Aldo Vecchini é um escritor e intelectual maçom da ARLS Renovadora de Barretos, 68.
Vale salientar, de início, que o
cenário é brasileiro e ocidental, bem como, toda essa reflexão seja de um católico, pouco
praticante, é verdade. Simplesmente, para não reproduzir equívocos. Tampouco exageros, sequer,
analogias orientais.
Analisaremos as expressões: (3 x 3)
e (70 x 7). Ancoraremos nosso estudo em: A GrandeTríade (René Guénon) e na Bíblia
Sagrada.
Advertimos que os números, para nós,
são manifestações simbólica e concreta, da mesma realidade ou, muito pobremente, da
maneira como ousamos compreendê-la.
Apenas três algarismos contribuem na
formação das expressões encimadas e que intitula nossa reflexão, com o fito de irmos
mais longe.
O número três é formado de 1+1+1 ou
1+2, mais adequado ao nosso catecismo. Já o sete vem da soma de 1+6; 2+5; 3+4. Aqui
temos que admitir certa complexidade.
O número 1 corresponde a unidade; o
2 como primeiro número terrestre; o 3 é o primeiro número celeste; o 4 como o segundo
número terrestre; o 5 o segundo número celeste; o número 6 é o terceiro número
terrestre; e o zero?
Sabemos que foi o último número a
ser definido. Segundo consta, os hindus fizeram covinhas sequenciais no solo,
preenchendo-as com pedrinhas (na ordem crescente). Na primeira colocou-se uma pedrinha; na
segunda, duas; na terceira, três... Na última (ou décima), nada colocaram, ficando
vazia, era o zero. Estava pronta a sequência decimal.
Coube aos árabes disseminá-la ao
mundo.
Assim o setenta da segunda expressão
corresponde a 7 x 10 (um e zero = dezena). Então (7x10) x 7 = 70 x 7.
Na Bíblia Sagrada a expressão 70 x 7
foi utilizada pelo autor (Mt 18, 21-22), para dimensionar o poder do perdão: é
ilimitado. Já na Oração Universal, o trecho correspondente é: ...perdoai as
nossas ofensas assim como nós perdoamos aos nossos ofensores...
Com certeza rezamos diariamente.
Também, diariamente estamos exercitando os ensinamentos do nosso catecismo.
Quiçá ofendendo menos e perdoando mais, mesmo que por entre combates e dificuldades de
toda a sorte.
Voltemos aos números. O conceito de número celeste e
número terrestre é de Guénon, quem estudou o Yi-King: os números ímpares correspondem ao yang
(masculino ou ativo/celeste) e os números pares correspondem ao yin (feminino ou
passivo/terrestre).
Talvez seja o momento de revelar que
o ternário taoísta desenhado na capa do livro de Guénon (A Grande Tríade),
corresponde a: Céu-Terra-Homem. Então podemos conjeturar as expressões, as ações e decisões
humanas, nesse plano, objetivam a construção da escada imaginária/ideal que nos ascenderá
aos Céus. Oxalá!
Segundo o Ritual do Simbolismo do
REAA, o número 1 = unidade; o 2 = dualidade e o 3 = divindade. Destarte, poderemos
analisar a expressão 3 x 3. Haja vista que no mesmo Ritual ela está no trolhamento. Parecendo-nos,
contudo, que a saudação traz consigo a divina proporção: é justa e perfeita.
Talvez, ainda, os Mestres Perfeitos
contenham mesmo essa dimensão/proporção. Por isso o meu Venerável Mestre saudará o seu
Venerável Mestre, sempre! E como regente do coro, possam eles influenciar os coristas
na bateria incessante, em marcha ininterrupta, para aos pés do altar, juntarem-se em cadeia,
pela união maçónica.
Lembremos a temporalidade do
veneralato. Ao final do seu mandato o venerável mestre deixará ao seu sucessor a missão de
continuidade. E enquanto carregar a sua jóia, que simboliza a justa medida, atuará
como o astro-rei celeste.
Compreendida como um ângulo de 90
graus, a Jóia do venerável mestre, o esquadro, oferece duas faces internas e duas
externas com as quais, manejando-o corretamente, se estabelece o corte na pedra. Eis uma
faceta da Arte Real!
Na lâmina ou numa das faces está
gravada uma escala de medida, correspondente a polegada inglesa. São vinte e quatro
divisões, equivalendo cada uma, a um/dezesseis avos, totalizando vinte e quatro/dezesseis
avos ou uma polegada e meia.
Aí a imaginação pode levantar
algumas possibilidades: os vinte e quatro traços pode ser uma simplificação da régua de vinte
e quatro polegadas (de polegar); e mais: dois mais quatro são seis – um número
perfeito.
Moral da história: diariamente,
compete ao venerável a exatidão nos afazeres e nos planos.
Por que disso??? Para ampliar os
horizontes dos obreiros e, ponderar que se cada Maçom perder suas medidas, ainda
encontrará nas ferramentas e na doutrina, a oportunidade de esquadrejar a pedra, sem perder o
veio.
Um outro ternário de Guénon,
Providência, vontade, Destino, equivale ao título da sua obra. E como nada escapa à ação Divina,
Deus na sua insondável unidade, vem compor com eles a tetraktys pitagórica.
Assim, o triangulo retângulo que o
Past-Master traz em seu colar, acrescido ao esquadro,contém os números 3, 4 e 5, que
elevados aos seus quadrados, totaliza o domínio das forças universais (3² + 4² = 5²).
Maravilha! Esbarramos no “homem
verdadeiro” e no “homem transcendente” de Guénon. O primeiro é aquele que atingiu a
plenitude do estado humano. Bem, o segundo, é aquele que está além desse estado.
Queremos, na figura do Past-Master, enxergar esse homem. Aquele que tem o domínio das forças
universais.
Para tanto, ensejamos que o
veneralato seja, realmente, uma vivência como foi a de Salomão. Personagem bíblico e
patrono da cadeira central do trono que leva o seu nome. Que o Irmão eleito seja merecedor
das experiências que o tornarão dominador das forças universais. Basta fazer o bem, melhor que seus
antecessores fizeram. Basta envolver os membros de sua Loja, estabelecendo o melhor
girassol possível. Basta também ser afável no trato, escorreito, sereno e sábio nas
decisões.
E se iniciamos nossa reflexão com
números inteiros, colocando-os até em expressões, por que destacamos da joia do
venerável a escala gravada na medida inglesa e fracionária? Talvez para salientar a abrangência
do REAA que, para nós, tem como finalidade todas as possibilidades.
Aliás, segundo a metrologia, as
primeiras unidades de medidas foram concebidas usando-se o corpo humano: o dígito, o polegar,
o palmo, o pé, o cúbito, a jarda... até o seu aperfeiçoamento, objetivando a
padronização. Primeiro foi o sistema inglês. Depois o sistema decimal.Assim podemos inferir que a
graduação daquela joia remonta os primórdios maçônicos, ou quem sabe, seja um indicador de que
o passado não pode ser esquecido, tampouco o presente possa ser ignorado ou
modificado, sem qualquer compreensão. O desbaste há deser perfeito! A ação maçônica tem
que ser viva e vivida.
Finalizamos nosso trabalho com um
trecho da obra de Guénon: “A Via do Meio”, “Via do Céu” ou “Via de Ascenção” – trata-se
de um eixo vertical que o homem constrói por elevação atitudinal até alcançar
estados superiores. Para esse ser - o pólo terrestre constitui apenas um com o pólo celeste -. Esse
ponto é o centro que contém em si mesmo todas as possibilidades.
E que a possibilidade de ir mais
longe por meio do conhecimento, de trocas entre os iguais, desiguais e os indiferentes, e do
necessário empirismo, seja cada vez mais presente nos maçons imbuídos com o progresso
pessoal/espiritual, pela ordem e pelo bem de todos.
Assim seja!