junho 07, 2024

PORQUÊ "MEU IRMÃO", E NÃO "MEU AMIGO"? - Paulo M.



Os maçons tratam-se, entre si, por "irmão", tratamento que é explicitamente indicado a cada novo maçom após a sua iniciação. Imediatamente após terminada a sessão de Iniciação é normal que todos os presentes cumprimentem o novo Aprendiz com efusivos abraços, rasgados sorrisos e, entre repetidos "meu irmão", "meu querido irmão" e "bem vindo, meu irmão", recebe-se, frequentemente, mais afeto do que aquele que se recebeu na semana anterior.

O que seria um primeiro momento de descontração torna-se, frequentemente, num verdadeiro "tratamento de choque", num momento de alguma estranheza e, quiçá, algum desconforto para o novo Aprendiz. Afinal, não é comum receber-se uns calorosos e sinceros abraços de uns quantos desconhecidos, para mais quando estes nos tratam - e esperam que os tratemos - por irmão... e por tu! Sim, que outro tratamento não há entre maçons, pelo menos em privado - que as conveniências sociais podem ditar, em público, distinto tratamento.

O primeiro momento de estranheza depressa se esvai - e os encontros seguintes encarregam-se de tornar naturalíssimo tal tratamento, a ponto de se estranhar qualquer "escorregadela" que possa suceder, como tratar-se um Irmão na terceira pessoa... Aí, logo o Aprendiz é pronta e fraternalmente corrigido, e logo passa a achar naturalíssimo tratar por tu um médico octogenário, um político no ativo, ou um professor universitário. E de facto assim é: entre irmãos não há distinção de trato.

Não se pense, todavia, que todos se relacionam do mesmo modo. Afinal, não somos abelhas obreiras, e mesmo entre essas há as que alimentam a rainha ou as larvas, as que limpam a colmeia, e as que recolhem o néctar. Do mesmo modo, todos os maçons são diferentes, têm distintos interesses, e não há dois que vivam a maçonaria de forma igual. É natural que um se aproxime mais de outro, mas tenha com um terceiro um relacionamento menos intenso. Não é senão normal que, para determinados assuntos, recorra mais a um irmão, e para outros a outro - e podemos estar a falar de algo tão simples quanto pedir um esclarecimento sobre um ponto mais obscuro da simbologia, ou querer companhia ao almoço num dia em que se precise, apenas, de quem se sente ali à nossa frente, sem que se fale sequer da dor que nos moi a alma.

Mas não serão isto "amigos"? Porquê "irmãos"? Durante bastante tempo essa questão colocou-se-me sem que a soubesse responder. Sim, havia as razões históricas, das irmandades do passado, mas mesmo nessas teria que haver uma razão para tal tratamento. O que leva um punhado de homens a tratarem-se por "irmão" em vez de se assumirem como amigos? Como em tanta outra coisa, só o tempo me permitiu encontrar uma resposta que me satisfizesse. Não é, certamente, a única possível - mas é a que consegui encontrar.

Quando nascemos, fazemo-lo no seio de uma família que não temos a prerrogativa de escolher. Ninguém escolhe os seus pais ou irmãos de sangue; ficamos com aqueles que nos calham. O mais natural é que, em cada núcleo familiar, haja regras conducentes à sua própria preservação e à de todos os seus elementos, regras que passam, forçosamente, pela cooperação entre estes. É, igualmente, natural que esse fim utilitário, de pura sobrevivência, seja reforçado por laços afetivos que o suplantam a ponto de que o propósito inicial seja relegado para um plano inferior. É, assim, frequente que, especialmente depois de atingida a idade adulta, criemos laços de verdadeira e genuína amizade com os nossos irmãos de sangue, que complementa e de certo modo ultrapassa, em certa medida, os meros laços de parentesco.

Do mesmo modo, quando se é iniciado numa Loja - e a Iniciação é um "renascimento" simbólico - ganha-se de imediato uma série de Irmãos, como se se tivesse nascido numa família numerosa. Neste registo, os maçons têm, uns para com os outros, deveres de respeito, solidariedade e lealdade, que podem ser equiparados aos deveres que unem os membros de uma célula familiar. Porém, do mesmo modo que nem todos os irmãos de sangue são os melhores amigos, também na Maçonaria o mesmo sucede. Não é nenhum drama; o contrário é que seria de estranhar. Diria, mesmo, que é desejável e sadio que assim suceda, pois a amizade quer-se espontânea, livre e recíproca. E, tal como sucede entre alguns irmãos de sangue, respeitam-se e cumprem com os deveres que decorrem dos laços que os unem, mas não estabelecem outros laços para além destes. Pode acontecer - e acontece. Mas a verdade é que o mais frequente é que, especialmente dentro de cada Loja, cada maçom encontre, de entre os seus irmãos, grandes amigos - e como são sólidos os laços de amizade que se estabelecem entre irmãos maçons!

MAÇONARIA E ÉTICA – UMA QUESTÃO DE FILOSOFIA DE VIDA - Degival Sebastião da Silva


O presente estudo não tem a finalidade de esgotar o tema e nem encontrar uma resposta absoluta, dado a sua abrangência que cada um faz para alcançar diferentes entendimentos, mas sim, apresentar um breve estudo de carácter reflexivo entre Maçonaria e Ética. Para falar de Maçonaria, não podemos deixar de dizer que ela se divide em Maçonaria simbólica e filosófica, porque a nossa mente, desde que somos iniciados, passa a estudar por meio da ciência filosófica, o conhecimento humano e das coisas que constitui o mundo material e espiritual, já que filosofia é o estudo da vida e para a vida, assim, podemos dizer que o Maçom se deve instruir a respeito desta ciência, porque a vida em si é o exercício da filosofia.

MAÇONARIA E FILOSOFIA

Sobre a ciência filosófica, devemos primeiramente entender o que é filosofia e onde ela se encaixa na doutrina e nos princípios da Maçonaria, por ser uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a Humanidade, a começar pelo amor, sem esquecer que devemos buscar o aperfeiçoamento dentro da Ordem para moldar os nossos hábitos e costumes, nesse contexto, surge a prática do direito se quisermos alcançar a igualdade e o respeito à autoridade e à crença de cada um, assim podemos dizer que a prática do amor e da sabedoria são os grandes pilares para se fazer cumprir os objetivos na nossa Sublime Instituição, que espera dos seus membros, embora sabemos que a Maçonaria nada impõe, apenas nos indica e orienta pela sua doutrina, até porque nada há de pronto, que nos aperfeiçoe nos estudos sugeridos se quisermos tornar feliz a humanidade. Isto quer dizer, que jamais devemos  praticar tão somente no relacionamento entre os irmãos, mas também nos grupos sociais que estamos inseridos, ela dá-nos condições para que cada um nós busque primeiramente o aperfeiçoamento do nosso próprio EU e a partir do domínio de si, estaremos aptos a externar a aprendizagem ao sistema de relacionamento entre as pessoas, por isso, a prática da filosofia maçônica deve ser externada de dentro para fora do Templo – esta é a missão da Maçonaria se quisermos atingir o estilo de vida a nós recomendado pela nossa Sublime Ordem.

Para se aproximar da ciência filosófica, cada um de nós deve procurar as respostas para as mais variadas perguntas de carácter filosóficos, como por exemplo: O mundo foi criado? Existe vida após a morte? Como devemos viver? embora tenhamos que ressaltar que o conhecimento de outras pessoas que buscaram as respostas para si, terá utilidade e a nós ser útil para encontrarmos as nossas próprias respostas.

A ESPIRITUALIDADE MAÇÔNICA

Como sabemos, a Maçonaria não é uma religião, mas ela exige que todos os seus Obreiros tenham FÉ num só e Único Deus, que nós o denominamos de Grande Arquiteto do Universo – G∴ A∴ D∴ U∴, esta denominação vem a confirmar que o Maçom tem um só Deus que é Universal, o mesmo Deus de todas as religiões, assim, a doutrina maçônica que estudamos, não lapida o homem se ele não quiser, mas com certeza o incentiva a buscar o crescimento espiritual com elevada conduta Ética e Moral, porque entende que o homem pode atingir um padrão de vida que é capaz de aperfeiçoar o seu senso de justiça.

A Espiritualidade como doutrina cristã, exerce forte papel no quadro de Obreiros para manter a Ordem viva e atuante que desde o seu surgimento, não admite que nos seus meios haja Ateus. O profano ao ser iniciado necessariamente passa a demonstrar a sua FÉ em DEUS, o nosso SER Maior que Criou o Universo e todas as coisas que nele existe e existiu, por tudo isso, é o princípio de toda criação, nele o profano deposita plena confiança para se submeter a todas as provas que terá que enfrentar pela frente para o renascimento de uma nova era e novos tempos da sua vida, que é a Maçonaria.

MAÇONARIA E JUSTIÇA

A prática da moralidade é um estado de conduta sugerida a todos os obreiros na certeza de se fazer cumprir a obediência e a prática das leis da justiça divina e da justiça humana, porque sabemos que é por meio da justiça que buscamos a perfeição e a honra, daí vem o sentido da frase “tudo está justo e perfeito”, o justo vem da justiça do direito e o perfeito dos princípios e das normas legais, é por isso que os trabalhos de uma Sessão transcorrem dentro dos princípios e Leis Maçônicas.

A justiça não é um conceito puramente lógico, vazio e sem conteúdo, mas ela jamais se desliga da ética, mesmo sabendo que têm conceitos diferentes, que estão intimamente unidos, porque a convivência social exige que a conduta humana seja pautada de acordo com a moral, sem justiça a vida seria de conflitos constantes entre as pessoas por desconhecerem os seus direitos e deveres, por isso, “A justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o que de fato é seu”.

O sentimento de justiça é um dos fatores dominantes no campo das virtudes que são exigidos dos Maçons, já que a virtude revela o carácter do homem, esse sentimento está explícito no apoio incondicional de toda a Maçonaria Universal pelas lutas aos direitos humanos, sem justiça não há paz e sem paz a liberdade do homem ficaria comprometida.

Como sabemos, a Maçonaria não renuncia às clássicas concepções de justiça, ao mesmo tempo defende as suas lutas e pregações numa filosofia de respeito e dignidade do Homem como um ser capaz de construir uma sociedade onde prevaleçam os ideais supremos de paz profunda, harmonia e justiça niveladora, absorvidos nos mais puros sentimentos de Fraternidade.

ÉTICA MAÇÔNICA

Depois de ter dissertado sobre os diversos temas que estão diretamente associados à Maçonaria, pergunta-se: Nós Maçons, estamos cumprindo o nosso papel de combate a ignorância, a intolerância, aos preconceitos, aos erros, glorificando o Direito, a Justiça e a Verdade? Estamos promovendo o bem-estar da Pátria e da Humanidade, levantando templos à Virtude e cavando masmorras ao vício para promover a Ética e a Moral?

Para responder, primeiro torna-se necessário entender o que é Ética e Moral e onde estão inseridas na nossa Ordem. Pois bem, Ética segundo o Míni Dicionário Aurélio, é o “estudo dos juízos de apreciação referente à conduta humana do ponto de vista do bem e do mal, e ainda, conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta de um ser humano”, enquanto que Moral, são as definições dos costumes editados por regras para cada tipo de sociedade.

A Maçonaria de qualquer parte do Universo promove a Ética e a Moral, porque apresenta aos seus membros leis próprias para regular os usos e costumes das tradições, propondo obediência aos limites definidos nas suas Normas, Constituições, Regulamentos, Regimentos, Landmarks e Regimentos Internos das Lojas. Assim, ela dita as normas e regras de condutas do que pode ou não pode ser feito e quaisquer deslizes que infringem o seu código de conduta Ética e Moral, aplica-se as sanções cabíveis.

A Maçonaria é uma Escola Iniciática que admite a Ética como uma disciplina crítico-normativa para os estudos das normas de condutas de convívio social, nos quais orienta a prática do bem, não confundindo com o direito, com a religião e a arte, cujos valores são entre si diversos. Ela caracteriza a Ética como uma ação que sintetiza e explica o conjunto de normas individuais, cujo conteúdo é a moralidade positiva, como símbolos e fatos que se transformam em valores, entende e compreende a Ética e a interioriza nos seus ritos.

A Ética na Maçonaria não pode se resumir a um código de normas, ela é muito mais que um simples manual, pois devemos compreendê-la como um meio de busca da felicidade de si mesmo e do próximo (Ame o próximo como a si mesmo – Mateus 22:37-39) que é o propósito da Maçonaria, por ser uma sociedade progressista que se preocupa com o progresso interior e com o bem-estar do homem, que não se limita somente aos estudos, mas sim, à prática em todos os meios sociais.

DEVERES DO MAÇOM

A Norma Jurídica regula as relações humanas, por meio do Direito em Ação, a partir do momento que a Sociedade informa as suas necessidades, surge o jurista como meio moderador para regular as pretensões, sempre partindo do princípio que o homem é a causa e o efeito é o direito, da mesma forma ocorre na Maçonaria, quando o Maçom é a causa por algum comportamento desleal que venha a infringir o cumprimento das suas normas, o efeito é a aplicação do conjunto de normas e leis próprias que regem a Maçonaria.

Quando fomos iniciados, o Ir∴ Orador, que é o guardião da lei,  já nos diz quais são os deveres do Maçom para com a Maçonaria, isso quer dizer que primeiramente somos orientados dos deveres antes mesmo de saber quais são os seus direitos, recordamos que a nós são relevados o deveres, a começar por manter com o  profundo silêncio por tudo aquilo que vimos e pelo que são revelados, onde assumimos o dever de respeitar a Maçonaria como sendo a mais nobre das Instituições Humanas, que nos estimula e exige a prática da virtude, pois a virtude revela o carácter do homem para fazer o bem ao próximo e ser útil à humanidade, e ainda, a obrigação consciente do Maçom em cumprir e se fazer cumprir um conjunto de normas e leis maçônicas, já que a nossa missão é fazer tornar feliz a humanidade a começar pela família maçônica.

Se não bastasse, o Maçom também assume deveres para com a humanidade, se se ele quer desenvolver como membro da Ordem e da própria Ordem as ações de condutas como sendo parte da sociedade como um todo, tem o dever de contribuir para o aperfeiçoamento moral, intelectual, material e social da humanidade, por meio do cumprimento dos deveres, pela prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade, para com a pátria, a Maçonaria sempre se preocupou e se preocupa com a educação cívica do cidadão-maçom.

Recordamos que em todas as Sessões Magnas o culto à Bandeira Nacional é uma particularidade da Ordem, não podemos esquecer os deveres do Maçom para com a família, já que os ensinamentos maçônicos são decodificados e repassados à família, através do conhecimento teórico e da vivência prática do dia a dia. Os deveres para consigo mesmo consistem na prática inabalável de vencer as paixões que degradam o espírito do homem para que possamos usar a expressão livre e de bons costumes, por fim, obediência à lei, não somente a lei profana e a lei maçônica, mas também, a lei Moral, revelada no Livro da Lei.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale relembrar de alguns momentos da nossa inesquecível iniciação na Respeitável Grande Ordem, das memoráveis perguntas da ritualista iniciática que a nós são formuladas, dentre as quais não podemos esquecer quando somos questionados do que esperamos encontrar na Ordem Maçônica? E as respostas são quase que unanimes, a busca do Conhecimento, Evolução Espiritual e Crescimento Pessoal. Então podemos dizer que a Maçonaria é de fato uma das mais Nobres e Respeitáveis Instituições Humanas que preza pelo aperfeiçoamento e cumprimento do direito já que tem como objetivo o amor fraternal entre os Maçons para então tornar feliz a humanidade.

Assim sendo, não é difícil entender que a Maçonaria é uma Escola Iniciática de carácter progressista que contempla na sua doutrina, a Ética como uma disciplina de carácter crítico-normativa que determina as regras de condutas da forma como devemos viver numa sociedade grupal de pessoas com diferentes tipos de comportamentos e atitudes, que ao Maçom é sugerido a tolerância de pensar, sentir e agir por meio da ação como indivíduo ou em grupo social.

Portanto, cabe a nós maçons o dever de praticar a Ética e Moral, dentro e fora dos Sagrados Templos, pois a aprendizagem obtido dentro da Ordem para tornarmos cidadãos exemplares no convívio familiar e social, e ainda, o dever de representar a Maçonaria perante Sociedade Humana, já que ela é reconhecida como instituição que tem como objetivo tornar feliz a humanidade, por ser uma Sublime Instituição, que nos oferece uma rica doutrina que aprimora o nosso espírito, como uma verdadeira Escola de cunho   social, moral e espiritual.



junho 06, 2024

A CRITICIDADE DOS NOSSOS GRAUS E CATECISMOS INDIVIDUAIS - William H. Boyd


Duas das sugestões mais comuns que ouço de irmãos muito bem-intencionados que querem atualizar ou modernizar a Maçonaria é dar aulas de um dia para os graus e tirar ou eliminar os catecismos. A maioria dos que sugerem estas ideias também dizem que é importante cumprir as obrigações; então todo o candidato deveria aprender e recitar as suas obrigações, mas os catecismos, dizem-nos eles, estão desatualizados e têm pouco ou nenhum valor na sociedade de hoje, que está a ser esmagada por exigências do nosso tempo coletivo. A teoria é que o tempo de um candidato é melhor gasto a terminar rapidamente os seus graus (talvez através de uma aula de um dia) para que ele possa começar a estudar Maçonaria ao seu próprio ritmo, de acordo com o seu próprio estilo de vida e tempo disponível.

Eu peço desculpa, mas não concordo. Eu não apenas acredito que o processo completo, graus individuais e catecismos são críticos para desvendar os mistérios da Maçonaria e que cada candidato deve, em todos os casos, receber cada grau, individualmente, na forma devida e antiga, mas também que deve aprender e recitar os catecismos associados. Embora eu tenha isto como uma crença pessoal, acredito que estes dois aspectos do nosso ritual são críticos para a continuação da nossa Ordem.

PERGUNTA: Existe uma necessidade ou um papel na nossa fraternidade no futuro para graus individuais completos e os seus catecismos relacionados na Maçonaria de hoje? Ou eles se tornaram obsoletos na sua forma atual e precisam de ser encurtados, combinados ou até completamente abandonados? Podemos tornar o processo de evolução nos graus muito mais curto e muito mais eficiente projetando métodos novos ou modificados para ensinar os novos maçons?

RESPOSTA: Os graus são a alegoria usada para retratar e partilhar a Maçonaria e o simbolismo é a linguagem da Ordem. O processo completo, graus individuais e os catecismos relacionados são as principais ferramentas para treinar a mente do novo Maçom para pensar em termos de alegoria e símbolos e quebrar a dependência do Maçom em escrever e ler a palavra escrita. Através dos graus individuais e catecismos associados, o novo Maçom aprende a interpretar a alegoria maçônica e a identificar e compreender os símbolos maçônicos – sendo ambos necessários para um Maçom aprender e interiorizar a Maçonaria e os seus princípios fundamentais, e então participar em comunicações maçônicas com outros irmãos da Ordem.

DISCUSSÃO: A Maçonaria provavelmente surgiu e evoluiu numa época anterior à palavra escrita, e então, sem dúvida, continuou a se expandir por um período em que apenas os ricos e bem relacionados podiam ir à escola e eram ensinados a ler. Muitos acreditam que emergimos das antigas escolas de mistérios do Egito, que geralmente eram estruturadas de uma forma semelhante ao próprio processo iniciático que praticamos hoje.

O processo Iniciático usado em muitas Ordens antigas consistia geralmente em cerimónias onde um candidato era imbuído do conhecimento necessário de acordo com incrementos (graus) definidos que se baseavam em conhecimentos preexistentes ou lições anteriores. O objetivo das cerimónias era trazer cada novo membro da Ordem para um nível comum de conhecimento para entender a sua Ordem e interagir de igual para igual com os outros membros do.

O trabalho de campo dos graus ensina-nos as lições alegóricas e os símbolos da Maçonaria, enquanto os catecismos nos ensinam como ver, reconhecer e entender essas alegorias e símbolos, e então como comunicar esse conhecimento. Em resumo, aprendemos a Maçonaria e os seus princípios através dos graus e catecismos da mesma forma que os nossos irmãos de longa data partilharam a Maçonaria e os seus conhecimentos – usando apenas as suas línguas instrutivas para comunicar as lições aos ouvidos receptivos.

A Maçonaria nunca teve a intenção de ser ensinada por meio de linguagem escrita ou livros didáticos – ferramentas que provavelmente não existiam no nascimento da Ordem. Em todas as épocas, foi passada de uma geração para a outra através das suas alegorias e símbolos. É fundamental que os maçons experimentem individualmente o trabalho de Campo para ver, viver e experimentar a alegoria, e depois aprender os catecismos que são ferramentas que treinam a mente para traduzir as nossas alegorias em símbolos maçônicos, tornando assim possível entender, comunicar e ensinar princípios maçônicos fundamentais na sua forma verdadeira e original.

Uma vez devidamente instruído nos graus e catecismos, a mente do candidato está aberta para pensar, conceber e ensinar alegoricamente, e ver, ler e compreender os símbolos da Maçonaria ensinados através das experiências dos graus. Mas essa educação ou treino da mente não pode acontecer se os graus ou os catecismos forem omitidos ou eliminados da experiência iniciática do candidato. Se um candidato não pratica durante um grau, combinando pessoalmente passos e ações com palavras e símbolos, como pode então entender a alegoria que tal caminhada representa? Se não aprende os símbolos ligados às suas próprias ações e movimentos através da instrução e recitação de catecismos, como pode então conhecer o coração e a alma da Maçonaria na sua forma original e simbólica? Se os candidatos não veem ou sentem o valor cognitivo do investimento da seu tempo e trabalho, então meu Irmão, talvez seja realmente isso que está quebrado e talvez seja isso que precisamos de consertar!

Pode a Maçonaria ser modernizada? Talvez. Mas numa época em que os nossos Irmãos estão cada vez mais exigentes em aprender mais sobre a nossa história e princípios maçônicos, devemos continuar a fornecer a essência e o núcleo da própria Maçonaria através da sua forma original, conforme pretendido pelos nossos ancestrais e posteriormente apresentado a todos os Maçons que percorreram caminhos maçônicos antes de nós! Os nossos Irmãos procuram os escritos dos grandes autores maçônicos como Pike, Mackey e outros, mas será  que eles podem realmente entender as ideias e interpretações desses escritores se não tiverem experimentado e aprendido as lições essenciais transmitidas através dos graus e catecismos? Devemos ensinar os novos Maçons a pensar alegoricamente e a identificar, relacionar e aplicar símbolos maçônicos à medida que estudam os nossos princípios maçônicos e constroem o seu próprio edifício maçônico.

Buscamos tornar-nos e ser Maçons, dando continuidade à nossa Ordem ofício e às impressionantes tradições dos nossos ancestrais? Ou buscamos tornar-nos um grupo de homens que simplesmente leem e falam sobre como os Maçons historicamente partilharam a sua Ordem? A Maçonaria em toda a sua beleza e os seus segredos estão contidos na sua forma completa dentro das nossas alegorias e símbolos e cabe a nós procurá-los e ensinar aos novos Maçons como aprender e partilhá-los de forma historicamente devida, se quisermos propagar a Ordem e os seus belos princípios para o futuro.



A MORTE E O RENASCIMENTO -


A oposição entre a morte e a vida é uma das questões mais antigas que a humanidade enfrenta. No entanto, morrer opõe-se a nascer, enquanto Alfa e Ômega de cada tempo de vida.

No mundo ocidental estamos habituados a temer o outro, ou seja, tudo o que é contrário; somos nós ou os outros; se temos vida tememos a morte. Branco ou preto, opostos ou complementos. Antítese.

No mundo oriental, encontramos a síntese da vida e da morte. Ambas fazem parte do caminho, entrelaçadas, permitem ao homem que avança para a morte saber-se imortal.

A morte será real ou simbólica?

Toda a morte é simbólica e iniciática, permitindo-nos ingressar numa nova vida, renascendo interiormente e transmutando o nosso íntimo, o nosso verdadeiro ser.

Não é apenas uma inevitabilidade, mas pode ser também o caminho para uma nova oportunidade, um recomeço.

A morte é fundamental na iniciação maçônica, representando um ritual de passagem do profano para iniciado, constitui uma oportunidade de aceder a uma nova visão da realidade, transformando os metais inferiores, de que necessitei de me separar, em metais superiores dos quais já não será necessário despojar-me.

O tempo de vida do iniciado dá-lhe uma nova oportunidade de vencer o vício e as paixões abrindo o caminho da luz e da verdade, libertando o espírito dos grilhões impostos pela razão, como nos transmitiu Paracelso, para quem o conhecimento visionário se substituirá à compreensão literal dos textos. Este é o tempo para buscar o conhecimento primordial e fundamental, que diz respeito à natureza divina da própria essência do ser, em que a alma surge como centelha de luz divina. Branco.

A informação incorreta remete para o temor, em que a centelha de luz está sujeita à influência de forças exteriores e obscuras, no exílio da matéria. Cativos no cárcere imperfeito que é o corpo somos iludidos pelos sentidos exteriores. A ilusão, esta Maya que nos confunde e faz acreditar no mundo material.

Estamos, pois nesta terra, esta Gaya onde os densos véus de Maya nos impedem de receber o influxo espiritual do Sol. Preto.

Este dualismo, presente em Zoroastro e Platão, cava um abismo entre interior e exterior, sujeito e objeto, espírito e matéria. Dois caminhos paralelos.

O chão de mosaico de ladrilhos pretos e brancos remete para a natureza bipolar da existência terrena. A quimera da luz e das trevas, forma e matéria. Conduz ao santo dos santos que contém o fogo espiritual eterno que nenhum mortal pode ver.

Resta-nos a alquimia. Corpo hermético que nos possibilita a nossa própria transmutação.

Transmutação dos metais. Alegoria da transmutação da nossa própria alma.

Este é o nosso trabalho enquanto alquimistas.

A nossa verdadeira obra alquímica. A arte real.

Três são as substâncias que dão a cada coisa o seu corpus, dizia Paracelso. O que arde é enxofre, o que deita fumo é mercúrio, o que se transforma em cinzas é o sal. O sal é o sedimento físico, o cadáver.

O par alquímico enxofre e mercúrio, Sol e Lua, Masculino e Feminino, unem-se apenas pela ação do fogo salino.

O enxofre e o sal são duas forças em perpétua oposição. Enquanto o enxofre simboliza tudo o que nos induz movimento, mudança, criação e expansão, o sal remete para tudo o que na nossa vida constitui estabilidade, resistência e inércia. Um precisa do outro, pois são dois pólos da Energia Universal. O equilíbrio entre estas duas tendências produz o mercúrio vital, princípio da inteligência e da sabedoria, caminho para as virtudes.

Morrer e renascer. Branco e Preto.

Chegaremos ao ternário, harmonizando os opostos, refletirmos no mundo a unidade inicial. Encontraremos os três pontos. Força, Beleza e Sabedoria. Fé, Esperança e Caridade. Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Osíris, Íris e Horus. Brahma, Vishnu e Shiva. Enxofre, Sal e Mercúrio. Pai, Mãe e Filho.

Chegaremos ao triângulo, símbolo de Perfeição, Harmonia e Sabedoria.

A morte como transcendência da vida humana não é algo evidente. Cremos que a morte é deixar de viver, no entanto se a alma supera a morte, então a morte é o meio para alcançar uma nova vida.

Morrer é voltar a viver.

Isto é defendido por muitas doutrinas que acreditam que os homens constam de um corpo corruptível e de uma alma imortal.

A alma humana é um princípio imaterial que anima o corpo. Esta imaterialidade é o que assegura à alma a sua imortalidade, não podendo morrer porque é uma centelha divina, uma participação do seu criador, o G.´.A.´.D.´.U.´.

Como nos transmitiu William Shakespeare, nós somos feitos da mesma matéria que os sonhos.

Refletir sobre a morte obriga-nos a refletir sobre a vida.

A câmara de reflexões, isolando-nos do mundo, propícia a introspecção profunda, o conhece-te a ti mesmo, na busca da pedra filosofal.

Sepulcro e ovo; a câmara permite-nos pensar a morte não como um fim, mas como um começo.

Superamos a prova da terra, qual grão de trigo que atirado a terra teve de germinar, abrindo o caminho para a luz. Afinal descemos ao interior da terra, penetramos para lá das aparências e retificando a nossa forma de ver, pensar e agir encontraremos a pedra filosofal, essencial na nossa própria transmutação.

Encontramos o pão. O grão de trigo fez o seu caminho. Também nós temos de fazer o nosso caminho. Desbastar a pedra bruta. Só a pedra cúbica poderá ser utilizada na construção do templo.

Depois, morrerá o “eu inferior”, sendo integrado e alinhado no “Eu Superior”, queimando de vez o Karma, que se tornará Dharma. Chegará o momento de sair da roda de Samsara, pois terminará o ciclo das reencarnações, em que a jangada após atravessar o rio, permite ao passageiro alcançar o Nirvana.

A morte representa o desconhecido. Por isso, é fonte natural de receios e angústias.

No entanto, é vulgar encontrarmos entre os profanos a aceitação da morte pela sua inevitabilidade e apenas tementes da dor que acompanha a corrupção do corpo, imposta pelo avançar do tempo ou pelo malho, que nos tomba através da doença ou de acidente.

Quando compreendermos a morte estaremos a compreender a vida.

A morte é muitas vezes a única solução que resta numa vida sem sentido, possibilidade de recomeço quando o rio da vida não pode mais seguir o seu caminho e até o livre arbítrio deixa de poder ser exercido. Encontramos neste caso suicidas, mas também pessoas insuspeitas que desenvolvem todo o tipo de doenças psicossomáticas, forma discreta da alma se livrar do corpo.

Outros casos existem que exigem reflexão mais profunda e que não poderemos explorar. Ficam para outra oportunidade.

A Acácia florescerá onde for plantada.

A morte foi objeto de muitas manipulações ao longo dos séculos. A forma como enfrentamos a morte influencia decisivamente a forma como vivemos.

O medo da morte pode paralisar a vida. Por isso, tantas e tantas vezes no passado, o medo da morte foi usado para controlar os impulsos dos injustiçados. Superar esse temor liberta-nos.

Atingimos um poder imenso. Aproximamo-nos da liberdade.

Aqui chegados, importa clarificar que não dizemos “que viva a morte” como o personagem funesto da guerra civil espanhola, mas sim não temeis a morte! Pois, a nossa verdadeira essência é imortal.

A ampulheta marca a brevidade do nosso tempo de vida até que a gadanha ceife o fio que nos liga ao veículo que nos transporta nesta passagem e nos lance na eternidade. Assim, importante é a maneira como empregamos este tempo que nos é concedido. Imenso privilégio poder partir nessa viagem estando em completa paz interior.

No momento de passar ao Oriente Eterno, deixamos, então, o nosso corpo, iniciando a viagem em direção à luz, penetrando o túnel inundado de luz e escutando a música das esferas no regresso a casa.

Até renascermos e voltarmos a ver-nos numa cadeia de união.

Bibliografia

* Blaschke, Jorge e Rio, Santiago, A Verdadeira História da Maçonaria, Quidnovi, Matosinhos, 2006

* Blavatsky, Helena Petrovna, As Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria, Editora Pensamento, São Paulo

* Camino, Rizzardo da, O Aprendiz Maçom., Madras, São Paulo, 1996

* Camino, Rizzardo da, Rito Escocês Antigo e Aceito (1º ao 33º), Madras, São Paulo, 1999

* Figueiredo, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, 2ª Edição, Revista e Aumentada, Editora Pensamento, São Paulo, 1996

* Guénon, René, Os Símbolos da Ciência Sagrada, Editora Pensamento, São Paulo, 1993

* Jacq, Christian, A Viagem Iniciática ou Os Trinta e Três Graus da Sabedoria, Edições ASA, Porto, 1999

* Jacq, Christian, O Mundo Mágico do Antigo Egito, Edições ASA, Porto, 2000

* Leadbeater, Charles Webster, A Vida Oculta na Maçonaria, Editora Pensamento, Tradução da 2ª Edição de 1928, São Paulo, 1997

* Lepage, Marius, História e Doutrina da Franco-Maçonaria, Editora Pensamento, São Paulo, 1978

* Palou, Jean, A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, Editora Pensamento, São Paulo

* Wilmshurst, Walter Leslie, Maçonaria – Raízes e Segredos da sua História, Tradução Portuguesa, 

== (Autoria desconhecida) ==

junho 05, 2024

A PEDRA, O MAÇO E O CINZEL - Marcelo Creppe



A maçonaria ministra a sua filosofia por meio de símbolos e alegorias, para desta forma manter seus mistérios em segredo para os profanos., desvendando-os somente para os que ingressam na Arte Real. A maçonaria não é uma camisa de força, mas uma organização “familiar”, ou seja, onde a franqueza, a sinceridade e a confiança, são apanágios de valor. Partindo-se dessa premissa podemos concluir que os simbolismos apresentam diferentes significados não só em relação ao cargo que o Irmão ocupa mas também de acordo com a fase da vida  em que se encontra.

A pedra bruta, tosca, plena de arestas é ornamentação obrigatória em toda loja maçônica, ao pé do Trono do Pr.  Vig. a representar o neófito, que nos primeiros três golpes de Maço começa a desbastar e esquadrejá-la para dela criar uma peça indispensável á construção, o alicerce. Com seu aspecto rústico, rígido e estático pode passar desapercebida, mesmo em grandes blocos, mas é fundamental para a estabilidade e durabilidade de qualquer construção. Para tal fim é necessário o maço, cinzel e evidentemente uma régua para marcar os locais a esquadrejar. A pedra de ornamentação deve ser, preferencialmente de granito, por ser dura, pesada e própria para a construção. A pedra figurativa deve ser um homem livre e de bons costumes para não estar mas ser um maçom.

A pedra também representa o interior da terra, as pedras brutas dos Templos Maçônicos provém, simbolicamente do interior da caverna, ou seja, da câmara das reflexões, essas pedras saem na forma de seres humanos, para num processo filosófico e especulativo, atingirem a forma cúbica e polida para a edificação do Templo. Vemos nessa figura o trabalho final do Comp.

Esquadrejada e burilada ela também pode servir de adorno, diz a história que Michelangelo, planejava esculpir a grande estátua de Davi. Escolheu uma pedra grande, ideal para sua escultura. Transportada a pedra para seu atelier, após o desenho preliminar da escultura, nas primeiras marteladas o mármore, sem forma, começa a ceder ao trabalho do artista, subitamente a pedra lasca onde não deveriam. Michelangelo redesenha a estátua para poder aproveitar a mesma pedra. Reinicia o trabalho. Outras marteladas e a pedra vai tomando forma. Após alguns meses de trabalho, outra lasca em lugar indesejável. Nova mudança no projeto original e novo começo do trabalho. Outra lascada. Sem condições de corrigir sua obra, Michelangelo abandona, frustrado, aquela pedra. Diversas experiências se sucedem e fracassam como a primeira. Mas, o artista não desanima. Por fim, encontra uma pedra que parece não possuir as qualidades necessárias para aquela obra. O trabalho vai avançando, sem sustos, de acordo com o primeiro desenho. Da pedra bruta vão surgindo as formas de Davi. Os veios da pedra colaboram com o artista. Daquela pedra bruta surge uma das obras de arte mais belas da humanidade. 

Partindo da premissa que ferramentas são os métodos, P.B. os Ap. , artista os MM., atelier o ambiente, e desenho a utopia, podemos dizer que o Cinz., de corpo longo o suficiente para que o Obr. o segure com firmeza, tendo a certeza de que o mesmo, com seu gume inflexível, toca apenas o ponto que se deseja de fato arrebentar, e em ângulo tal que contenha em sua linha central toda a violência do impacto do maço, sob pena de que se perca a P., inutilizando o trabalho anterior, ou se quebre a mão, inutilizando a chance laboriosa do resto da vida.

Simbolicamente, o maço representa a força de nossos espíritos, disposta de tal forma que possa ser utilizada para algum objetivo útil, percutida em uma ação decidida, como manifestação da vontade. Já a P\B\, em sua inutilidade para os fins de construção, representa os nossos caráteres de pprof., ao ingressarmos ao serviço, ainda cheios de arestas. Do paralelo, torna-se bastante óbvio que o esquadrejamento da P.B. não resultará milagres. De tal fato, ainda que por uma imperfeição do processo (humano) de admissão, em se tendo admitido aos AAug. MMist. um indivíduo com alguma deformação profunda de caráter, o processo de desbaste será longo, difícil e trabalhoso, e resultará em uma P.C. pequena, tão pequena quanto tenham sido profundas as imperfeições retiradas. Isso no caso de a P.B., ao ser analisada com vagar, não tenha causado a repulsa dos OObr., e sido jogada de volta à vida inútil. (Não se julgue aqui o erro, pois só quem pode fazê-lo a contento é o GADU)

Sendo o Espírito o autor, e o Caráter o resultado, é o Cinz. a representação do trabalho de reconhecimento das imperfeições, o símbolo do pensamento lúcido, educado no L.L. e nos sábios conselhos dos IIr. VVig., que guia a energia da vontade de reformar-se, de sua fonte, no coração agora desperto para o Bem, para sua meta, que é a remoção dos vícios e a edificação de virtudes. Deve o mesmo, com seu alto poder de focalização da energia, e de destruição, ser usado com extremo critério, quanto mais se aproxime o Obr. da Arte Real de sua meta, que é a P.C., ou caráter puro e elevado, retirado das sendas pprof. e conduzido à glória do G\A\D\U\.  Não deve o mesmo ser usada para fazer de nosso caráter arma afiada ou contundente (e tem o poder para fazê-lo), sob pena de ter de prestar contas ao Arq. ou ao Dono da Obr., e, sob a vergonha do mais vil perjúrio, ter seus restos hediondos lançados onde as ondas o conduzirão do sacrilégio onde se encontra às profundezas do esquecimento.

Termino este trabalho com conselhos contidos em uma mensagem anônima encontrada na igreja de Saint Paul em 1692: Vá plácido entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a verdade calma e claramente, e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, eles também tem sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas, elas são o tormento para o espírito. Evite se comparar aos outros, pode se tornar vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores á você. Desfrute suas conquistas assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, ainda que humilde, é o que realmente se possui na hora incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios, pois o mundo é cheio de artifícios, mas não deixe que isso o torne cego ás virtudes que existem. Seja você mesmo, principalmente não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor porque em face de toda aridez e desencanto, ele é perene como a grama. Cultive a força do espírito para proteger-se num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários, muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do universo, não menos que as arvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui. E quer seja claro ou não para você, sem dúvida o universo se desenrola como deveria, portanto esteja em paz com Deus, qualquer que seja sua forma de conhecê-lo, e sejam quais forem as sua lida e aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento.

BATEM À PORTA DE NOSSO TEMPLO - José Maria Dias Neto


Uma análise superficial nos permite distinguir cinco processos do espírito humano:

*Primeiro: a INTELIGÊNCIA*, capacidade de compreender ideias
. Cada um de nós nasce com certo grau de inteligência para resolver problemas, planejar, raciocinar e, em nível mais elevado, abstrair idéias. Inteligência é também poder de adaptação: segundo Piaget, é "uma organização cuja função estrutura o universo assim como o organismo estrutura o meio imediato ". 

Consiste na faculdade de conhecer, compreender, aprender e resolver novos problemas e conflitos, adaptando-se a novas situações. Inteligência é, portanto, a capacidade de colocar em movimento as funções psíquicas e psicofisiológicas para o conhecimento e a compreensão da natureza das coisas e significado dos fatos. 

Há vários tipos de inteligência que podem (ou não) ser desenvolvidos durante a vida: 

A *inteligência motora* é a mais corriqueira: funda-se na expressão corporal e na concepção de espaço, distancia e profundidade relacionadas com o controle sobre o corpo. É o caso dos esportistas e dançarinos. 

A *inteligência linguística* é a aptidão de a pessoa se expressar oralmente ou por escrito. 

A *inteligência intrapessoal* é o dom de se entender o que as pessoas pensam, sentem e desejam. Aliada à inteligência interpessoal, forma a base da liderança. Ninguém pode liderar se entende errado o que o grupo pensa, sente ou deseja; nem mesmo se distorce essa realidade impondo seus devaneios e vaidades sobre os objetivos de uma instituição. 

Há ainda a *inteligência espacial*: criar, imaginar e construir formas e enxergar as coisas num âmbito tridimensional. 

E a *inteligência musical*: criar, imaginar, expressar idéias no tempo e no âmbito sonoro. 

Todavia, a mais refinada de todas é a *inteligência lógica*: facilidade para encontrar solução de problemas complexos, sem a qual nenhuma das anteriores funciona a contento e ao máximo.

*O segundo processo do espírito é a CULTURA* que abrange todas as formas de vida e crenças partilhadas por grupos sociais e a interação com os outros, dentro e fora do grupo. Cultura depende de elevada inteligência. Quanto maior a inteligência, maior a facilidade de se assimilar o conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, tradições, valores morais, espirituais e costumes de um grupo social. 

Quanto mais inteligência, maior a facilidade de serem integrados na personalidade o complexo de atividade e novos padrões. Por causa disso, pessoas de cultura são invejadas e erroneamente taxadas de "intelectuais ". Podem ser perseguidas, levadas "para a fogueira" ou simplesmente deixadas de lado para morrerem à míngua. A politicagem e os projetos de poder são os maiores inimigos da Cultura. 

Todos os grandes cientistas, escritores e líderes autênticos tinham elevada cultura: Arquimedes, Isaac Newton, Sigmund Freud, Niels Bohr, Machado de Assis, Fiador Dostoievski, Louis Pasteur, James Joyce, Albert Einstein, Guimarães Rosa, Charles Darwin, Winston Churchill e outros.

*A SABEDORIA (terceiro aspecto)* também depende da inteligência e de um certo grau de cultura. Sabedoria é, antes de tudo, a capacidade que movimenta o homem rumo à identificação de seus erros e em saber corrigi-Ias. A sabedoria usa o conhecimento para edificar a felicidade, pois as coisas deste mundo devem ser úteis ou produzir felicidade; de outra forma são prejudiciais e devem ser descartadas. 

Dizem que Salomão pediu a Deus "apenas" a sabedoria. Pediu muito, pois, assim, pediu tudo: o justo conhecimento, a temperança, a reflexão, a sensatez e o discenimento inspirado.

A sabedoria elevada à sua mais alta potência toma-se SAPIÊNCIA (quarto aspecto). As Ordens Iniciáticas chamam sapiência de GNOSE, Luz ou proficiência. É o tesouro procurado nos umbrais do Inefável, é o Santo Graal ou Palavra Perdida. Só uma minoria chega a esse ponto, pois "muitos são os chamados e poucos os escolhidos ". 

A sapiência (Magnum Opus, Iluminação) é a única e verdadeira Arte (Arte Real) de usar o conhecimento de forma adequada, visando o lado humanístico - ou seja - a perspectiva antropocêntrica no domínio lógico (eficácia relativamente à ação humana) e no ético (criação dos valores morais). Salomão tinha sabedoria, mas não alcançou a sapiência de um Buddha.

*Por último (mas não a última) temos a SANTIDADE* que se resume em virtude e pureza elevadíssimas. A santidade pode dispensar a cultura, mas não existe sem algum tipo de inteligência e sabedoria. Paradoxalmente, é um Grau acima da sapiência. 

O exemplo marcante na história humana é São Francisco de Assis, mas todos os Grandes Mestres (reais ou mitológicos) foram Santos e Sapientes: Rama, Orfeu, Lao-Tse, Krishna, Jesus, Hermes, Buddha.

Se não podemos possuir todos esses atributos em alto nível, optemos pela Santidade - não aquela do santarrão que finge devoção ou moralismo, mas a Santidade do homem Justo, Virtuoso e Puro como preconiza a Senda da Iniciação.

junho 04, 2024

A QUESTÃO DA PALAVRA. DE NOVO - Heitor Rodrigues Freire

 

“Pelas vossas palavras sereis justificados; pelas vossas palavras sereis condenados” (Mateus 12:37).

A palavra, esse instrumento maravilhoso de que fomos dotados, exige cada vez mais sua utilização consciente para que não cause prejuízos, às vezes, irreparáveis.

Falar sem uma avaliação correta do que estamos falando poderá causar situações inusitadas e que ensejarão dano, com certeza, financeiro ou moral.

A propósito, o site Migalhas, em sua edição nº 5.846, de 09/05/2024, publicou uma matéria que ilustra bem esse assunto. Transcrevo:

“Em meados de março deste ano, pelas ruas da cidade de Fortaleza, o advogado cearense César Crisóstomo levava seu pai ao banco quando, incomodado pelo silêncio, decidiu trocar de estação e colocar na emissora da Rádio Jovem Pan.

No momento, ocorria uma entrevista com o empresário e coach Pablo Marçal no programa Pânico. Ao longo do bate-papo, o convidado afirmou, com ênfase, que pagaria 1 milhão de dólares para a pessoa que encontrasse algum processo movido por ele, de pessoa física ou jurídica.

Ao ouvir as palavras de Pablo Marçal, o advogado afirmou que, inicialmente, não deu importância. No entanto, com “a pulga atrás da orelha”, após dois dias, decidiu procurar processos envolvendo o coach. O advogado afirma ter encontrado ao menos 10 processos movidos por Marçal nos últimos anos.

Após localizar os processos, a decisão que o causídico tomou o traria aos holofotes de todo o país. Crisóstomo decidiu ajuizar uma ação contra o empresário pedindo os 51 milhões de reais prometidos durante o programa.

Em entrevista ao Migalhas, o advogado diz que tentou entrar em contato com a equipe do empresário antes de iniciar o processo judicial.

‘Mandei mensagem pelo WhatsApp e tentei entrar em contato via notificação extrajudicial para dizer: 'Meu amigo, está acontecendo isso aqui. Vamos deixar em off. Se você falou, cumpra. Estão aqui os processos. Vamos lá, me pague.’

Após a quarta tentativa frustrada de contato, o causídico optou por ajuizar ação contra o empresário.

‘Ele simplesmente ficou em silêncio. Nada de me responder. Depois que juntei a ata notarial com a gravação, aí eu não tive outra opção senão acionar o Judiciário.’

(...)

Segundo o causídico, uma das motivações que o fizeram ajuizar ação contra Pablo Marçal, além do ordenamento jurídico, foi a cultura cearense na qual está inserido.

‘Eu cresci com esse sentimento de que homem que tem palavra, a mulher que tem palavra, vai e cumpre aquilo que se comprometeu a fazer. Vamos ver se ele realmente é uma pessoa séria, uma pessoa idônea, de palavra. Se ele for, ele vai pagar; se não, ele vai inventar um milhão de desculpas, [que, inclusive] já começou, me chamando de fracassado.’

Outra motivação, segundo o advogado, foi a de mostrar que os cidadãos brasileiros têm o direito à liberdade de expressão, porém devem arcar com as consequências de suas falas”.

O professor Hildebrando Campestrini tem uma frase lapidar: “Somos imortais pela palavra”. Com o que eu concordo plenamente. Porque a grande herança que cada um de nós deixa, no tempo e no espaço, é a nossa continuidade – que é o somatório de tudo o que falamos e fizemos –, e se realiza por meio da palavra.

É necessário – mais do que necessário, é indispensável – o nosso despertar para a utilização plena de todo o potencial de que fomos dotados.

Vamos pensar antes de falar, para só falarmos aquilo que de fato queremos ver realizado. E assim, conscientemente – a palavra-chave é consciência – acordados, devemos estar presentes a cada momento, evitando agir no modo automático.

Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.

CORPUS CHRISTI EM FACE DO CAINISMO - Ivan Froldi Marzollo




 O signo velado do Cavaleiro Rosa Cruz sob a Luz dos elementos_ 

A relação entre Corpus Christi e a maçonaria é uma questão complexa e varia de acordo com as crenças e opiniões individuais. 

Transubstanciação é a mudança da substância do pão e do vinho na substância do Corpo e Sangue de  Cristo no ato da consagração. A doutrina — adotada pela Igreja Católica — defende e acredita na Presença Real de Cristo na Eucaristia. As Igrejas Luteranas e Calvinistas creem na Presença Real, mas não na Transubstanciação. A crença da Transubstanciação se opõe à da Consubstanciação, que prega que o pão e o vinho se mantêm inalterados, ou seja, continuam sendo pão e vinho.

O termo é a conjunção das palavras latinas trans (além) e substantia (substância),  sob outro viés o cainismo ou caimismo foi uma seita gnóstica cristã do século II, considerada herética, que venerava Caim como filho de um espírito superior àquele que teria engendrado seu irmão Abel. Para os cainitas, Caim foi a primeira vítima do Demiurgo, uma divindade intermediária criadora do mundo material, inferior a Deus. Segundo eles, o Deus do Antigo Testamento não poderia ser o mesmo proclamado por Jesus, pois enquanto este último seria piedoso, benevolente, amoroso, aquele seria vingativo e cruel.

Recentemente, foi concluída a tradução de um texto atribuído aos cainitas do Evangelho de Judas, no qual existe um relato conciso do relacionamento entre o Messias e Judas, a quem teria sido confiada a mais dura de todas as missões: liberar o Cristo de sua envoltura humana.

Se a base desta seita tivesse sido adotada a doutrina Cristã deixaria de ter sua fundamentação no pecado e a tradição da traição de Judas teriam lentes de um herói que cumpriu uma missão. 

A Maçonaria em respeito a todas as religiões tem o devido cuidado para não deixar penetrar nos umbrais de suas portas e adentrar nos Templos a moral cristã,  pois esta trabalha com a Árvore do bem e do mal e a Maçonaria diverso disso trabalha com a Árvore da Vida ; ao passo que aquela se baseia no maniqueismo onde o bem está de um lado e o execrável mal está em outro nós Peregrinos da Arte Real trabalhamos com o dualismo.  É uma pena que as vezes observemos córneas débeis confundindo este sublime ensino,  assim como vemos pessoas  erguendo a bandeira Rosa Cruz fazendo parte de um sincretismo chamado Antiga Mística Ordem Rosa Cruz por desconhecerem que isso não é rosacrusismo e os adeptos do conceito de que Lúcifer  o portador de luz ...

Os quatro elementos conhecidos na Antiguidade eram: o ar, o fogo, a água e a terra.

Em todas as teorias cosmogônicas do mundo antigo, existe a ideia de um elemento primordial, do qual derivariam todos os demais elementos.

O mais antigo conceito relativo a essa idéia é aquele associado aos trabalhos do sábio grego Thales, de Mileto, que considerava a água como elemento fundamental.

Na Grécia mesmo, todavia, muitos filósofos defenderam ideias diferentes.

Anaxímenes afirmava que o elemento primordial era o ar, já que ele podia ser condensado, formando nuvens e chuvas, cujas águas, evaporando, formavam, novamente, o ar, deixando um resíduo sólido de terra.

Heráclito, com base no mitraismo persa, que via a manifestação do poder divino no fogo, defendia a teoria desse elemento, afirmando que tudo, no mundo, está em constante transformação e que o elemento que pode provocar as mais intensas transformações é o fogo.

Feresides escolheu, como fundamental, o elemento terra, pois, afirmava ele, ao se queimar um corpo sólido, obtém-se água e ar.

Aristóteles, finalmente, defendendo uma concepção de Empédocles, afirmava que esses quatro elementos eram fundamentais e que todos os corpos eram formados por combinações deles.

Todavia, assim como os antigos discípulos de Zoroastro, ou Zaratustra, na antiga Pérsia, os hermetistas, os alquimistas e os Rosacruzes consideravam o fogo como o símbolo da divindade, já que, esotericamente, ele é o único elemento cósmico, daí as denominações de fogo fluídico (o ar), fogo líquido (a água), fogo sólido (a terra), e fogo sideral (o próprio fogo), dadas aos quatro elementos.

A Cabala hebraica aplica a expressão fogo branco ao Infinito Incognoscível de Deus (o Ein Soph) e a expressão fogo negro à sabedoria e à luz absoluta (a cor negra é o resultado da absorção detoda a luz).

Os antigos rosacruzes possuíam uma cerimônia chamada fogo novo, que era celebrada no sábado de aleluia, em homenagem à ressurreição de Jesus.

Tudo o que existe é filho do fogo e é através dele que tudo se renova; daí a máxima hermética Igne Natura Renovatur Integra (o fogo renova toda a Natureza), cujas iniciais, *I.N.R.I.*, já foram usadas com diferentes sentidos, inclusive pelo cristianismo.

As idéias de Aristóteles, básicas para a alquimia e úteis na astrologia, eram ensinadas nas escolas de pensadores de Alexandria, no Egito.

Nela, se deu a fusão entre as práticas egípcias e as teorias gregas, mais tarde desenvolvidas pelos Árabes.

Estes, ao conquistar, em 642 a.C., o Egito, trouxeram, para o Ocidente, a nova contribuição à cultura da época.

O Cavaleiro buscando a iluminação e a observância dos significados dos elementos  chegará a Mestria e a compreensão de seu próprio templo e assumirá assim seu lugar junto à construção do Edifício Social sob a égide  "Não a nós, Senhor, não a nós, mas pela Glória de teu nome" em Honra e Glória ao Grande Arquiteto do Universo .

Um aspecto genérico da criação é a sua mortalidade, pois nos três reinos a vida é passageira, até no reino mineral; o período da vida poderá ser curto ou prolongado, mas jamais eterno.

As crenças religiosas aceitam a imoralidade no seu tríplice aspecto: da matéria, do espírito e da alma.

Exemplificado pelo arrebatamento do profeta Elias e de Jesus, de Buda a Maomé, muitos aceitam que a matéria pode “subir” a outros planos, ou no reino dos céus, sem destruir-se.

São conceitos muito íntimos que possui fé suficiente para aceitar a profecia evangélica de que os justos, ao final dos tempos, serão “arrebatados”, deixando, assim, de passar pela morte, que constitui um “castigo”.

A Maçonaria não combate a imortalidade material, porém fixa a sua posição na imortalidade do espírito e da alma.

Todo homem repele a morte e, inconscientemente, convence-se de que é imortal.

O maçom deve viver essa esperança, uma vez que na “passagem” de um estado de consciência para outro, muito do misterioso será esclarecido.

Viver corretamente sempre indica uma posição privilegiada como um “passaporte” para a vida futura, do além, do Oriente Eterno.

A imortalidade é um prêmio; logo, todo esforço na luta de uma conquista é válido; a Maçonaria ensina a imortalidade através das Artes liberais pois são as formas do homem se perpetuar na memória 

O Grande Mestre Jesus está presente diuturnamente quando exercemos a plenitude da consciência desenvolvendo nossa mestria .


junho 03, 2024

E SE O MUNDO ACABASSE HOJE - Roberto Ribeiro Reis


E se o mundo acabasse hoje? Talvez, essa seja uma das indagações mais constantes em nosso cotidiano.

Temos presenciado tanta coisa ruim acontecendo; temos assistido à banalização da maldade, como se tudo isso fosse normal, como que num filme hollywoodiano.

Fato é que as pessoas parecem ter perdido o senso de indignação face às injustiças, às desigualdades sociais e aos cataclismos de toda espécie.

Se, de fato, o mundo acabasse hoje, o que faríamos: renderíamos culto ao prazer, a tudo aquilo que não tivemos a oportunidade de desfrutar – por falta de tempo ou de condições financeiras – ou nos apegaríamos ao valor espiritual de todas as coisas?

O que valeria mais? Os últimos momentos ao lado da família, dos amigos, buscando uma corrente de forças, ou simplesmente a reverência ao Criador de Todas as Coisas? Ou nossas tendências materiais e animalescas clamariam mais alto em nossa cabeça?

Pode parecer filosofia de botequim, mas não o é! Será que estaríamos preparados, de coração e mente leves para o dia final dessa existência? Será que agiríamos como se (de fato) ela fosse a última, ou se ponderaríamos sobre a ideia de que isso se traduziria –única e exclusivamente- num rito de passagem e de que poderia haver algo maior por trás do véu da morte física?

Amados Irmãos, tais perquirições são típicas de quem é apegado à matéria, e nela vê o substrato de tudo o que existe nesse mundo de provas e expiações; mas será que para nós, Maçons, cuja experiência esotérica e ritualística demonstra que “o outro lado” é algo concreto e iminente, ainda assim podemos insistir em tais pensamentos?

Não pretendemos dar azo a discussões de cunho religioso ou científico, pois essa não é a missão de um Pedreiro Livre; o que desejamos, sofregamente, é despertar a volúpia espiritual em cada um dos Irmãos, de sorte a lhes fazer enveredar, cada vez mais, pelos meandros da Arte Real.

Nossa libido maçônica consiste em fazer com que cada Obreiro possa realizar o seu VITRIOL, diariamente, a fim de que haja uma visita interior rebuscada, e que dela advenham resultados esplendorosos, a partir do momento em que cada um possa se conhecer, verdadeiramente.

Que o conhecimento possa nos libertar, e dar asas à imaginação de cada um de nós; que, ao final, a verdade não se constitua em um mero desiderato a ser perseguido por nós, mas que ela seja se transforme num sentimento que pulule em nossa mente, difunda-se por nossos corações, e extravase-se em nossas ações, sempre em honra e À.’. G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’. !!!

A COROA - Charles Evaldo Boller


Quando o Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito passa ao Grau de Mestre, todos os seus Irmãos, independente de Grau, identificam-no por um sinal visível externo; é um Chapéu, que simbolicamente representa uma coroa.

Esta coroa une o que está debaixo dela, o homem, com o que está acima, o divino, servindo de limite entre quem a carrega com sua componente transcendental. E através desta coroa que o Mestre Maçom alcança decisões racionais que estão muito acima da escravidão sensorial.

Esta conexão propicia capacidades que vão além do simples pensar. Se persistir, for dedicado e estudar, este homem será capaz de desenvolver potencialidades elevadas até então desconhecidas para ele.

A coroa do Mestre Maçom sobre sua cabeça é um Chapéu de feltro de abas moles e caídas, sem o qual ele não comparece em Câmara do Meio.

Quando em Sessões de outros Graus é como se esta coroa ali estivesse, pois dentro do Templo, em Loja constituída, é o local onde ele desenvolve sua capacidade de discernimento e visão equilibrada, objetivo de todo Maçom que escala a escada de Jacó.

O chapéu faz de sua aparência uma pessoa eminente, um Venerável Mestre, à semelhança do monge da Idade Média que dirigia construções feitas em pedra. Por terminar em forma de domo, o chapéu afirma uma soberania absoluta sobre si e confirma que ele continua desenvolvendo em sua caminhada de Aprendiz.

Ao elevar-se acima da cabeça, o Chapéu é insígnia de poder e luz, significando conhecimento. Comparar o Chapéu a uma coroa é dar a este o significado de uma capacidade sobre-humana, transcendente. Este paramento simboliza a obliteração do mundo material e concentra simbolicamente capacidades na solução de problemas da humanidade, é o persistir na tarefa de desbastar a Pedra Bruta.

A coroa é como uma antena que simbolicamente se conecta a outra dimensão, uma potencialidade construída na mente. Em sendo negro, sabe-se pelas leis da física que esta ausência de cor absorve todos os comprimentos de onda do espectro da luz visível e invisível aos olhos materiais. Isto permite especular que até linhas de campos de força e outras manifestações energéticas mais sutis podem ser atraídas por esta coroa.

O chapéu do Mestre Maçom funciona assim qual antena que, simbolicamente, o conecta com aquilo que lhe propicia o sopro de vida e que o faz igual a todos os seres viventes da biosfera. Ciente de sua relação com o resto das formas de vida, em suas mais diversas constituições e aparências, o Mestre Maçom se integra com a natureza e desenvolve o amor fraterno para com os seus iguais, para com toda a vida espalhada pelo Universo, inclusive com outras possíveis biosferas de galáxias diversas da que abriga o Sol.

E importante estar desperto e consciente que o Chapéu do Mestre Maçom é apenas um paramento, um artefato material, um Símbolo; o que faz a diferença está debaixo do chapéu, a cabeça, a capacidade intelectual do portador da coroa e o que este intelecto constrói simbolicamente fora e acima do Chapéu.

Ela constitui a recompensa justa da prova que o Maçom faz ao longo da vida, por Edificar Templos à Virtude e Cavar Masmorras ao Vício. Simboliza dignidade, poder, realeza, acesso a um nível de forças superiores, sobrenaturais.

Exige-se esforço pessoal para superar, conhecer e mandar em si próprio, pois é apenas sobre si mesmo que cada ser tem poder absoluto, incontestável. O iluminado subjuga sua mente e corpo e, para progredir, bate implacavelmente nas nódoas que levam ao vício e degradação. Mesmo que sucumba diante da tentação, o simbolismo do Chapéu o fará voltar para a linha reta que conduz ao Oriente, em direção à luz, ao conhecimento, à sabedoria.

O Chapéu representa o verdadeiro poder que está dentro de si, a inclinação interna positiva, o coração que ama fraternalmente, tudo em resultado da capacidade de pensar, afiada constantemente por leitura, estudo e meditação.

O Mestre Maçom tem o ministério de ensinar Aprendizes, Companheiros e outros Mestres Maçons. Aquele Mestre Maçom que desta obrigação se esquiva não é merecedor da coroa. O Irmão que se desenvolveu em sapiência, aprendeu na prática que, ao ensinar outros, o seu próprio conhecimento fixa-se mais, os conceitos e princípios morais que despertam em sua mente agarram-se mais firmemente ao coração e à memória.

Na sua missão de ensinar deve constantemente provocar, instigar, distribuir os seus pensamentos em palavras e participar de forma proativa, conciliadora e entusiasta de todos os debates com temas com os quais a Maçonaria, nos diversos Graus, o provoca.

Debaixo do Chapéu, o Mestre Maçom ouve atentamente as peças de arquitetura, oratórias e discussões de temas com os quais os Irmãos se presenteiam e provocam. É o Chapéu que o freia prudentemente em todas as ocasiões em que fica ordeiramente esperando os outros Irmãos falarem. E nestas ocasiões que treina a arte de ouvir do líder. Debaixo do chapéu ele fica concentrado, calado, ouvindo e anotando o que os outros Irmãos dizem.

Depois ele analisa e absorve o que está ao seu alcance para suprir seu autoconhecimento, monta estratégias e colabora empaticamente no tema com seu parecer, postura e comentário. E ao auxiliar a assembleia de Irmãos com a força do seu pensamento, transmitido por sua capacidade de oratória, além de ajudar aos outros, ele ajuda principalmente a si próprio.

Servir no ensinar não é apenas mais uma razão para tornar-se merecedor do prêmio, a coroa que está sobre sua cabeça, o Símbolo do seu poder, é a principal razão de ele lecionar na escola de conhecimento da Maçonaria. Não existe magia ou mistério; é o servir e a presença constante no grupo que lhe dá poderes que ele nunca imaginava existirem. E este é um poder natural que ninguém usurpa.

O Chapéu representa uma estrutura educacional apoiada em Três Pontos: racional, emocional e espiritual; um apóia o outro, formando um tripé. E do equilíbrio propiciado pelo que simboliza o Chapéu que desabrocha a pessoa completa. Esta educação e o condicionamento elevam o portador do Chapéu à realeza dos Iniciados nos diversos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, onde é livre para pensar e ajudar seus Irmãos através de uma razão esclarecida.

E pelo estudo diligente, pelo treinamento dos sentidos, pela convivência constante que ele atinge o ideal, e este lhe confere realeza, da qual o Chapéu, apesar de sua aparência grosseira, é o Símbolo mais expressivo. Debaixo do Chapéu é a maneira mais nobre de viver o amor fraterno, a única ação capaz de salvar a humanidade de um existir miserável. Debaixo do Chapéu aflora a capacidade de ouvir, ensinar e treinar em Loja, o que faz do Mestre Maçom um líder natural.

Primeiro é importante cuidar de si, porque quem não estiver forte, como ajudará aos outros? Quem não se ama como amará ao próximo? Na relação com outros e consigo mesmo desenvolve a capacidade de tornar-se o amigo sincero e serve ao Irmão no que deve ser feito e não no que aquele deseja; o contrário seria escravidão. E servindo que aflora o líder. Amor fraterno é ação, não sentimento.

O Mestre Maçom que desonra o Chapéu e trata seus Irmãos de forma infame e autoritária, suas ações podem até estar alicerçadas na lei escrita em papel, mas ele não é um líder nato, é um tirano. O líder natural é semelhante ao poder que tem uma mãe sobre seus filhos, ela não precisa impor sua vontade e apenas faz o que deve ser feito para seus rebentos; ela é o melhor exemplo do líder natural. A mãe que tem necessidade de usar do chicote para dirigir sua casa já não tem mais capacidade de liderança natural e exerce poder despótico.

O Mestre Maçom que alcança este Grau de entendimento e perfeição, em sua capacidade de liderança, tem no seu Chapéu a representação simbólica do poder que ele exerce sobre a comunidade.

Ele serve ao Irmão não porque aquele é Maçom e o juramento o exige, mas porque ele próprio é Maçom e depende igualmente dos confrades. O Chapéu representa a capacidade de liderança, é o Símbolo da autoridade que não outorga poder de comando sobre os outros, pois ele próprio fica sujeito a Obediências que lhe são impostas. O Chapéu traduz a perfeita igualdade que deve pairar entre seus pares.

Mas como falar em igualdade nos diversos Graus entre pessoas desiguais? Todos são iguais quanto à essência, por estarem providos do mesmo sopro de vida. Na Maçonaria, quanto mais o Maçom cresce, mais ele se conscientiza que deve servir aos que estão degraus mais baixos da simbólica escada de Jacó.

E o exercício da humildade que lhe dá o devido valor, e é transmitida pela rota, mole e disforme coroa, confeccionada a partir de um tecido ordinário. Ela poderia muito bem ser produzida em aço e cravejada de jóias preciosas, entretanto, de que vale um bem material que pode ser subtraído pelo ladrão ou destruído pela ferrugem? As preciosidades estão debaixo do Chapéu, na forma de pensamentos e ações, valores que ladrão algum deseja e apenas a morte destrói.

O Chapéu induz seu portador a naturalmente usar do dever de governar de acordo com a necessidade da coletividade. O Chapéu representa que seu usuário está fortalecido e não se curva perante desmando, futilidade ou arbitrariedade. E o Chapéu que impede aquele que o usa de transformar-se em déspota. Isto é muito bem retratado quando em sua Loja o bom Mestre Maçom ouve e serve aos outros. E o Chapéu que inspira o propiciar dos meios de concentrar forças para produzir os nobres e elevados anseios dos Irmãos do Quadro.

Longe de exercer a autoridade emanada do Chapéu de forma cruenta, o humilde e prudente Mestre Maçom torna-se líder natural. Ao obter poder servindo ao próximo, ele já é parte da realeza que representa o seu Chapéu, e isto lhe dá a distinção de participar da natureza celeste de seus dons sobre- -humanos, transcendentes. E do Símbolo do Chapéu, do que está debaixo deste, que provém a ação e a capacidade de influenciar os outros a fazerem o que precisam fazer para se tornarem felizes. E a ação do amor em benefício da humanidade. E a ação de construir Templos à Virtude. 

E a ação 4ª vivência do amor fraterno debaixo da orientação dos eflúvios provenientes da coroa, do poder que emana do Chapéu do Mestre Maçom servidor.

A sapiência é a busca das energias e coisas mais elevadas; algo bem diferente de sabedoria. Enquanto a sabedoria pode ser confundida com prudência, pois diz respeito apenas aos assuntos materiais e de como o homem age, a sapiência é muito mais importante. A Maçonaria trabalha a sabedoria que leva à luz da sapiência. A filosofia maçônica é sapiente.

A Coluna da Sabedoria é a antena simbólica de onde emana uma luz de modo que cada um que porta um reles chapéu mole, cada um a sua maneira, desenvolve sua sapiência para as coisas mais elevadas. 

O Chapéu como paramento, Símbolo que o Mestre Maçom usa qual coroa em câmara do meio, torna-o igual aos demais, nivelando-o a todos os Irmãos Maçons espalhados pelo Universo, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo, de onde todos recebem a luz da 

Fonte: Revista A Trolha

Bibliografia

BAYARD, Jean-Pierre. A Espiritualidade na Maçonaria: Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências. Tradução: Julia Vidili. I a ed. São Paulo: Madras, 2004; BENOÍT, Pierre; VAUX, Roland de. A Bíblia de Jerusalém, título original: La Sainte Bible, tradução: Samuel Martins Barbosa. I a ed. São Paulo: Paulinas, 1973; BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica: Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique Maçonnique. Tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros. I a ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1979; FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria: Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História. 4a ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1989; HUNTER, James C.. O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança, título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de Magalhães. I a ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004; PARANÁ, Grande Loja do. Ritual do Grau de Mestre Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito. I a ed. Grande Loja do Paraná. Curitiba, 2004.

junho 02, 2024

O ANEL MAÇOM



Há vários anos, a história é contada sobre um maçom que sempre usava o seu anel maçônico e alfinete de lapela quando em público. Em algumas ocasiões, ele foi de ônibus de sua casa para o centro da cidade. 

Em uma viagem, quando ele se sentou, descobriu que o motorista lhe tinha dado R$ 0.25 a mais de troco. Ele pensou em o que fazer: "É melhor dar a moeda de volta. Seria errado mantê-lo." "Oh, esqueça, é apenas uma moeda; quem se preocuparia com essa pequena quantidade. 

De qualquer maneira, a companhia de ônibus recebe muito dinheiro; eles nunca vão perder - Sim. Aceita-o como um ‘presente de Deus’ e mantém-te calado.” Quando o seu ponto chegou, ele parou momentaneamente na porta, depois entregou a moeda ao motorista e disse: "Aqui, você me deu a mais." 

O motorista com um sorriso respondeu: "Reparei no teu anel maçônico e no alfinete de lapela. Tenho pensado em pedir a um maçom como ser um. Eu só queria ver o que você faria se eu te desse a mais. Passaste no teste. Podes dizer-me como se tornar um maçom?”

Quando o maçom saiu do ônibus, ele disse uma oração silenciosa,

"Oh Deus, G.·. A.·. D.·. U.·., quase te vendi a ti e aos meus amados irmãos por uma moeda. As nossas ações são o único credo maçônico que alguns vão ver.”

Este é um exemplo quase assustador de como as pessoas nos vêem como maçons e podem nos colocar em teste mesmo sem que nós percebamos!

Seja sempre diligente, seja no teatro, no restaurante, na mercearia, na estação ou apenas no trânsito.

Lembra-te, quer seja um alfinete de lapela, um anel, ou um emblema no carro, tu tens o nome da nossa grande fraternidade nos teus ombros, sempre que te chamas de Maçom.

Nunca se sabe quem pode estar a ver!

Bons homens procuram a maçonaria; a maçonaria os torna melhores.

Há muitos ótimos “maçons” sem serem iniciados. E muitos “profanos de avental”.


(Autor desconhecido)

GAY-LUSSAC E A FILOSOFIA - Adilson Zotovici

Pela química, a filosofia 

“Grau etílico”, mas diferente 

Mostrou um físico algum dia

Frequente a idílico ambiente


Gay-Lussac, qual não sabia 

Que estaria assim presente 

Com sua prática e teoria 

Em cada oficina e oriente 


Graus um, dois, três, útil liturgia

Troca por fútil escocês, fremente,  

De tão alto grau que desvaria 


E a “coluneta” do sul temente 

Pelo estudo veemente, vigia

Ao Livre pedreiro imprudente !   



junho 01, 2024

A FRATERNIDADE NO SÉCULO XXI - Byron J. Collier


Como maçons, nós orgulhamo-nos da antiguidade e da história da maçonaria, mas as nossas cerimónias e rituais em si serão suficientes para satisfazer as gerações futuras?

O futuro exigirá uma melhor compreensão do que realmente significa ser um Maçon através de um melhor conhecimento de nós mesmos e praticar os princípios que todos prometemos manter nos nossos juramentos ou obrigações. Acredito ainda que o exemplo silencioso de homens com integridade, que exibem as virtudes morais e sociais dos homens bons e que fazem a coisa certa por causa da justiça, prevalecerão e preencherão as lacunas sociais criadas nesta nova era.

Para que a nossa fraternidade não apenas sobreviva, mas cresça, devemos fazer do acolhimento de novos membros e da retenção dos irmãos existentes, uma parte importante do que fazemos em Loja. As experiências dos primeiros meses de um Aprendiz e de um Companheiro e os primeiros anos de um Mestre Maçom, determinarão como eles verão a Maçonaria pelo resto das suas vidas. É por isto que o compromisso com a orientação e a sustentação da comunhão é relevante, agora mais do que nunca. Acredito que as nossas Lojas devem procurar melhores maçons e não mais maçons.

Há uma velha história sobre um homem que estava a considerar propor-se como candidato à maçonaria, pelo que selecionou uma das duas Lojas na sua área local. Depois de ter sido iniciado como Maçom, um amigo perguntou-lhe porque é que  tinha selecionado uma Loja em particular. A sua resposta foi que, após entrevistas com oficiais das duas Lojas, a sua seleção foi fácil porque uma Loja estava muito interessada nele como candidato enquanto a outra estava interessada nele como um irmão. Qual é que acha que ele escolheu?

Embora tornemos as nossas reuniões mais interessantes através de eventos sociais e educação maçónica, a força motriz que traz maçons a se unirem é a nossa irmandade quando nos encontramos, seja em reuniões na Loja ou por encontros casuais na rua. Não demora muito tempo para um novo Maçon perceber que ele pode formar novas amizades para o resto da sua vida. No entanto, um dos principais perigos vem quando a “novidade” da experiência maçónica se começa a desgastar. Quando o comparecer de um membro se torna irregular ou ele pára de ir à Loja, isso parece sugerir que:

As suas prioridades mudaram, ele está sobrecarregado e/ou saturado com deveres da Loja, algo mudou na sua vida.

Visando descobrir o que mudou para este irmão, devemos estar dispostos e capazes de nos envolvermos num diálogo aberto e franco.

Para chegar ao ponto de conversa honesta e aberta com nossos irmãos maçónicos, devemos estar mais próximos. Temos que fazer um esforço concentrado para obter os pontos de vista e sentimentos de todos os membros, não apenas de alguns. Portanto, se a formalidade de uma Sessão de Loja, impede o envolvimento de alguns membros, devemos reconhecer isso e solicitar as suas opiniões em reuniões menos formais ou em discussões. É importante que cada Irmão sinta que não foi deixado de fora, que a Loja acolhe os seus pontos de vista, e que ele “teve a sua palavra”.

Uma das armadilhas mais comuns que devemos ter cuidado em evitar, é associarmo-nos apenas com os maçons que tem a mesma opinião que nós, pois podemos criar o que parecem ser “grupinhos”; eu digo “a mesma opinião”, porque às vezes não dedicamos tempo suficiente para poder entender completamente todos os nossos irmãos. Eles até podem ser da mesma opinião, ainda que o tivéssemos percebido!

Finalmente e mais importante ainda, devemos praticar a compreensão e a tolerância. Compreensão para nos sentirmos livres para discutir questões delicadas, questões humanas que são importantes para fazer e manter bons relacionamentos. Tenhamos em consideração que somos todos diferentes, cada um de nós vem de diferentes origens e cada um de nós pensa e age de forma diferente, portanto, devemos conhecer-nos bem uns ao outros o suficiente para que possamos conversar num nível que promova a amizade e, ao mesmo tempo, evite a discórdia.

Devemos também assumir uma atitude completamente tolerante com as opiniões e ideias dos nossos irmãos. Podemos sentir que a sua ideia ou ponto de vista está errado, mas devemos reconhecer que eles têm suas próprias razões para o que expressam, e não nos compete julgá-los por isso. A todo nos acontece dizermos e fazermos coisas de que mais tarde nos arrependemos. Bem, nós podemos abertamente ser honestos com nós mesmos e tentar corrigir-nos e tentar perdoar facilmente essas transgressões nos outros. Eu ousaria dizer que todos nós conhecemos irmãos na maçonaria que, por uma razão ou outra, estão em algum nível de disputa emocional com outros maçons. Estas disputas são realmente importantes no grande esquema das coisas? Eu acredito realmente que uma boa e honesta discussão faria com que a maioria das disputas não existisse. Cada um de nós deve aprender a procurar e a aceitar admoestações e bons conselhos de outros, e pelo menos ter alguma concordância, “concordando em discordar”.

Peço-lhe que considere e pratique esta compreensão, tolerância e expresse um interesse genuíno no seu companheiro Maçom, o homem que você chama de Irmão.

Adaptado de tradução feita por Luciano R. Rodrigues