maio 31, 2025

AINDA ESTAMOS EM PLENO MAR...- Francisco Feitosa


Sim, passaram-se 137 anos. Tantas lanças quebradas, várias batalhas vencidas, quantas conquistas... E, ainda sim, estamos em pleno mar!

Na voz daquele jovem ardente, no seu grito forte e estridente, ainda hoje, ecoa em nossas mentes, a súplica da conscientização.

Sim, nobre Antônio Frederico, tu que se eternizou como o jovem Castro Alves, e que nos faz contemplar, com suas poesias, as “Espumas Flutuantes”, por vezes ignoradas por seu “Navio Negreiro”. Sim, ilustre “Cantor dos Escravos”, vergonhosamente, confesso: ainda, estamos em pleno mar...

Tais navios não mais trafegam, não mais traficam. Contudo, de seus porões, ainda, ecoa a dor de humanos seres que, por má sorte, nasceram de cor diferente! Diante de tamanha crueldade, percebo o embalar do silêncio, pelo sussurrar do dramaturgo romano Tito Plauto (254-184 a.C.), em sua burlesca comédia Asinária, voltando a nos alertar: “O homem é o lobo do próprio homem!”.

Não vejo cor, não vejo pele, pois te enxergo com olhos da Alma! E, em meio a cegueira da discriminação, tenho orgulho de meu daltonismo espiritual e prefiro te reencontrar em um caloroso abraço, meu Irmão.

A pena, de tão áurea que era, na mão de Isabel, de fato, aboliu no papel o que, ao longo dos tempos a falta de consciência de muitos preferiu ignorar. Hoje, navegamos em mares nem tão revoltos, mas, ainda sim, estamos em pleno mar... 

Contudo, mares revoltos fazem bons marinheiros. E, inspirados por Castro Alves, Ruy Barbosa, Luiz Gama, Rebouças, Patrocínio, Nabuco e Maria Firmina – a primeira escritora negra, essa Áurea Lei saiu do papel e, pouco a pouco, incutiu-se nas mentes de negros e de brancos, gente de boa índole, acelerando o compasso de seus corações, a bombear o mesmo sangue carmesim da liberdade. 

Como escritores, antes de tudo, somos Arautos da Conscientização! Não existem lados, somos todos Um! Embora, vivamos em um dualismo exacerbado, sendo estimulados a nos digladiar, pelo mais banal dos motivos. E assim, seguimos manipulados pelo Sistema, pelo mesmo “Modus Operandi” já usado na Roma Antiga: dividir para governar. Pois é!  

E, até que último distraído transeunte se aperceba, continuaremos a fazer ecoar, em crônicas, poesias e versos, a estridente voz de abolicionistas, pois tais lutas, jamais, foram em vão!

137 anos se passaram, um número tão enigmático, mas, para quem tem olhos de ver, conseguirá enxergar a Unidade, como a Essência Divina a nos convidar a refletir que, antes de tudo, somos todos Um; essa mesma Unidade, por certo, manifesta-se na Trindade, a qual Pitágoras atribui à Perfeição; e o número 7, relacionado ao Sagrado, abre-se em veredas da evolução, através dos mais diversos e misteriosos Setenários. 

Não por um acaso volvi meu olhar para esse tema e me inspirei a escrevê-lo. E, também, não por um acaso, fui inspirado a fazê-lo nesse dia, sob os influxos de mais um 13 de maio, essa tão nobre efeméride. Não obstante, 13 de maio é o dia dedicado à Mãe Divina e, também, não por um acaso, coube a Isabel – a Ísis Bel ou a bela Ísis, libertá-los.

Também, curiosamente, essa data marca o 133º dia do ano e, 133 é o Salmo da Concórdia Universal, “que celebra a beleza e a alegria da união entre irmãos, comparando-a a um óleo perfumado e ao orvalho do monte Hermom, que desce sobre o monte Sião”. Este Salmo assim se inicia: “Oh, quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união!” 

Sim, apesar de tantas conquistas e realizações, e de não mais estarmos aprisionados a antigas correntes, precisamos, todos nós, produto dessa rica miscigenação que somos, formada por índios, europeus e negros, ainda, libertar as mentes de alguns que, presos às correntes da inconsciência, insistem em navegar com seus “navios negreiros” da prepotência, desfraldando a rota bandeira da intolerância, que tremula envergonhada no mastro da pseudoliberdade, que tanto nos entristece, ao percebermos tamanho desprezo pelo próximo, dividindo-nos em castas, um povo que deveria se orgulhar do privilégio de correr em suas veias o sangue de todas as raças.  

Sim, apesar de todas as conquistas, temos pouco a comemorar, pois, de fato, ainda, estamos em pleno mar...


Escrito em 13/maio/25. Texto apresentado na participação do Grupo Literário Fonte das letras, na 9ª FLAVIR – Feira Literária das Águas Virtuosas – edição São Lourenço, no Espaço Cultural Bavária, em 29/05/25*.

PAINEL - Almir Sant’Anna Cruz


Na Maçonaria Operativa, o que caracterizava as reuniões dos Maçons a céu aberto nos canteiros de obras ou nos barracões, eram os desenhos que se faziam no chão, geralmente das ferramentas, das Colunas e do Pórtico do Templo de Salomão.

Quando da transformação da Maçonaria Operativa em Especulativa, as reuniões passaram a ser feitas em ambientes fechados, geralmente em tavernas, que eram ricas cervejarias dotadas de quartos, cabeleireiros, salões de leitura e de reuniões, e a prática de se desenhar no chão – pelo fato dos desenhos não se apagarem facilmente ou por danificarem o assoalho dos estabelecimentos – foi sendo gradativamente substituída por Painéis de tecido, semelhantes a tapetes, que após o término da sessão eram enrolados e guardados por um dos Irmãos.

Essa alteração caracterizou uma importante evolução, pois além dos Painéis de tecido serem mais práticos, os Símbolos ficavam menos expostos às vistas profanas e, sobretudo, podiam ser desenhados com mais capricho e dentro de princípios estéticos mais bem elaborados, ao menos em relação aos desenhos feitos toscamente no chão.

O segundo passo na evolução dos Painéis, que perdura até os nossos dias, foi adotar quadros para cada Grau, no lugar dos tapetes de tecidos, o que permitiu que alguns Irmãos extravasassem seus dotes artísticos.

Todavia, em 1772, a Grande Loja da Inglaterra idealizou a construção do Freemason’s Hall, um edifício de uso exclusivamente maçônico, concluído em 1776.

Assim, as Lojas Maçônicas passaram a se reunir em ambientes próprios, onde todos os Símbolos representados nos quadros estavam presentes fisicamente, podendo-se dizer que perderam a sua razão de ser.

Perderam, sim, sua função utilitária, mas foram elevados à categoria de Símbolo, representativo do Mestre, que é aquele que deve transmitir aos Aprendizes e Companheiros o significado dos Símbolos dos respectivos Graus, que estão figurados nos Painéis, o Símbolo da Tracing Board (Tábua de Delinear), como é chamado na Maçonaria inglesa, que passamos, no Brasil, a adotar os nomes de Painel e Prancheta, como se fossem dois distintos Símbolos.

Os Painéis são quadros onde estão figurados os principais Símbolos dos respectivos Graus. 

Os Painéis em uso no Brasil são de origem inglesa e francesa, sendo que os de origem inglesa foram elaborados por John Harris, desenhista arquitetônico e pintor de miniaturas inglês para a sua Loja, a Emulation Lodge of Improvement for Master Masons (Loja Emulação de Melhoria para Mestres Maçons), em 1823, que, como o próprio nome indica, é uma Loja de Instrução para o Emulation Ritual (Ritual Emulação), praticado no Grande Oriente do Brasil como sendo Rito de York, que apresenta características semelhantes ao verdadeiro Rito de York Americano, mas muito diferente dos Ritos criados na França. 

Esse conjunto de Painéis ingleses ao serem utilizados por Ritos originários da França, apresentam incongruências irreconciliáveis.

Já os Painéis de origem francesa estão absolutamente em conformidade com a estrutura dos Ritos originários da França.

A utilização de dois Painéis, um de origem inglesa e outro de origem francesa para um mesmo Grau, sob os nomes de Painel Simbólico e Painel Alegorico, é uma invenção brasileira inexistente na Maçonaria Universal. Painel do Grau é um só, o que é exposto na abertura da Loja em cada Grau. 

Os Mestres têm, ou deveriam ter, a obrigação de conhecer o simbolismo de cada elemento figurado nos Painéis, para que possam transmitir com propriedade os ensinamentos aos Aprendizes e Companheiros, como preconizados pela Prancheta, que no verbete próprio, será demonstrado que Painel e Prancheta são dois nomes que se dá a um mesmo Símbolo.


Excertos do *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Interessados no livro contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

maio 30, 2025

O TRABALHO NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail


Quem nunca ouviu a máxima de que “o trabalho dignifica o homem” a qual foi tão bem defendida por Voltaire, Adam Smith, dentre outros? Voltaire, maçom, registrou que “o trabalho nos afasta de três grandes males: o ócio, o vício e a pobreza”. Já na visão de Adam Smith, “onde predomina o capital, o trabalho prevalece”. Essa relação entre homem e trabalho não é apenas suportada pelas Ciências Sociais, mas também pelas ensinamentos judaicos, cristãos e islâmicos: “E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.” (Eclesiastes 3:13); “Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.” (I Coríntios 3:8); “Que trabalhem por isso, os que aspiram lográ-lo!” (Alcorão, 37:61).


Este é um assunto sobre o qual as diferentes vertentes – socialistas ou capitalistas, ateus e crentes – concordam: o homem nasceu para trabalhar e viver dos frutos de seu trabalho. Na Maçonaria não é diferente: uma vez feito maçom, o Aprendiz já é chamado ao trabalho, sendo apresentado a ele suas ferramentas de trabalho.


Porém, um erro que muitos podem cometer ao promover uma abordagem simplista sobre o assunto é pensar que o trabalho dignifica o homem, pois através dele pode-se proporcionar uma vida decente para si e sua família. Tal raciocínio está equivocado, pois, nesse sentido, não seria o trabalho que dignifica o homem, mas o seu resultado: o salário. Cometer esse erro seria desonroso, negligenciando e zombando tanto o homem quanto o seu trabalho, por julgar que o trabalho só tem valor porque gera um salário e que o homem só trabalha para ganhar o seu próprio pagamento.


O trabalho produz mais do que simplesmente o salário do trabalhador. O trabalho gera um produto ou serviço que é demandado por outra pessoa ou pela sociedade. O trabalho gera habilidade e experiência para aquele que o executa. O trabalho cria não apenas relações comerciais, mas também sociais. Trabalho resulta em aprendizagem e conhecimento. Trabalho proporciona prazer quando bem feito. Trabalho estabelece parcerias.


Desse modo, o trabalho mostra que todos nós dependemos uns dos outros, porque um alfaiate não pode fazer um terno sem o agricultor que planta e colhe o algodão, o caminhoneiro que transporta o algodão para a fábrica, o operário da indústria têxtil que o transforma em tecido, o motorista da transportadora que entrega o tecido para o atacadista, e, finalmente, o atacadista que o fornece para o alfaiate. Apenas pelo trabalho de muitos trabalhadores, o alfaiate pôde realizar seu próprio trabalho. E o ciclo de trabalho não para por aí, visto que o terno produzido pelo alfaiate vestirá outro profissional, o qual depende não apenas do alfaiate, mas de muitos outros profissionais para sobreviver e poder desempenhar seu trabalho, do qual outros trabalhadores podem depender, incluindo o alfaiate.


Assim sendo, como pode o salário chamar a atenção quando o trabalho significa algo muito maior e muito mais relevante para a vida de todos os homens de boa vontade? Quando o trabalho cria uma riqueza muito mais valiosa, imensurável em comparação com o salário? Pensando assim, pode-se afirmar que o salário é, talvez, o resultado menos importante do trabalho, servindo apenas como moeda de troca para os produtos e serviços dos trabalhadores – algo necessário entre os homens para tornar o fruto de seus trabalhos mais acessível a todos.


Olhe para si mesmo e veja a imensidão que lhe rodeia. Veja cada objeto, parte e acessório que você está usando. Olhe para o ambiente ao seu redor e tente imaginar quantos trabalhadores de todo o mundo estiveram envolvidos na produção desses utensílios. Olhe para o celular que provavelmente está contigo agora. Imagine a energia que talvez mantém sua lâmpada ou computador ligado. Agora pense nas vastas redes de produção e de transporte e os milhares de trabalhadores envolvidos nelas para permitir que este livro estivesse em suas mãos neste exato momento, sem mencionar as paredes em que talvez se encontre e serviços de água, internet, telefone, etc. Sem dúvida, podemos dizer que milhões de trabalhadores de sua cidade, estado, país e inclusive de outros países estiveram e estão envolvidos na produção dos produtos e serviços que neste momento circundam você.


Às vezes, a pressa da vida diária não nos permite parar por alguns minutos e fazer essa reflexão. Simplesmente olhar ao redor e entender como todos nós somos dependentes do trabalho de inúmeros trabalhadores desconhecidos e sermos gratos a cada um deles.


Um dos principais ensinamentos maçônicos é o de que, para fazer qualquer trabalho, deve-se equilibrar três conceitos arquetípicos diferentes que são potenciais em cada um de nós: sabedoria, força e beleza. Somos ensinados que estes são pré-requisitos para qualquer grande e importante empreitada. Fugir disso pode levar à infeliz tendência de sacrificar um planejamento adequado, o refinamento estético ou a mão de obra adequada em uma tentativa equivocada de ser “prático”. Quando cometemos essa imprudência e erguemos uma estrutura sem a devida força ou beleza, não estamos conservando qualquer coisa de valor, senão sendo contrários aos melhores lições da tradição maçônica.


Pensando em termos individuais, não seria útil ter a vontade e a força para realizar um trabalho se o trabalhador não tem a sabedoria ou as habilidades necessárias para completá-lo. Da mesma forma, se tem a inteligência e a força para trabalhar, mas falta a vontade, significa que nada será feito. E do mesmo modo, é impossível para um trabalhador produzir apenas com a vontade e a inteligência, mas sem a força exigida. Ou seja, é necessário empregar todas essas três qualidades para que um trabalho seja feito de uma forma justa e perfeita. Este é o segredo da perfeição: não está no trabalhador, mas em seu trabalho.


Isso nos leva a uma característica essencial da Ordem Maçônica. Nossa tradição valoriza todas as classes sócio-econômicas e recusa-se a levar em conta a posição profana de um homem, a não ser em termos de seu caráter moral. É fácil de entender a partir desse ensinamento que nossa Ordem ensina a dignidade de todo o trabalho. Em seu clássico trabalho, Moral & Dogma, o célebre filósofo maçônico norte-americano Albert Pike ensina-nos: Que nenhum companheiro imagine que o trabalho dos humildes e sem influência não vale o feito. Não há limite legal para as possíveis influências de uma boa ação ou uma palavra sábia ou um esforço generoso. Nada é muito pequeno. Quem está aberto para a penetração profunda da natureza sabe disso. Embora, na verdade, nenhuma satisfação absoluta poderá ser concedida à filosofia, mais em circunscrever a causa do que em limitar o efeito, o homem de pensamento e de contemplação cai em êxtases insondáveis, tendo em vista todas as decomposições de forças resultantes na unidade. Todos trabalham para todos. (DE HOYOS, Arthuro. Ed. Albert Pike’s Morals and Dogma of the Ancient e Accepted Scottish Rite of Freemasonry: Annotated Edition. Washington, DC: Supreme Council, 2011.)


Não é apenas o seu trabalho que o dignifica, mas o trabalho de todos os homens em todo o mundo que contribui para que você, um indivíduo, possa viver com dignidade. O maçom deve procurar compreender que o que o conecta a todos os homens de boa vontade do mundo é o trabalho digno que cada um realiza. Trabalho esse que, direta ou indiretamente, afeta todos os outros. Além da fé no Grande Arquiteto do Universo, o trabalho é um dos grandes laços que nos une em um vínculo que, mitologicamente, nós, como maçons identificamos como o mesmo vínculo compartilhado por aqueles que trabalhavam no Templo de Salomão.


Portanto, durante a execução de um trabalho perfeito, o trabalhador está aprendendo, desenvolvendo-se, evoluindo, interagindo com fornecedores e clientes, em parcerias, atendendo a uma demanda de um indivíduo, um grupo ou sociedade, gerando empregos, proporcionando felicidade para si e para os outros, contribuindo com o seu trabalho para a humanidade, e é isso que conecta todos os homens de bem no mundo. Há algo mais digno do que isso?

CÂMARA DE REFLEXÃO NÃO É UM LUGAR. É VOCÊ! - Newton Agrella



Na qualidade de "livres pensadores"  temos a oportunidade de enxergar e interpretar conceitos filosóficos sob prismas diferenciados.

 Alguma vez você ousou pensar a Câmara de Reflexão não como um cubículo escuro, desconfortável, com cheiro de enxofre e ornamentado com inúmeros símbolos e inscrições, mas sim como um estágio de sua Existência,  ou como se fosse o fim de um ciclo e o sinal de passagem para um recomeço ???

Experimente imaginar essa Câmara de Reflexão sem considerar seus valores estéticos.

Ouse elaborar um conceito de um hiato de vida.  Ou seja, uma parada em que você se defronta com a sua própria existência.

Você inicia uma conversa consigo mesmo, avalia tudo o que você já viveu até aquele instante e faz um brevíssimo flashback dos momentos mais marcantes de sua história.

A encruzilhada está na sua mente. 

Encontra-se recôndita no seu coração... 

O momento é só seu....

Cabe a você persistir ou não no seu intento.  

Corpo, Alma e Espírito confabulam freneticamente dentro de sí.

Você é o agente de sua conduta e a Câmara de Reflexão reside unicamente em você.

O que você vê no cubículo em que se acha encarcerado é uma mera e circunstancial projeção estética e formal.

Porém o que você enxerga é o seu comprometimento para com uma vida diferente.

É o adeus ao profano e o renascimento para a Arte Real....

A Reflexão contudo, pede um compromisso com o seu interior e com os valores mais intrínsecos que a alma humana requer.  

Diante disso, fica renovado o convite para que de agora em diante você considere a Câmara de Reflexão, não apenas como um lugar simbólico, porém como um intervalo especial e incomparável entre o que você viveu e o que a sua consciência passou a viver.

Entre ver e enxergar reside o discernimento.



maio 29, 2025

ORADOR - Almir Sant'Anna Cruz


Joia: Livro aberto

O livro aberto simboliza o esclarecimento da lógica pura e faz lembrar que nada estará escondido ou em dúvida. Simboliza também que o Orador é o conhecedor da tradição do espírito maçônico, o guardião da Lei Magna Maçônica, dos Regulamentos e dos Ritos.


Investidura e Posse: Com a seguinte locução do Venerável Mestre eleito:

Irmão Orador, ao revestir-vos com esta Joia, invisto-vos no respectivo cargo.

Ela representa o Livro da Lei e aberto como está, indica que deveis ser um livro aberto à consulta de vossos Irmãos.

Bem compreendeis, pois, as imensas responsabilidades que vosso cargo vos atribui e das quais somente podereis vos desobrigar pelo estudo profundo de todas as Leis e de todas as praxes de nossa Sublime Ordem.


Avental: O Avental dos Mestres difere em função da Potência e já foi descrito na página 36.


Alfaias: Avental de Mestre e Colar com a joia do cargo.


Instrumentos de trabalho: Não há.


Correspondência na Abobada Celeste: ARCTURUS, que na mitologia grega é o ateniense Icário, que recebeu o segredo da elaboração do vinho e ofereceu a pastores que, acreditando terem sido envenenados, mataram Icário. Seu cão Maera ficou latindo sobre o corpo morto de seu dono, chamando a atenção de sua filha virgem Erigone, que se enforcou.

Houve então uma praga que afligiu as mulheres atenienses que só foi aplacada quando os assassinos foram punidos e se instituiu um festival em homenagem a Icário e Erigone. Os deuses então transformaram ambos em estrelas: Erigone virou a constelação de Virgem e Icário a estrela Arcturus, a mais brilhante da constelação do Boiero e a quarta estrela mais brilhante do céu noturno. Pela sua posição na Abobada corresponde ao cargo do Orador.


Atributos do Cargo:

Dignidade eleita, a quem compete observar, promover e fiscalizar o rigoroso cumprimento das Leis maçônicas, dos rituais e dos demais deveres e obrigações. 

Tem assento em mesa própria no Oriente e pode dirigir-se diretamente ao Venerável Mestre 

É o representante do Ministério Público Maçônico na Loja, sendo de sua alçada comunicar as infrações e promover a denúncia do infrator, bem como acatar ou rejeitar denúncias formuladas à Loja, escritas ou verbais. 

Como “guarda da lei”, nenhuma matéria pode ser votada sem que antes apresente suas conclusões sob o ponto de vista legal. 

De igual forma, antes do encerramento das sessões deverá apresentar suas conclusões sob o ponto de vista legal.

Deve opor-se, de ofício, a qualquer deliberação contrária à lei e, em caso de insistência na matéria, formalizar denúncia ao Poder competente.

Está incumbido também de fazer a leitura das leis e decretos, discursar nas sessões magnas e nas festas públicas em geral e agradecer a presença de visitantes. 

Compete-lhe conferir o Tronco de Beneficência, entregando-o a quem de direito, como disposto no Ritual.

O Orador só pode apresentar as suas conclusões de acordo com as proposições apresentadas durante as discussões. 

Embora possa tomar parte na discussão dos assuntos, deve ter o cuidado de não apresentar sua opinião, que poderia ser entendida como conclusão. Em outras palavras, o Orador só pode concluir sobre proposições dos outros, conservando sempre o caráter da impessoalidade. 

É recomendável que esta função seja exercida por um Mestre Instalado experimentado e com profundos conhecimentos maçônicos, além de habilidades de oratória. 


Do Manual dos Cargos em Loja do REAA -Interessados no Manual contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

JONAS E A BALEIA - Ivan Froldi Marzollo


 

"O iniciado Jonas e a esotérica Câmara" 

O Maçom para estar em comunhão com a ordem basta ter o coração puro e os olhos transparentes como o céu estrelado da sua loja.

O caminho de Jonas  representa a nossa Alma Divina, a Consciência, adormecida e presa pelo Ego e pela Mente, pelos desejos inferiores egóicos, que temos, que ouvir e seguir na formação do coração e esclarecimento do espírito.

A história relata simbolicamente o caminho longo e cansativo de um iniciado maçon. O Trabalho pelo qual a Pedra Bruta se transforma numa pedra trabalhada e viva.

Logo que Jonas cai ao mar a Tempestade cessa. Dentro do mar, Jonas é engolido por uma enorme baleia, dentro da qual ele passa 3 dias e 3 noites orando a Deus e pedindo que lhe dê uma segunda chance. Assim Deus lhe perdoa e Jonas é liberto do interior da baleia, seguindo doravante o seu destino.

A peregrinação de Jonas no interior da baleia demonstra os passos do Caminho, as suas Provas, nas quais se prepara o espírito para se tornar digno de entrar no Templo (Interior), naquele templo verdadeiro, que é feito sem ruído de pedra nem de martelo, em que a luz do Conhecimento (Gnose) permanece eternamente

A entrada de Jonas no ventre da baleia, é o “regressus ad uterum” de todos os ritos iniciáticos, que implicam transformação simbólica em embrião e uma pré-morte, seguida do regresso à Grande Mãe da etiologia, onde o iniciado nasce pela segunda vez.

Esta penetração na Grande Mãe, é muitas vezes perigosa:

A entrada no ventre da baleia, além da já referida semelhança bíblica, encontra-se muitas vezes noutros mitos e sagas do antigo Oriente e do mundo mediterrâneo de raiz iniciática, tendo paralelismo com o mito polinésio de Maui, o grande herói maori que regressando à pátria, para casa da avó, encontrando-a adormecida, se despe e penetra no corpo da gigante, Grande Dama da Noite, Huie-muite-po, atravessando-a, mas ao sair, ela acorda em sobressalto apertando-o entre os dentes e cortando-o ao meio; sob outro viés observamos o paralelismo com os ritos iniciáticos relativos às grutas e fendas das montanhas, símbolos da matriz Terra Mãe em muitas culturas. Por exemplo, o termo chinês "Tang", designando gruta, também significa "misterioso, profundo, transcendental", todos os  arcanos revelados nas iniciações.

Esta representação do além,  sob a forma de ventre da baleia, ilustra que o outro mundo é um local de acesso extremamente difícil.

A porta em forma de mandíbula, significa a dificuldade da passagem e reflete a necessidade da mudança do modo de ser para poder atingir o mundo do espírito.

A história de Jonas é realmente uma lenda da iniciação nos grandes mistérios, pois a baleia ou o “grande peixe” representa a escuridão da ignorância que domina o homem quando ele é jogado para o fora do navio (ou seja sai do seguro reino celestial para aqui nascer) no mar (vida terrena).

Quando usado como um símbolo do mal, o peixe representa a natureza animal e inferior do homem em seu próprio túmulo (corpo físico). 

Assim Jonas passou três dias e três noites no ventre do “grande peixe”, da mesma forma como Cristo passou três dias e três noites no seu sepulcro. 

 Jonas é o arquétipo do homem caído ou deitado, que está adormecido na matéria, do homem que não quer se levantar e não quer cumprir sua missão. 

Jonas é o arquétipo do homem que foge da sua missão, que foge da sua verdadeira natureza ou identidade divina, que foge do verbo interior, que foge da sua vocação, da sua realização.

Quando Jonas dentro da baleia decide retomar seu caminho, ele não teme mais nada. É a fênix que renasce das cinzas. É Osíris que morto, renasce em Hórus (Ouros). É Cristo , morto crucificado, renasce como Cristo ressuscitado.

Há momentos em nossas vidas que não podemos mais mentir para nossa própria consciência. Chega uma hora em nossa vida que nós somos obrigados a ser autênticos conosco mesmos, não podemos mais fugir. 

 O arquétipo da história de Jonas é um convite para que nós mergulhemos nas profundezas de nosso inconsciente, para passarmos através das nossas próprias sombras, para após passarmos pela experiência da morte, aceitarmos nossa missão, nossa condição como humanos mortais e descobrirmos, em nós mesmos, a nossa essência imortal (alma espiritual). 

Ir de encontro ao destino é realizar plenamente o potencial que está desde a eternidade dentro de nós. 

É ouvir o chamado, atentar e responder a ele. É desabrochar todas as nossas potencialidades e seguir nossa vocação pré-escolhida antes de nascer neste mundo, estranhamente o mundo costuma nos corresponder quando agirmos assim, sem covardia.

Uma das formas de saber se realmente estamos indo no bom caminho e que estamos fazendo aquilo para o qual nascemos, é parar e perceber se o mundo está nos abrindo as portas e que, se mesmo nós nos negando a usufruir dos seus benefícios, nós continuaremos os tendo a disposição.

 Independentemente da interpretação psicológica que muitos autores fazem da história, que é rebuscada e não estava na intenção do seu autor, ela têm, na sua génese, uma conotação maçônica e esotérica,  a simbologia e estrutura é maçônica, e descreve a viagem atribulada e solitária da cada ser humano, pobre, nu e cego, na procura constante da Sabedoria e da Espiritualidade, que vem já das mitologias e ritos de iniciação antigos e que várias culturas, religiões e a maçonaria adotaram para explicar simbolicamente a transformação espiritual de cada indivíduo..

A busca é individual e a evolução depende da resposta e significado que o peregrino estiver disposto a desafiar . 

Que a Luz do Grande Arquiteto do Universo ilumine a peregrinação individual de todo filho da viúva. 


maio 28, 2025

ANTIGAMENTE - Carlos Drummond de Andrade





"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito.

Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.

E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. 

As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro.

Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada.

Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. 

Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno.

Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. 

Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.

Haviam os que tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. 

Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes:

“Farei presente.”

Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando:

“Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” 

E os eruditos, se alguém espirrava — sinal de defluxo — eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”.

Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana.

A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso.

Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.

Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. 

Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. 

As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga.

Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. 

Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe.

As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro.

Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.

Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas.

Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. 

Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O.

London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.

Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora."



A ILUMINAÇÃO DO EU SUPERIOR - António Rocha Fadista


 

O ENIGMA DA ORIGEM DA LUZ


Huyghens e Newton elaboraram a teoria das ondas luminosas transmitidas pela incandescência do sol, das demais estrelas e das chamas. As radiações das fontes de luz foram objeto de inúmeros tratados científicos. A natureza da luz sempre manteve os estudiosos imersos na perplexidade. Einstein, Maxwell e Louis de Broglie consagraram obras eruditas ao estudo da propriedade ondulatória ou, ao contrário, da linha reta do fenômeno da propagação, assim como ao estudo da formação da claridade luminosa molecular e material.

Observou-se justamente que “os objetos que nos cercam só são visíveis porque refletem a luz”. Esta luz se propaga por ondas. A sua irradiação é eletromagnética e energética. Bohr estabeleceu que a luz deve sua geração à matéria; a combustão a produz e a emite. A luz é um “elemento constitutivo do Universo”. Os físicos têm constantemente investigado seus desdobramentos no cosmos: do Sol à eletricidade e ao laser, e do infravermelho ao ultravioleta, eles repetiram suas experiências, anotaram suas observações em ótica, a irradiação luminosa no espaço e no vácuo. Observaram que sua cor branca comporta a reunião de todas as cores que o prisma decompõe. Newton comprovou isso.

As fontes luminosas, de origem térmica, atômica, gasosa ou incandescente, são conhecidas ou ao menos explicadas. “Matéria e luz estão ambas em contínua interação”, como diz Pierre Rousseau. O aquecimento produz a iluminação. De Euclides a Goethe, muitos foram os que perscrutaram o seu mistério, no qual alguns não hesitaram em ver um “magismo”! Sendo a velocidade do raio solar de 300.000 km/s, como medir a sua densidade?

Em resumo, escolhamos uma definição, tão clara quanto possível, ou seja, a dos cientistas: “Luz, é onda eletromagnética, cuja parte visível tem comprimento de onda que varia entre 0,4 e 0,7 micron. Propaga-se no vácuo a aproximadamente 300.000km/s”. “Segundo o seu comprimento de onda, ou segundo a mistura de seus comprimentos de onda, a sua impressão colorida é variável. A mistura de todos os comprimentos de onda nos dá a impressão de branco. A Luz obedece às leis da difração, da difusão, da reflexão, da refração e da polarização.

O físico Maxwell elaborou a teoria eletromagnética da propagação da luz, renovando a antiga teoria da vibração do éter. Certos estudiosos reúnem o calor, a luz e a eletricidade. É o caso de Louis Lucas, em sua Médicine Nouvelle, que declara serem estas as “três fazes gerais do movimento”, cujas nuances são infinitas. Papus retoma essa afirmativa no seu Trate Méthodique de Science Occulte. Segundo Pierre Rousseau, “a luz visível é apenas uma fração ínfima do domínio das radiações eletromagnéticas, que são vibrações transversais de forma senoidal, de um duplo campo elétrico e magnético. Está hoje provado que a luz segue a curvatura do espaço.

O preto, o branco e as cores freqüentam o nosso destino. A vida, a Natureza e o Cosmos só se expandem pela Luz.


A ADORAÇÃO DO SOL-LUZ


Este foi um dos primeiros sentimentos místicos dos homens. A religião nasceu disso. Inicialmente, os mais inspirados, depois os sacerdotes, todos eles imbuídos da tradição edênica, evocaram Adão ao nascer do Sol e o fim do mundo no pôr do Sol. A Luz ilumina o mundo. A Luz é Deus. As peregrinações existiram em abundância no momento dos solstícios e dos equinócios. São imperecíveis, sob este ponto de vista, os deuses-sóis da Pérsia e do Egito. Em Roma, o poeta Lucrécio assim saudava o Sol: “ O sol etéreo, essa rica fonte de fluido luminoso, banha o céu de um brilho sempre fresco, sem parar de substituir a Luz pela Luz… Os objetos precisam de uma Luz sempre nova e cada jato luminoso que se dissipa tão logo nasce, e nada se poderia perceber à Luz do Sol se essa claridade cessasse de se renovar pela sua própria fonte”.

Graças a essa incessante energia luminosa que recebemos do Sol, a Terra se aquece e emite radiação de calor no espaço. Nas cerimônias de iniciação dos Mistérios de Eleusis, o profano era levado a caminhar por lugares tenebrosos e inquietantes, que o deixavam com medo e inseguro. Pouco a pouco as trevas se dissipavam, e o candidato passava a ver uma claridade, que finalmente se convertia em luz intensa. No Rito de Iniciação de Osíris, no Egito, os profanos eram arrastados pelas salas da Grande Pirâmide, em plena escuridão. Em seguida, os candidatos eram levados a um tribunal no qual viam a representação da morte, e passavam pelas provas simbólicas da purificação. Tudo terminava em lugares banhados de Sol, após o que, pelas palavras misteriosas, eram comunicados aos neófitos os segredos do Além ou Amenti.

Nos Mistérios de Dionísio, Orfeu dizia aos recém-iniciados: “Vinde beber a Luz do Templo, oh vós que saístes da noite. O Sol que evoco sobre vossas almas não é o Sol dos mortais, é a Luz pura, o grande Sol dos iniciados”.

O culto do Sol teve o seu período áureo no reinado do faraó Amenophis IV, também chamado Akhen-Aton. Ele foi o primeiro ser humano a instituir um culto monoteísta. Os egípcios acreditavam que a Luz iniciática trazia a salvação do homem. Por isso, mandavam costurar no sudário dos mortos um amuleto simbolizando o Sol. Aton era o deus solar adorado ao tempo do faraó Amenófis ou Akhenaton.


O OURO-LUZ


Os egípcios reverenciavam a qualidade solar do ouro. Daí a cor amarela ser primordial em seus ritos funerários. A tradição grega já via no ouro um aspecto do Sol, com as suas virtudes da fecundidade. O deus Apolo tinha cabelos de ouro. O Velo de Ouro dos Argonautas conferia a quem o tivesse o poder temporal e o poder espiritual. Na Índia, reverencia-se também o ouro por ter o brilho da Luz. Os ícones de Buda são dourados, bem como o são os ícones bizantinos, por serem o reflexo da Luz Celeste. Para os alquimistas, Nicolas Flamel entre eles, a transmutação do chumbo em ouro nada mais é do que a transformação do homem por Deus. Esse é o objetivo da alquimia espiritual.

O Sol é representado pela cor do ouro. E o ouro freqüenta intensamente a discrição do Apocalipse. Jesus mediu a Jerusalém eterna com uma régua de ouro, ao passo que a cidade é toda de ouro puro. Segundo J.P. Bayard, “Essa régua de ouro é o símbolo da justiça e do esplendor, da sabedoria e da verdade”. Mas o que devemos lembrar é que o ouro simboliza a divina claridade da pureza e da Luz”.


A LUZ PELO FOGO


Gerador de luz, o fogo, purificador e iluminador, segundo Paul Diel, projeta suas chamas para o céu e “representa o impulso para a espiritualização”. Ele é o símbolo da regeneração, mais que da morte, e o aniquilamento pela combustão. Como o Sol pelos seus raios, o fogo, pelas suas chamas, simboliza a ação fecundante, purificadora e iluminadora.

O fogo, criador da Luz, terá os seus prolongamentos no rito de incineração, nas fogueiras da Idade Média, nos fogos de São João, e em todas as ações que tenham a intenção da purificação. Assim, o fogo é a menos imperfeita imagem de Deus, a menos imperfeita das suas representações, e que existe em abundância na simbólica teológica.

Na Índia, os grandes determinantes da Luz, que são o fogo, o raio e o Sol, têm lugar de destaque e fundamental. Agni, Indra, Sürya, são os intermediários celestes do Fogo. O Fogo ritual simboliza as paixões, os espírito e o conhecimento intuitivo. Os taoístas se lançam na fogueira para se libertar dos erros humanos e unirem-se ao Eterno; o sacerdote lhes garante que o fogo não queima o santo. Este Fogo sacrificial do hinduísmo é sagrado. Nas religiões judaica e cristã, numerosos são os círios, os castiçais, as lamparinas, as velas das procissões, dos templos, dos pedidos ou dos pagamentos de promessas.

Desde a alta antiguidade os templos são orientados para o Oriente, para receber a primeira luz solar. O Oriente é o símbolo da Luz incriada.


OS TEMPOS BÍBLICOS E O VERBO


O livro do Gênesis diz: Iahweh criou a Luz pelo Verbo. Iahweh disse: “Haja luz”. “E viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas”. Iahweh disse ainda: “Que haja luzeiros no firmamento dos céus para alumiar a Terra”. E Ele criou o Sol “o grande luzeiro”, para presidir o dia; e a Lua, para presidir a noite; e as estrelas do firmamento para brilhar no céu.

A criação da Luz determina o início do tempo. A Luz original não é a do Sol. Os astros são apenas luzeiros; a Luz de Iahweh é universal, é a desejada pelo Criador. Os salmistas, os profetas, os Reis, todos cantaram a Luz divina, que determina o Conhecimento. No Salmo CXIX, Davi assim se expressa: “Tua palavra é uma lâmpada para iluminar os meus pés, uma Luz para brilhar sobre o meu caminho”. Em Provérbios, VI:23, lemos: “O mandamento divino é uma Lâmpada, a Thorah é Luz”.

O salmista diz ainda que “Iahweh se veste de Luz como de um manto (Sl., CIV:3)”. Os comentaristas rabínicos do pensamento judaico explicam a existência de uma “Luz escondida”. Existe uma Luz do espírito, criada e separada do Criador. Encontramo-la na Thorah. O Rabi Simeão via cinco Luzes desde a origem dos tempos:

– Elohim diz: “que seja a Luz! E foi o Gênesis”

– E foi a Luz = Livro do Êxodo.

– Elohim viu a Luz = Livro do Levítico.

– Elohim separou a Luz = Livro dos Números.

– Elohim invocou a Luz = Livro do Deuteronômio.

Homem de Luz, Moisés extasiou-se diante da sarça ardente. A descer do Monte Sinai, ele resplandecia de luz. A Thorah contém a Luz divina. O estudo das Sephiroth provará que “ a Luz é essencialmente Amor”. A Luz do Amor.


O SOL ESPIRITUAL


Segundo René Guénon, “A irradiação do Sol espiritual é o verdadeiro coração do mundo”. Claude San-Martin dizia que a Luz do verdadeiro Sol deve ser recebida sem refração, isto é, sem nenhum intermediário que a deforme, mas sim por intuição direta. Esta é a Iluminação Iniciática. Jacoh Boehme dizia que a Luz contém a Revelação, pois “na Luz há um Deus misericordioso e bom e, na força da Luz, Ele se chama Deus”.

A China e a Índia assimilam no Budismo a Luz e o Conhecimento. Para o Islã, Em-Nur (a Luz) corresponde a Em-Rhu (o espírito). O Evangelho o Alcorão, os textos taoístas e budistas garantem que a Luz sucede às trevas, dualidade universal do Yang e do Yin. O próprio Cristo dotou-se de apelativos simbólicos, tais como: “Sol de Justiça, Grande Luz, Luz do Mundo”. A data estabelecida para o seu nascimento, 25 de dezembro, na Roma pagã, era a festa do Sol renascente, ou Solis Invictus.


A LUZ DA ÁRVORE DA VIDA


No centro do paraíso viam-se a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Essa antiga lenda babilônica veio da antiga Mesopotâmia e foi atribuída à Epopéia de Gilgamesh.

Uma outra árvore era venerada pelos antigos: o carvalho, que recebia o raio, a arma e o símbolo da Luz e do Fogo de Deus. Todas as mitologias consagram o lugar onde caía o raio. O carvalho de Zeus em Dodona, de Júpiter em Roma, o carvalho de Perun entre os eslavos. A sarça ardente do Êxodo é uma manifestação de Iahweh a Moisés que, espantado, lhe perguntou: “Qual é o Seu Nome”? E Iahweh lhe respondeu: Eheieh Asher Eheieh! Traduzido por “Eu Sou Aquele que Sou”. Melhor traduzido seria: “Eu sou a Luz que É”.

Também o Alcorão exalta “a Árvore bendita”. A mesma imagem, a da Árvore da Vida, é encontrada na Cabala; dela emana “o orvalho de Luz”. Para René Guénon, essa Árvore é a oliveira, cujo óleo é utilizado na Luz da lamparina, Luz que vem de Alá “e que é o próprio Alá”. Assim, a Árvore que dá a Luz é a própria Árvore da Luz. Na Índia, os Upanishads apresentam a Árvore da Vida como o próprio Brahma. O Alcorão afirma que há nisso “Luz sobre a Luz”. O mesmo Alcorão, na surata XXIV, que tem por título A Luz, demonstra em 64 versículos, que “Deus é o iluminador do Sol, da Lua dos astros, das criaturas celestes e terrestres e de tudo o que existe. Eis algumas das frases desta surata: “Deus é a Luz dos céus e da terra”; “Deus guia para a Sua Luz quem Lhe apraz, e fala aos homens com alegorias”.


AS LUZES DA IDADE MÉDIA


Todas as soberbas catedrais góticas da Europa, construídas pelos maçons operativos, são luminosas. Iluminados eram também os seus construtores. Elas representam um autêntico hino à Luz. Nestas catedrais, os vitrais projetam raios de diversas cores: à tarde, “as rosáceas iluminam os templos com os últimos raios do Sol poente”.

Estas rosáceas proporcionam às catedrais uma Luz feérica, digna da divindade, sob o signo da beleza da rosa. A Iluminação ao nascer do Sol inspirou os construtores a orientar estes templos para o Sol levante, assim como sobre o altar mor, o oficiante se voltava simbolicamente para Jerusalém. Deus é Luz, proclamou João. A Catedral, sua morada, resplandece com esta Luz.


ANÁLISE, FILOSOFIA E PSICANÁLISE DA LUZ E DA ILUMINAÇÃO


Mais do que uma analogia, a semelhança do fenômeno físico da irradiação da Luz e do repentino afluxo psíquico dos eflúvios dos abrasamentos mentais, como os de Santa Tereza D’Ávila, são motivo de permanente pesquisa sobre a motivação desse duplo fato enigmático – tanto um quanto o outro – sobre a sua fonte e sobre a sua natureza. A Iluminação, que é o resultado dessa Luz do Espírito, resplandece como um sol que transfigura o sujeito sensibilizado, inconsciente, mas que tem o seu Conhecimento. Um sonho acordado. Uma exaltação que assombra os psicanalistas, tanto ela desconcerta a análise.

Esta transformação do ser procede, como na natureza, de três estágios: a penumbra e a noite fecham os olhos; o nascer do dia faz descobrir e discernir a matéria, o movimento, o acontecimento; depois, o banho de sol que amplifica, doura, transpõe tudo através do seu brilho, e cria no homem um deslumbramento.

Da mesma forma, o espírito confuso, lerdo, e até incompreensivo, desperta com certos agentes, move-se e progride, torna-se mais leve, raciocina, vê mais claro; ele sai da noite para chegar a clarões de inteligência; enfim, ele se irradia, se magnífica, se sublima. “Ciência! Clarões fulgurantes!”, exclamava René Descartes. “Possessão dos mundos interestelares!”, exclamava Goethe, que ao morrer, pedia: Luz, mais Luz. Se os olhos do corpo sabem distinguir os objetos, os olhos do Espírito redobram as suas faculdades; a dupla visão magnifica o sujeito; muitas vezes, ele acreditará estar vendo, não pelo sentido visual, mas pela inflamação exaltante de sua visão interior.

O ser humano, exaltado pela Luz, elevado, transportado, como em estado de levitação, dirige-se para uma transcendência que será mística, metafísica ou artística. Um outro fato a observar é a propensão natural do homem para procurar a Luz. No século XVIII, a Luz foi um fogo do espírito que conjugava ao mesmo tempo um fervor intelectual, que descobre nos caminhos cartesianos o gozo do raciocínio livre, os imensos horizontes da ciência, das novas possibilidades humanas, devidas a uma evolução e a uma revolução morais, em que tudo se tornava possível; e, também, ao mesmo tempo, com esse fogo de artifício do espírito, aparecem um fervor e um refúgio nas fraternidades iniciáticas iluminativas, cujos maravilhosos segredos da Gnose os rosa-cruzes e os maçons detinham nos seus Rituais. Esse foi o século das Luzes. O Conhecimento intuitivo, tradicional, pela Luz dos Rituais.

Não somente o pensador que medita atingirá alturas insuspeitáveis de espírito, não só a alma mística alçará vôo, mas também o eleito aniquilará totalmente a própria vontade para se submeter a um imperativo mais elevado. O sacrifício dos Iluminados pelo fogo é um rito admitido e encorajado por Buda. Essa imolação voluntária no paroxismo do transporte metafísico marca a ascese voluntária ao além, pela recusa da vida, pela aceitação do martírio e pela entrada na morte física.

Esse é o prodígio da transubstanciação, que a Luz visível, conjugada na Luz invisível, opera para grande felicidade do sujeito, aniquilado no seu êxtase espiritual.

Deste modo, pode-se esquematizar o fenômeno da Luz: no primeiro plano, a aquisição de clarões espirituais, um enriquecimento do Eu Superior, um embelezamento pela libertação, pela elevação do Espírito. As sociedades iniciáticas conhecem o seu desenvolvimento nos seus Altos Graus. Acesso à Gnose, através da Estrela Flamejante.

Para o místico, esta é a ascensão, o sentimento da noção de imanência, da sublimação divina. Iluminação será, assim, chegar face a face com a divindade.

Por outro lado, mesmo nas sociedades iniciáticas, exclamava Oswald Wirth, ignora-se a Luz e perde-se o sentido iluminativo dos mistérios tradicionais! É o que se pode chamar de recusa da Luz. Mas, o universo que se descobre pelo encontro com a Luz opõe-se e transcende o universo do mundo profano.

Esta é a Luz, esta é a Iluminação que todo o Maçom deve buscar na ingente caminhada até à sua integração total com Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

maio 27, 2025

A ESPADA FLAMEJANTE - Almir Sant’Anna Cruz


A Espada Flamejante é uma representação da espada empunhada pelos querubins postos ao oriente do Jardim do Éden para guardar o caminho que levava ao conhecimento.

Em Gênesis 3:24 consta: “E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”.

Como, analogamente, a Iniciação é o caminho que leva ao conhecimento, a Espada Flamejante é usada unicamente nos ritos iniciatórios e portada somente pelo Venerável Mestre, que, como Mestre Instalado, tem a prerrogativa de consagrar os graus.

Marius Lepage in Le Symbolisme, afirma que a Espada Flamejante se reveste de dois significados essenciais: o da criação, por intermédio do Verbo-Luz-Som, e o de purificação e de expiação sob as provações do destino. É explica: “A consagração ritual de um novo Maçom começa por estes termos: ‘Eu o crio ...’ É, portanto, um ato criador, que procede de uma vontade – a do Venerável que age em nome da Maçonaria – por intermédio de uma vibração sonora, o golpe da espada. Uma criatura totalmente nova deve nascer, e o efeito dos eflúvios que, saindo da Espada, o atravessam, deve constituir uma espécie de impregnação que penetrará definitivamente o Recipiendário”.

Os três golpes de Malhete sobre a lâmina da Espada Flamejante aludem à numerologia do grau de Aprendiz, que deverá ser objeto de diligente estudo por parte do Iniciado. 

Segundo a Escola Oculta, os três golpes conferem três diferentes modalidades de energia, correspondentes aos três aspectos da trindade divina: o primeiro toque confere fortaleza ao cérebro, o segundo amor ao coração e o terceiro habilidade executiva ao braço direito. 

Jules Boucher in A Simbólica Maçônica completa afirmando que a Espada Flamejante deve ser sempre empunhada com a mão esquerda (lado passivo) e o malhete com a mão direita (lado ativo), significando que a Iniciação transmitida é ativa, isto é, relacionada à própria vontade do neófito.


Excerto do livro "O que um Aprendiz Maçom deve saber" Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

maio 26, 2025

CONVERSA COM A IA - Marco Pereira


 

Se você pudesse escolher viver uma época desde o princípio do mundo e pudesse retornar para contar… qual época você escolheria para vivenciar esse tempo?

Resposta do CHATGPT

Que pergunta fascinante!

Se eu pudesse escolher viver uma época desde o princípio do mundo, eu escolheria a época da Grécia Antiga, especificamente durante o século V a.C., conhecido como o "Século de Ouro" de Atenas.

Imagine poder vivenciar a efervescência cultural, filosófica e artística de Atenas durante o governo de Péricles! Seria incrível testemunhar o desenvolvimento da democracia, a construção do Partenon e a produção de obras-primas da arte e da literatura.

Eu gostaria de:

1. *Assistir às peças de teatro* de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes no Teatro de Dionísio.

2. *Discutir filosofia* com Sócrates, Platão e Aristóteles nos mercados e academias de Atenas.

3. *Visitar a Ágora*, o coração da cidade, onde os cidadãos se reuniam para discutir política, comércio e arte.

4. *Ver a construção do Partenon*, um dos monumentos mais icônicos da Grécia Antiga.

5. *Participar dos Jogos Olímpicos*, uma das principais competições esportivas da época.

Viver nessa época seria uma experiência incrível, permitindo-me testemunhar o nascimento de ideias e conceitos que moldaram a civilização ocidental. Além disso, seria fascinante experimentar a cultura, a arte e a filosofia de uma das civilizações mais influentes da história.

*E você, qual época escolheria para vivenciar?*

PERGUNTAR NÃO OFENDE - Newton Agrella

 


Ainda que carregadas de um certo critério subjetivo, institutos como QUORA, PORTAL INSIGHTS, dentre outros,  detectaram após pesquisas, que uma pessoa comum faz  em média 100 perguntas por dia. 

Contudo, ao longo do tempo esse volume de perguntas vai diminuindo com a idade.

Fazer perguntas é da natureza humana que alimenta a curiosidade, estimula o aprendizado e abre portas para novas perspectivas. 

Porém, perguntar de maneira clara e concisa, sem tanto rodeio e pré-comentários é um exercício bem complicado para um imenso contingente de pessoas.

Na Maçonaria por exemplo, vivemos esse dilema de maneira aguda e frequente, o que torna o cenário linguístico muitas vezes maçante, além de irritar os demais Irmãos durante uma sessão ou uma Palestra.

Há que se ter um foco direto na pergunta, bem como uma concisão e objetividade na resposta.

Sugestões que de algum modo podem contribuir para que o estado de tédio não se instaure no ambiente:

Usar perguntas abertas, que estimulem o compartilhamento de opiniões e experiências.

Ser específico, evitando perguntas vagas ou ambíguas ou que possam ensejar mal estar entre os presentes.

Instigante mesmo é perceber que além das perguntas feitas num âmbito realmente interrogativo, há também as perguntas sugestivas que fazemos a nós mesmos.

Sejam elas na busca de uma alternativa mais plausivel e que melhor atendam às nossas necessidades. 

Ou senão, aquelas que nos fazemos na ânsia de   atender às nossas conveniências e aliviar nossa consciência.

Bem, perguntas são perguntas e sempre estarão acompanhadas daque inquietante ponto de interrogação.

Dentre essa média de 100 perguntas que grosso modo fazemos por dia, muitas são de caráter íntimo, que perguntamos a nós mesmos em pensamento e cujas respostas muitas vezes se abrigam recônditamente dentro de nós, sem que mereçam uma resposta que não queremos ouvir.

Inobstante as considerações anteriores, é inegável  que Perguntas fazem parte do nosso desenvolvimento saudável e são a forma pela qual aprendemos e compreendemos o mundo. 

Interessante que o pesquisador 

Jostein Gaarder dizia que todos nós nascemos filósofos e que com o tempo vamos nos acomodando em respostas.

No fundo, no fundo fazer perguntas para conhecer uma pessoa é uma arte.

Seja no simples âmbito das relações humanas triviais, ou nas situações mais específicas como no ambiente profissional, numa entrevista de emprego ou no ambiente escolar.

Perguntas parecem extremamente simples, mas lembre-se que o que importa é abrir caminhos, iniciar uma conversa, dialogar sem receio e sem preconceito.

No unverso da Sublime Ordem, certamente, já lhe perguntaram: 

“O que vindes fazer aqui?”

É bem verdade que existe uma resposta ritualística para esta pergunta; que em tese, qualquer maçom pode respondê-la de cor, comprovando que está a par dos conhecimentos básicos para se fazer reconhecido.

No entanto, esta singela pergunta contém uma significado mais profundo, que podemos analisar antes de adotarmos a resposta como real e sincera.

Antes de tudo, a resposta  é o resultado do acúmulo de experiências de vida ao longo do tempo, bem como da predisposição pessoal de cada Irmão.

E ao final das contas fica uma tênue dúvida:

Você prefere perguntar ou responder ?



maio 25, 2025

DIA DO DATILÓGRAFO (DATILOGRAFAR & ESCREVER) - Antônio Guimarães de Oliveira




Contemplo a minha velha máquina de escrever... Para muitos, esse artefato é totalmente desconhecido. 

Nesse meu observar constato como o tempo passa e muda as tecnologias e como o ser humano é criativo...

Me orgulho muito em ter sido "diplomado" no renomado curso da professora Elza. Lembro que consegui por habilidade a nota máxima: dez!

Compreendo que devemos acompanhar os avanços tecnológicos, mas nunca devemos esquecer de onde viemos.

Várias marcas, lembro: Olivetti, Remington, Underwood, Royal, Smith - Corona, IBM, Nakajima, Olympia, Hermes, Facit, Westehouse, dentre outras. 

No que diz respeito à escrita, eram novidades. Eram as últimas modernidades em tecnologias gráficas do momento.

Muitas vezes olhei nas escolas de datilografia, moças e rapazes perfilados, treinando nessas máquinas, colocando o papel e dedilhando. O barulho estridente dos tipos era inevitável.

A professora ou professor nos ensinavam como colocar os dedos nas teclas com seus tipos metalizados, e também o papel a ser escrito. Começava-se com as seguintes letras escritas nas teclas: A, S, D, F, C, L, K, J.

Essas máquinas, hoje obsoletas, sustentaram o mundo nos escritórios, cartórios, repartições, casas bancárias. Eram fundamentais para essas entidades.

Lembro que tinha-se que passar pela temida prova final do curso para, enfim, concorrer a concursos, sobretudo das repartições bancárias. 

Hoje são peças de museus, mas a minha ainda hoje faço uso. É uma companheira de longas datas...

Meu computador, última geração, as vezes fica ali à margem... É que minha amiga também precisa de companhia!

Me surpreendi com um certo aluno, com um celular de última geração, perguntando que máquina era aquela em cima de minha mesa. Respondi àquele rapaz que o era, e queque correspondia, o que ora segurava nas mãos. 

Acrescentei que foi muito importante antes de surgir o computador e o celular, não sofrendo tantas modificações, tais quais as tecnologias atuais.

Concluindo: essas máquinas foram as "sementes" do progresso e alimentaram muitos troncos e raízes de inúmeras nações. Foram, por época, as pioneiras de um amanhã, que é hoje... 


A IDADE MEDIA E SEUS AVANÇOS - Fábio Monteiro


A Idade Média e seus avanços: um legado controverso. 

A Idade Média, o período entre os séculos V e XV, muitas vezes é associada ao obscurantismo, a "Idade das Trevas". 

No entanto, sem esquecer das consequências do fanatismo religioso e de outros fenômenos, estudos mais aprofundados  revelaram  que esse período foi marcado por avanços em áreas, como filosofia, ciência, tecnologia, cultura, economia. 

Esses avanços foram cruciais para a formação do mundo moderno.

A filosofia medieval foi profundamente influenciada pelo cristianismo e pela reinterpretação de obras clássicas de pensadores como Aristóteles e Platão. 

A Escolástica, movimento filosófico dominante na época, buscava (re)conciliar a fé com a razão. 

Além disso, o contato com o mundo islâmico trouxe novas perspectivas filosóficas.

Embora a ciência medieval estivesse amplamente vinculada à teologia, houve avanços significativos em áreas como astronomia, medicina e alquimia, precursora da química moderna. 

O desenvolvimento do astrolábio e tabelas astronômicas permitiu maior precisão na navegação 

Na medicina,destacou-se a compilação de saberes greco-romanos e islâmicos, criando tratados que foram utilizados até o Renascimento 

Foi um período de significativas inovações tecnológicas, especialmente no campo agrícola. Ferramentas como o arado de ferro e a rotação trienal de culturas aumentaram significativamente a produtividade agrícola.

Nos centros urbanos, o aperfeiçoamento de moinhos de vento e água destacaram uma geração de energia para atividades como a moagem de grãos e a serragem de madeira. 

O desenvolvimento de óculos no século XIII e dos relógios mecânicos no século XIV também exemplificam o avanço tecnológico medieval.

A arte medieval evoluiu do estilo românico ao gótico, representado por catedrais como Notre-Dame e Chartres,  por suas inovações arquitetônicas, como os arcos ogivais e vitrais. 

A literatura também floresceu, com obras como A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Além disso, os manuscritos iluminados preservados nos mosteiros evidenciam o aparente "compromisso" com a disseminação do conhecimento

O renascimento urbano e comercial no final da Idade Média foi um marco na transição do sistema feudal para a economia mercantil. 

As feiras medievais e as ligas comerciais, consolidaram rotas comerciais e estabeleceram o comércio internacional. 

A introdução de práticas bancárias e contábeis, como a letra de câmbio, ajudou a estruturar o sistema financeiro moderno. 

Mesmo de forma ainda inicial, rudimentar e desigual, o feudalismo estruturou relações de poder baseadas na posse de terras.

Embora marcada por desigualdades, a sociedade medieval passou por transformações importantes. 

O crescimento urbano proporcionou maior mobilidade social e o surgimento da burguesia como uma nova classe emergente.

Compreender os progressos desse período é essencial para desmistificar a ideia de que foi um momento de "trevas", tão somente marcado pelo obscurantismo, violência e superstições, mas sim de comprender que foi um período crucial para a história da Europa e de outros continentes.


Fonte: Facebook - História Ilustrada 2