maio 28, 2025

ANTIGAMENTE - Carlos Drummond de Andrade





"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito.

Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.

E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. 

As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro.

Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada.

Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. 

Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno.

Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. 

Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.

Haviam os que tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. 

Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes:

“Farei presente.”

Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando:

“Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” 

E os eruditos, se alguém espirrava — sinal de defluxo — eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”.

Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana.

A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso.

Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.

Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. 

Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. 

As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga.

Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. 

Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe.

As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro.

Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.

Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas.

Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. 

Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O.

London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.

Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora."



A ILUMINAÇÃO DO EU SUPERIOR - António Rocha Fadista


 

O ENIGMA DA ORIGEM DA LUZ


Huyghens e Newton elaboraram a teoria das ondas luminosas transmitidas pela incandescência do sol, das demais estrelas e das chamas. As radiações das fontes de luz foram objeto de inúmeros tratados científicos. A natureza da luz sempre manteve os estudiosos imersos na perplexidade. Einstein, Maxwell e Louis de Broglie consagraram obras eruditas ao estudo da propriedade ondulatória ou, ao contrário, da linha reta do fenômeno da propagação, assim como ao estudo da formação da claridade luminosa molecular e material.

Observou-se justamente que “os objetos que nos cercam só são visíveis porque refletem a luz”. Esta luz se propaga por ondas. A sua irradiação é eletromagnética e energética. Bohr estabeleceu que a luz deve sua geração à matéria; a combustão a produz e a emite. A luz é um “elemento constitutivo do Universo”. Os físicos têm constantemente investigado seus desdobramentos no cosmos: do Sol à eletricidade e ao laser, e do infravermelho ao ultravioleta, eles repetiram suas experiências, anotaram suas observações em ótica, a irradiação luminosa no espaço e no vácuo. Observaram que sua cor branca comporta a reunião de todas as cores que o prisma decompõe. Newton comprovou isso.

As fontes luminosas, de origem térmica, atômica, gasosa ou incandescente, são conhecidas ou ao menos explicadas. “Matéria e luz estão ambas em contínua interação”, como diz Pierre Rousseau. O aquecimento produz a iluminação. De Euclides a Goethe, muitos foram os que perscrutaram o seu mistério, no qual alguns não hesitaram em ver um “magismo”! Sendo a velocidade do raio solar de 300.000 km/s, como medir a sua densidade?

Em resumo, escolhamos uma definição, tão clara quanto possível, ou seja, a dos cientistas: “Luz, é onda eletromagnética, cuja parte visível tem comprimento de onda que varia entre 0,4 e 0,7 micron. Propaga-se no vácuo a aproximadamente 300.000km/s”. “Segundo o seu comprimento de onda, ou segundo a mistura de seus comprimentos de onda, a sua impressão colorida é variável. A mistura de todos os comprimentos de onda nos dá a impressão de branco. A Luz obedece às leis da difração, da difusão, da reflexão, da refração e da polarização.

O físico Maxwell elaborou a teoria eletromagnética da propagação da luz, renovando a antiga teoria da vibração do éter. Certos estudiosos reúnem o calor, a luz e a eletricidade. É o caso de Louis Lucas, em sua Médicine Nouvelle, que declara serem estas as “três fazes gerais do movimento”, cujas nuances são infinitas. Papus retoma essa afirmativa no seu Trate Méthodique de Science Occulte. Segundo Pierre Rousseau, “a luz visível é apenas uma fração ínfima do domínio das radiações eletromagnéticas, que são vibrações transversais de forma senoidal, de um duplo campo elétrico e magnético. Está hoje provado que a luz segue a curvatura do espaço.

O preto, o branco e as cores freqüentam o nosso destino. A vida, a Natureza e o Cosmos só se expandem pela Luz.


A ADORAÇÃO DO SOL-LUZ


Este foi um dos primeiros sentimentos místicos dos homens. A religião nasceu disso. Inicialmente, os mais inspirados, depois os sacerdotes, todos eles imbuídos da tradição edênica, evocaram Adão ao nascer do Sol e o fim do mundo no pôr do Sol. A Luz ilumina o mundo. A Luz é Deus. As peregrinações existiram em abundância no momento dos solstícios e dos equinócios. São imperecíveis, sob este ponto de vista, os deuses-sóis da Pérsia e do Egito. Em Roma, o poeta Lucrécio assim saudava o Sol: “ O sol etéreo, essa rica fonte de fluido luminoso, banha o céu de um brilho sempre fresco, sem parar de substituir a Luz pela Luz… Os objetos precisam de uma Luz sempre nova e cada jato luminoso que se dissipa tão logo nasce, e nada se poderia perceber à Luz do Sol se essa claridade cessasse de se renovar pela sua própria fonte”.

Graças a essa incessante energia luminosa que recebemos do Sol, a Terra se aquece e emite radiação de calor no espaço. Nas cerimônias de iniciação dos Mistérios de Eleusis, o profano era levado a caminhar por lugares tenebrosos e inquietantes, que o deixavam com medo e inseguro. Pouco a pouco as trevas se dissipavam, e o candidato passava a ver uma claridade, que finalmente se convertia em luz intensa. No Rito de Iniciação de Osíris, no Egito, os profanos eram arrastados pelas salas da Grande Pirâmide, em plena escuridão. Em seguida, os candidatos eram levados a um tribunal no qual viam a representação da morte, e passavam pelas provas simbólicas da purificação. Tudo terminava em lugares banhados de Sol, após o que, pelas palavras misteriosas, eram comunicados aos neófitos os segredos do Além ou Amenti.

Nos Mistérios de Dionísio, Orfeu dizia aos recém-iniciados: “Vinde beber a Luz do Templo, oh vós que saístes da noite. O Sol que evoco sobre vossas almas não é o Sol dos mortais, é a Luz pura, o grande Sol dos iniciados”.

O culto do Sol teve o seu período áureo no reinado do faraó Amenophis IV, também chamado Akhen-Aton. Ele foi o primeiro ser humano a instituir um culto monoteísta. Os egípcios acreditavam que a Luz iniciática trazia a salvação do homem. Por isso, mandavam costurar no sudário dos mortos um amuleto simbolizando o Sol. Aton era o deus solar adorado ao tempo do faraó Amenófis ou Akhenaton.


O OURO-LUZ


Os egípcios reverenciavam a qualidade solar do ouro. Daí a cor amarela ser primordial em seus ritos funerários. A tradição grega já via no ouro um aspecto do Sol, com as suas virtudes da fecundidade. O deus Apolo tinha cabelos de ouro. O Velo de Ouro dos Argonautas conferia a quem o tivesse o poder temporal e o poder espiritual. Na Índia, reverencia-se também o ouro por ter o brilho da Luz. Os ícones de Buda são dourados, bem como o são os ícones bizantinos, por serem o reflexo da Luz Celeste. Para os alquimistas, Nicolas Flamel entre eles, a transmutação do chumbo em ouro nada mais é do que a transformação do homem por Deus. Esse é o objetivo da alquimia espiritual.

O Sol é representado pela cor do ouro. E o ouro freqüenta intensamente a discrição do Apocalipse. Jesus mediu a Jerusalém eterna com uma régua de ouro, ao passo que a cidade é toda de ouro puro. Segundo J.P. Bayard, “Essa régua de ouro é o símbolo da justiça e do esplendor, da sabedoria e da verdade”. Mas o que devemos lembrar é que o ouro simboliza a divina claridade da pureza e da Luz”.


A LUZ PELO FOGO


Gerador de luz, o fogo, purificador e iluminador, segundo Paul Diel, projeta suas chamas para o céu e “representa o impulso para a espiritualização”. Ele é o símbolo da regeneração, mais que da morte, e o aniquilamento pela combustão. Como o Sol pelos seus raios, o fogo, pelas suas chamas, simboliza a ação fecundante, purificadora e iluminadora.

O fogo, criador da Luz, terá os seus prolongamentos no rito de incineração, nas fogueiras da Idade Média, nos fogos de São João, e em todas as ações que tenham a intenção da purificação. Assim, o fogo é a menos imperfeita imagem de Deus, a menos imperfeita das suas representações, e que existe em abundância na simbólica teológica.

Na Índia, os grandes determinantes da Luz, que são o fogo, o raio e o Sol, têm lugar de destaque e fundamental. Agni, Indra, Sürya, são os intermediários celestes do Fogo. O Fogo ritual simboliza as paixões, os espírito e o conhecimento intuitivo. Os taoístas se lançam na fogueira para se libertar dos erros humanos e unirem-se ao Eterno; o sacerdote lhes garante que o fogo não queima o santo. Este Fogo sacrificial do hinduísmo é sagrado. Nas religiões judaica e cristã, numerosos são os círios, os castiçais, as lamparinas, as velas das procissões, dos templos, dos pedidos ou dos pagamentos de promessas.

Desde a alta antiguidade os templos são orientados para o Oriente, para receber a primeira luz solar. O Oriente é o símbolo da Luz incriada.


OS TEMPOS BÍBLICOS E O VERBO


O livro do Gênesis diz: Iahweh criou a Luz pelo Verbo. Iahweh disse: “Haja luz”. “E viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas”. Iahweh disse ainda: “Que haja luzeiros no firmamento dos céus para alumiar a Terra”. E Ele criou o Sol “o grande luzeiro”, para presidir o dia; e a Lua, para presidir a noite; e as estrelas do firmamento para brilhar no céu.

A criação da Luz determina o início do tempo. A Luz original não é a do Sol. Os astros são apenas luzeiros; a Luz de Iahweh é universal, é a desejada pelo Criador. Os salmistas, os profetas, os Reis, todos cantaram a Luz divina, que determina o Conhecimento. No Salmo CXIX, Davi assim se expressa: “Tua palavra é uma lâmpada para iluminar os meus pés, uma Luz para brilhar sobre o meu caminho”. Em Provérbios, VI:23, lemos: “O mandamento divino é uma Lâmpada, a Thorah é Luz”.

O salmista diz ainda que “Iahweh se veste de Luz como de um manto (Sl., CIV:3)”. Os comentaristas rabínicos do pensamento judaico explicam a existência de uma “Luz escondida”. Existe uma Luz do espírito, criada e separada do Criador. Encontramo-la na Thorah. O Rabi Simeão via cinco Luzes desde a origem dos tempos:

– Elohim diz: “que seja a Luz! E foi o Gênesis”

– E foi a Luz = Livro do Êxodo.

– Elohim viu a Luz = Livro do Levítico.

– Elohim separou a Luz = Livro dos Números.

– Elohim invocou a Luz = Livro do Deuteronômio.

Homem de Luz, Moisés extasiou-se diante da sarça ardente. A descer do Monte Sinai, ele resplandecia de luz. A Thorah contém a Luz divina. O estudo das Sephiroth provará que “ a Luz é essencialmente Amor”. A Luz do Amor.


O SOL ESPIRITUAL


Segundo René Guénon, “A irradiação do Sol espiritual é o verdadeiro coração do mundo”. Claude San-Martin dizia que a Luz do verdadeiro Sol deve ser recebida sem refração, isto é, sem nenhum intermediário que a deforme, mas sim por intuição direta. Esta é a Iluminação Iniciática. Jacoh Boehme dizia que a Luz contém a Revelação, pois “na Luz há um Deus misericordioso e bom e, na força da Luz, Ele se chama Deus”.

A China e a Índia assimilam no Budismo a Luz e o Conhecimento. Para o Islã, Em-Nur (a Luz) corresponde a Em-Rhu (o espírito). O Evangelho o Alcorão, os textos taoístas e budistas garantem que a Luz sucede às trevas, dualidade universal do Yang e do Yin. O próprio Cristo dotou-se de apelativos simbólicos, tais como: “Sol de Justiça, Grande Luz, Luz do Mundo”. A data estabelecida para o seu nascimento, 25 de dezembro, na Roma pagã, era a festa do Sol renascente, ou Solis Invictus.


A LUZ DA ÁRVORE DA VIDA


No centro do paraíso viam-se a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Essa antiga lenda babilônica veio da antiga Mesopotâmia e foi atribuída à Epopéia de Gilgamesh.

Uma outra árvore era venerada pelos antigos: o carvalho, que recebia o raio, a arma e o símbolo da Luz e do Fogo de Deus. Todas as mitologias consagram o lugar onde caía o raio. O carvalho de Zeus em Dodona, de Júpiter em Roma, o carvalho de Perun entre os eslavos. A sarça ardente do Êxodo é uma manifestação de Iahweh a Moisés que, espantado, lhe perguntou: “Qual é o Seu Nome”? E Iahweh lhe respondeu: Eheieh Asher Eheieh! Traduzido por “Eu Sou Aquele que Sou”. Melhor traduzido seria: “Eu sou a Luz que É”.

Também o Alcorão exalta “a Árvore bendita”. A mesma imagem, a da Árvore da Vida, é encontrada na Cabala; dela emana “o orvalho de Luz”. Para René Guénon, essa Árvore é a oliveira, cujo óleo é utilizado na Luz da lamparina, Luz que vem de Alá “e que é o próprio Alá”. Assim, a Árvore que dá a Luz é a própria Árvore da Luz. Na Índia, os Upanishads apresentam a Árvore da Vida como o próprio Brahma. O Alcorão afirma que há nisso “Luz sobre a Luz”. O mesmo Alcorão, na surata XXIV, que tem por título A Luz, demonstra em 64 versículos, que “Deus é o iluminador do Sol, da Lua dos astros, das criaturas celestes e terrestres e de tudo o que existe. Eis algumas das frases desta surata: “Deus é a Luz dos céus e da terra”; “Deus guia para a Sua Luz quem Lhe apraz, e fala aos homens com alegorias”.


AS LUZES DA IDADE MÉDIA


Todas as soberbas catedrais góticas da Europa, construídas pelos maçons operativos, são luminosas. Iluminados eram também os seus construtores. Elas representam um autêntico hino à Luz. Nestas catedrais, os vitrais projetam raios de diversas cores: à tarde, “as rosáceas iluminam os templos com os últimos raios do Sol poente”.

Estas rosáceas proporcionam às catedrais uma Luz feérica, digna da divindade, sob o signo da beleza da rosa. A Iluminação ao nascer do Sol inspirou os construtores a orientar estes templos para o Sol levante, assim como sobre o altar mor, o oficiante se voltava simbolicamente para Jerusalém. Deus é Luz, proclamou João. A Catedral, sua morada, resplandece com esta Luz.


ANÁLISE, FILOSOFIA E PSICANÁLISE DA LUZ E DA ILUMINAÇÃO


Mais do que uma analogia, a semelhança do fenômeno físico da irradiação da Luz e do repentino afluxo psíquico dos eflúvios dos abrasamentos mentais, como os de Santa Tereza D’Ávila, são motivo de permanente pesquisa sobre a motivação desse duplo fato enigmático – tanto um quanto o outro – sobre a sua fonte e sobre a sua natureza. A Iluminação, que é o resultado dessa Luz do Espírito, resplandece como um sol que transfigura o sujeito sensibilizado, inconsciente, mas que tem o seu Conhecimento. Um sonho acordado. Uma exaltação que assombra os psicanalistas, tanto ela desconcerta a análise.

Esta transformação do ser procede, como na natureza, de três estágios: a penumbra e a noite fecham os olhos; o nascer do dia faz descobrir e discernir a matéria, o movimento, o acontecimento; depois, o banho de sol que amplifica, doura, transpõe tudo através do seu brilho, e cria no homem um deslumbramento.

Da mesma forma, o espírito confuso, lerdo, e até incompreensivo, desperta com certos agentes, move-se e progride, torna-se mais leve, raciocina, vê mais claro; ele sai da noite para chegar a clarões de inteligência; enfim, ele se irradia, se magnífica, se sublima. “Ciência! Clarões fulgurantes!”, exclamava René Descartes. “Possessão dos mundos interestelares!”, exclamava Goethe, que ao morrer, pedia: Luz, mais Luz. Se os olhos do corpo sabem distinguir os objetos, os olhos do Espírito redobram as suas faculdades; a dupla visão magnifica o sujeito; muitas vezes, ele acreditará estar vendo, não pelo sentido visual, mas pela inflamação exaltante de sua visão interior.

O ser humano, exaltado pela Luz, elevado, transportado, como em estado de levitação, dirige-se para uma transcendência que será mística, metafísica ou artística. Um outro fato a observar é a propensão natural do homem para procurar a Luz. No século XVIII, a Luz foi um fogo do espírito que conjugava ao mesmo tempo um fervor intelectual, que descobre nos caminhos cartesianos o gozo do raciocínio livre, os imensos horizontes da ciência, das novas possibilidades humanas, devidas a uma evolução e a uma revolução morais, em que tudo se tornava possível; e, também, ao mesmo tempo, com esse fogo de artifício do espírito, aparecem um fervor e um refúgio nas fraternidades iniciáticas iluminativas, cujos maravilhosos segredos da Gnose os rosa-cruzes e os maçons detinham nos seus Rituais. Esse foi o século das Luzes. O Conhecimento intuitivo, tradicional, pela Luz dos Rituais.

Não somente o pensador que medita atingirá alturas insuspeitáveis de espírito, não só a alma mística alçará vôo, mas também o eleito aniquilará totalmente a própria vontade para se submeter a um imperativo mais elevado. O sacrifício dos Iluminados pelo fogo é um rito admitido e encorajado por Buda. Essa imolação voluntária no paroxismo do transporte metafísico marca a ascese voluntária ao além, pela recusa da vida, pela aceitação do martírio e pela entrada na morte física.

Esse é o prodígio da transubstanciação, que a Luz visível, conjugada na Luz invisível, opera para grande felicidade do sujeito, aniquilado no seu êxtase espiritual.

Deste modo, pode-se esquematizar o fenômeno da Luz: no primeiro plano, a aquisição de clarões espirituais, um enriquecimento do Eu Superior, um embelezamento pela libertação, pela elevação do Espírito. As sociedades iniciáticas conhecem o seu desenvolvimento nos seus Altos Graus. Acesso à Gnose, através da Estrela Flamejante.

Para o místico, esta é a ascensão, o sentimento da noção de imanência, da sublimação divina. Iluminação será, assim, chegar face a face com a divindade.

Por outro lado, mesmo nas sociedades iniciáticas, exclamava Oswald Wirth, ignora-se a Luz e perde-se o sentido iluminativo dos mistérios tradicionais! É o que se pode chamar de recusa da Luz. Mas, o universo que se descobre pelo encontro com a Luz opõe-se e transcende o universo do mundo profano.

Esta é a Luz, esta é a Iluminação que todo o Maçom deve buscar na ingente caminhada até à sua integração total com Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

maio 27, 2025

A ESPADA FLAMEJANTE - Almir Sant’Anna Cruz


A Espada Flamejante é uma representação da espada empunhada pelos querubins postos ao oriente do Jardim do Éden para guardar o caminho que levava ao conhecimento.

Em Gênesis 3:24 consta: “E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”.

Como, analogamente, a Iniciação é o caminho que leva ao conhecimento, a Espada Flamejante é usada unicamente nos ritos iniciatórios e portada somente pelo Venerável Mestre, que, como Mestre Instalado, tem a prerrogativa de consagrar os graus.

Marius Lepage in Le Symbolisme, afirma que a Espada Flamejante se reveste de dois significados essenciais: o da criação, por intermédio do Verbo-Luz-Som, e o de purificação e de expiação sob as provações do destino. É explica: “A consagração ritual de um novo Maçom começa por estes termos: ‘Eu o crio ...’ É, portanto, um ato criador, que procede de uma vontade – a do Venerável que age em nome da Maçonaria – por intermédio de uma vibração sonora, o golpe da espada. Uma criatura totalmente nova deve nascer, e o efeito dos eflúvios que, saindo da Espada, o atravessam, deve constituir uma espécie de impregnação que penetrará definitivamente o Recipiendário”.

Os três golpes de Malhete sobre a lâmina da Espada Flamejante aludem à numerologia do grau de Aprendiz, que deverá ser objeto de diligente estudo por parte do Iniciado. 

Segundo a Escola Oculta, os três golpes conferem três diferentes modalidades de energia, correspondentes aos três aspectos da trindade divina: o primeiro toque confere fortaleza ao cérebro, o segundo amor ao coração e o terceiro habilidade executiva ao braço direito. 

Jules Boucher in A Simbólica Maçônica completa afirmando que a Espada Flamejante deve ser sempre empunhada com a mão esquerda (lado passivo) e o malhete com a mão direita (lado ativo), significando que a Iniciação transmitida é ativa, isto é, relacionada à própria vontade do neófito.


Excerto do livro "O que um Aprendiz Maçom deve saber" Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

maio 26, 2025

CONVERSA COM A IA - Marco Pereira


 

Se você pudesse escolher viver uma época desde o princípio do mundo e pudesse retornar para contar… qual época você escolheria para vivenciar esse tempo?

Resposta do CHATGPT

Que pergunta fascinante!

Se eu pudesse escolher viver uma época desde o princípio do mundo, eu escolheria a época da Grécia Antiga, especificamente durante o século V a.C., conhecido como o "Século de Ouro" de Atenas.

Imagine poder vivenciar a efervescência cultural, filosófica e artística de Atenas durante o governo de Péricles! Seria incrível testemunhar o desenvolvimento da democracia, a construção do Partenon e a produção de obras-primas da arte e da literatura.

Eu gostaria de:

1. *Assistir às peças de teatro* de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes no Teatro de Dionísio.

2. *Discutir filosofia* com Sócrates, Platão e Aristóteles nos mercados e academias de Atenas.

3. *Visitar a Ágora*, o coração da cidade, onde os cidadãos se reuniam para discutir política, comércio e arte.

4. *Ver a construção do Partenon*, um dos monumentos mais icônicos da Grécia Antiga.

5. *Participar dos Jogos Olímpicos*, uma das principais competições esportivas da época.

Viver nessa época seria uma experiência incrível, permitindo-me testemunhar o nascimento de ideias e conceitos que moldaram a civilização ocidental. Além disso, seria fascinante experimentar a cultura, a arte e a filosofia de uma das civilizações mais influentes da história.

*E você, qual época escolheria para vivenciar?*

PERGUNTAR NÃO OFENDE - Newton Agrella

 


Ainda que carregadas de um certo critério subjetivo, institutos como QUORA, PORTAL INSIGHTS, dentre outros,  detectaram após pesquisas, que uma pessoa comum faz  em média 100 perguntas por dia. 

Contudo, ao longo do tempo esse volume de perguntas vai diminuindo com a idade.

Fazer perguntas é da natureza humana que alimenta a curiosidade, estimula o aprendizado e abre portas para novas perspectivas. 

Porém, perguntar de maneira clara e concisa, sem tanto rodeio e pré-comentários é um exercício bem complicado para um imenso contingente de pessoas.

Na Maçonaria por exemplo, vivemos esse dilema de maneira aguda e frequente, o que torna o cenário linguístico muitas vezes maçante, além de irritar os demais Irmãos durante uma sessão ou uma Palestra.

Há que se ter um foco direto na pergunta, bem como uma concisão e objetividade na resposta.

Sugestões que de algum modo podem contribuir para que o estado de tédio não se instaure no ambiente:

Usar perguntas abertas, que estimulem o compartilhamento de opiniões e experiências.

Ser específico, evitando perguntas vagas ou ambíguas ou que possam ensejar mal estar entre os presentes.

Instigante mesmo é perceber que além das perguntas feitas num âmbito realmente interrogativo, há também as perguntas sugestivas que fazemos a nós mesmos.

Sejam elas na busca de uma alternativa mais plausivel e que melhor atendam às nossas necessidades. 

Ou senão, aquelas que nos fazemos na ânsia de   atender às nossas conveniências e aliviar nossa consciência.

Bem, perguntas são perguntas e sempre estarão acompanhadas daque inquietante ponto de interrogação.

Dentre essa média de 100 perguntas que grosso modo fazemos por dia, muitas são de caráter íntimo, que perguntamos a nós mesmos em pensamento e cujas respostas muitas vezes se abrigam recônditamente dentro de nós, sem que mereçam uma resposta que não queremos ouvir.

Inobstante as considerações anteriores, é inegável  que Perguntas fazem parte do nosso desenvolvimento saudável e são a forma pela qual aprendemos e compreendemos o mundo. 

Interessante que o pesquisador 

Jostein Gaarder dizia que todos nós nascemos filósofos e que com o tempo vamos nos acomodando em respostas.

No fundo, no fundo fazer perguntas para conhecer uma pessoa é uma arte.

Seja no simples âmbito das relações humanas triviais, ou nas situações mais específicas como no ambiente profissional, numa entrevista de emprego ou no ambiente escolar.

Perguntas parecem extremamente simples, mas lembre-se que o que importa é abrir caminhos, iniciar uma conversa, dialogar sem receio e sem preconceito.

No unverso da Sublime Ordem, certamente, já lhe perguntaram: 

“O que vindes fazer aqui?”

É bem verdade que existe uma resposta ritualística para esta pergunta; que em tese, qualquer maçom pode respondê-la de cor, comprovando que está a par dos conhecimentos básicos para se fazer reconhecido.

No entanto, esta singela pergunta contém uma significado mais profundo, que podemos analisar antes de adotarmos a resposta como real e sincera.

Antes de tudo, a resposta  é o resultado do acúmulo de experiências de vida ao longo do tempo, bem como da predisposição pessoal de cada Irmão.

E ao final das contas fica uma tênue dúvida:

Você prefere perguntar ou responder ?



maio 25, 2025

DIA DO DATILÓGRAFO (DATILOGRAFAR & ESCREVER) - Antônio Guimarães de Oliveira




Contemplo a minha velha máquina de escrever... Para muitos, esse artefato é totalmente desconhecido. 

Nesse meu observar constato como o tempo passa e muda as tecnologias e como o ser humano é criativo...

Me orgulho muito em ter sido "diplomado" no renomado curso da professora Elza. Lembro que consegui por habilidade a nota máxima: dez!

Compreendo que devemos acompanhar os avanços tecnológicos, mas nunca devemos esquecer de onde viemos.

Várias marcas, lembro: Olivetti, Remington, Underwood, Royal, Smith - Corona, IBM, Nakajima, Olympia, Hermes, Facit, Westehouse, dentre outras. 

No que diz respeito à escrita, eram novidades. Eram as últimas modernidades em tecnologias gráficas do momento.

Muitas vezes olhei nas escolas de datilografia, moças e rapazes perfilados, treinando nessas máquinas, colocando o papel e dedilhando. O barulho estridente dos tipos era inevitável.

A professora ou professor nos ensinavam como colocar os dedos nas teclas com seus tipos metalizados, e também o papel a ser escrito. Começava-se com as seguintes letras escritas nas teclas: A, S, D, F, C, L, K, J.

Essas máquinas, hoje obsoletas, sustentaram o mundo nos escritórios, cartórios, repartições, casas bancárias. Eram fundamentais para essas entidades.

Lembro que tinha-se que passar pela temida prova final do curso para, enfim, concorrer a concursos, sobretudo das repartições bancárias. 

Hoje são peças de museus, mas a minha ainda hoje faço uso. É uma companheira de longas datas...

Meu computador, última geração, as vezes fica ali à margem... É que minha amiga também precisa de companhia!

Me surpreendi com um certo aluno, com um celular de última geração, perguntando que máquina era aquela em cima de minha mesa. Respondi àquele rapaz que o era, e queque correspondia, o que ora segurava nas mãos. 

Acrescentei que foi muito importante antes de surgir o computador e o celular, não sofrendo tantas modificações, tais quais as tecnologias atuais.

Concluindo: essas máquinas foram as "sementes" do progresso e alimentaram muitos troncos e raízes de inúmeras nações. Foram, por época, as pioneiras de um amanhã, que é hoje... 


A IDADE MEDIA E SEUS AVANÇOS - Fábio Monteiro


A Idade Média e seus avanços: um legado controverso. 

A Idade Média, o período entre os séculos V e XV, muitas vezes é associada ao obscurantismo, a "Idade das Trevas". 

No entanto, sem esquecer das consequências do fanatismo religioso e de outros fenômenos, estudos mais aprofundados  revelaram  que esse período foi marcado por avanços em áreas, como filosofia, ciência, tecnologia, cultura, economia. 

Esses avanços foram cruciais para a formação do mundo moderno.

A filosofia medieval foi profundamente influenciada pelo cristianismo e pela reinterpretação de obras clássicas de pensadores como Aristóteles e Platão. 

A Escolástica, movimento filosófico dominante na época, buscava (re)conciliar a fé com a razão. 

Além disso, o contato com o mundo islâmico trouxe novas perspectivas filosóficas.

Embora a ciência medieval estivesse amplamente vinculada à teologia, houve avanços significativos em áreas como astronomia, medicina e alquimia, precursora da química moderna. 

O desenvolvimento do astrolábio e tabelas astronômicas permitiu maior precisão na navegação 

Na medicina,destacou-se a compilação de saberes greco-romanos e islâmicos, criando tratados que foram utilizados até o Renascimento 

Foi um período de significativas inovações tecnológicas, especialmente no campo agrícola. Ferramentas como o arado de ferro e a rotação trienal de culturas aumentaram significativamente a produtividade agrícola.

Nos centros urbanos, o aperfeiçoamento de moinhos de vento e água destacaram uma geração de energia para atividades como a moagem de grãos e a serragem de madeira. 

O desenvolvimento de óculos no século XIII e dos relógios mecânicos no século XIV também exemplificam o avanço tecnológico medieval.

A arte medieval evoluiu do estilo românico ao gótico, representado por catedrais como Notre-Dame e Chartres,  por suas inovações arquitetônicas, como os arcos ogivais e vitrais. 

A literatura também floresceu, com obras como A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Além disso, os manuscritos iluminados preservados nos mosteiros evidenciam o aparente "compromisso" com a disseminação do conhecimento

O renascimento urbano e comercial no final da Idade Média foi um marco na transição do sistema feudal para a economia mercantil. 

As feiras medievais e as ligas comerciais, consolidaram rotas comerciais e estabeleceram o comércio internacional. 

A introdução de práticas bancárias e contábeis, como a letra de câmbio, ajudou a estruturar o sistema financeiro moderno. 

Mesmo de forma ainda inicial, rudimentar e desigual, o feudalismo estruturou relações de poder baseadas na posse de terras.

Embora marcada por desigualdades, a sociedade medieval passou por transformações importantes. 

O crescimento urbano proporcionou maior mobilidade social e o surgimento da burguesia como uma nova classe emergente.

Compreender os progressos desse período é essencial para desmistificar a ideia de que foi um momento de "trevas", tão somente marcado pelo obscurantismo, violência e superstições, mas sim de comprender que foi um período crucial para a história da Europa e de outros continentes.


Fonte: Facebook - História Ilustrada 2

REDENÇÃO - Adilson Zotovici


 

Viva a “Loja dos Sonhos” !!!

Oriunda na pandemia

Redenção da maçonaria

Fecunda em tempos enfadonhos


Obreiros lutando à porfia

Abnegados e criativos

Regulares, aceitos, vivos

Aos preceitos à Cantaria


Livres pedreiros Ativos

Com seus talentos, semanal

Criaram canteiros d’Arte Real

Com seus eventos letivos


Obreiros em ambiente virtual

Presentes, inda que distantes,

Quais cavaleiros andantes

Aos participantes um fanal


Por critério, Lojas itinerantes

Ednilson, Silvério, os “Veneráveis”

Cledson, Júlio, Lucas, alternáveis

José Airton e Fuad...os “Vigilantes” !


Entre os tantos notáveis

Marcio Gomes o “Orador”

Silva também...conhecedor,

Que se mantém incansáveis


Todos de grande esplendor

Seguem o mesmo itinerário

Com Izautonio “o Secretário”

Ceron, o “Cerimônias” de valor


Há “os diáconos” do plenário

Hossaka e Zotovici frequentes

Em todas passagens prudentes

Nas mensagens, no temário


São artesãos diligentes

Manuel, “hospitaleiro” aos aflitos

Qual o “Guarda” Celso, adstritos

A bom canteiro aos presentes


Um grande painel de benditos

Falam de ritos, com saber divino

Perottoni, Eleutério, Zardo, Aldino,

Denizart,,Oduwaldo, Michael...eruditos


Como Redenção seu destino

Setenta, oitenta... a afluência

Mas em toda lição com prudência

Isenta dalgum desatino


Felizes com nova frequência

Auguro neófitos em ascensão

Quais buscam a elevação

E no futuro a docência


Com alegria, jubilação,

Segue justo e perfeito teto

Afeito ao Grande Arquiteto

Da Maçonaria a Redenção !


Adilson Zotovici

AMVBL

*Aos grupos* : GRUPO VIRTUAL DE ESTUDOS MAÇÔNICOS - LIVES

EPAMINIONDAS ON LINE, LICEU e URÂNIA, 

maio 24, 2025

ELEVAÇÃO A COMPANHEIRO - Fábio Favaro


Queridos Irmãos,

Hoje, esta Loja se reveste de um brilho ainda mais intenso. As colunas se alinham, o silêncio respeitoso é instaurado, e cada coração aqui presente vibra com a certeza de que testemunhamos mais um passo na grande jornada de autoconhecimento e da transformação.

Irmãos agora elevados ao grau de Companheiro, esta etapa representa muito mais que uma simples ascensão hierárquica. É o reconhecimento simbólico de que a pedra bruta, que um dia adentrou este Templo com fé e disposição, começa a revelar seus contornos mais nobres, resultado da lapidação constante operada pelo cinzel da sabedoria, do compasso da disciplina e do esquadro da retidão.

Permitam-me, neste instante, invocar um ensinamento ancestral, legado do filósofo Platão, que em sua célebre “Alegoria da Caverna” nos mostra o caminho daquele que se liberta das sombras e, com coragem, busca a luz do verdadeiro saber. Assim como o prisioneiro que deixa as correntes e passa a enxergar a realidade com novos olhos, também vocês deixam para trás antigas limitações, ampliando horizontes com os instrumentos da reflexão, do trabalho e da fraternidade.

O grau de Companheiro é a fase do caminho onde se aprende a edificar com consciência, a equilibrar força e forma, e a entender que o verdadeiro crescimento vem do esforço paciente, tal como o escultor que, dia após dia, trabalha sua pedra até que ela se torne digna de integrar a mais sagrada arquitetura.

É também nesta etapa que o Irmão percebe que não caminha mais só: ele se torna parte ativa da obra coletiva, colaborando para o Templo Moral e Espiritual da Humanidade. A elevação é, pois, um chamado: para o serviço, para a construção, para o exemplo.

Queridos irmãos, sigam firmes, mas humildes. Lembrem-se: a sabedoria não grita, ela sussurra; o verdadeiro poder não domina, ele inspira. Que cada passo de vocês ecoe não apenas dentro destas colunas, mas no mundo profano, como reflexo da retidão e da luz que aqui cultivamos.

E que a Pedra que representam, continue sendo polida — não apenas pela mão do tempo ou do ofício, mas sobretudo pela luz interior que, com disciplina e amor, cada Maçom deve alimentar.

Assim seja, hoje e sempre.

Salve vossa elevação. Salve a Maçonaria

ARLS ALIANÇA FRATERNAL n. 596 - São Paulo

 


Retorno a ARLS Aliança Fraternal n. 596 para participar de uma elevação ao grau de companheiro de dois aprendizes da Loja. O templo fica no prédio do teatro América, sede de varias outras Lojas. Vários dos irmãos do quadro já tem meus livros e assistiram minhas palestras. 

O jovem Venerável Mestre Everton Bressan Alves de Oliveira assessorado por vários irmãos veteranos conduz a cerimônia e me honra com o convite para participar ocupando um cargo.

Destaque da noite foi a bela oração proferida pelo irmão Fábio Donizetti Favaro, padrinho dos novos companheiros, ao final da elevação.

A Loja é bastante ativa e irá iniciar três novos profanos nos próximos meses. A ritualística é levada a sério, mas praticada com leveza. Com pouco mais de 20 anos de existência promete uma longa e profícua caminhada na Ordem.

Por ocasião da fotografia alguns irmãos já tinham ido embora.


DIREITO, MORAL E RELIGIÃO* Por Gleibe Pretti


“Teu dever é lutar pelo direito, mas no dia em que encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça.”(Dos mandamentos do advogado, redigidos por Eduardo Couture)

Síntese: A presente resenha tem o intuito de demonstrar uma correlação entre a religião, moral e o direito. Suas diferenças e influências uma para com as outras, fazendo uma evolução histórica dos assuntos.

É fato notório, a influência dos fatores morais e religiosos no fenômeno jurídico. Não haviam diferenças entre esses três fatores, na época primitiva, nas antigas culturas orientais, na civilização grega, romana e medieval. Tão somente a partir do século XIX verifica-se uma grande preocupação para definir cada uma destas ciências.

Nas palavras do Prof. Franco Montoro (1) “Na própria origem histórica do direito, está a norma indiferenciada, de cunho moral e religioso. E nas sociedades contemporâneas, apesar de sua secularização, não faltam exemplos da influência permanente de fatores morais e religiosos na vida do direito

Indubitavelmente o direito canônico teve grande influência no direito brasileiro e latino. Martins Júnior (2) se atentou a este detalhe: “Que, no pináculo da civilização hodierna, estende o olhar para o passado procurando ver os grandes marcos da estrada do direito, os monumentos que serviram à edificação da moderna cidade jurídica, encontra-se imediatamente diante de si três grandiosas construções legislativas. São elas: o “corpus juris romani” o “corpus juris germanici” e o “corpus juris canonici”.

Isso ocorre não somente no Brasil e na América, mas a religião também tem grande influência como é no direito mulçumano, com o Corão, as decisões e soluções de Maomé. O sistema jurídico da Índia, com o direito costumeiro Indu, entre outros.

O I ching, chinês, entra muito no mérito da moral, quando confúcio (3) diz que “Aquele que não conhece o ming, não pode ser um homem superior”. Ele chama de ming tudo aquilo que é a totalidade das condições e forças existentes em todo o universo, ou seja cada um deve agir consoante sua vontade. Isso tem grande influência no direito chinês, mas até que ponto a moral poderá ter grande influência no direito? É uma questão para raciocínio.

Neste sentido temos o grande Mestre Vicente Ráo (4), em que nas suas sempre inteligentes observações afirma, “Segundo a concepção confuciana, os ritos constituem a fonte imediata e principal dessas normas, por que impões aos indivíduos, em todas as circunstâncias da vida um modo de conduta, de comportamento, criado em harmonia com a ordem social das coisas.”

Um outro aspecto, porém árduo na forma da escrita é a moral. Miguel Reale Júnior, citando Jeremias Benthan (5), comenta a teoria do “mínimo ético” em que consiste “em dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver.” O que o referido autor quer dizer é que todos podem realizar suas obrigações da melhor maneira que acharem, mas é inevitável a criação de limites para que a sociedade não se torne um anarquia.

Dentro da ciência do Direito, encontramos muitas circunstâncias que não são morais, porém são tuteladas pelo legislação. Isso é um problema que a solução virá tão somente com um estudo afinco e determinado por parte dos legisladores.

Temos a convicção que apenas há uma diferença principal entre o direito e a moral é o poder de coercibilidade. Isso no aspecto social e material, mas, dentre muitas vezes a dor psicológica é a pena do infrator. Neste campo a moral é imbatível.

Nesta ótica temos as lições de Tércio Sampaio Ferraz Júnior (6) “...a justiça é o princípio e o problema moral do direito. Ë preciso, porém, esclarecer uma última questão: como se distingue o direito da moral e como se comporta a validade das normas jurídicas perante as exigências dos preceitos morais de justiça.”

O mesmo autor conclui “O direito, em suma, privado de moralidade, perde sentido, embora necessariamente não perca o império, validade e eficácia. Como, no entanto, é possível às vezes, ao homem e à sociedade, cujo sentido de justiça se perdeu, ainda assim sobreviver com o seu direito, este é um enigma, o enigma da vida humana, que nos desafia permanentemente e que leva a muitos a um angustiante ceticismo e até a um despudorado cinismo.”

Por fim, temos que ter em mente a influência da religião e da moral no direito como evidência. Saber distinguir cada uma destas ciências e conhecer a interpenetração em cada caso é a missão do Jurista compenetrado e estudioso pois, apenas desta forma, encontraremos as soluções para os conflitos oriundos da ciência do direito que nos defrontamos nos dias de hoje.

Stairway to Heaven - Jorge Gonçalves


O card faz referência à música *Stairway to Heaven* , da maior banda de todos os tempos, *Led Zeppelin* . Na minha opinião, é claro.

Em uma tradução para lá de livre, a canção começa assim: " _Há uma dama que tem certeza de que tudo que reluz é ouro, e ela está comprando uma escada para o céu._ "

Guardada a liberdade poética, há quem interprete que essa “ escada comprada para o céu” faz alusão à escada de Jacó , mencionada em Gênesis 28, símbolo de ascensão espiritual.

Curiosamente, a letra da música usa o verbo “ comprar ”, sugerindo uma crítica brilhante à ilusão de que a iluminação possa ser adquirida por meios terrenos, riqueza ou vaidade.

" _Vaidade das vaidades, tudo é vaidade_ ." (Eclesiastes 1:2)



maio 23, 2025

ARLS UNIÃO E PAZ n. 166 -; São Paulo



A ARLS União e Paz n. 166, que funciona no Palácio Maçônico da GLESP, completou 50 anos em 2024. Meio século de ativa dedicação a Ordem e a sociedade. E o novo ciclo promete porque na visita que realizei ontem ouvi que pretende iniciar alguns novos profanos, cujos processos começam a correr.

Devo destacar a nímia gentileza do Venerável Mestre Luiz Antônio Tapette,  que me honrou com o convite para ocupar um cargo durante a sessão e me permitiu ocupar parte da Ordem do Dia para expor o meu trabalho literário e filantrópico. 

Mantive animada conversa com o Orador, o ilustre jurista irmão José Márcio Rielli, sobre a origem judaica de sua família, que remonta a Inquisição Espanhola, quando seus ancestrais fugiram para a Itália e o Império Austro Húngaro, porém a despeito da assimilação jamais esqueceram suas raízes. 

Foi uma visita memorável.