julho 13, 2025

TAL QUAL - Adilson Zotovici



A nossa busca é eterna

À impossível perfeição

História antiga, moderna,

Desde a glória da iniciação


Uma irmandade fraterna

Em verdade pela união

Grande Arquiteto governa

O projeto, que a evolução


Ainda que  Luz superna

Vivem alguns na escuridão

Temem a cultura, a luzerna


Egolatria, hesitação...

Tal qual homem da caverna

Na alegoria de Platão !



julho 12, 2025

O ESPAÇO ENTRE A PERFEIÇÃO E O APRIMORAMENTO - Newton Agrella


O substantivo "Perfeição" merece uma consideração toda especial e exclusiva.

Afinal de contas, trata-se de um termo tão frequentemente utilizado pelos maçons, seja pela sua busca ou pelo seu exercício, que o fascínio que a "Perfeição" exala e provoca, alimenta o sonho e o desejo da imensa maioria das pessoas.

Cabe no entanto, uma breve ponderação etimológica.

A origem desta palavra advém do Latim e consiste na derivação do verbo "perficio" composto da partícula "per" (completamente) e "facere" (fazer).

Do referido verbo surgiu o substantivo abstrato  "perfectio, -onis", que significa "completo", "terminado" ou "acabado". 

O verbo "perficio", compõe-se de "per" (completamente) e "facere" (fazer, realizar). 

Portanto,  "perfeição" refere-se a algo que foi totalmente realizado, que não falta nada para sua completude, ou seja, algo que não requer ou exige qualquer melhora.

Semanticamente portanto, detecta-se que a "Perfeição  humana"  caracteriza ou traduz a existência de um ser ideal que congrega e dispõe de todas as qualidades e não possui nenhum defeito, bem como, designa uma circunstância que não possa ser melhorada.

Em razão de todo este postulado simbólico que a "Perfeição" encerra é que talvez o termo "Aprimoramento", fosse aquele que melhor representasse ou traduzisse o exercício filosófico que a Maçonaria propõe.

Afinal de contas, "Aprimoramento" significa o ato ou o resultado de tornar algo  melhor, mais primoroso.

Refere-se ao processo de desenvolvimento e refinamento de habilidades, conhecimentos ou qualidades. 

Em outras palavras,  é o simbólico exercício de dar forma e conteúdo à nossa Pedra Bruta, desbastando-a, conferindo-lhe forma e essência, polindo-a e tornando-a cada vez melhor.

Trata-se no entanto, de uma prática contínua e inesgotável que o maçom, como ser humano, precisa encarar e entender como infinita.

A Maçonaria é sim, um campo dialético filosófico em que o maçom, busca o incessante "Aprimoramento da própria Conscíência", como forma de contribuir, para de algum modo, tornar feliz a humanidade e a sí mesmo.

Trata-se pois de um processo antropocêntrico, especulativo, sujeito a estudo e inspirado no reconhecimento inteligente da existência de um "Princípio Criador e Incriado do Universo", ao qual o maçom dedica sua obra.

A Perfeição é Deus.

 O Aprimoramento é a missão a que o Ser Humano se submete.



O SIMBOLISMO DA ESCADA - Giorgio Nicoletti



Já mencionamos em outro texto o simbolismo que foi preservado entre os índios da América do Norte, segundo o qual os diferentes mundos são representados por uma série de cavernas sobrepostas e os seres passam de um mundo para outro subindo em uma árvore central. Um simbolismo semelhante é encontrado, em vários casos, realizado por ritos nos quais o ato de subir em uma árvore representa a ascensão do ser ao longo do "eixo"; Esses ritos são tanto védicos quanto "xamânicos", e sua própria difusão é uma indicação de seu caráter verdadeiramente "primordial".

A árvore pode ser substituída aqui por algum outro símbolo “axial” equivalente; o mastro de um navio é um exemplo; Vale destacar, a esse respeito, que do ponto de vista tradicional a construção de um navio é, como a de uma casa ou de uma carroça, a realização de um “modelo cósmico”; e é interessante notar também que o "ninho do corvo", que está colocado na parte superior da árvore e a envolve, ocupa neste caso exatamente o lugar do "olho" da cúpula, cujo centro se acredita ser atravessado pelo eixo, mesmo quando este não está fisicamente representado.

Por outro lado, os estudiosos do folclore também podem observar que o popular "poste de graxa" das feiras nada mais é do que o vestígio mal compreendido de um rito semelhante aos que acabamos de mencionar; também neste caso, um detalhe bastante significativo é constituído pelo círculo suspenso na parte superior do mastro, ao qual se deve chegar subindo por ele (círculo que o mastro atravessa e ultrapassa, assim como o círculo do navio ultrapassa o cesto da gávea e o do “stupa” ultrapassa a cúpula); este círculo também é claramente a representação do "olho solar" e concordaremos que certamente não pode ter sido a suposta "alma popular" que inventou tal simbolismo! Outro símbolo muito difundido, que está imediatamente ligado à mesma ordem de ideias, é o da escada, que também é um símbolo “axial”; como diz AK Coomaraswamy, "o Eixo do Universo é como uma escada na qual ocorre um movimento perpétuo de subida e descida" [The Inverted Tree, p. 20].

Garantir que esse movimento ocorra é, de fato, o propósito essencial da escada; e como, como acabamos de ver, o mastro ou a haste de um navio também desempenha a mesma função, pode-se bem dizer que a escada é, neste sentido, seu equivalente. Por outro lado, a forma particular da escada requer algumas observações; seus dois montantes verticais correspondem à dualidade da "Árvore da Ciência", ou, na Cabala judaica, às duas "colunas" à direita e à esquerda da árvore sephirótica; nem um nem outro são, portanto, propriamente "axiais", e a "coluna do meio", que é o eixo real, não é retratada de forma sensível (como nos casos em que nem mesmo o pilar central de um edifício o é); além disso, toda a escada como um todo é de certa forma "unificada" pelos degraus que unem os dois montantes e que, estando dispostos horizontalmente entre eles, necessariamente têm seus pontos centrais exatamente no eixo. [No antigo hermetismo cristão, encontra-se o equivalente a isso em um certo simbolismo da letra H, com suas duas pernas verticais unidas pelo traço horizontal.]

:Vemos como a escada oferece assim um simbolismo completo: poder-se-ia dizer que é como uma “ponte” vertical que atravessa todos os mundos e permite percorrer toda a sua hierarquia, passando de degrau em degrau; ao mesmo tempo, os degraus são os próprios mundos, isto é, os diferentes níveis ou graus da Existência universal. [O simbolismo da “ponte” poderia naturalmente dar origem, sob os seus vários aspectos, a muitas outras considerações; poder-se-ia também recordar, para certas relações com este tema, o simbolismo islâmico da “tábua guardada” (el lawhul-mahfuz), o protótipo “atemporal” das Sagradas Escrituras que, partindo do mais alto dos céus, desce verticalmente através de todos os mundos]. Este significado é evidente no simbolismo bíblico da escada de Jacó, pela qual os anjos sobem e descem; e sabe-se que Jacó, no lugar onde teve a visão desta escada, colocou uma pedra que ele “ergueu como pilar”, que é também uma figura do “Eixo do Mundo”, e assim de certa forma vem substituir a própria escada [Cfr. “O Rei do Mundo”, cap. IX]. Os anjos representam adequadamente os estados mais elevados do ser; elas correspondem mais particularmente aos degraus, o que se explica pelo fato de que a escada deve ser considerada com sua base apoiada no chão, ou seja, para nós, nosso mundo é necessariamente o "suporte" a partir do qual a ascensão deve ser realizada.

Mesmo que se supusesse que a escada se estendesse até o subsolo para incluir a totalidade dos mundos, como na realidade deve ser, sua parte inferior seria, em qualquer caso, invisível, assim como toda a parte do poço central que se estende abaixo dela é invisível para os seres que alcançaram uma "caverna" situada em um certo nível; em outras palavras, os degraus inferiores já foram percorridos, e não é mais necessário levá-los em consideração com relação à realização posterior do ser, para a qual somente o caminho dos degraus superiores pode contribuir. Por esta razão, especialmente quando a escada é usada como elemento de certos ritos iniciáticos, seus degraus são expressamente considerados como representações dos diferentes céus, isto é, dos estados superiores do ser; é assim que, em particular nos mistérios mitraicos, a escada tinha sete degraus que eram colocados em relação aos sete planetas e eram formados, diz-se, pelos metais correspondentes a eles respectivamente; e o caminho desses degraus representava o de tantos graus sucessivos de iniciação. Esta escada de sete degraus é encontrada em certas organizações iniciáticas medievais, das quais provavelmente passou mais ou menos diretamente para os altos graus da Maçonaria Escocesa, como dissemos em outro lugar em conexão com Dante [L'Esotérisme de Dante, cap. II e III]; aqui os degraus se referem a muitas "ciências", mas isso não constitui nenhuma diferença fundamental, pois segundo o próprio Dante essas "ciências" são identificadas com os "céus" [Convito, II, cap. XIV].

É óbvio que, para corresponder a estados e graus superiores de iniciação, essas ciências tinham que ser ciências tradicionais entendidas em seu sentido mais profundo e propriamente esotérico, e isso também se aplica àquelas dentre elas cujos nomes, em virtude do processo degenerativo ao qual nos referimos frequentemente, agora designam para os modernos apenas ciências ou artes profanas, isto é, algo que, em relação a essas ciências verdadeiras, na realidade nada mais é do que uma casca vazia e um "resíduo" sem vida. Em alguns casos, também é encontrado o símbolo de uma escada dupla, o que implica a ideia de que a subida deve ser seguida por uma descida; ascende-se então de um lado por degraus que são as "ciências", isto é, graus de conhecimento correspondentes à realização de outros tantos estados, e desce-se do outro lado por degraus que são as "virtudes", isto é, os frutos desses mesmos graus de conhecimento aplicados aos seus respectivos níveis. [Deve-se dizer que essa correspondência de subida e descida às vezes parece invertida; mas isso pode depender simplesmente de alguma alteração do significado primitivo, como muitas vezes acontece devido ao estado mais ou menos confuso e incompleto em que os rituais iniciáticos ocidentais chegaram à era atual]. Pode-se notar que, mesmo no caso da escada simples, um dos montantes pode ser considerado de certa forma como "ascendente" e o outro como "descendente", de acordo com o significado geral das duas correntes cósmicas da direita e da esquerda, às quais esses dois montantes também correspondem, em razão de sua posição "lateral" em relação ao eixo verdadeiro que, embora invisível, é, no entanto, o elemento principal do símbolo, aquele ao qual todas as partes devem sempre se referir se alguém deseja compreender completamente seu significado. A estas diferentes indicações acrescentaremos, em conclusão, a de um simbolismo um pouco diferente que também se encontra em certos rituais iniciáticos, nomeadamente a subida de uma escada em caracol; neste caso, poder-se-ia dizer que se trata de uma ascensão menos direta, pois, em vez de se fazer verticalmente segundo a direção do próprio eixo, ela se faz segundo as curvas da hélice que o envolve, de modo que seu processo parece "periférico" e não "central"; mas, em princípio, o resultado final deve ser idêntico, pois se trata sempre de ascender pela hierarquia dos estados do ser, já que as voltas sucessivas da hélice são, entre outras coisas, como explicamos longamente em outro lugar [Ver Le Symbolisme de la Croix], uma representação exata dos graus da Existência universal.

* * *

Trechos de O Simbolismo da Escada, em Símbolos da Ciência Sagrada (última edição. Adelphi, Milão).

julho 11, 2025

ARLS TRÍPLICE ALIANÇA 341 - Mongaguá



Ainda que os trabalhos em Loja e alguns irmãos estejam de férias até Agosto, aqueles que estão na cidade voltam a se reunir nos tradicionais encontros de quinta feira, no icônico Restaurante Telhado, do irmão hospitaleiro José Ricardo Alcântara Ramos, que dedica aquilo que seria o lucro destes jantares a trabalhos de beneficência. Ontem, dia nacional da pizza, diversos tipos de deliciosas pizzas foram homenageadas.


Abaixo o agradecimento da Associação Beneficente Grupo Esperança para a Fraternidade São João, de nossa Loja, pela doação de alimentos obtidos com os recursos de nossos jantares.

São Paulo, 08 de julho 2025

Para a FRATERNIDADE SÃO JOÃO 

Nossa imensa gratidão, pela doação para as marmitas, que entregamos de segunda a sexta feira através da nossa Cozinha Solidária nas Comunidades Balneário Marinho e Arara Vermelha:

Doação recebida em 30/06/2025

70 kgs de arroz

30 kgs Feijão 

06 lts óleo 

02 potes grandes tempero

06 molho tomate grande

10 kgs farofa temperada.

Associação Beneficente Grupo Esperança 

Além disso, neste mês de Junho, obtivemos a doação de mais de cem quilos de roupas e agasalhos em bom estado, que foram doados a três igrejas diferentes.

Nossa Loja, sempre em ação.

FARISEUS, QUEM SÃO?




Nome de uma das três principais seitas judaicas, juntamente com os saduceus e os essênios. Era a seita mais segura da religião judaíca, At 26. 5. Com certeza, a seita dos fariseus foi criada no período anterior à guerra dos macabeus com o fim de oferecer resistência ao espírito helênico que se havia manifestado entre os judeus tendente a adotar os costumes da Grécia. Todo quantos aborreciam a prática desses costumes pagãos, já tão espalhados entre o povo, foram levados a criar forte reação para observar estritamente as leis de Moisés. A feroz perseguição de Antíoco Epifanes contra eles, 175-164 AC levou-os a se organizarem em partido. 

Antíoco queria que os judeus abandonassem a sua religião em troca da fé idólatra da Grécia, tentou destruir as Santas Escrituras, e mandou castigar com a morte a quantos fossem encontrados com o livro da lei. Os hasideanos que eram homens valentes de Israel, juntamente com todos que se consagravam voluntariamente à defesa da lei, entraram na revolta dos macabeus como um partido distinto. Parece que este partido era o mesmo dos fariseus. Quando terminou a guerra em defesa de sua liberdade religiosa, passaram a disputar a supremacia política; foi então que os hasidianos se retraíram. Não se fala deles durante o tempo em que Jônatas e Simão dirigiam os negócios públicos dos judeus, 160-135 A

Os fariseus aparecem com este nome nos dias de João Hircano, 135-105. Este João Hircano pertencia à seita dos fariseus, da qual se separou para se tornar adepto das doutrinas dos saduceus. Seu filho e sucessor Alexandre Janeu, tentou exterminá-los à espada. Porém, sua esposa Alexandra que o sucedeu no governo no ano 78, reconhecendo que a força física era impotente para combater as convicções religiosas, favoreceu a seita dos fariseus. Daí por diante, a sua influência dominava a vida religiosa do povo judeu. 

Os fariseus sustentavam a doutrina da predestinação que consideravam em harmonia com o livre arbítrio. Criam na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo e na existência do espírito; criam nas recompensas e castigos na vida futura, de acordo com o modo de viver neste mundo; que as almas dos ímpios eram lançadas em prisão eterna, enquanto que as dos justos, revivendo iam habitar em outros corpos, At 23. 8.

Por estas doutrinas se distinguiam eles dos saduceus, mas não constituíam a essência do farisaísmo, que é o resultado final e necessário daquela concepção religiosa, que faz consistir a religião em viver de conformidade com a lei, prometendo a graça divina somente àqueles que fazem o que a lei manda. Deste modo, a religião consistia na prática de atos externos, em prejuízo das disposições do coração. A interpretação da lei e a sua aplicação aos pormenores da vida ordinária, veio a ser um trabalho de graves consequências; os doutores cresciam em importância para explicar a lei, e suas decisões eram irrevogáveis. 

Josefo, que também era fariseu, diz que eles, não somente aceitavam a lei de Moisés, interpretando-a com muita perícia, como também haviam ensinado ao povo mais práticas de seus antecessores, que não estavam escritas na lei de Moisés, e que eram as interpretações tradicionais dos antigos, que nosso Senhor considerou de importância secundária, Mt 15. 2, 3, 6.

A principio, quando era muito arriscado pertencer à seita dos fariseus; eram eles pessoas de grande valor religioso e constituíam a parte melhor da nação judaica. Subseqüentemente, tornou-se uma crença hereditária, professada por homens de caráter muito inferior que a ela se filiavam. Com o correr do tempo, os elementos essencialmente viciosos desta seita, desenvolveram-se a tal ponto de fazerem dos fariseus objeto de geral reprovação. João Batista, dirigindo-se a eles e aos saduceus, chamou-os de raça de víboras. 

É muito conhecida a linguagem de Jesus, pela qual denunciou severamente estas seitas pela sua hipocrisia e orgulho, pelo modo por que desprezavam as coisas essenciais da lei para darem atenção a minúcias das práticas externas, Mt 5.20; 16.6,11,12; 23.1-39. Formavam uma corporação de intrigantes. Tomaram parte saliente na conspiração contra a vida de Jesus, Mc 3.6; Jo 11.47-57. Apesar disso, contavam-se em seu meio, homens de alto valor, sinceros e retos, como foi Paulo, quando a ela pertencia e de que se orgulhava, em defesa de sua pessoa, At 23.6; 26.5-7; Fp 3.5. Seu mestre Gamaliel também pertencia à mesma seita.

Fonte: Estudos.

julho 10, 2025

"ORIENTE"(origem) - Newton Agrella



Sem sombra de dúvida, na Maçonaria, um dos termos mais frequentes com que nos deparamos é o substantivo "Oriente".

Considerando-se que a principal ciência de que a Maçonaria Universal se ocupa é a chamada  "Simbologia"  - nela o substantivo Oriente simboliza o lugar de onde vem a luz, numa clara referência ao Levante (erguimento do sol).

Diante desse cenário, os maçons que buscam sua "Luz Interior" esforçam-se  pelo aprimoramento  na construção de seu próprio Templo e no encontro transcendental de seu Oriente Interior.

A simbologia contida na expressão "Oriente" faz analogia ao lugar onde o Sol nasce, de onde se origina a Vida e por conseguinte de onde flui a Sabedoria.

Do ponto de vista etimológico

A  palavra "Oriente"  provem do Latim   *"oriens"*,  ‘o sol nascente’, de orior, orire,  "surgir, tornar-se visível"  palavra da qual nos vem também  "origem".

Em contraposição a "Oriente" temos o substantivo "Ocidente"que vem do Latim  *"occidens"* cujo significado é :  ‘o sol poente’,  proveniente da composição vocabular "occ-cidere", ou seja;   de oc, ‘embaixo’, e cadere, ‘cair’. 

Valendo-se da Simbologia Maçônica somos induzidos à seguinte analogia: 

"...do mesmo modo que o sol nasce no Oriente para romper o dia,  e põe-se no Ocidente para concluí-lo, assim também a Sabedoria e a Cultura nascem no Oriente e pousam no Ocidente fruto de todas as experiências vivenciadas.

Não menos interessante cabe registrar que na Sublime Ordem o termo "Oriente Eterno" é a designação simbólica referente ao que nos aguarda após a morte física.

Lembrando que são condições imprescindíveis para ser reconhecido maçom regular, que além da condição de homem livre e de bons costumes e do firme propósito de aprimoramento interior, a crença num Princípio Criador e Incriado do Universo e na vida após a morte. 

O Grande Arquiteto do Universo, por definição e à proporção humana, é Eterno. 

Diante deste breve esboço podemos compartilhar o conceito filosófico que a palavra "Oriente" traduz na sua semântica esotérica.



julho 09, 2025

NOVE DE JULHO - Adilson Zotovici


Vale sempre lembrar 

Amados insignes obreiros

Que há muito decidiram lutar

Honrados livres pedreiros


Na verdade Brasileiros

Em movimento Civil e Paulista

Por tempos alvissareiros

“Revolução Constitucionalista”


Uno anseio progressista

Com destemor, com bravura,

Sem o veio separatista...

Contra perigosa ditadura 


Lançaram-se pois, à loucura, 

Fraternais, mas sem medo,

Leais com muita cultura

E em comum...um segredo 


Inda que imposto degredo,

Ou militar ou à paisana,

Nobre, Salles, Lisboa, Toledo 

Mesquita,Campos, Pestana...


Por Constituição Soberana,

Lutaram à exaustão, à porfia

Por princípio, a liberdade humana,

Tal os arcanos da Maçonaria !



1932 - A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32 E A MAÇONARIA PAULISTA - Gabriel Campos de Oliveira



Em reunião realizada pelos irmãos na Loja Esperança e Justiça, no dia 7 de julho, com a presença de Francisco Morato, Ataliba Leonel, Sílvio de Campos, coronel Júlio Marcondes Salgado e general Isidoro Dias Lopes, ficou decidido que o levante aconteceria no dia 20, sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides Figueiredo. Pedro de Toledo ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro ao Rio de Janeiro, no dia 8, para conferenciar com Vargas. Todavia, em nova reunião, nesse dia, resolveu-se deflagrar o movimento no dia 10, antes que chegasse a S. Paulo o gal. Pereira de Vasconcellos, para assumir o comando da Região Militar.

Entenda o que foi a Revolução Constitucionalista de 1932 .

A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.

Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. A Revolução de 1930 impediu a posse do governador de São Paulo (na época se dizia "presidente") Júlio Prestes na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís, que fora governador de São Paulo de 1920 a 1924, colocando fim à República Velha.

Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.

Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.

No total, foram 87 dias de combates, (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 - sendo o último dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates.

São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, e, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a Constituição de 1934.

ANTECEDENTES DO MOVIMENTO

Em 1932 a irritação dos paulistas com Getúlio Vargas não cedeu com a nomeação de um paulista, Pedro Manuel de Toledo, como interventor do Estado, pois tanto este quanto Laudo Ferreira de Camargo (que havia renunciado por causa da interferência dos tenentes no governo), não conseguiam autonomia para governar.

A primeira grande manifestação dos paulistas foi um megacomício - na época se dizia meeting - na Praça da Sé, no dia do aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1932, com um público estimado em 200 000 pessoas, e, na época, chamados de "comícios-monstro". Em maio de 1932, ocorreram vários comícios constitucionalistas.

As interferências da ditadura no governo de São Paulo eram constantes, não se deixando os interventores formarem livremente seu secretariado, nem do Chefe de Polícia de São Paulo. Pedro de Toledo não governava de fato, as interferências de Miguel Costa, Osvaldo Aranha, João Alberto Lins de Barros, Manuel Rabelo e Pedro Aurélio de Góis Monteiro eram constantes.

Os tenentes do Clube 3 de outubro eram totamente contrários a que se fizesse uma nova constituição, tendo eles entregado, a Getúlio Vargas, em 3 de março de 1932, em Petrópolis, um documento no qual dão seu total apoio à ditadura e no qual se manifestam contrários a uma nova constituição.

Júlio Prestes acreditava, já em 1931, que a situação da ditadura estava se tornando insustentável e declarou no exílio em Portugal:

 "O que não compreendo é que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o mundo civilizado"! 

O Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo, que antes apoiara a Revolução de 1930, uniram-se, em fevereiro de 1932, na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo Provisório" e uma nova Constituição. Assim, São Paulo inteiro estava contra a ditadura.

Os paulistas consideravam que o seu Estado estava sendo tratado pelo Governo Federal, que se dizia um "Governo Provisório", como uma terra conquistada, expressão de autoria de Leven Vanpré, governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo afirmavam, que a Revolução de 1930 fora feita "contra" São Paulo, pois Júlio Prestes havia tido 90% dos votos dos paulistas em 1930.

O estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados a tiros por partidários da ditadura, pertencentes à "Legião Revolucionária", criada por João Alberto Lins de Barros e orientada pelo Major Miguel Costa, em 23 de maio de 1932.

Pedro de Toledo tentara formar um novo secretariado independente das pressões exercidas pelos tenentes, quando chegou a São Paulo Osvaldo Aranha, representando a ditadura, querendo interferir na formação do novo secretariado. O povo quando ficou sabendo saiu às ruas, houve grandes comícios e passeatas, e no meio do tumulto a multidão tenta invadir a sede da "Legião Revolucionária". Ao subirem as escadarias do edifício, são recebidos a balas.

Pedro de Toledo, com o apoio do povo, conseguiu, porém montar um secretariado de sua livre nomeação (que ficou conhecido como o Secretariado de 23 de maio), neste dia 23 de maio de 1932 e romper definitivamente com o Governo Provisório.

O MMDC

A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, atualmente denominado oficialmente de MMDCA:

Mário Martins de Almeida (Martins)

Euclides Bueno Miragaia (Miragaia)

Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio)

Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo)

Orlando de Oliveira Alvarenga (Alvarenga)

 




OS DOIS SANTOS DE NOME JOÃO - Robert Cooper, traduzido por Rodrigo Menezes


Alguns de vocês perceberam que postamos recentemente um evento – o Festival de Santo André – no Facebook e já perguntaram: Por que Santo André?

Nós acreditamos que cada Grande Loja no mundo entende que São João é seu Santo Patrono. Esse não é o caso da Grande Loja da Escócia. Abaixo vou tentar explicar os motivos.

A Reforma Escocesa de 1559-60 varreu o Catolicismo Romano do Cristianismo e inaugurou a nova religião protestante, que tem uma visão diferente de como Deus deve ser adorado. Lá se foi toda forma de adoração Católica (como a Missa), imagens de santos, símbolos Católicos e outras parafernálias da Igreja. Elas foram substituídas por uma maneira muito diferente; mais simplista, plana e tudo isso ocorreu no período da escrita dos Estatutos de Schaw (1598 e 1599). William Schaw, o homem que por muitos é conhecido como o pai da Maçonaria Moderna, pois foi ele que iniciou o processo que levou a Maçonaria como a conhecemos hoje.

Muitas Lojas recebem o nome de um Santo em particular (normalmente Santos bem conhecidos do local) e frequentemente ouvimos referentes aos Santos de nome João com a Maçonaria. Alguns podem estar mais familiarizados com o símbolo do ponto no meio do círculo, suportados (pela direita e esquerda) por duas linhas paralelas (veja a imagem). Se, entretanto, a religião do país foi completamente modificada na Reforma, porque os símbolos da antiga crença ainda permanecem no Oficio Moderno por referência a vários Santos?

Por que esses dois Santos em particular, São João Batista e São João Evangelista, são normalmente referenciados pela Maçonaria nesse papel em especial? Não estamos falando da fé religiosa ou do aspecto teológico aqui (veremos isso mais a frente). Estamos falando do motivo que esses santos ainda estão conosco na Maçonaria atual.

O Manuscrito Edinburgh Register House (1696) é o mais antigo ritual Maçônico conhecido no mundo, e está escrito em Escocês – o que fica claro pela retórica, sintaxe, escrita, etc. Esse ritual e outros muito similares a ele (por exemplo o Manuscrito Airlie (1705) e o Manuscrito Chetwode Crawley (c. 1710)) são também escoceses e foram descritos e analisados em outros artigos (veja o texto Airlie MS no Volume 117 da AQC – the anual jornal of Lodge Quatour Coronati, nº 2076). A primeira menção ao São João, e devo revelar qual deles daqui a pouco, está no texto da obrigação (que é extremamente significativa), nesses primeiros rituais. Parte da obrigação pede que o candidato diga: “Eu Juro por São João, e o esquadro e o compasso…” Isso significa que 140 depois da Reforma (1559), São João ainda era usado no juramento dos Maçons durante a cerimônia e este Santo estava emparelhado com o Esquadro e o Compasso.

Antes de discutirmos qual São João Maçônico é descrito, quero voltar aos nossos Maçons anteriores a Reforma para tentar entender o que estavam fazendo e em qual lugar e se alguma prece a São João existia em suas atividades.

Na Idade Média, a maior parte dos negócios, especialmente as de força econômica, formaram Guildas (na Escócia elas eram normalmente conhecidas como Corporações). Sem entrar em grandes detalhes, comércios como os Baxters (padeiros), Wobsters (tecelãos), etc., eram permitidos a participar de forma limitada nas atividades do município. Isso foi útil quando o assunto relacionado ao Ofício, a Maçonaria, era debatido. Por exemplo, a Corporação podia negociar horas de trabalho e salários e outras condições de emprego com o conselho da cidade. Em troca da pequena representação política, as Corporações deviam concordar em aceitar certas responsabilidades. Por exemplo, eles tiveram que concordar em controlar seus aprendizes, e tiveram que concordar em aceitar a responsabilidade de melhorar seus ensinamentos. 

A pré-reforma da Igreja começou uma mudança muito grande na vida das pessoas. Os horários dos dias eram estruturados em torno do tempo dos rituais da Igreja, dos dias sagrados, etc. Era comum que grupos como comerciantes combinassem de pagar a manutenção de uma parte, ou ocasionalmente, de uma igreja inteira em particular. Pessoas ricas ocasionalmente recebiam a responsabilidade de um lugar específico da Igreja. Essas ‘partes particulares’ de uma igreja eram geralmente corredores laterais dedicados a um santo onde as orações seriam oferecidas. 

Quando os Maçons atingiram o status de uma Corporação em Edimburgo, em 1475, a eles foi dada a responsabilidade de manutenção dos corredores laterais dedicados a São João Evangelista dentro da Catedral de São Giles. Isso significava que eles tinham que manter o corredor limpo e arrumado, em boa ordem, reparar qualquer dano e fazer uma doação anual de cera para velas. O custo foi considerado ao longo de um ano. Em outras palavras, os Maçons encontravam-se lá regularmente, não só para ouvir as orações sendo ditas pelas almas dos Maçons falecidos, mas também discutiam os costumes relevantes para o seu Ofício. Naturalmente, se seguiu dessa forma, porque o corredor foi dedicado a São João, o Evangelista, cujo dia da festa é o de 27 de dezembro, que se tornou a data anunciada para todos os Maçons se reunirem juntos. Na sequência, era sensato usar o período após a conclusão das cerimônias religiosas para conduzir os trabalhos relevantes ao ofício da Maçonaria – prestar contas, pagar taxas anuais, planejar o futuro, sugerir mudanças de acordos e regras de regulamentação, e o mais importante: Iniciar Aprendizes e fazer Companheiros de Ofício. O dia 27 de Dezembro se mantêm como o principal dia no calendário da Maçonaria Escocesa. É por esta razão que hoje, a Maioria das Lojas Escocesas continuam a celebrar o dia 27 de Dezembro e não o dia 24 de Junho – o dia da festa de São João Batista.

 Depois da reforma, muitos elementos religiosos relacionados aos Santos, incluindo os corredores dedicados a eles, foram abolidos e isso significava que os Maçons não tinham mais responsabilidades religiosas, como manter o “seu” corredor na Catedral de St. Giles. No entanto, eles ainda precisavam realizar seus encontros anuais e logicamente continuaram a realizar a Assembleia Geral Ordinária (AGM) no dia 27 de Dezembro de cada ano. Isso pode ser encontrado nos registros (incluindo os do Conselho da Cidade de Edimburgo por exemplo), onde está data está registrada como encontro regular dos Maçons antes da Reforma.

Quando William Schaw (1550-1602), o pai da Maçonaria Moderna, reorganiza as Lojas Escocesas, eles mantêm nos registros das Lojas que o dia 27 de Dezembro continuaria a ser o encontro anual. Nós agora chamamos esse encontro de “Instalações” (geralmente no dia 27 de dezembro) ou seja, quando o novo Mestre de uma Loja foi eleito e instalado na cadeira da Loja.

É claro, portanto, que São João Evangelista foi o santo padroeiro dos Maçons Escoceses, mas a questão que continua é saber por que foi ele o escolhido? Existem algumas possíveis razões religiosas e teológicas, mas estas devem ser objeto de uma discussão posterior. No entanto, para nós esse é um entendimento muito simples. Quando os pedreiros se tornaram uma Incorporação, pode ter ocorrido que uma Igreja tenha selecionado a próxima vaga disponível para ela, e bateu de ser uma dedicada a São João Evangelista! Se isso for verdade, então foi a igreja que “nos atribuir” esse santo, em vez de haver uma razão religiosa para os Maçons selecioná-lo como seu Santo Padroeiro.

O que então São João Batista e Santo André, ambas figuras da Maçonaria Moderna, não são tão proeminentes na Maçonaria Escocesa? Quando a Grande Loja foi estabelecida em Londres, já se sabia que “São João” era o “santo padroeiro”. Não havia dúvidas sobre isso, mas haviam dúvidas sobre qual deles – o Evangelista ou o Batista? Quando configuraram a nova organização, como a Grande Loja tinha que escolher entre um dia no meio do inverno, quando os dias eram escuros, curtos, frios e muitas vezes molhados, ou um dia no meio do verão, com dias mais quentes e mais tempo de horas do sol, qual dia você escolheria? Nossos irmãos Ingleses podem automaticamente assumir que ninguém seria louco o suficiente para escolher o dia 27 de dezembro, ou se eles soubessem que a Escócia usou o dia da festa de São João Evangelista, eles “fecharam os olhos” nesse fato inconveniente e escolheram São João Batista, cujo dia da festa está no auge do verão – 24 de junho de cada ano.

Quando Lojas em Edimburgo decidiram que a Escócia deveria ter sua própria Grande Loja, prestaram bastante atenção nos procedimentos usados para a formação da Grande Loja em Londres, e também adotaram o dia da festa de São João Batista. Infelizmente, aqueles que organizaram a Grande Loja da Escócia, não levaram em conta as tradições dos Maçons Escoceses, incluindo o seu patrono – João o Evangelista. O principal efeito disso é que a maioria das Lojas de Maçons na Escócia não tomaram partido da formação da nova Grande Loja, pois acreditavam que seria errado ignorar séculos de tradição e adotar um novo Santo Padroeiro que parecia ter sido escolhido “para eles” pelos Maçons Ingleses.

A nova Grande Loja da Escócia tinha um grande pepino nas mãos. Se persistisse com o dia de São João Batista como a data para seu encontro anual e instalação de novos Veneráveis Mestre, iria ofender todos os Maçons Operativos, Lojas que ela estava ansiosa para trazer sobe sua tutela. Da mesma forma, se optasse por São João Evangelista, arriscava mudar todas as regras das Lojas Especulativas que estiveram tão envolvidas na organização e apoiaram sua criação desde o início. Também seria considerado um fato fundamental que estava completamente errado. De qualquer forma sobre São João, eles iriam chatear um grupo ou outro. Em um típico movimento pragmático escocês, um acordo foi alcançado – não se adotou nem São João Evangelista ou João Batista! Ao invés disso, o Santo Patrono da Escócia – Santo André. É por isso que, embora a Maçonaria Escocesa seja conhecida como a Maçonaria de São João, a Grande Loja da Escócia não usa nenhum santo! Em vez disso, o dia da festa de Santo André, 30 de novembro, é a data da instalação do Grão Mestre da Grande Loja da Escócia, que é seguido pelo Festival de Santo André.

Publicado originalmente na página oficial da Grande Loja da Escócia:

The Grand Lodge of Antient Free and Accepted Masons of Scotland (A Grande Loja dos Maçons Antigos Livres e Aceitos da Escócia)

julho 08, 2025

SANTOS PADROEIROS DA MAÇONARIA, SEU SIMBOLISMO E RELAÇÃO COM AS RELIGIÕES CATÓLICA E PAGÃ - Hercule Spoladore


Nos antigos “collegia fabrorum” romanos, cada corporação de construtores tinha seu deus ou deuses protetores, como era o caso de Jânus, o maior protetor das corporações de artífices. Seus adeptos celebravam anualmente as festas solsticiais de verão e inverno.

Logo no início do Cristianismo, as associações monásticas, guildas ou confrarias de pedreiros, consideradas como precursoras da Maçonaria Operativa, que estavam vinculadas às obrigações religiosas, passaram a adotar os santos católicos como seus protetores, padroeiro, patronos, os quais alguns eram sucessores dos deuses anteriores e não passavam de antigos deuses transformados ou adaptados em santos cristãos e outros santos criados pela própria Igreja entre os quais se destacam alguns já conhecidos como os primeiros mártires dos primeiros tempos do cristianismo. 

O exemplo dos pagãos que tinham um ou mais deuses como padroeiros, posteriormente haviam corporações da Maçonaria Operativa que tinham até mais de um santo padroeiro, isto conforme a região e país.

Alguns santos que foram patronos de algumas corporações: São Bleso, São Luiz, São Nicolau, São José, Santa Ana, São Brás, São Gregório, Santo Alpiniano, São Martinho, São Martim, Santo Estevão, Santa Bárbara, São Tomás e os Quatro Coroados. Nem todos estes santos fazem parte dos santos reconhecidos pela Igreja Católica. Depois a Maçonaria adotou os São João, o Batista e o Evangelista.

Diz a lenda, que São Dunstan que teria sido Bispo da Cantuária e que teria sido grão-mestre dos franco-maçons da Inglaterra que em 959 D.C. e que teria reanimado os trabalhos das confrarias as quais estavam decaídas após a morte do rei Athlestan, o lendário-rei arquiteto. Esta lenda é contestada por muitos autores.

São Swithun de Winchester, santo anglicano teria sido o quarto grão-mestre das confrarias dos franco-maçons da Inglaterra de 856 a 872 D.C. Também não há comprovação desta narração. Interessante que a Igreja anglicana não canoniza oficialmente os santos, apesar de aceitar certos santos católicos tradicionais e conservar para estes, tal título, por tradição, não pela religião.

Atualmente os santos mencionados a não ser os Quatro Coroados e os São João, não fazem parte de qualquer segmento maçônico. No entanto existem outros santos que merecem ser citados e comentados pela influência, pelo menos histórica e tradicional e também pelas festas em seu nome entre os pedreiros livres.

Cita-se Santo Albano que serviu no exército romano, depois voltando à sua terra natal Verrulan na Inglaterra, nomeado pelo imperador Crasso, como governador da praça forte local, onde também era mestre de obras. Santo Albano teria implantado ali um sistema usado pelos franco-maçons, melhorando a situação dos operários que viviam em regime de escravidão. Posteriormente, sob as ordens de Deocleciano, imperador de Roma, ele foi decapitado, porque se tornou cristão. A Igreja Católica celebra no dia 22 de junho e a Igreja Anglicana no dia 17 de junho, como dia deste santo. Ele é considerado o primeiro mártir cristão da Inglaterra.

Santo André, patrono da Escócia tem sua festa em 30 de novembro. Apesar da Maçonaria daquele país aceitar São Jorge como seu padroeiro, faz a sua grande festa no dia de Santo André. Note-se que no painel simbólico de vários ritos, na Prancheta da Loja aparece uma cruz em X também chamada a Cruz de Santo André ou “Crux Decussata”. Santo André teria sido martirizado numa cruz deste tipo. Ainda a cruz em X que aparece na Prancheta é usada para o manuseio do alfabeto maçônico.

São Jorge é padroeiro da Inglaterra e é festejado em 23 de abril pela Grande Loja Unida da Inglaterra. As constituições maçônicas inglesas determinam que seja realizada anualmente uma grande festa em sua honra na sexta-feira seguinte ao dia de São Jorge.

Os quatro Santos Coroados, têm a sua história citada no Poema Régio. Conta-se que quatro escultores Severo, Severiano, Carpóforo e Vitorino os quais por se negar a esculpir imagens de deuses pagãos, foram vergastados até a morte com varas revestidas de chumbo. Há autores que se referem aos quatro Santos Coroados como sendo soldados e não escultores.

Todavia, existem outras versões segundo as quais a Igreja Católica por longo tempo desconheceu o nome dos quatro coroados e que o Papa Melquíades em 310 D.C os tornou santos ao celebrar no dia 08 de novembro o dia de outros cinco escultores: Claudio, Castor, Sinforiano, Simplício e Nicostrato, que teriam sido asfixiados em barris de chumbo, no ano 287 D.C. porque dois anos após a morte dos quatro coroados, também se negaram a esculpir estátuas pagãs. Estes nove mártires foram sacrificados por ordem de Deocleciano, cruel imperador romano, e inimigo dos cristãos. Deocleciano reconhecia Mitra como seu deus principal. O nome destes mártires citados não consta como santos citados no atual rol da Igreja Católica.

Os Quatro Coroados foram escolhidos por algumas confrarias de maçons operativos ingleses como seus padroeiros.

O nome Quatro Coroados viria a inspirar o nome da primeira e mais famosa loja de pesquisas do mundo, a Loja Quatuor Coronati nº 2076 de Londres fundada em 28 de novembro de 1884 e instalada em janeiro de 1886 com o único fim de pesquisar de forma racional a história, símbolos, lendas enfim, tudo sobre a Maçonaria. Esta Loja tem suas colunas fortemente erguidas até a presente data, possui um museu e uma biblioteca admiráveis, um departamento de membros correspondentes em nível mundial bem como é responsável pelo estudo e pesquisa da antiga maçonaria verdadeira baseada em fontes primárias especialmente documentais e também pelo desmascaramento de uma série de lendas falsas a respeito da Ordem. Publica anualmente um livro chamado Ars Quatuor Coronatorum onde são publicadas todas as pesquisas feitas por seus membros. Existem lojas de pesquisas em muitos países que emprestaram o nome da Quatuor Coronati. Uma das mais importantes é a Forschungsloge Quatuor Coronati de Bayreuth - Alemanha. Existe no Brasil uma Loja com este nome, trata-se da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda” de Belo Horizonte.

Após a Maçonaria tornar-se oficialmente especulativa ou moderna a partir de 1717, ou já antes há algumas dezenas de anos, ela já não era mais essencialmente composta de profissionais da construção e católicos, quando começou a aceitação de rosa-cruzes, cabalistas, ocultistas, príncipes, artistas, cientistas da época, nobres, anglicanos luteranos e alquimistas. Neste momento histórico a influência da Igreja estava bastante diminuída já que a Maçonaria deixou de ser eminentemente católica.

Por uma questão de tradição, e dentro de uma situação irreversível, pois são históricos, tradicionais além de simbólicos alguns santos ficaram inseridos definitivamente na tradição maçônica. É o caso dos “São João” o Batista e o Evangelista e São João Esmoler. São João é citado inclusive nas Constituições de Anderson. E ainda o Rito Adonhiramita cultua o terceiro São João, o de Jerusalém ou São João Esmoler. Fala-se também de um São João da Escócia, que não tem razão alguma para ser levado a sério, pois foi pura invenção.

Os maçons atuais, independente de suas religiões se aceitam ou não os santos, pelo menos tem nos dois São João como seus patronos, e este costume vem da Idade Média. É uma tradição que transcende a religião. É uma tradição respeitada por todos os maçons. Como foi dito, eles encerram um simbolismo que faz parte da Ordem.

Nestas alturas dada a tradição será impossível retirá-los da Ordem. Todavia, o Rito Francês ou Moderno desde 1887 resguardando o princípio da absoluta liberdade de consciência aboliu a fórmula GADU bem como a Bíblia nos seus trabalhos em lojas e assim consequentemente São João não faz parte do Rito como padroeiro.

Os três primeiros graus do simbolismo são universais e considerados verdadeiros, únicos, legítimos, genuínos conhecidos aceitos e praticados em toda a superfície da Terra. São chamados graus de São João. Toda a doutrina maçônica acha-se contida nos graus de São João, ou seja, nos três primeiros graus.

São João Batista, O Precursor

João Batista era provavelmente essênio, segundo alguns autores. Sempre aparece nas imagens nas igrejas de roupa vermelha, símbolo do martírio segundo alguns religiosos. O Evangelho segundo São João exprime as mais perfeitas formulações a respeito da eterna dúvida com relação às respostas imutáveis da mente humana. O esoterismo dos escritos de São João faz com que os teólogos, os exegetas e outros estudiosos das religiões as compreendam mais profundamente. Há ainda certa analogia entre os escritos de São João e os ensinamentos de Hermes de Trismegisto (do latim Hermes Trismegistus). Neles encontram-se a mesma evocação do Verbo e da Luz. Tal é a influência de João Batista que a Maçonaria moderna foi fundada no dia de São João no dia 24 de junho de 1717, dia de sua celebração. Dizem alguns autores que João Batista pregava no deserto e se alimentava de mel e gafanhotos. Vestido de pele de camelo atada apenas por um cinto, e assim foi pregar em Jerusalém. Ele praticava o batismo.

Segundo a Bíblia São João Batista sempre condenou uma relação adúltera entre Herodes de Antipas e sua sobrinha Herodiádes, a qual tinha uma filha de nome Salomé. Durante uma das festas da corte, Salomé dançou com tal graça que Herodes entusiasmado disse a ela que daria a ela o que ela pedisse. Ela instigada pela mãe, não teve dúvidas, pediu a cabeça de João Batista. O rei mandou então decapitar João trazendo o carrasco a cabeça num prato que foi entregue a jovem e esta entregou à sua mãe

Segundo o historiador judeu Flavio Josephus, João Batista foi decapitado no cárcere de Mequeronte, perto do Mar Morto e de Qunran onde foram encontrados em 1947 os celebres pergaminhos que foram lá deixados pelos essênios.

São João Evangelista, o Apóstolo e Evangelizador

Foi um dos apóstolos de Jesus Cristo, que juntamente com seu irmão Tiago eram chamados de filhos do trovão, por causa de seus temperamentos exaltados. Após sua convivência com Jesus ficou conhecido como o apóstolo do amor e também como o discípulo que mais perto esteve do Mestre por ser aquele que mais o acompanhou. Em suas epístolas é constante a preocupação para que se pratique o amor fraternal. Nos vitrais da Idade Média é sempre representado com roupa verde. Seu evangelho tem relação com a Maçonaria. Suas visões apocalípticas quando João “recebeu de um anjo uma vara para medir o templo com exceção do átrio” marcaram muito sendo uma das razões da Maçonaria adota-lo como um dos seus santos padroeiros cuja festa é celebrada em 27 de dezembro. O Apocalipse parece ser uma mensagem cabalística e esotérica deixada para um grupo seleto de iniciados

OS DOIS SÃO JOÃO E SEU RELACIONAMENTO COM O DEUS ROMANO JÂNUS

O Cristianismo uma vez implantado tratou de extirpar toda a tradição pagã até então existente em Roma, que era ditada pelo mitraismo, religião de origem persa existente há 2700 A.C. a qual confrontava com os novos princípios cristãos, que estavam sendo implantados.

Roma tinha entre seus deuses locais, um deus tipicamente romano Jânus ou Joannes que deu nome ao mês de Janeiro, e que era representado por duas faces (bi frons) uma olhando para frente, para o futuro e outra olhando para trás, para o passado

As festas solsticiais de Jânus eram celebradas em 21 de junho e 21 de dezembro dias de entrada e saída do verão e inverno respectivamente, isto no hemisfério norte, no hemisfério sul é o contrario, e ainda comemoravam no dia 25 de dezembro o nascimento do menino Mitra.

Segundo vários autores houve uma adaptação de Jânus, sendo o mesmo cristianizado sob o nome dos dois São João. Inclusive pela semelhança do nome Joannes ou Jânus com João. Há quem diga que ambas são duas versões de um único ser. Jânus aparece em muitas gravuras antigas, vitrais, moedas antigas sempre com as duas faces. A igreja Católica não concorda com esta interpretação.

O cristianismo aproveitou a religião, tradição e os costumes dos pagãos modificando de acordo com a conveniência cristã da época. É logico que o cristianismo que estava sendo implantado não poderia manter a adoração ao deus-Sol. Por isso, substituíram-no por Jesus Cristo. Os antigos especialmente no hemisfério norte comemoravam a noite de 20 para 21 de dezembro o solstício de inverno até com sacrifícios humanos, o renascimento do Sol (Natalis invicti solis). No dia 20 para 21 de junho igualmente era comemorada uma festa solsticial de verão. Esta regra valia para o hemisfério norte, sendo no hemisfério sul, o contrário. As datas que os cristãos adotaram para os dois São João foram uma em 24 de junho João Batista e a outra em 27 de dezembro para São João Evangelista estão muito próximas das datas solsticiais celebrada pelos pagãos. E ainda aproveitaram o nascimento de Mitra 2.700 a.C. que os pagãos adotavam no dia 25 de dezembro para ser o dia do nascimento de Cristo e ainda criaram um novo calendário iniciando o ano zero com o nascimento de Cristo.

O Cristianismo naquele momento histórico de sua existência teve que fazer apropriações das tradições e costumes dos pagãos e dar a sua forma de ser, para incorporar as inúmeras fileiras de pessoas convertidas a nova religião, que estavam ainda culturalmente programados pela religião antiga.

Ainda no simbolismo que foi transmitido pela Maçonaria Operativa nas figuras de São João Batista e São João Evangelista que estão representados nos painéis dos ritos em seus rituais por um círculo com duas paralelas tangenciais. Este círculo representa o ciclo anual ou ainda a trajetória do Sol correspondendo os pontos de contatos destas duas tangentes diametralmente opostas aos dois pontos solsticiais que correspondem ao Trópico de Câncer no hemisfério sul e ao Trópico de Capricórnio no hemisfério norte.

Para os maçons, círculo representa o Sol e as duas paralelas tangenciais representa os dois São João. Para os maçons apegados à corrente calcada no Antigo Testamento elas representariam Moisés e Salomão, mas está abandonada esta interpretação.

SÃO JOÃO DE JERUSALÉM, SÃO JOÃO ESMOLER OU HOSPITALEIRO

O Rito ou Maçonaria Adonhiramita adota como padroeiro São João de Jerusalém também conhecido como São João Esmoler ou São João Hospitaleiro. É um santo reconhecido pela Igreja. Teria nascido no ano de 550D.C. e falecido em 619 em Amamonte-Chipre.

Este São João não tem relação com os santos da Maçonaria Operativa. Segundo Ragon, quem trouxe este santo,para a Maçonaria, foi o Barão de Tschoudy e outros maçons da época que acreditavam que a Maçonaria era originada das Cruzadas. Segundo a lenda, este São João seria filho do rei de Chipre e teria deixado sua terra natal e abdicado de seus direitos como herdeiro do trono e teria partido para Jerusalém para dispensar socorros aos peregrinos e soldados cristãos feridos. Todavia segundo outros autores afirmam que ele seria o Patriarca de Alexandria e teria enviado recursos à Modesto de São Teodoro na Palestina para reconstruir as igrejas destruídas pelos árabes. Há também outra lenda que diz que ele fora grão-mestre dos Cavaleiros de São João de Jerusalém no século VII. Ainda existem autores que o identificam com São João da Escócia, figura lendária na Maçonaria que jamais existiu.

SÃO JOÃO DA ESCÓCIA

Este “santo” jamais existiu. No entanto nos antigos rituais do Grande Oriente do Brasil ele era citado e mesmo nas paredes dos átrios ou Sala dos Passos Perdidos dos templos havia imagens deste “santo”. Também não está relacionado como santo da Igreja. Encontra-se citação com este nome como o nome de uma loja francesa fundada em Marselha em 1751 e que teria desempenhado papel importante na Revolução Francesa, mudando de nome após terminar a revolução.

Também citam alguns autores que ele teria este nome porque seria o santo de uma igreja construída na Escócia por franco-maçons. Fala-se também que seria o título de uma Ordem de Cavalheiros Espanhóis, bem como outra de São João da Palestina, que combateram em Jerusalém os chamados infiéis. Mas não se tem comprovação.

Em fim, há um grande número de “São João” que constam como santos do hagiológio da Igreja, a saber:

JOÃO BATISTA, JOÃO EVANGELISTA, JOÃO ESMOLER, João Batista Scalabrini, João Batista de La Salle, João Batista Piamarta, João Batista Berchmanns, João Bosco, João de Brito, João Crisóstomo, João Clímaco, João da Cruz, João de Deus, João Damasceno, João Ogilvie, João de Sahagum ou João Facundo, além do Papa João I e João II.

Não se pode negar que a Maçonaria tem um relacionamento profundo com o Cristianismo. A Maçonaria emprestou da Igreja Católica, a cópia do próprio templo maçônico, muitos símbolos, objetos, muitos costumes que foram adaptados, vestes, (vide os graus superiores do REAA). E também emprestou o Batista e o Evangelista.

Ressalte-se que quando começou a ser falar em Maçonaria Operativa, a Igreja Católica já existia há mais ou menos mil anos.

Com relação aos santos protetores da Maçonaria eles não têm para a Ordem um valor religioso, e sim simbólico. Portanto os dois São João têm seu lugar dentro da Maçonaria através de seus evangelhos com simbolismo esotérico profundo e também diferente da interpretação religiosa e do público profano.

REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia.Editora Artenova S.A.- vol. IV - Rio de Janeiro, 1976

CASTELLANI, José. Cadernos de Estudos Maçônicos - Consultório Maçônico II. Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. - Londrina, 1989

NAUDON, Paul. A Maçonaria. Edipe - Artes Gráficas - São Paulo, 1968

PALOU, Jean. A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática. Editora Pensamento - São Paulo, 1964

VAROLI, Theobaldo F. Curso de Maçonaria Simbólica - Editora A Gazeta Maçônica S.A - São Paulo, 1970

julho 07, 2025

EM FUNÇÃO DO TEMPO - Newton Agrella



São tantas reflexões, provérbios e adágios a respeito do tempo, que até a própria literatura se perde em incontáveis obras, onde este dispositivo é invariavelmente o protagonista da história.

E ele não dá paz. 

Está presente em tudo o que nos circunda e especialmente dentro de nós.

Instigante como o tempo se recicla por sí só. 

Torna-se passado, presente e futuro, sejam quais forem as circunstâncias.

Ele não está nem aí.

O tempo é atrevido.

Ele se mete onde não é chamado, fica de espreita e sai de fininho quando menos se espera.

O tempo é pleno e furtivo, é leve, solto e pesado conforme o andar da carruagem.

É capaz de renovar nossa alma e nos encher o coração de felicidade, do mesmo modo que nos faz sofrer e despertar a tristeza dentro de nós.

O tempo não é fácil não. 

Ele é praticamente inegociável, indecifrável e imprevisível.

Quando muito, vende-nos uma ilusória sensação de efêmera propriedade, onde quem redige e toma conta do contrato é somente ele.

O tempo é isso, um dispositivo incontido que nasce, vive e morre sem dar satisfação.

As explicações nós buscamos, as justificativas nós inventamos, pois nada é capaz de detê-lo ou pará-lo, mesmo que seja por um átimo de segundo.

O tempo é herói ou vilão seja qual for o script, pois quer queira, quer não, é em função dele que a história se desenrola e a vida se registra.



julho 06, 2025

CASTRO ALVES - 154 anos de sua morte



O poeta baiano Antonio Frederico de Castro Alves (1847-1871), apesar de sua morte precoce, é considerado um dos mais importantes poetas brasileiros de todos os tempos. De formação cultural sofisticada, construiu sua poesia sobre temáticas eminentemente brasileiras, alcançando uma admirável compreensão da alma popular. 

Nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da cadeira n. 7, da Academia Brasileira de Letras por escolha do fundador Valentim Magalhães.

Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos, e, por esta, neto de um dos grandes heróis da Independência da Bahia. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se finalmente na Faculdade de Direito em 1864.

 Cursou o 1º ano em 1865, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou apaixonada ligação amorosa com atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.

Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração. Escreveu o drama Gonzaga e, em 1868, transferiu-se para o sul do país em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi, afinal, amputado no Rio, em meados de 1869. Sua saúde, que já se ressentira de hemoptises desde os dezessete anos, quando escreveu “Mocidade e Morte”, cujo primeiro título original era “O tísico”, ficou definitivamente comprometida. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 1870 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.

Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora italiana Agnese Trinci Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa a que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 1870, numa das fazendas em que repousava, havia completado A Cachoeira de Paulo Afonso, que saiu em 1876, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: “Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio.”

Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada de forte sensualidade, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloquência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.

Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves, na linhagem de Victor Hugo, um dos seus mestres, viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de “Cantor dos escravos”. A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloquência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.


Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da História. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, dificilmente se podia elevar a objeto estético, o que ele alcançou, no entanto, numerosas vezes. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.

Com seu lirismo exacerbado compôs poemas antológicos do romantismo brasileiro, mas não afastou-se jamais de sua veia libertária de onde emergiu o poeta social, o republicano, o abolicionista, o cantor dos escravos. Alguns poemas, como "O navio negreiro" e "Vozes d'África", obtiveram enorme sucesso popular quando declamados pelo poeta e se transformaram em verdadeiras bandeiras na luta contra a escravidão. O livro "Os escravos" foi publicado de forma independente pela primeira vez em 1883, doze anos após a morte do autor e reúne as composições antiescravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d'África”.

Nos poemas de Os Escravos de Castro Alves, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma ideia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a ideia do poema.

Ao longo de Os Escravos de Castro Alves e A Cachoeira de Paulo Afonso, Castro Alves vai apresentando ao leitor a vida do cativo, negro ou mestiço, sujeito à crueldade dos senhores, que arrancam os filhos dos braços das mães para os vender, estupram as mulheres, torturam e matam impunemente os “Homens simples, fortes, bravos…/ Hoje míseros escravos/ Sem ar, sem luz, sem razão…”

Afrânio Peixoto registra que esta obra deu a Castro Alves, então o maior poeta lírico e épico do Brasil pelos livros Espumas Flutuantes e Hinos do Equador, o "renome de nosso único poeta social", e também como "poeta dos escravos" e "poeta republicano", no dizer de Joaquim Nabuco, e ainda o "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitario", no dizer de José Veríssimo.

Peixoto ressalta que a obra propaga a causa abolicionista. Registra que seus primeiros versos pela libertação dos cativos datam de 1863, quando contava somente dezesseis anos de idade; a maioria deles, contudo, é de dois anos mais tarde, 1865, quando são publicados, declamados e divulgados em todo o país, antecedendo autores como Tavares Bastos e dando o prenúncio da geração que traria a luta pela causa anti-escravidão como um dos ideais a ser perseguido e somente alcançado duas décadas depois.

Única peça de teatro escrita por Castro Alves, "Gonzaga ou A Revolução de Minas : drama historico brazileiro" foi encenada pela primeira vez na Bahia, no dia 7 de setembro de 1867, com estrondoso sucesso, sendo o poeta coroado e carregado nos ombros pelos admiradores até sua casa. O drama, carregado de patriotismo, recebeu elogios de José de Alencar e Machado de Assis e obteve consagração também em São Paulo, quando foi levado a cena, em outubro de 1868.

O Único livro publicado em vida do poeta, "Espumas flutuantes" teve grande e contínuo sucesso de público. Trata-se de uma coletânea de textos produzidos entre 1864 e o ano da publicação, na qual se encontram os vários tons da sua poesia: o intimista, o coloquial e o grandiloquente. Organizada paralelamente ao volume 'Os escravos', que o poeta não teve tempo de publicar, a coletânea não traz, por isso mesmo, os poemas abolicionistas que o consagraram.

Em “Ode ao Dois de Julho” (ou “Dous” de Julho, como grafado na versão original), Castro Alves faz uma espécie de poema épica em homenagem à Independência da Bahia, ocorrida em 2 de julho de 1823. Nessa data em questão, houve um conflito intenso entre as forças de Portugal e as do Brasil, resultando na expulsão dos europeus e na consolidação da Independência do Brasil.

Na primeira estrofe vemos uma descrição do campo de batalha, nos cerros da Bahia, com um anjo da morte costurando uma mortalha (um pano funerário) em Pirajá, onde aconteceu um dos conflitos decisivos. Nesse primeiro momento ainda resta a dúvida: qual dos dois gigantes vencerá, Brasil ou Portugal?

Em seguida, Castro Alves compara a batalha a um circo, como ao Coliseu, famoso pelas lutas de gladiadores. Entretanto, não era uma batalha de dois povos, mas uma batalha entre dois ideais: o passado e o futuro, a escravidão ou a liberdade. A batalha se estende até que a “branca estrela matutina” surge nos céus, marcando o início de novos tempos. E uma voz surge logo em seguida: a voz da Liberdade, que se estenderia às gerações futuras, honrando os soldados que perderam a vida lutando por essa causa.

https://www.academia.org.br/academicos/castro-alves/biografia#:~:text=Biografia&text=Castro%20Alves%20(Ant%C3%B4nio%20Frederico)%2C,escolha%20do%20fundador%20Valentim%20Magalh%C3%A3es.

ARLS IDEAL E TRABALHO n. 150 - Praia Grande



Mais de 150 irmãos de 34 Lojas de diversas cidades estiveram presentes na manhã deste sábado em Praia Grande, na cerimônia de instalação e posse do irmão Adolfo Costa Dominguez como Venerável Mestre da ARLS Ideal e Trabalho n. 150.

A Comissão de Instalação foi presidida pelo Sereníssimo Grão Mestre Jorge Anysio Haddad e os irmãos Luiz Alves de Oliveira como primeiro vigilante instalador e Carlos Bastos Pires Campos como segundo vigilante instalador. Ambos estes irmãos, que foram fundadores de outras Lojas em Praia Grande e Mongaguá, foram iniciados na Loja Ideal e Trabalho.

O novo Venerável Mestre, carinhosamente conhecido como Adolfinho, é a terceira geração de maçons da mesma Loja e desde que foi iniciado De Molay tem mostrado extrema competência em todos os cargos que ocupou, o que augura bons tempos para a Loja.

Seu pai, Adolfo Dominguez, participou ativamente da instalação de seu filho e em momento emocionante ambos relembraram a figura do patriarca Adolfo Pombo, pai e avô, que os conduziu nas trilhas da maçonaria.

Um delicioso churrasco marcou o encerramento da cerimônia.