maio 15, 2025

ARLS XI DE AGOSTO n. 656- Itanhaem



 

    Em comemoração ao Dia das Mães e aos aniversariantes do mês, a ARLS XI de agosto n. 656 de Itanhaém, realizou na noite de ontem uma sessão branca com a presença de convidados e familiares, e fui convidado pelo Venerável Mestre Anderson Moreira de Mattos a proferir a palestra "O Caminho da Felicidade", que emocionou a todos.
    Uma das cunhadas presentes comentou durante o ágape: - é a terceira vez que vejo a sua palestra, e sempre me emociono com ela. (já havia assistido em Praia Grande, Mongaguá e agora em Itanhaém).
    Todas as senhoras receberam uma lembrança da Loja, um pequeno e belo kit com todos os instrumentos necessários para cuidar de unhas. Lindo mimo.
    Ao final um delicioso jantar e um bolo ainda melhor encerraram a festa.
    

O AVENTAL DE COMPANHEIRO - Rui Bandeira



Ao contrário do que ocorre com o ritual de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, o ritual de Companheiro não faz qualquer referência ao avental usado pelos obreiros da oficina do segundo grau.

Os Companheiros podem – como todos os maçons, quaisquer que sejam os seus graus ou qualidades – usar o avental todo branco de Aprendiz maçon. Simplesmente, enquanto os Aprendizes o usam com a aba levantada, os Companheiros usam-no com a aba deitada sobre o corpo retangular do artefato. 

A necessidade de proteção do Companheiro é menor, o seu progresso na Arte Real já lhe permite dispensar uma maior área de proteção. O seu trabalho na moldagem do seu caráter, no aperfeiçoamento de suas qualidades, na luta contra seus defeitos, já lhe permitiu determinar a forma como a sua pedra se integrará no grande templo projetado pelo Grande Arquiteto do Universo, laboriosa e demoradamente edificado pela Humanidade, desde o alvorecer da Criação. 

Agora o tempo é de limar as arestas que ainda subsistem, de polir a pedra, de a aparelhar para que cumpra a sua função, não apenas bem, mas de forma bela e agradável, contribuindo não só para a edificação, mas também para a decoração do Templo Coletivo Supremo.

Tenho para mim que, originariamente, a única distinção que, a nível do avental, existia entre Aprendizes e Companheiros era a forma como era posicionada a aba. O avental, em ambos os graus, era o mesmo.

Modernamente, o avental de Companheiro, continuando a ser confeccionado em pele ou tecido de cor branca, de forma retangular e cortado em ângulos retos nas quatro extremidades, apresenta um debruado estreito, na cor do rito, ao longo das suas extremidades (as quatro linhas delimitadoras da sua forma retangular, mais as duas linhas delimitadoras da aba), formando, em conjunto com a linha superior do avental, um triângulo.

A cor do rito é a vermelha, no Rito Escocês Antigo e Aceito e a azul clara, no rito de York e na sua variante (rito de Webb) em uso nos Estados Unidos. A Maçonaria irlandesa usa a cor verde.

A fina linha colorida delimitadora das extremidades do avental simboliza o estado dos trabalhos do maçom: a sua pedra já tem forma, já é cúbica, o seu trabalho agora é alisá-la, aperfeiçoá-la, desde logo limando as suas arestas.

Na Maçonaria Continental Europeia, o avental de Companheiro acaba por ser o menos usado, apenas durante o tempo em que o maçom permanece no segundo grau.

Um pequeno detalhe, mas, importante, para evitar a possibilidade de confusões. Os aventais comumente em uso nas lojas americanas pelos Mestres que não sejam Oficiais da Loja ou Grandes Oficiais é muito semelhante ao avental de Companheiro europeu. Assim, se porventura algum visitante americano comparecer numa loja europeia envergando um avental com linhas de cor estreitas, delimitando as suas extremidades, atenção que, em princípio, não é um Companheiro, é um Mestre Maçom, embora não seja Oficial de Loja ou Grande Oficial.

Para finalizar, e a título de mera curiosidade: o "M" do logótipo do Gmail não tem nada a ver com o avental de Companheiro Maçom. É apenas a dita letra desenhada a vermelho num sobrescrito. Não vale a pena imaginar teorias da conspiração…

maio 14, 2025

PONTA DO COMPASSO - Pedro Juk



    O Irmão Lincoln Francisco do Nascimento, Companheiro Maçom da Loja Fé e Trabalho, 635, R⸫E⸫A⸫A⸫, GOB-PR, Oriente de Rio Negro, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

    Em sessão ordinária prévia na Loja Fé e Trabalho, uma dúvida ocorreu aos obreiros desta oficina: na transformação da Loja no Grau de Aprendiz para Loja no Segundo Grau no Rito Escocês Antigo e Aceito, qual ponta do compasso deve passar para cima do esquadro? Embora o Ritual de Companheiro-Maçom do GOB -PR cite, na página 23, que é a ponta direita que deve ficar sobre o Esquadro, alguns irmãos afirmaram que o correto seria o contrário. E desde então, a dúvida não foi sanada. A pesquisa em literatura não foi muito frutífera, pois até Castellani em seu livro sobre a Liturgia e Ritualística diz que "uma das pontas" deve ficar sobre o Esquadro, mas não diz qual. Outras obras que pesquisei não cobriam este assunto. A pesquisa em internet eu considero arriscada, pois é território livre onde cada um escreve o que quer. (E arrisco a ler informações sobre o Grau de Mestre, que ainda não é minha intenção, embora minha Exaltação esteja agendada para o próximo dia 12, às 20h. Caso esteja disponível, a vossa presença será muito bem-vinda).

CONSIDERAÇÕES:

Por primeira – se o ritual determina que seja a ponta direita da haste do Compasso que deva ficar posicionada sobre o ramo do Esquadro, independente de que as opiniões possam se divergir, a maneira correta é cumprir o que está escrito.

A segunda é a consideração sobre a tradição e a razão que não tem a intenção de afrontar um ritual legalmente aprovado e em vigência, senão o de orientar no que é factualmente verdadeiro.

Como diz o Irmão, nem o saudoso Irmão Castellani fez referência sobre qual a ponta fica sobre o ramo do Esquadro. É simplesmente porque tanto faz. Tanto para a direita como para a esquerda o importante é o entrelaçamento, já que também de maneira tradicional o Esquadro com uma das Luzes Emblemáticas deveria possuir ramos iguais, isto é, sem cabo, já que esse instrumento como parte da tríade emblemática não é o operativo. O operativo - com cabo - é aquele presente na joia do Venerável.

Infelizmente, não raramente se vê o inverso acontecendo. Nesse sentido, aparecem questões se uma das hastes do Compasso sobrepõe - no caso do Grau de Companheiro - o cabo ou o ramo do Esquadro. Ora, se sobre o ponto de vista autêntico, esse Esquadro possui ramos iguais, daí também tanto faz.

Voltando ao caso do Compasso, muitas interpretações hauridas de autores temerários, e desta uma se faz bastante presente como uma carcaça do dinossauro (difícil de consumir) é a de que a ponta do Compasso deve apontar para o lado dos Companheiros.

Ora, isso é mera filigrana que não exara qualquer lição doutrinária racional, até porque a tríade emblemática fica sobre o Altar dos Juramentos e este fica no Oriente. O Oriente é um quadrante, portanto em Maçonaria ele é o Leste da Loja (não existe Norte, Sul e Ocidente do Oriente). Ainda para os que sugerem essa bobagem de se apontar para os Companheiros, então o Esquadro apontaria um dos seus ramos para os Aprendizes? Como, se os ramos desse instrumento ficam voltados para a extremidade do Oriente (parede). Ao que me consta os Aprendizes no Rito Escocês Antigo e Aceito tomam assento no topo do Norte e os Companheiros no topo do Sul.

Rematando: corretamente em relação ao entrelaçamento do Esquadro e do Compasso, o importante é entrelaçar, não importando qual é o lado que fica por baixo ou por cima.

Se fosse dada a devida importância para o Grau de Companheiro como ele realmente merece, esse entrelaçamento sugeriria belíssimas lições de aperfeiçoamento humano. Todavia, como a ordem dos tambores parece não alterar o oleoduto, fica mais simples preconizar a pobre referência que a haste liberta aponta para a banda dos Companheiros em Loja.

Ah! Existem também as interpretações ocultistas e misteriosas. Sobre essas eu me nego arguir, já que a razão maçônica repudia em mim essas ilações, muito embora alguém já tenha dito: “eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, elas existem”.



ESPÍRITO CRÍTICO - Newton Agrella









(Maçonaria não é e nunca foi religião)

A natureza da Maçonaria que se tipifica pelo seu caráter Evolucionista possibilitou ao homem desenvolver seu Espírito Crítico.

Esse Espírito Crítico consiste na atitude amadurecida do homem que busca a Verdade como suprema virtude do Pensamento através do processo "especulativo".

Ainda à época da chamada Maçonaria Operativa o homem trazia consigo uma visão teocêntrica da realidade.

As explicações sobre tudo o que circunstanciava a Vida e o Mundo se apoiavam unicamente na crença onipresente de Deus.

Registros históricos sinalizam que a partir do século XVI o homem passou a ter uma visão mais antropocêntrica da vida e do Universo.

Gradativamente passou a acreditar nas suas capacidades, e para acreditar nelas precisava ter um espirito crítico.

O espirito crítico a que se faz  referência é o que busca identificar os fundamentos de qualquer premissa.

ma vez detalhadamente analisado o Conceito, reconstrói-se o mesmo sob os atributos da pesquisa, da lógica e da razão, e não por meio de meras suposições ou sensações pessoais.

A Maçonaria Especulativa ganha corpo e dimensão especialmente a partir do período Iluminista quando novos valores foram incorporados ao movimento. 

Na medida em que a “Idade da Razão”  surgia a Maçonaria era adaptada para se acomodar a um novo clima intelectual. 

No bojo das influências medievais, renascentistas e iluministas, surgia uma instituição que parecia refletir o espírito progressista da época, com ideais de fraternidade, igualdade, tolerância e razão.

A partir dessa natureza especulativa o Maçom passa a fazer um juízo de valores mais profundo e dialético sobre a Sublime Ordem conferindo-lhe cada vez mais sua propriedade hominal e inequivocamente filosófica.

Senso crítico significa a capacidade de questionar e analisar de forma racional e inteligente. 

Através do senso crítico, o homem aprende a buscar a verdade questionando e refletindo profundamente sobre cada assunto.

É a partir do Espírito Crítico que o Maçom passa a exercitar o seu Senso Crítico

Vale registrar que a  palavra “crítica” vem do Grego “kritikos”, que significa “a capacidade de fazer julgamentos”. 

No sentido filosófico, o senso crítico está atrelado ao desenvolvimento de uma consciência reflexiva baseada no “eu” (autocrítica) e no mundo.

A consciência do papel social de cada indivíduo promove a capacidade de pensar sobre as verdades impostas pela sociedade dominante.

Dessa forma, alguém com senso crítico aguçado não aceita a imposição de qualquer dogma.  

Diferentemente do que ocorre com a Religião que impõe dogmas inquestionáveis.

O Maçom é  livre para pensar, redigir, contemplar e construir seus juízos de valores a partir de seus conceitos intelectuais, porém claro, que dentro dos Princípios, Fundamentos e Postulados que a Maçonaria preceitua  como caminhos para a evolução humana através  de um processo Iniciático e Ritualístico.



maio 13, 2025

A ABOLIÇÃO DOS ESCRAVOS E A MAÇONARIA - Almir Sant’Anna Cruz


Para o reconhecimento da Independência do Brasil pela Inglaterra, então a maior potência mundial, foi firmado um acordo que estabelecia o fim da escravidão no país a médio prazo.

 Essa cláusula não era de conteúdo humanitário e sim econômico, pois a Inglaterra, como maior potência industrial da época, entendia que os escravos, como empregados assalariados, aumentariam a demanda por seus produtos. 

Para atender a elite ruralista, formada também por Maçons, passaram-se mais de 20 anos sem que nenhuma providência fosse tomada pelo governo imperial do Brasil. 

Então, em 1845, a Inglaterra promulgou a Bill Aberdeen, que dava o direito aos navios ingleses de apreender navios negreiros que cruzassem o Atlântico. 

Com o apresamento de navios brasileiros, inclusive em nossas águas territoriais, foram promulgadas as denominadas pelo público em geral “leis para inglês ver”, mas que tiveram a sua importância histórica.

1850 – Proibição do Tráfico Negreiro (Lei Eusébio de Queirós, Maçom);

1871 – Ventre Livre (Lei Rio Branco, Maçom e Grão Mestre);

1885 – Sexagenários (Lei Saraiva-Cotegipe, ambos Maçons).

Essas três Leis extinguiriam a médio prazo a escravidão no Brasil e provocou um intenso e custoso fluxo de comércio interno de escravos, principalmente da decadente produção de cana-de-açúcar do nordeste para a crescente produção de café do sudeste. 

Muitas Lojas Maçônicas se cotizaram para comprar e libertar escravos e algumas províncias (estados) não esperaram uma decisão do poder central e já haviam libertado os escravos antes da Lei Áurea. 

Sob a influência de muitos ilustres Maçons, a Abolição da Escravatura, em 1888, foi o ato final contra a escravidão e contra a monarquia, pois desagradou a elite ruralista - que como já se disse era formada também por Maçons - sobretudo os cafeicultores do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que perderam sua mão-de-obra a custo praticamente zero.

SAUDAÇÃO NA MARCHA DO GRAU E A TRANSFORMAÇÃO DE SINAIS - Pedro Juk




Em 26.04.2018 o Respeitável Irmão José Ramiro do Nascimento, Loja Mário Behringer, 33, REAA, GLESP, Oriente de São Paulo, Capital, apresenta a questão seguinte:

*Assunto: você postou um trabalho sobre macha de Companheiro Maçom onde diz que no término se faz a saudação as luzes. Eu já pesquisei não encontrei nada que confirme que a saudação é no fim das marchas de Companheiro Maçom ou de Mestre Maçom. Tenho alguns livros e nada, os sinais de ordem, sinais de saudação, etc., etc., porém semelhantes é feito com movimentos diferentes. O prezado Irmão pode me indicar onde eu possa ter estas informações?*

CONSIDERAÇÕES:

Mano, isso é consuetudinário nos Ritos que possuem a ritualística da Marcha do Grau. Esses passos na realidade são também segredos do grau e as Lojas têm por obrigação ensinar as minúcias dessa liturgia aos seus obreiros. Em Maçonaria, muitas coisas não carecem estar explicitamente escritas. 

No caso da Marcha do Grau, se o rito a possuir, todo o obreiro ao entrar formalmente em Loja o faz pela Marcha e, ao concluí-la, ele imediatamente saúda as Luzes da Loja (Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes). Isso é uma regra tão óbvia que realmente não carece estar explícita no ritual, embora muitas instruções autênticas a mencionem.

Inerente a sua liturgia, o que ocorre é que existem três Marchas, cada uma própria a um grau simbólico, ou seja: a do Aprendiz, a do Companheiro e a do Mestre Maçom. 

A do Primeiro Grau com três passos, a do Segundo Grau com cinco passos e a do Mestre com oito passos. Explica-se: o Aprendiz, na forma de costume, dá seus três passos, enquanto que o Companheiro, em seguida, dá por primeiro os três passos do Aprendiz, somando-se a eles mais dois outros correspondentes ao Segundo Grau, o que totaliza os cinco passos. Por fim o Mestre que inicia pelos três passos do Aprendiz, somados aos dois do Companheiro e se completa com os seus próprios passos, todos dados na forma de costume. Ao final dos passos, o Mestre terá dado oito passos – três do Primeiro Grau, mais dois do Segundo, mais três do Terceiro. Por ser uma prática sigilosa, obviamente não farei aqui a descrição minuciosa de como são dados os passos das respectivas Marchas.

Retomando o raciocínio, cabe mencionar que uma das características dessas Marchas é a de que elas são sempre executadas com o Sinal do Grau correspondente composto. Em síntese, é o único caso em que se anda com o Sinal de Ordem.

Dadas essas particularidades, seguem outras ponderações. 

Em Loja do Primeiro Grau o Aprendiz deve executar os seus passos compondo o Sinal de Ordem correspondente ao seu grau. Concluídos os passos ele então saúda pelo Sinal Penal o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilante (segue essa ordem hierárquica) e a seguir volta ao Sinal de Ordem e permanece aguardando comando. 

Em Loja do Segundo Grau o Companheiro inicia a sua Marcha compondo por primeiro o Sinal de Aprendiz dando com ele os três passos correspondentes ao Primeiro Grau e em seguida, na devida forma, desfaz o Sinal de Aprendiz pelo respectivo Sinal Penal. Ato seguido compõe imediatamente o Sinal do Segundo Grau e com ele dá os dois outros respectivos passos. Concluída a Marcha de Companheiro ele, obedecendo à hierarquia, saúda pelo Sinal as Luzes da Loja e volta ao Sinal de Ordem no Segundo Grau. Assim permanece aguardando ordens. 

Finalmente, em Loja do Terceiro Grau o Mestre Maçom inicia a sua Marcha como Aprendiz; terminados esses passos ele desfaz o Sinal de Aprendiz na forma de costume, compõe diretamente o Sinal de Companheiro e dá os dois passos do Segundo Grau. Concluída essa etapa, desfaz o Sinal pelo gesto penal e por fim diretamente compõe o Sinal do Terceiro Grau dando finalmente os três passos de Mestre Maçom. Ao final da Marcha saúda pelo Sinal como Mestre Maçom as Luzes da Loja.

Como regra, a saudação às Luzes se dá apenas ao final da Marcha do Grau. O que não se pode confundir com saudação é a transformação de um para outro Sinal que normalmente acontece no Segundo e no Terceiro Grau. 

Isso se explica porque nessas ocasiões para passar de um para outro Sinal, necessário se faz completa-lo pelo movimento conhecido como Sinal Penal. O que não se admite nessas ocasiões é passar diretamente de um para outro Sinal sem antes desfazê-lo pela pena simbólica (Sinal Penal). 

É sempre bom lembrar que um Sinal do Grau (Gut∴, Cord∴ e Ventr∴), também conhecido como Sinal de Ordem, se arranja por dois gestos, um estático que se refere à sua composição propriamente dita e outro em movimento que é o modo correto para desfazê-lo, ou seja, o Sinal de Ordem sempre é desfeito pela pena simbólica a ele relativa, forma essa haurida das obrigações (juramentos) que deram origem aos Sinais de cada grau.

Outro aspecto para se considerar é o de que, embora toda saudação maçônica seja sempre feita pelo Sinal Penal, nem sempre esse movimento penal é uma saudação. A questão é a de quando um Sinal é utilizado para se saudar alguém e a de quando ele acontece para cumprir outras regras ritualísticas. Nesse sentido é imperativo que o maçom saiba diferenciar uma de outra situação para não incorrer em aleivosias ritualísticas.

Um bom exemplo disso pode ser constatado na execução das Marchas de Companheiro e de Mestre. Nessa oportunidade, durante a sequência dos passos é prevista mudança de um para outro Sinal. Note-se que essa mudança não é saudação maçônica, mas sim uma alteração de Sinal por processo gestual penal – desfazendo um por completo antes de compor o outro. Nesse caso a saudação somente se dá às Luzes da Loja ao final da Marcha do Grau. O que ocorre antes é apenas e tão somente transformação de Sinal.

Outro viés importante é o de que os passos do grau, em qualquer situação formal de ingresso, se dão sempre a partir da Marcha do Primeiro Grau. Assim, os passos do Segundo Grau somam-se obrigatoriamente aos do Primeiro Grau e os do Terceiro Grau, somam-se aos do Companheiro e aos do Aprendiz. A ordem para tal é sempre se iniciar do menor para o maior.

É oportuno também esclarecer que o termo “diretamente” normalmente utilizado ao se mencionar a troca de sinais durante a Marcha (o que não é saudação) significa o ato de se passar de um para outro sinal na forma de costume, isto é, desfazendo por completo um sinal antes de compor o seguinte. Em absoluto o termo “diretamente” nesse caso denota passar de um para o outro sinal “diretamente” sem antes desfazer por completo o anterior. Assim, o termo aqui também implica em não se saudar as Luzes durante na transição do sinal, porém passar diretamente de um para outro na forma de costume (desfazendo-o pelo Sinal Penal).

Eram essas as explicações plausíveis para a ritualística que envolve os passos do Grau. Na realidade, nos primeiros rituais do escocesismo simbólico a partir de 1804 em solo francês, não existiam marchas distintas para cada grau. O que existia era o conjunto denominado “Passos Regulares do Rito” e que se davam simplesmente por “oito passos normais”. Com a evolução e aprimoramento dos rituais a partir dos meados do século XIX, esses oito passos seriam divididos por graus simbólicos, mas que no final da jornada iniciática atingem o total de oito passos. 

Alegoricamente, esses oito passos, juntados ao ponto Cord∴ que fica oculto no coração de H∴ dentro do esq∴, perfazem o número “nove”, número esse considerado como a chave da Grande Iniciação no REAA∴.

Concluindo, a liturgia de um rito maçônico esconde nas suas entrelinhas o verdadeiro segredo da Arte - a doutrina iniciática. Os passos relativos às Marchas correspondem de modo sintético a toda a jornada do maçom na senda iniciática. Da retidão dos primeiros passos, passando pela busca de conhecimento no Norte e no Sul até a simulação da marcha anual do Sol em sua eclíptica. Ao final desse trajeto o Mestre encontrará o verdadeiro significado do Oriente da Loja.



SOBRE O MÉTODO MAÇONICO - Nuno Raimundo




Muito se fala e especula sobre o que é e o que será o tão propalado Método Maçônico.

Ele não é mais que um método de busca, estudo e aprendizagem que auxilia o maçom ao longo da sua vida.

Tal como outros métodos de estudo ou de vida, ele não é melhor nem pior, mas é o que o maçom utiliza.

O maçom através da sua busca incessante de informação/conhecimento, a procura da dita “Luz”, o leva a questionar os motivos, as razões, os porquês….

“O que é?”, “O que será?”, “O porquê?” e “Para que serve?” são para os maçons, tal como para os profanos, a base do caminho de suplantação das suas dúvidas, sejam elas mundanas ou mais elevadas.

Ele nunca se irá prender a sofismas e dogmas irrisíveis ou inclusive a cepticismos vãos que o levarão a um caminho de busca sem fim ou qualquer retorno palpável.

Ele mesmo, através do seu empenho e trabalho, combate os dogmas instalados sem que tenham razão aparente para existirem. Ele debate, questiona, aprende, e principalmente procura as razões para tal… Nunca se ficando com “é assim porque tem de ser…”. Tal afirmação e suas semelhantes não lhe servem como respostas para as suas dúvidas. Ele quer mais… E por isso procura! E faz!

Tal como as três afirmações bíblicas, muito usadas por várias correntes esotéricas (a Maçonaria é uma delas) “ Bate e ela se abrirá… Procura e acharás… Pede e receberás…”, é através dessa busca e desejo de conhecimento que o maçom até ao fim dos seus dias será impelido a trabalhar e estudar de forma empenhada, nunca ficando contente ou satisfeito com o que vai obtendo. Ele quer mais e procura/faz por isso! E é essa atitude de não resignação, de “nunca baixar os braços”, que é fundamental para o método maçônico.

“Se tens dúvidas, trabalha para as combater”… Este podia ser um mote de incentivo ao maçom, tal como tantos outros que existem e que guiam ou incentivam o maçom ao longo da sua vida.

-Por isso, sempre que alguém ouvir falar de um eventual método maçônico, saberá à partida que se trata de um método de trabalho e não algo de conspirativo como algumas mentes mais “conspurcadas” ou menores como eu as considero, tentam fazer acreditar.-

O maçom ao longo da sua caminhada, tem uma atitude proativa. Isto é, ele não é uma pessoa de se encolher, de ficar de braços cruzados sem nada fazer. Ele estuda, trabalha, debate, ensina. Nunca se ficando pelo que obtém nem o tomando como garantido.

Tudo na vida é transitório, uma espécie de devir. E como tal, apenas tendo atitudes que visem obter evolução pessoal, progressão cultural, entre outras…, é que o maçom se poderá afirmar entre os demais.

Hoje em dia já não basta ao maçom ser reconhecido pelos seus irmãos como tal, ele deve ser reconhecido pelos outros como tal. Um Homem Livre e de Bons Costumes!

E para se ser um Homem Livre e de Bons Costumes, ao maçom não lhe servirá apenas ser alguém com uma moralidade acima da média, ou que apenas pratique a caridade e a solidariedade com o próximo.

É através do conjunto destas e de outras qualidades, que o maçom desenvolve o seu método pessoal de vida. O Método Maçônico é também isso. Uma forma de viver.

E é também partilhando essa forma de estar com os demais, que ele aprende, se cultiva e se informa. Tudo o que ele adquirir no percurso dessa caminhada, não será apenas dele, será também de quem o rodeia. Pois apesar de o maçom trabalhar a sua pedra bruta, ele não o faz de forma solitária. Ao seu lado estarão sempre os seus irmãos, que lhe servirão de amparo e o conduzirão no rumo certo, e que ele por sua vez, também ensinará e amparará quando assim tiver de o fazer.

Por isso, não só na sua Loja Maçônica, no seu Templo, deve o maçom trabalhar tanto para ele bem como para os demais, mas acima de tudo, deve ele no mundo profano manter essa conduta. Pois os ganhos adquiridos, os tão profanos “lucros” serão para a comunidade, porque o Maçom não busca distinções no que faz. Faz e assim continua a fazer… Para o bem comum!

E quanto mais rápido ele interiorizar essa ideia na sua mente, mais facilmente progredirá como pessoa, o tal “aperfeiçoamento moral”, tão caro à filosofia maçônica.

E se o Homem não deseja progredir, anda cá na Terra a fazer o quê, realmente?

A ver os dias a passar?!

E porque não tornar esses dias mais agradáveis para a generalidade?

Essa é também uma das obrigações do maçons; e para tal, como pode alguém contribuir para um mundo melhor, se não partir de si, a vontade de se tornar em algo melhor…

O método maçônico serve para isso, exclusivamente!



maio 12, 2025

A QUESTÃO DA ALIMENTAÇÃO - Heitor Rodrigues Freire



De todas as atividades humanas, uma que deve merecer atenção redobrada de nossa parte é a alimentação, por tudo que representa e por suas consequências. Ela é uma daquelas áreas do conhecimento pouco valorizadas. Talvez por ser tão elementar e por se iniciar em uma ação mecânica dos dentes, acaba sendo realizada de forma automática.

Mas o que é a alimentação?

É o processo de ativação do nosso corpo – que é o templo da nossa alma – e deve merecer atenção adequada, pois é fundamental para a nossa saúde, que nasce e se fortalece exatamente pela qualidade dos alimentos que ingerimos, e também pela forma como mastigamos. A mastigação correta nem sempre é observada, sendo, muitas vezes, negligenciada.

O ambiente de pressa e correria em que vivemos criou o meio propício à obesidade, pois acabamos engolindo o alimento aos pedaços. E a mastigação exerce papel importante no controle desse problema. Assim, precisamos aprender por meio de pequenas mudanças de atitude e uma certa criatividade para avançar nesse controle. É muito comum observarmos as pessoas se alimentando e ao mesmo tempo usando o celular ou assistindo televisão. 

A mastigação é a primeira fase da digestão, e para que ela ocorra de maneira benéfica para o nosso organismo os alimentos devem ser bem mastigados, de modo que as partículas sejam expostas ao suco gástrico e às enzimas que irão digerir os alimentos e absorver os nutrientes de maneira saudável pela mucosa intestinal.

Através da mastigação lenta em ambiente tranquilo obtém-se a saciedade precoce, ou seja, a pessoa se sente satisfeita mais rapidamente, o que a leva a comer menos, ter menor tendência ao ganho de peso, melhor digestão, mais prazer com a alimentação e mais saúde. Muitos trabalhos científicos apontam para isso. O objetivo dessa atitude é incorporar novos hábitos que, uma vez automatizados, possibilitem um novo modo de se relacionar com a comida.

A questão não é apenas a alimentação física, que nos fornece os nutrientes necessários para a nossa saúde e continuidade. Há também a alimentação representada por nossos atos, pensamentos e palavras, que influem em nosso comportamento e como tal deve ser devidamente avaliada. O momento de alimentar o corpo é um momento sagrado, porque o nosso corpo é o templo da nossa alma, e ter consciência disso é fundamental.

Ou seja, uma alimentação saudável deve ser equilibrada, moderada e diversificada. Além disso, saúde mental, atividade física, movimento e sono constituem os pilares de uma vida saudável. 

Para se ter uma alimentação saudável, alguns pontos importantes devem ser destacados, como: não pular refeições, comer verduras, legumes e frutas diariamente, ingerir alimentos in natura ou minimamente processados, evitar comida com muita gordura, evitar o excesso de sal e beber ao menos dois litros de água por dia.

Enfim, a boa alimentação deve merecer atenção permanente de quem quiser fazer das refeições um ato consciente para o bom funcionamento de sua saúde.


MANIFESTAÇÃO DA GLUI SOBRE RELIGIÃO - Eleutério Nicolau da Conceição





Este texto foi publicado em 2014 no livro: “Arte Real – Reflexões Históricas e Filosóficas”, que escrevi em parceria com o irmão Walter Celso de Lima. Consta do capítulo “A Questão Religiosa”, e está registrado a partir do pé da página 139, até o topo da página 142. Sua tradução é de minha responsabilidade e foi feita a partir da revista “Massoneria Oggi”, do Grande Oriente D’Itália, ano IV, No 5, referente aos meses de setembro e outubro de 1997. Nessa revista o texto em questão está inserido na íntegra no artigo: “La Massoneria e il G.A.D.U. Um Dio Massonico che non existe”, de autoria de Delfo Del Bino, Da Universidade de Florença. É um longo e interessante artigo, no qual o texto citado ocupa apenas duas colunas, de um total de 12. Na verdade, em seu artigo Del Bino transcreve a manifestação da GLUI do livro de Giuliano Di Bernardi: “Filosofia dela massoneria”, para usa-la como contraponto aos argumentos do próprio Di Bernardi, que tenta definir filosoficamente um Deus maçônico.

A Grande Loja Unida da Inglaterra publicou declaração em 1985 definindo as diretrizes básicas da maçonaria sobre a relação Maçonaria/Religião, as quais transcreveremos a seguir:

 

1) Enunciado Fundamental

“A maçonaria não é uma religião nem substituto da religião. Ela exige de seus adeptos a crença em um ser supremo do qual, todavia, não oferece uma doutrina de fé.

A maçonaria é aberta a homens de todas as fés religiosas.

Nos trabalhos de loja é proibido se discutir religião.

 

2) O Ser Supremo

Os nomes utilizados para indicar o Ser Supremo permitem a homens de fés diferentes unirem-se em prece a Deus como cada um deles o concebe, sem que o conteúdo da prece seja causa de discórdia. Não existe qualquer deus maçônico. O deus do maçom é aquele da religião que ele professa. Os maçons mantém respeito recíproco pelo Ser Supremo definido como tal em sua respectiva religião. Não é objetivo da Maçonaria procurar unificar religiões diversas: não existe portanto qualquer deus maçônico composto.

 

3) O Livro da Lei Sagrada

A Bíblia, considerada pelos maçons como o Livro da Lei Sagrada, é sempre aberto durante os trabalhos de Loja.

 

4) As Obrigações dos Maçons

Os maçons assumem compromisso jurando sobre o Livro da Lei Sagrada. Eles se empenham em manter sobre segredo os sinais de reconhecimento e em seguir os princípios da Maçonaria.

As punições físicas são puramente simbólicas, não são objeto de compromisso. O empenho em seguir os princípios da maçonaria É obrigatório.

 

5) Confronto entre maçonaria e religiões

Na maçonaria não existem os seguintes elementos constitutivos de uma religião:

a) uma doutrina teológica; vetando-se as discussões sobre religião, se deseja impedir o surgimento de uma doutrina teológica maçônica;

b) oferta de sacramentos;

c) A promessa de salvação mediante obras, conhecimento de segredos ou outros meios; os segredos da maçonaria referem-se a métodos de reconhecimento e não à salvação.

 

6) A maçonaria respeita a religião

A maçonaria não é, de modo algum, indiferente à religião. Sem interferir com a prática religiosa, ela incentiva seus adeptos a seguirem sua fé particular, pondo seus deveres em relação a Deus (em todos os nomes mediante os quais ele seja conhecido) acima de todos os outros. Os ensinamentos morais da maçonaria são aceitáveis por todas as religiões. Desta maneira, a Maçonaria respeita as religiões.”

 

Essa declaração teve como objetivo esclarecer todos os equívocos existentes sobre o tema, os quais, infelizmente ainda permanecem. Sendo continuamente trazidos novamente à discussão.


Esse texto foi traduzido da revista do Grande Oriente da Itália: “Massoneria Oggi.”

D. Del Bino, La Massoneria e il G.A.D.U. Un Dio massonico che non esiste. Massoneria Oggi, Anno IV, No5, 1997, pp 20,21.