominações ou Confissões que os possam distinguir; pelo que a Maçonaria se torna o Centro de União, e o Meio de firmar uma Amizade entre Pessoas que teriam ficado perpetuamente Distanciadas.”

2.- Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo religioso ou político.

3.- Cada Iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno direito de visitar outras Lojas.

4.- Para ser Iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de idade.

5.- A igualdade dos Maçons em Loja.

6.- A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons dentro da Fraternidade. (Como eu gostaria que isso se tornasse realidade…)

7.- Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de levar para a Ordem discussões sobre assuntos de religião e política.

8.- O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na Iniciação.

9.- O direito de cada Maçom colaborar na legislação maçônica, o direito de voto e o de ser representado no Alto Corpo.

Classificação de Mackey

1.-Os meios de reconhecimento.

Ora, os modos de reconhecimento na maçonaria nem sempre foram os mesmos. A princípio todos os sinais eram dados assim que os Aprendizes eram iniciados. As palavras de passe e sagrada são diferentes nos diferentes Ritos. A palavra que substituiu a palavra perdida é diferente nos diversos ritos, e os sinais e toques também o são. Portanto a existência dos meios de reconhecimento são um landmark, mas não cada um deles em si. Alguns mudaram desde a fundação do Rito até os dias atuais.

2.- A divisão da Maçonaria em 3 graus.

Sabemos que antes de 1717, quando da fundação da primeira Grande Loja, só havia dois graus na Maçonaria. O grau de Mestre só foi criado em 1725 e institucionalizado em 1738, e considerado regra pela Grande Loja em 1813. Se um landmark deve ser imemorial, este não poderia ser um.

3.- A Lenda do 3º Grau.

Somente após a criação do grau de Mestre é que foi criada esta Lenda. Portanto não é imemorial. E, outra, o Herói da Lenda é diferente nos Ritos Hiramitas e Adonhiramitas. A estrutura da Lenda também. Uma lenda egípcia adaptada à Bíblia judaico-cristã.

4.-O governo da Fraternidade deve ser exercido por um Oficial denominado Grão Mestre, eleito por todo o povo Maçônico.

A criação do cargo de Grão Mestre de uma Potência, conforme entendemos hoje, só foi acontecer após a fundação da Grande Loja da Inglaterra. Anteriormente, o nome Grão Mestre era também utilizado para Veneráveis de Lojas, e não de toda a Fraternidade.

5.- A prerrogativa do Grão Mestre de presidir toda reunião maçônica, onde e quando se realize.

A objeção é mesma que a anterior, só depois da criação de um Alto Corpo, reunindo maçons de todas as Lojas é que houve o que seria o cargo atual de Grão Mestre.

6.- A prerrogativa do Grão Mestre de conceder licença de conferir graus em tempo anormais, com dispensa dos prazos.

Repetimos a mesma alegação dos anteriores itens.

7.- A prerrogativa que tem o Grão Mestre de autorizar fundação e manutenção de Lojas Maçônicas.

Anteriormente, as Lojas eram fundadas por decisão dos Maçons, sem influência estranha. Era o lema “Maçom livre em Loja livre”. A prática das Cartas Constitutivas é recente.

8.- A prerrogativa do Grão Mestre de “fazer maçons à vista”, ou seja, reunindo determinado número de Irmãos poderem iniciar sem que sejam necessárias sindicâncias, provas ou o que mais seja da iniciação.

Isso já foi feito no Brasil, infelizmente, com drásticas conseqüências.

Como se vê, os chamados landmarks, do 4º ao 8º, são regras que cabem mais num estatuto, numa constituição, podendo ser alterados por decisão do povo Maçônico, como já o foram.

9.- A necessidade dos Maçons de se congregarem em Loja.

Finalmente, encontramos uma afirmativa que efetivamente é um “landmark”, na concepção de seus definidores. Desde que concebeu a Maçonaria os seus membros se reúnem em organismos denominados Lojas.

10.- O governo da Fraternidade, quando reunida em Loja, deve ser exercido por um Venerável e dois Vigilantes.

Este é efetivamente um landmark, pois desde tempos imemoriais, mesmo quando não havia os graus, as Lojas eram presididas por um Presidente (Mestre da Loja) e dois Vice-Presidentes (Senior Warden e Junior Warden) , escolhidos entre seus membros.

11.- A necessidade de uma Loja, quando reunida, estar resguardada ou coberta.

O sigilo maçônico assim o exige, eis outra regra definitiva.

12.- O direito de todo Maçom se fazer representar nas reuniões gerais da Fraternidade, e de instruir seus representantes.

Anteriormente os Maçons (aprendizes ou companheiros) compareciam pessoalmente às reuniões do povo Maçônico, mas não podiam ser representados. O direito de representação foi criado posteriormente, e é diferente conforme a legislação da Obediência, quer seja Grande Loja ou Grande Oriente. Em uma os representantes são o Venerável e os Vigilantes, e no outro é o deputado.

13.- O direito de recurso de cada Maçom perante a Grande Loja ou Assembléia Geral.

Nos primórdios da Maçonaria Especulativa não existia esse direito de recorrer da decisão de uma Loja a que pertencesse o Maçom, pois a Loja era livre e não filiada a nenhum Alto Corpo. E, atualmente, por exemplo, tanto nos Grandes Orientes como nas Grandes Lojas existem órgãos judiciários específicos para decidir recurso de Maçom.

14.- O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja.

Tentem visitar uma Loja inglesa. Antes do atual Tratado da Grande Loja com o Grande Oriente houve Irmãos barrados em Loja da Grande Loja. E, por outro lado, qualquer membro de uma Loja pode vetar a entrada de um visitante. A regra citada deveria ser válida, mas infelizmente não o é.

15.- Nenhum visitante, desconhecido dos Irmãos de uma Loja, pode ser admitido à visita, sem que, antes de tudo, seja examinado, conforme os antigos costumes.

Seria no caso o inverso do landmark anterior, no entanto, como a maioria não conhece os toques, os sinais e as palavras de outros Ritos, é de fato não cumprido. Já ouvi Vigilante dizer que “batem irregularmente à porta do templo”, quando ouve as baterias de outro Rito que não o seu.

16.- Nenhuma Loja pode intrometer-se em assuntos que digam a outra, nem conferir graus a Irmãos de outros quadros.

Em tese, é verdadeiro, no entanto, um visitante pode votar contra o ingresso de um profano em uma Loja, o que é certa forma de se imiscuir em assuntos de outra, e isto jamais foi proibido nem poderia sê-lo. Quanto a conferir graus, pode, desde que por delegação da Loja de origem do Irmão.

17.- Todo Maçom está sujeito às leis e aos regulamentos da Jurisdição Maçônica em que reside, mesmo não sendo membro de qualquer Loja.

Outra afirmação que, em tese, é de aceitar, posto que não se filiar já seria uma infração maçônica, no entanto, a residência temporária está sendo considerada? Poderia a Obediência regional obrigar o Maçom designado a prestar serviços por tempo determinado em outro país, ou região, a filiar-se à sua Jurisdição sob a ameaça de infringir um landmark?

18.- Todo candidato à iniciação deve ser homem livre de nascimento, não mutilado ou isento de defeitos físicos e maior de idade.

Que maioridade? Civil, eleitoral ou criminal? Os lowtons, em nossa legislação, têm direitos especiais quanto à idade.

O escravo liberto ou o filho de escravo não poderia ser iniciado? No Brasil o foram.

Quando se impunha a iniciação apenas dos homens as mulheres eram submissas, em todo sentido. O são agora? Atualmente, há algumas que são mais livres que alguns homens. E mais capazes.

È bom citar o que constava no Poema Régio ou Manuscrito Régio ou ainda Manuscrito Halliwell, de 1390, um dos primeiros documentos da Maçonaria Operativa senão o primeiro conhecido, em seu preâmbulo onde vemos: “Pois assim cada um poderia ensinar ao outro e amar-se mutuamente como Irmão e Irmã”, e no seu artigo X consta “Nenhum Mestre deve suplantar outro Mas ficar juntos como Irmão e Irmã”. Nada faz crer ou admitir que o termo Irmã não se referisse a presença da mulher, portanto a proibição é recente.

A higidez exigida é efetivamente total, no entanto, conhecemos diversos Irmãos mutilados; já soubemos de casos históricos de cegos iniciados, a própria Constituição exige, atualmente, que a higidez lhe dê condições de praticar todos os atos ritualísticos. Seria essa exigência atual? E o avanço no campo das próteses? Permanece este landmark por séculos, como, infelizmente, se exige.

19.- Que todo Maçom deve crer na existência de Deus como Grande Arquiteto do Universo.

Não seria a exigência um dogma, que fere os princípios Maçônicos? A Maçonaria tem princípios, não dogmas. Anderson falava em religião universal, não definia no que deve crer. A Grande Loja Unida da Inglaterra chega a exigir uma religião monoteísta, como ficariam os panteístas e os politeístas, de diversas facções. Eles são religiosos. Houve época em que algumas Lojas exigiam a crença no dogma da Trindade. Quando se pretendeu fixar esta afirmativa como landmark, sequer se conheciam todos os tipos de crenças existentes no planeta. Só é permitido ser Maçom se for de origem judaico-muçulmano-cristão? Onde a liberdade de crença? Onde a exclusão do preconceito religioso?

Melhor seria falarmos na crença, na aceitação de um Princípio Criador, que abrangeria melhor todas as possíveis formas de credos, conforme consta da Constituição do Grande Oriente do Brasil.

20.- Subsidiária à crença em Deus, a crença em uma vida futura e na imortalidade da alma.

Vemos que alguns landmarks, como o de Pound, que prefere falar em “imutação da personalidade”, no lugar de imortalidade.

A maior parte dos autores brasileiros (por má fé?) esconde que Mackey cita a crença na ressurreição, que fere grande parte dos maçons brasileiros, que crêem na reencarnação e não na ressurreição. Toda afirmativa dogmática colocada como landmark é um perigo para a liberdade de pensamento, fundamento da Ordem.

Vejamos o que diz o texto em inglês do Landmark coligido por Mackey: “is the belief in a resurrection to a future life.” E mais adiante: “To believe in Masonry, and not to believe in a resurrection, would be an absurd anomaly.” Como é que ficam os Maçons não reencarnacionistas?

21.- A existência do “Livro da Lei”, como ornamento indispensável em uma Loja.

Em primeiro lugar, há de se observar que não existia antigamente a exigência de qualquer livro, religioso ou não, como ornamento das Lojas, basta consultar os diversos rituais antigos a inexistência do livro no compromisso dos iniciados. Os autores brasileiros exageram, ainda mais, dizendo que o landmark fala em “livro da lei que deve conter a verdade revelada pelo Grande Arquiteto do Universo”; e algumas Grandes Lojas, ainda, citam especificamente a Bíblia. Ora, onde a liberdade religiosa? Onde a liberdade de pensamento?

Fala Mackey em religião do país, é incrível depois das Constituições de Anderson falar-se que deve ter a religião do país. Ninguém pode ter outra religião senão a religião da maioria??!! Eis o que diz Mackey: “The ‘Book of de Law’ is that volume which, by the religion of the country”.

Falar em Velho Testamento (Old Testament) para os judeus? O livro sagrado do Judaísmo não é todo o Velho Testamento, mas apenas o Pentateuco ou Torá. No Brasil nós temos religiões (não só no Brasil), que não têm livro sagrado, pois toda tradição religiosa é oral (Candomblé, Umbanda, Pajelança, etc.). Quem não entende de outra religião senão a sua, quando entende; quem nunca estudou outras religiões, como pode falar desta ou daquela religião?

Nós mantemos presente um Livro Sagrado em virtude do Tratado que existe com a Grande Loja Unida da Inglaterra. Diz o item 5 dos seus 8 pontos: “All Freemasons under its jurisdiction must take their obligations on or in full view of the Volume of the Sacred Law (i.e. the Bible) or the book held sacred by the man concerned”, portanto o compromisso não é feito obrigatoriamente sobre o Livro da Lei Sagrada, basta que ele esteja presente.

22.- Que todos os homens são iguais perante Deus e que na Loja se encontram no mesmo nível.

Em primeiro lugar, muda-se a redação de Mackey, que diz simplesmente a igualdade de todos os Maçons. Diz ele: “THE EQUALITY OF ALL MASONS is another Landmark of the Order.”

Mas não há dúvida que a igualdade dos Maçons em Loja é um landmark, desde que obedecida à hierarquia e os graus, portanto a igualdade não é tão absoluta. A grande verdade é que o Maçom não goza dos privilégios e prerrogativas que possam gozar no mundo profano.

23.- Que a Maçonaria é uma sociedade secreta de posse de segredos que não podem ser divulgados.

Por que será que nossos Irmãos alteram a redação dos landmarks de Mackey, será que é porque não podem sustentá-los na forma que são, mas pretendem endeusá-los? Na tradução da Grande Loja de Sergipe consta o termo correto.

Ora, a Maçonaria não é uma sociedade secreta, só o sendo nos países onde a liberdade de associação não é permitida. Nem em Cuba comunista.

Ela tem seus estatutos registrados e sede conhecida. Ela é, isto sim, uma sociedade sigilosa, que tem seus segredos, como muitas outras sociedades civis e religiosas. O que existe na Maçonaria é o sigilo que seus membros devem guardar dos conhecimentos havidos pela iniciação

Se segredo existe é aquilo que é tratado dentro de Loja, o, que infelizmente não acontece.

24.- A Maçonaria consiste em uma ciência especulativa fundada numa arte operativa.

Definir a Maçonaria como ciência é absolutamente anticientífico, em nenhum conceito de ciência cabe admitir a Maçonaria como uma delas. A Maçonaria incentiva o estudo da ciência, incentiva a prática das artes, mas não é nenhuma nem outra. A afirmativa não é um landmark, e ainda mais, é uma inverdade.

25.- Os landmarks da Maçonaria são inalteráveis. ”Nolumus legen mutari”

É muita veleidade, no mínimo, afirmar que os landmarks que Mackey relaciona são inalteráveis. Não há dúvida que devem existir princípios fundamentais (e existem), mas relacioná-los, afirmá-los como verdadeiros, porque por si escolhidos, é pretender se tornar um Papa da Ordem.

Alguns Irmãos chegam à infantilidade de faltar com a verdade na defesa desses landmarks, como nosso querido Irmão Rizzardo da Camino, quando afirma: “Coube a Inglaterra reunir esses landmarks e apresentá-los à maçonaria moderna…” e cita os landmarks de Mackey. Ora, a Inglaterra, tanto no tempo, da Grande Loja da Inglaterra e Grande Loja de York, como depois da união, formando em 1813 a Grande Loja Unida da Inglaterra, nunca fixou ou compilou uma relação como verdadeira, como legítima. Ela considera que os Antigos Deveres contidos nas Constituições de Anderson, em sua primeira edição, alterada posteriormente por ela, são a lei fundamental onde constam os princípios vitais da Maçonaria Moderna.

O que Inglaterra fez foi listar “oito pontos”, que exige de outras Obediências para reconhecê-las como Corpo Maçônico regular.

Nos Estados Unidos, onde existem os maiores defensores dos landmarks, é onde existe a maior variedade de relações e compilações, cada Grande Loja lista os seus e os considera como os verdadeiros e inalteráveis.k

Os landmarks relacionados por Mackey tiveram como um de seus maiores críticos Albert Pike, que foi Soberano Grande Comendador da Jurisdição Sul do Rito Escocês Antigo e Aceito nos Estados Unidos, do qual Mackey foi Grande Secretário Geral.

No Brasil, chegou a constar da Constituição dos Grandes Orientes. Felizmente, quando estávamos no Grande Oriente de São Paulo, dissidente, atual Grande Oriente Paulista, em 1982, conseguimos excluí-lo. E, no Grande Oriente do Brasil foi escoimado de sua Constituição em sua última reforma, em 1991, onde consta atualmente a exigência dos landmarks, mas sem citar qualquer deles, ficando a cargo da Loja ou do Rito escolher qual deles adotar.

Efetivamente, o problema dos landmarks é insolúvel, porque a maioria pretende tornar a Maçonaria, a seu modo, num grupo dogmático em que só a sua vontade seja válida, pretende infirmar princípios fundamentais na Maçonaria que são a Busca Constante da Verdade, a Liberdade Absoluta de Pensamento, a Liberdade Absoluta de Consciência.

NOTA:  O crédito da bibliografia e dos autores que fundamentaram esse trabalho está no corpo da redação, sempre em negrito. Fonte: https://bibliot3ca.com/landmarks/

ESOTÉRICO E EXOTÉRICO - Newton Agrella


Vejam duas palavras muito semelhantes, mas de significado totalmente diferente. O “Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa – Aurélio” nos relata:

ESOTÉRICO: 1) diz-se do ensinamento que, em escolas filosóficas da antiguidade grega, era reservado aos discípulos completamente instruídos. 2) todo ensinamento ensinado a circulo restrito e fechado de ouvintes. 3) diz-se de ensinamento ligado ao ocultismo. 4) compreensível apenas por poucos; obscuro; hermético.

EXOTÉRICO: 1) diz-se do ensinamento que, em escolas filosóficas da antiguidade grega, era transmitido ao publico sem restrição, dado o interesse generalizado que suscitava e a forma acessível em que podia ser exposto, por se tratar de ensinamento dialético, provável, verossímil.

Referente à Maçonaria, temos alguns relatos de conceituados Mestres:

Octaviano Bastos: “na Maçonaria, a parte esotérica ou interna só é conhecida dos estudiosos e compreendida dos homens de alma e faculdades privilegiadas, e por isso o esoterismo da Ordem constitui a Iniciação íntima em todos os segredos e tendências Maçônicas”.

Albert G. Mackey: “as palavras esoterikós, interno, e exoterikós, externo, derivam do grego e foram usadas, em primeiro lugar, por Pitágoras, cuja filosofia foi dividida em exotérica, isto é, aquela que ensinava a todos; e a esotérica, ou aquela ensinada a alguns poucos selecionados; dessa forma, os seus discípulos foram divididos em duas classes, de acordo com o grau de Iniciação que tinham atingido ... esse modo dúplice de instrução foi imitado por Pitágoras dos sacerdotes egípcios, cuja teologia eram de duas espécies – uma exotérica dirigida para o público em geral e a outra esotérica, e limitada a um número selecionado de sacerdotes e aos que possuíam ou estavam para receber o poder real. Dois séculos mais tarde, Aristóteles adotou o sistema de Pitágoras, e no Liceu de Atenas, de manhã, comunicava aos discípulos selecionados as suas sutis e ocultas doutrinas, e a tarde, ensinava sobre assuntos elementares a uma assistência indistinta”.

Nicola Aslan: “como em todas as escolas filosóficas e iniciáticas são inúmeros aqueles que não passam do umbral. Por isso, inúmeros Maçons, que não passaram do estudo do aspecto social da Maçonaria, não tendo conseguido compreender ou se interessar ao aspecto esotérico e iniciático da Instituição, tem-se mostrado desiludidos. Porem, se por seus próprios esforços conseguirem retirar a venda que tem sobre os olhos, há de lhes aparecer uma visão deslumbrante da “Luz” iniciática e maçônica”.

Fonte: pilulasmaconicas.

DESCALÇAMENTO & MAÇONARIA - Kennyo Ismail


Pra começar, esse negócio de chinelo é coisa relativamente nova, apenas para os candidatos não pegarem um resfriado, machucarem o pé ou mesmo se sujarem em demasia. Preocupações que não existiam anteriormente, mas passaram a fazer parte da sociedade. Afinal de contas, pé com chinelo não é pé descalço!

Os rituais e livros são extremamente omissos quanto ao motivo do descalçamento, muitas vezes informando apenas que se trata de uma questão de respeito. Há ainda os “achistas” de plantão, para viajarem em teorias tendenciosas e sem embasamento como Jesus lavando os pés de um discípulo, ou que o caminho do candidato é ao Oriente e no Oriente (Japão) as pessoas tiram os calçados para entrar em casa. Se neles falta pesquisa, sobra imaginação. Não me assustará se uns desses quiserem um dia lavar o pé do candidato no Mar de Bronze!

Para demonstrarmos a antiguidade e a importância do costume do descalçamento, podemos recorrer a vários povos e épocas. Entre os exemplos, há no livro “Êxodos”, 3:5, quando Deus fala com Moisés por meio de uma “sarça ardente”: “não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.” Outro exemplo interessante, dum personagem muitas vezes ligado à Maçonaria, é uma instrução de Pitágoras aos seus discípulos: “Ofereça sacrifício e adoração descalço” e “Devemos nos sacrificar e entrar nos templos sem sapatos”.

Tal costume, existente entre judeus e gregos, também é observado entre muçulmanos, hinduístas, e várias religiões orientais, o que comprova seu caráter universal. Tão antigo e presente em tão diferentes povos e culturas, é impossível e desnecessário determinar seu início e origem. Parece fruto de um senso comum, assim como a própria existência de um Ser Superior. Trata-se de um óbvio reflexo do simbolismo dos templos: um local sagrado é um local puro, portanto, livre do que é sujo. Dessa forma, o pé descalço simboliza o respeito e a deferência da pessoa para com aquele lugar, seu reconhecimento de que aquele solo é realmente sagrado.

Mas, como sempre, alguns ritualistas fizeram o favor de desconsiderar a história e o motivo de existir do rito de descalçamento, tornando os rituais, no mínimo, incoerentes: os candidatos descalçam o pé para pisarem num lugar puro, mas colocam sandália para não sujarem o pé. Uma verdadeira distorção do símbolo e de sua simbologia. Será que é preguiça de limpar a Loja? Espero que não.

julho 04, 2025

A VISÃO DE DEUS PARA ESPINOZA - Notebooklm


Para Espinoza, o conceito de Deus é fundamental e radicalmente diferente das concepções teológicas e filosóficas tradicionais da sua época. Espinosa identifica Deus com a Natureza, usando a expressão central "Deus sive Natura" (Deus ou Natureza).

As principais características do conceito de Deus de Espinosa, com base nas fontes, são:

Substância Única e Absolutamente Infinita: Deus é a única substância que existe. É definido como um "ente absolutamente infinito", que consiste em infinitos atributos, cada um dos quais exprime uma essência eterna e infinita. Destes infinitos atributos, a mente humana conhece dois: o Pensamento e a Extensão (matéria). Esta perspetiva implica que Deus não é apenas um espírito puro, mas também matéria, o que contraria as visões tradicionais.

Identidade entre Essência e Existência: A essência de Deus envolve a existência, o que significa que Deus existe necessariamente. A sua existência não é contingente, mas decorre da sua própria natureza e perfeição.

Causa Imanente e Não Transitiva ou Final: Deus é a causa imanente de todas as coisas, ou seja, as coisas existem *em* Deus e são concebidas *através* de Deus, e não como algo produzido por uma causa externa ou separada (transitiva). Deus age exclusivamente pelas leis da sua própria natureza e não é coagido por nada. Espinosa **rejeita a ideia de causas finais** (teleologia) para Deus, argumentando que atribuir propósitos ou fins a Deus implicaria que Ele careceria de algo ou buscaria algo fora de si, o que é um absurdo para um ser absolutamente perfeito e infinito. A vontade de Deus é sinónimo da necessidade e inteligibilidade das leis pelas quais a realidade é produzida.

Intelecto e vontade divinas: O intelecto e a vontade que comumente são atribuídos a Deus na teologia popular diferem incomensuravelmente do intelecto e da vontade humanos. Para Espinosa, o intelecto e a vontade de Deus não são faculdades separadas, mas são uma e a mesma coisa com a sua essência e potência. Dizer que Deus "quis" ou "decidiu" algo é o mesmo que dizer que Ele "entende" essa verdade eterna. Deus não opera pela "liberdade da vontade" no sentido de poder ter agido de outra forma, pois tudo o que se segue da sua natureza é necessário e eterno.

Eternidade e Imutabilidade: Deus é eterno. A eternidade para Espinosa não significa uma duração infinita no tempo, mas sim a identidade entre a essência e a existência divinas, implicando uma necessidade intrínseca. Deus é também imutável; a ideia de que Deus poderia mudar de natureza ou decretos é considerada absurda.

Ausência de Paixões e Rejeição do Antropomorfismo: Deus está isento de paixões humanas; Ele não é afetado por alegria, tristeza, amor ou ódio no sentido em que os humanos o são. Espinosa critica as conceções populares de Deus como um rei, legislador ou um ser com emoções, considerando-as projeções da imaginação e da superstição. Ele via a superstição como uma paixão negativa que forja a ideia de uma Natureza caprichosa e de um Deus externo que a controla. A sua filosofia visa desmistificar tais noções e promover uma compreensão racional da divindade.

Conhecimento Divino e Humano: O conhecimento de Deus não provém de objetos externos, mas de Si próprio. A mente humana, sendo uma parte do intelecto infinito de Deus, tem a capacidade de alcançar um conhecimento adequado da essência eterna e infinita de Deus. O conhecimento e o amor intelectual de Deus são o sumo bem e a suprema virtude da mente humana, levando à beatitude e à liberdade.

Em resumo, o Deus de Espinosa não é um ser pessoal, distante e criador de um mundo à parte, mas a própria realidade, a Substância única e infinita que se auto produz e se manifesta através de infinitos atributos, agindo por uma necessidade interna e eterna, sem fins ou paixões humanas.

O OLHO QUE TUDO VÊ E O AMOR DIVINO EM NÓS - Bruno Bezerra de Macedo


O Olho que Tudo Vê é um lembrete de que sempre somos observados pelo Grande Arquiteto do Universo. Portanto, “sempre que fizer algo, mesmo que ninguém venha a saber, faça como se o mundo estivesse olhando para você”, fulcra Thomas Jefferson, pois, este agir alicerça com sólida honradez as relações humanas, que são o conjunto de interações que realizamos com quem orbita ao nosso redor, durante nosso viver em Terra. 

Assim, quando falamos em "olho de águia" descrevemos pessoas com grande capacidade de observação, atenção aos detalhes e discernimento. Cabe aqui destacar que a busca pela felicidade passa frequentemente pela habilidade de discernir entre opções, priorizando aquelas que trazem bem-estar a longo prazo e alinhadas com valores pessoais, conquistando conexões sociais significativas e relações familiares e amorosas saudáveis.

No entanto, desde a infância aprendemos que uma vida de realização, sucesso e felicidade é alcançada por meio do status, poder, popularidade, beleza e, principalmente, da riqueza. Esse padrão estabelecido pela sociedade refere-se ao contexto externo, sendo ele determinante do que somos. Entretanto, quando essas referências nos movem, agimos como seres irracionais, motivados somente pelos prazeres e emoções efêmeras.

A mitologia grega demonstra esse condicionamento por meio da história do Rei Midas. Ele acreditava que seria mais feliz ao se tornar o homem mais rico do mundo. Motivado pela riqueza, Midas pediu ao deus Dionísio, que lhe devia um favor, que tudo por ele tocado se transformasse em ouro. Se desejo foi prontamente atendido. Porém, a felicidade de Midas, baseada no externo, durou pouco.

Midas, logo descobriu que não podia comer ou beber já que tudo se transformava em ouro ao seu toque, sendo impedido de se alimentar. Assim, faminto e exausto, implorou a Dionísio que retirasse o dom concedido. Novamente foi atendido. Para curar-se, o deus instruiu o rei a “esfriar” literalmente, sua cabeça nas águas do rio Pactolo (ou Sarte), na Turquia. Isso equivale a ter Inteligência Emocional. Há outros Midas surgindo a cada dia?

É fato que cultivar a felicidade envolve práticas como gratidão, otimismo, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Filósofos como Aristóteles viam a felicidade (eudaimonia) como um estado de realização pessoal, alcançado através do exercício da virtude e da busca pela excelência. A felicidade não é vista como um mero prazer passageiro, mas como um estado duradouro resultante de uma vida bem vivida. 

Psicólogos e cientistas sociais abordam a felicidade como um estado emocional caracterizado por satisfação e equilíbrio. Estudos científicos têm investigado os fatores que contribuem para a felicidade, como a capacidade de adaptação, relacionamentos positivos e uma visão otimista da vida. Felicidade é um estado de espírito que gera paz, harmonia, alegria e amor por ser e não por ter.

A verdadeira felicidade é uma sensação de plenitude e satisfação que vem de dentro de nós. Ela está enraizada na autenticidade, na conexão com nossos valores e propósito de vida. O segredo da felicidade não é único e universal, mas, sim uma combinação de fatores pessoais e externos que variam de pessoa para pessoa. A felicidade se alicerça nestes cinco princípios basilares: significado, espiritualidade, amor, viver no presente e maestria da mente. 

Quando dizemos que a felicidade nos define, constatamos que a felicidade nos caracteriza e nos identifica, já que, a alegria e o contentamento são elementos fundamentais do nosso ser, que nos incorpora e se faz refletida em nossas ações e atitudes, indicando claramente que não dependemos de fatores externos para alcança a felicidade, pois, esta vem de dentro. Nossa felicidade vetoriza positivamente tudo e todos ao nosso redor. 

A felicidade é cultivada através de hábitos saudáveis e mudanças de atitude. Sendo fundamental compreender emoções e valores, pois, isto traz verdadeira satisfação. Buscar coerência entre o que se pensa, fala e faz é essencial para evitar conflitos internos. Bons princípios e boas crenças ajudam a construir uma vida mais autêntica e feliz. Para isto, cultivar laços com pessoas que apoiam, inspiram e fazem (o) bem é crucial.

A conexão humana e o senso de pertencimento são componentes importantes da felicidade. Sentir-se parte de algo, seja uma família, um grupo social ou profissional, promove segurança, autoestima, fortalece os laços e reduz o estresse, contribuindo para uma vida mais feliz e satisfatória. Lembremos sempre que a felicidade não é algo imposto, mas, algo que se constrói a partir do conhecimento de si mesmo.

Em suma: O olho que tudo vê é a observância que incita a prática de seguir e respeitar o que é estabelecido, seja por meio de leis, regras, preceitos ou costumes, com o fito de manter a ordem, a disciplina e o bom funcionamento deste status quo in voga, já que este virtuoso hábito nos conduz ao desenvolvimento de um convívio feliz, a partir do qual alcançamos a felicidade plena, que transfigura nosso amor humano em amor divino.