julho 01, 2025

A AGUIA É SIMBOLO DO ZÊNITE - Bruno Bezerra de Macedo


A águia simboliza força, coragem, sabedoria e visão, além de representar a conexão com a essência divina e a capacidade de superar desafios. É frequentemente associada à proteção espiritual, vitória e à elevação espiritual. Sua visão aguçada e capacidade de voar alto a tornam um símbolo de sabedoria e discernimento, com a habilidade de enxergar além do óbvio. 

O Totem da Águia representa a conexão com a nossa essência divina. Sua presença evoca força de vontade, lucidez mental e a clara luz da Sabedoria. Ela nos ensina a adentrar a dimensão do Vazio, para que a inteligência suprema possa nos preencher e inspirar. A águia voa livremente, representando a liberdade, a elevação espiritual e a busca por propósitos maiores. 

A águia simboliza nobreza, majestade, liberdade, agilidade e outras virtudes. É vista como um mensageiro divino, conectando o mundo terreno com o espiritual.  As Águias são a personificação do espírito do sol. Em muitas culturas, a águia é vista como um símbolo de proteção espiritual e vitória, trazendo segurança e força. Na cultura celta é símbolo do renascimento e renovação.

Considerada um animal Psicopompo, (do grego "psychopompós", união das palavras “psyché” que significa ‘alma’ e “pompós”, guia), ou seja, figura cuja função é guiar nas ocasiões de iniciação e transição, a águia é uma ave mediadora entre os reinos divino e o espiritual, e tal como a Fênix (renasce das próprias cinzas), pode ser considerada um símbolo de regeneração espiritual.

Para os antigos egípcios, era o símbolo da vida eterna. A capacidade da águia de renovar suas penas a torna símbolo a renovação espiritual e a transformação pessoal. A águia também é um arquétipo poderoso, representando características como liderança, determinação e visão estratégica.  Quem usa o símbolo da águia consegue encarar o medo do desconhecido e “voar além de seus limites”.

Na mitologia grega, a águia é o símbolo de Zeus, o mais poderoso dos deuses. Para o Xamanismo a águia é a guardiã do Leste (do Oriente), direção dos visionários, onde mora o fogo e local onde tudo se inicia. É onde buscamos a Visão.  Do Oriente, vem o conhecimento que enriquece corações e mentes por ele tocado, adornando de majestosa beleza e harmonia; fazendo reinar nos dias a plenitude do Amor.

A Águia é um dos símbolos do Cristianismo, ao lado do homem, leão e do touro. Esses quatro animais constituem o que a arte sacra chama de Tetramorfos, isto é, que representa os quatro pontos cardeais, que nos levam ao caminhar evolutivo, sob a égide das quatro virtudes cardeais, a saber: Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça. Lembra-nos que em tudo devemos buscar o quaternário.

Por ser símbolo do intelecto claro e da contemplação, já que o olhar da águia fixa a luz do sol, esse pássaro foi escolhido como símbolo de São João e de seu Evangelho. também conhecido como o "discípulo amado". João, filho de Zebedeu, da Tribo de Levi; e de Salomé, da Tribo de Benjamim, nasceu em Betsaida (Casa de Pesca) no dia 27 de Dezembro e teve uma vida plena e significativa.

João, que curiosamente nasceu bem no lapso temporal de ocorrência do solstício de Capricórnio, ou do Reconhecimento (inverno no hemisfério Norte e verão no hemisfério Sul), passando pela porta cruzada pelas almas imortais e, por isso, denominada Porta dos Deuses, fidedignamente recebeu a Luz e a dimana com sabedoria, identificando-a com o Verbo e com o Amor.

O Evangelho João, vividamente espiritual, usa termos difíceis de compreensão numa linguagem que vai aos céus, por exemplo, vida eterna, verdade, amor, Espírito, nascer pelo Espírito, água viva etc. Voa para o alto, porque nele o Espírito Santo fala de forma vigorosa e contundente, porque ele paira nas regiões sublimes e elevadas da consciência assim como a águia que vive nas alturas.

A águia é símbolo do Zênite, uma ótima lembrança de sua própria capacidade de alcançar grandes patamares. Cabe lembrar que o Escorpião é único signo do zodíaco representado por três figuras distintas, uma para cada decanato. Ou seja, desde o próprio Escorpião, passando pela águia e indo até a fênix. Presentes nas mais antigas etnias e culturas humanas donde seu simbolismo chega até hoje.

Um paradoxo de Escorpião são as influências da água e do fogo exercidas através deste signo de elementos opostos, pois Escorpião, um signo aquoso, é governado pelo ígneo planeta Marte. Esta é mais uma indicação das propriedades místicas de Escorpião e do papel dele na regeneração que precede a iluminação, que somente ocorre quando os princípios água e fogo alcançarem união harmoniosa.

Neste toar, o Mestre-Amor ensina esta verdade a Nicodemos: a menos que o homem nasça da água e do espírito, não poderá entrar no reino de Deus (João 3:5), sendo o espírito o princípio do fogo. O fogo e o sol são frequentemente associados e compreendidos de forma semelhante devido à sua capacidade de emitir luz e calor. O Sol representar o "eu" interior, nossa essência e potencialidade.

Na filosofia, o Sol é frequentemente associado à consciência, à verdade e à busca pelo conhecimento. O sol do meio-dia é associado à sabedoria, pois, é o momento de clímax, força e clareza, tanto no sentido literal da luz máxima quanto em contextos culturais e espirituais. A metáfora do sol, presente na filosofia de Platão, relaciona o sol à ideia de verdade e ao conhecimento que ilumina a nossa compreensão.

A águia simboliza a transmutação do metal vil em ouro, ou seja, a transformação da substância impura em substância pura. Assim, essa ave mítica, associada aos elementos ar e mercúrio, simboliza a renovação, o (re) nascimento. É emblema do deus romano do Sol, Sol Invictus, Mitra (que em persa antigo significa luz, sol, misericórdia, amizade, amor.)  A águia, para Carl Gustave Jung, é o símbolo do pai.

A "águia" e o "zênite" são termos que se relacionam de diversas formas, tanto no sentido literal quanto simbólico. A águia, como ave de rapina, é frequentemente associada a atributos como força, visão, liberdade e poder. O zênite, por sua vez, representa o ponto mais alto no céu, o ápice de algo. Ao atingir o zênite, a águia demonstra a capacidade de superar desafios e alcançar o ápice de sua jornada.

Em suma: curiosamente, a Nebulosa da Águia, conhecida por seus "Pilares da Criação", regiões de intensa formação estelar, é um exemplo de objeto astronômico que se relaciona com a ideia de zênite, pois foi observada pelo Telescópio Espacial Hubble, alcançando o ponto mais alto em termos de observação espacial, o que reforça a conexão com a ideia de ápice e renovação. 

 


A PERCEPÇÃO DE CADA UM - Newton Agrella



Dia desses, caminhando por essas ruas do mundo, não pude deixar de perceber o semblante fechado e até certo ponto sisudo de grande parte das pessoas.

Mesmo os cães que passeavam com seus tutores, ao depararem-se uns com os outros, expressavam sua fúria através de seus latidos incontidos, marcando seu instinto de territorialidade.

A cara amarrada tomava conta das pessoas e dos cães.

Mais ou menos um tom monocórdico que desenhava o cenário com que se abria o dia.

Ainda pra ajudar, a manhã cinzenta de inverno contribuía sobremaneira pra que nada de tão especial pudesse acontecer...

E aí  dei-me conta, que muito provavelmente esta sensação irrepresada de tédio estivesse dentro de mim, enxergando a vida de maneira míope, sem perceber que eu estava me colocando na lateral da história.

Resolví tomar uma boa dose de fôlego, respirar fundo, levantar a cabeça e jogar um pouco de colírio nos olhos pra ganhar um pouco mais de ânimo.

Quem sabe assim eu poderia observar com mais tolerância e com maior naturalidade que o eixo do mundo não está situado no meu umbigo.

De repente bateu-me um estalo, e notei que a minha percepção das coisas estava um tanto turva.  

A mudança tem que partir de mim. Aprender a aceitar com menor rigor que a roda continua girando, porém numa velocidade diferente e que a vida segue seu curso ao sabor de um vento que sopra numa escalada que obedece uma reinterpretação de valores.

É claro, que matematicamente a soma de 1 + 1 sempre será 2.

Porém, filosoficamente essa mera questão aritimética, poderá ser entendida, conforme os desejos e as circunstâncias que cercam as necessidades de cada um.

Nossa existência não se explica e nem obedece as regras de um teorema.

Ela é pura e simplesmente um exercício de semântica em que as figuras de construção, imagem, linguagem e pensamento determinam os nossos caminhos.

Somos símbolos que se interpretam conforme as referências de nossa criação.



junho 30, 2025

TOLERÂNCIA MAÇÔNICA – LIMITES E POSSIBILIDADES - Melquisedeque


Fui solicitado a me pronunciar, em uma reunião de maçons, sobre tolerância. 

Não sobre uma tolerância qualquer, genérica, mas falar sobre a tolerância maçônica. 

Neste caso, não é uma questão de consultar dicionários e fazer comentários, vai mais além.

Embora, na quarta acepção do termo no Aurélio, poderemos observar uma definição que é bem próxima do conceito maçônico: “tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos”.

A maçonaria simbólica foi construída como um espaço aberto ao diálogo das interpretações dos símbolos. Há um convite à livre interpretação. Um convite ao exercício da liberdade de imaginar e de expressar o pensamento de cada maçom, que é naturalmente embargado em um contexto histórico, cultural e familiar do mesmo.

Embora no catecismo maçônico, presente em alguns manuais de aprendiz maçom, esteja presente as interpretações oficiais da organização maçônica que os adotam.

Fico, muitas vezes, perplexo e encantado com as interpretações que escuto, por exemplo, do símbolo maçônico \, três pontos equidistantes. Um livro de mil páginas seria insuficiente para caber tantas interpretações. Mesmo que se fizesse uso de uma fonte de letras com tamanho mínimo.

O Venerável Mestre da loja escuta todas as interpretações de um símbolo maçônico, não censura nenhuma e no final da escuta, apresenta a interpretação oficial da Ordem, quando existe e é do seu conhecimento. Nesta atitude, se manifesta a tolerância maçônica: ouvir e orientar quando se fizer necessário.

As organizações maçônicas em geral, defendem a existência de um principio criador e a imortalidade da alma. Mas, nada, além disso, no campo religioso. Entretanto, não veta nos seus quadros obreiros que preferem um rito despido de qualquer referência religiosa, a exemplo do Rito Francês Moderno, tido como agnóstico.

Assim como não privilegia a concepção de Deus, teista ou deísta. Quanto à imortalidade da alma, a Maçonaria não se manifesta se há encarnação, ressurreição ou nenhum retorno.

Nos períodos de instrução os temas preferidos são: liturgia, ritualística e simbologia. Entretanto, não há impedimento para que qualquer obreiro possa apresentar um trabalho que contemple uma abordagem científica de qualquer outro tema. Por exemplo, a apresentação de outras antropologias que não estejam circunscritas ao corpo material e a alma.

O que é terminantemente proibido, e com isso apresenta-se um dos limites da tolerância maçônica, é a apologia a qualquer doutrina religiosa ou política. Isto é, discursos doutrinários e/ou evangelizadores de uma dada profissão de fé religiosa e/ou de ideologia política partidária.

Sendo assim, as lojas maçônicas acolhem qualquer profissão de fé religiosa e/ou filiações partidárias dos seus obreiros. Todavia, para impedir qualquer constrangimento decorrentes de embates entre os seus obreiros, proibi a discussão de temas religiosos e político-partidários. É neste contexto em que se dá a tolerância maçônica, na ausência do debate de ideias religiosas e/ou de políticas partidárias.

Uma característica importante que expressa os limites da tolerância maçônica se dá na lenda fundadora da Ordem: a defesa do mérito. Assim, não é tolerando a promoção sem mérito. Nem se protege – no sentido de cumplicidade – um irmão que tenha cometido um crime. Não há cumplicidade com o erro, muito menos com os vícios.

Todavia, se oferece os instrumentos de defesa legal ao irmão que tenha caído em desgraça ou que se encontre acusado de irregularidade, tudo em conformidade com o Estado de Direito.

Como podemos observar, o conceito de tolerância na maçonaria tem seus limites e possibilidades. Neste sentido a quinta acepção do Aurélio, relativas a medições, também se aproxima do conceito maçônico: “diferença máxima admitida entre um valor especificado e o obtido; margem especificada como admissível para o erro em uma medida ou para discrepância em relação a um padrão”.

Vamos, neste aspecto, dá um exemplo bem comum. Os irmãos quando iniciados prestaram um juramento solene de participar regularmente das sessões da loja, assim como pagar com regularidade as mensalidades e outra obrigações pecuniárias que se fizerem necessário.

Ao longo da vida maçônica muitos são os irmãos que esquecem tal juramento, e por esta razão são julgados em Câmara do Meio em sessão de finanças, e proclamados regulares ou não. Neste julgamento se faz o exercício da quinta acepção oferecida ao conceito de tolerância.

Meu amado irmão, se você deseja saber o quanto os maçons são tolerantes, basta comparar o número de maçons tido como regulares com o número de maçons irregulares da sua oficina. Na minha loja o número de irregulares é bem maior.

Por fim, vamos observar o conceito de tolerância aplicado no campo da ética. Não existe propriamente uma ética tida como maçônica. O que podemos constatar é uma prática na qual o maçom ético é aquele que busca o conhecimento para se aperfeiçoar e assim exercer com competência a sua função, sem com isso esteja ocupado ou preocupado com o sucesso do outro.

Assim como, podemos observar, também, a prática na qual o maçom ético é aquele que busca servir ao outro e neste serviço encontra o que ele reconhece como uma vida boa. As duas práticas são toleradas e são vistas como forma corretas e complementares de servir a humanidade.


Fonte: Site da Loja Alferes Tiradentes

O AFORISMO MAÇÔNICO DA FOGUEIRA DE S. JOÃO - Ivan Froldi Marzollo


Havia, na segunda quinzena do mês de junho, quando ocorria o solstício de verão na Europa, o culto a deuses da natureza, das plantações, colheitas etc. Um desses deuses era Adônis, que, segundo o mito grego, foi disputado por Afrodite (deusa do amor) e Perséfone (deusa dos infernos). A disputa foi apaziguada por Zeus, que determinou que Adônis passaria metade do ano com Afrodite, no mundo superior, à luz do Sol, e a outra metade com Perséfone, no mundo inferior, nas trevas.

Essa disputa entre deusas acabou sendo associada aos ciclos naturais da vegetação, que morre no inverno e renasce e vigora na primavera e verão. O culto a Adônis, cujo dia específico era 24 de junho, tinha por objetivo a celebração dessa renovação, da “boa-nova” do renascer da natureza. Essa ideia foi assimilada pelo cristianismo, que substituiu Adônis por São João Batista.espiritualizada da luz sombria da matéria para a pura luz.”

A fogueira traduz o simbolismo pirofagico representando a chama ardente, a procura de conhecimento filosófico, que nunca deverá ser apagada, pois o verdadeiro maçom é aquele que mantém a sua chama acesa na busca da verdade.

“Podemos perceber que a vida tem um propósito, que a luz que tem sido preservada através das eras pode ser alcançada”.

São João Batista, na tradição cristã, anunciou a “boa-nova” (boa notícia) da vinda do Grande Mestre Jesus , filho de Deus, salvador da humanidade, que “renovaria todas as coisas”. 

A vida se regeneração integralmente pelo fogo .

Foi ele também que batizou Jesus no rio Jordão. 

Da história de São João, a cultura popular europeia retirou vários símbolos, que passaram a se mesclar com os tradicionais ritos de colheita remanescentes do culto a Adônis. Um dos símbolos mais importantes é a fogueira.a prática do acendimento da fogueira na noite de 23 para 24 de junho foi trazida pelos jesuítas. Tal prática foi com o tempo associada a outras tradições populares, como o forrobodó africano (espécie de dança de arrasta-pé), que daria no forró nordestino, e a quadrilha caipira, que herdou elementos de bailes populares da Europa – palavras como “anarriê”, “alavantú” e “balancê”, por exemplo, são adaptações de termos de bailes populares da França.

Fogo é descrito pelos sábios como princípio ativo, germinativo e originador da geração. Os maçons definem-no como o fervor e o zelo dos militantes da Ordem.

A totalidade dos maçons tem-no como elemento que faz queimar todo o resíduo possível de impureza, destruindo, ao mesmo tempo, todos os traços de ilusão que porventura continue dominando o espírito na sua trajetória de evolução. Segundo a fábula, foi Prometeu, conhecido como o Gênio do Fogo, quem ensinou aos homens o manejo das chamas.

As chamas simbolizam a parte positiva como as aspirações, o zelo, o fervor, a fé e, sobretudo, o desejo de evoluir, conhecer e crescer. A Água purifica a Alma, mas o Fogo destrói as nódoas do vício.

Quando passamos a entender que a criação é um processo contínuo; que ela não ocorreu instantaneamente, mas, por estágios e, que ainda fazemos parte desse processo. Só então compreendemos o verdadeiro significado da primeira criação: 

Das trevas do abismo, o invisível e incognoscível Deus moveu-se sobre a face das águas e disse: “Faça-se a Luz.”


 

junho 29, 2025

HOMENAGEM AO POETA ADILSON ZOTOVICI - Aldy Carvalho


Ao poeta amigo, Adilson Zotovici, por ocasião de sua posse como Venerável Mestre da ARLS Chequer Nassif n. 169 em 27.06.2025.


Trago meu canto mais puro

De auspiciosa ventura

Para saudar este irmão,

Nessa sua investidura.

Mestre Adilson Zotovici,

Homem de nobre postura.


Sua alma de poeta 

Inspira com maestria

A prosseguir diligente 

Com humildade harmonia

Que o Grande Arquiteto o ampare

Com luz e sabedoria.


Entre colunas erguidas,

Buscando o eterno ideal.

O Mestre, mais uma vez 

Veste o manto fraternal.

Pois a luz que não se apaga

Conduzido ao prumo real.


Agora será você,

A conduzir a candeia

Que guiará os irmãos,

Em união, em cadeia,

No prumo é justo propósito,

Com fé que tudo clareia.


Seja o tempo testemunha,

Do trabalho renovado,

Do Mestre que agora avança,

Mais uma vez consagrado.

Com honradez, humildade,

E o espírito elevado.


MEMÓRIA DE UMA NOITE INESQUECÍVEL - Jorge Gonçalves


Foi numa terça-feira, 10 de junho de 2025. Enquanto Sergipe celebrava seus tradicionais festejos juninos na orla de Atalaia, a A∴R∴L∴S∴ Constâncio Vieira nº 3300 realizava sua Sessão Magna de Instalação e Posse. Naquela noite, tive a honra e o privilégio de ser instalado como Venerável Mestre desta oficina.

Como acontece em momentos como este, havia uma natural apreensão. As dúvidas, silenciosas, iam se acumulando ao longo do dia. Será que tudo ocorreria como planejado? Será que o jantar atenderia a todos com simplicidade e dignidade?

O mês de junho, dentro da tradição maçônica, é sempre um período intenso. Várias Lojas realizam suas Sessões Magnas e, nesse cenário, é comum que as agendas se sobreponham. No dia 10, outra Sessão também estava marcada para aquela mesma noite (a Sessão acabou não ocorrendo), o que aumentava a minha preocupação: será que teríamos irmãos suficientes para abrir a Loja?

Às 18h30, cheguei ao templo. Lá estava o Irmão Lourival Mariano, presidente da Sessão, nosso ex-Grão-Mestre, e a maioria dos irmãos da Constâncio. E logo, pouco a pouco, os irmãos foram chegando, um a um.

O templo foi completamente preenchido, de maneira que foi preciso trazer mais cadeiras para acomodar os presentes. Nem em sonho eu poderia imaginar uma cena tão bonita, tantos irmãos queridos todos ali reunidos.

Vieram irmãos de diversas Lojas, bem como os três Grão-Mestres, os membros da Academia Maçônica Sergipana de Artes e, em peso, os irmãos da Grande Loja Maçônica Sete de Setembro. Não é possível nominar a todos.

Ao final daquela noite, compreendi que, quando nós, Maçons, nos juntamos, somos imbatíveis.

Para você, meu Irmão, que esteve presente, o meu mais profundo agradecimento. Eu jamais esquecerei.

Aos irmãos espalhados pelo mundo que não estavam presentes, embora essa lembrança seja difícil de traduzir, espero que estas palavras, mesmo pobres, sirvam como lembrança viva de uma noite inesquecível.



TRABALHOSO - Adilson Zotovici


Muitos são os escolhidos

Por  mestres são convidados

Vez que deles preferidos

Para serem aproximados


Com equidade são arguidos

Mostram-se entusiasmados

Inda assim são prevenidos

Outrossim compromissados


Em câmara discutidos

Documentos perscrutados

Muito labor, exauridos...

Em assembleia aprovados


Por mestres então reunidos

À iniciação são levados

No processo admitidos

Por seus votos respeitados


Esforços empreendidos

Glamour em alguns  aflorados

Mas entusiasmos auridos

Muito breve são findados


Tantos labores renhidos

Em parte desperdiçados

Por curiosos rompidos

Entre alguns "iniciados" !!!



ALELUIA !!! - Newton Agrella


Cabe aqui, uma breve consideração a respeito da palavra "aleluia".

A bem da verdade, sua etimologia se deve à composição de duas palavras da língua hebraica.

No processo de transliteração para o alfabeto latino a palavra adveio como: 

HALLELU que significa "Louvai", "Adorai".

e

YAH que é uma forma abreviada do nome de Deus.

Do ponto de vista histórico-religioso, "aleluia" constitui-se num grito de louvor e exaltação de origem judaica, porém o termo foi absorvido e amplamente utilizado em cultos e orações da maior parte das religiões ou denominações cristãs.

A forma latina da palavra Aleluia, em muitos idiomas ocidentais, sejam por católicos ou protestantes, também são escritas na forma HalleluJah.

Interessante registrar que o vocábulo HalleluJah é utilizada no Judaísmo como parte das orações do Hallel (cânticos de louvor a Deus).

Trata-se de uma expressão encontrada 24 vezes no Antigo Testamento segundo relatos orais que carecem de fontes.

Por outro lado também é encontrada no Novo Testamento.

Como as palavras têm vida própria, elas por vezes acabam ganhando significados distintos de sua origem etimológica. 

Diante disso, na Cultura Popular, "Aleluia" em determinados contextos assume um significado exótico e relativamente de bom humor, ao referir-se a algo bom ou inusitado, contrario à ordem normal dos acontecimentos, tomando dessa forma o significado de "milagre". Essa configuração semântica do termo é muito comum no Português falado no Brasil.

Esses registros linguísticos estão referenciados no Dicionário Porto bem como no New Bible Dictionary (em Inglês) da editora Leicester UK

Do ponto de vista gramatical, a palavra Aleluia, na Lingua portuguesa, também é considerada uma interjeição, que é justamente um termo invariável em gênero, número e grau que foram por si só frases que exprimem uma sensação, uma emoção, um apelo, ou simplesmente um ruído...

Fato inconteste é que esta palavra milenar, de um modo ou de outro, encontra abrigo na alma humana conforme o tempo e as circunstâncias, sendo a cada pouco, objeto de análise e de interpretação ao sabor de sua existência.

junho 28, 2025

ARLS CHEQUER NASSIF 169;- SBC - Adilson Zotovici




Reassunção à Cadeira de Salomão do irmão Adilson Zotovici.


Há momentos na vida que são impossíveis de esquecermos. Ontem, na minha reassunção na cadeira do Rei Salomão, foi um deles.

Vindos de lugares distantes do estado de São Paulo, chegaram à minha casa de onde partimos para o Templo da nossa ARLS Chequer Nassif -169 em São Bernardo do Campo, nossos irmãos e confrades Michael Winetzki e Oduwaldo Álvaro, presidente e diretor tesoureiro respectivamente da AMVBL- Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.

Durante o evento, no qual tivemos grande número de participantes, como o irmãos palestrantes Roberto Tabuada (de Santos SP), José Maldonado Gualda, Newton Agrella, Aldy Carvalho,( de quem recebi um lindo poema e um dos livros de sua autoria), todos reconhecidos palestrantes, delegados distritais da GLESP, José Eduardo Teixeira e Gilbert Zoldan, o delegado Regional da GLESP do grande ABC respeitável irmão Carlos Rocha e o irmão Carlos delegado do GOB, entre outras autoridades. A comissão Instaladora composta pelos respeitáveis irmãos José Ribas Jr, Fabio Olivier, Edgard da Silva Filho, que sob a presidência do primeiro, delegou parte da '" Posse" ao nosso irmão Kleber Augusto Zotovici ( meu filho) o que emocionou a todos os presentes, uma vez que há alguns anos eu o Instalei junto ao Trono de Salomão.

Tivemos ainda, nosso irmão Francisco Ortali Forte, o conhecido "Kiko", presidente do GAL Grupo de Apoio às Lojas, Veneráveis Mestres de Lojas coirmãs, entre eles o jovem e sapiente irmão Diego Biroch da Loja João Vilaça e diversos irmãos Mestres Instalados e igualmente amados e importantes irmãos Mestres, Companheiros e aprendizes de várias Lojas.

Entre as homenagens o Presidente Michael Winetzki e o diretor tesoureiro Oduwaldo Álvaro, da AMVBL, fizeram a entrega de uma lindíssima placa em nome da AMVBL da qual orgulhosamente faço parte como diretor secretário e da ARLSV Lux In Tenebris-47 de Rondônia, como membro correspondente fundador, subscrita por ele Presidente e nosso amado irmão, confrade e Venerável Mestre Lucas do Couto Santana de Rondônia.

Após o cerimonial, tivemos um jantar festivo no qual confraternizamo-nos e revivemos "velhas histórias" uma vez que fui Venerável Mestre no ano de 2000, quando a Loja completou seu Jubileu de Prata e agora em 2025, quando estamos completando o Jubileu de Ouro.

O difícil é saber como agradecer além do GADU que Iluminou esse momentos, a todos esses irmãos que o tornaram inesquecíveis...

Gratidão, Gratidão, Gratidão....

Adilson Zotovici


junho 27, 2025

MESTRES E FUTUROS MESTRES - Oduwaldo Alvaro




Tenho sido questionado sobre o que é a nossa Ordem? 

Qual a finalidade? 

Como é o processo de aprendizado? 

Que fazemos? 

Como nos transformamos em Construtores Sociais? 

Como aplicaremos todas as informações, informes, que recebemos nas Instruções? 

Como vamos passar para a fase do Conhecimento? Auto Conhecimento? Sabedoria? Iluminação?

Para respostas completas, há necessidade de que cada um de nós Maçons enverede no mundo da pesquisa, do estudo, da dedicação à Instituição.

Faça o Mestre Interno que existe em você aparecer.....

Como este é um plano para o futuro, vou resumir a linha mestra do meu pensamento, da minha forma de ver este maravilhoso processo de evolução pessoal, que é propiciado pela nossa Ordem Maçônica.

1. A Maçonaria é uma Escola de Filosofia e Filantropia.

2. A Missão do Maçom é o trabalho, representado pelo Avental.

3. Como somos especulativos e não operativos, o trabalho é o estudo, a pesquisa, a reflexão, a busca do conhecimento, o aprender a pensar, o auto-conhecimento, a sabedoria e a iluminação.

4. Operativos eram os construtores das catedrais, entalhadores de pedras de cantaria.

5. Especulativos foram os Aceitos, que vieram para a Ordem, principalmente a partir do Século XVIII. 

6. Rara ou excepcionalmente somos operativos, porque a nossa ânsia de aprender nos designa por especulativos.

7. Os três graus básicos ensinam três equilíbrios, no fim de cada processo de instrução. Quem não descobriu, pergunte e encontrará a resposta?

8. Estes equilíbrios respondem um pouco do que fazemos na Ordem! Alguns não conseguem ver porque estão com os olhos fechados, (O VERDADEIRO CEGO É O QUE NÃO QUER VER) não conseguem fazer a transformação da informação em conhecimento, e aí, não aplicam em si próprio.

9. Favor entrar em contato (oduwaldoalvaro@terra.com.br), provando o grau em que o Irmão está, e eu terei o prazer de responder ou indicar o caminho para algumas respostas que nos afligem.

10. Falo agora do primeiro degrau, O VITRIOL e a ESCADA DE JACÓ (Painel de A:.M:. com âncora, cruz e lâmpada, esperança, fé e caridade).

11. Quem não entender o VITRIOL e não estiver disposto a fazer o seu VITRIOL, não avançará!!!!

12. O que é então subir a Escada de Jacó? (Figuradamente serve para qualquer Rito). 

13. “As respostas vão depender da sua forma particular de entender a Ordem e de que fontes você está pesquisando, se gosta mais dos “HISTÓRICOS - DOCUMENTAIS”, dos ‘ANTROPOLÓGICOS”, dos ‘MÍSTICOS’ ou dos “CABALISTAS”,

14. De qualquer forma a visão mais simples é a de subir degraus, principalmente as 7 consciências:

Natural,

Energética,

Social,

Emocional Superior,

Mental ou Intelectiva,

Intuitiva,

Superior (Cósmica ou Crística).

15. Conhecimento, portanto é informação aplicada.

16. Auto-Conhecimento, meditação sobre os símbolos e transformação interna é o processo de subir a Escada de Jacó, subir degrau por degrau, passar de um estágio de consciência (graus simbólicos) aos outros graus filosóficos, até chegar ao último no Trono de Salomão, que é o mesmo local do Castelo de Camelot, ou seja, Consciência Superior, Crística ou Cósmica.

17. Aqui, vamos ordenar a cabeça, VITRIOL, INICIAÇÃO, INSTRUÇÕES, RITO SOLAR, TRANSFORMAÇÃO INTERNA, CONHECIMENTO, AUTO-CONHECIMENTO, SABEDORIA E CONSCIÊNCIA SUPERIOR.

18. Quando este processo está entendido e você se transformou em um verdadeiro Mestre, um Construtor Social, então estará preparado para liderar, servir, orientar, em qualquer atividade que estiver envolvido, feita a mudança interna, estará preparado para contribuir para a mudança social.

19. Como aprendiz e servidor, consegui chegar perto do estágio de Conhecimento e Auto Conhecimento, estou começando a engatinhar no Caminho da Sabedoria, por isso me conscientizei que sou só um mero Aprendiz. 

20. Para percorrer o Caminho da Sabedoria, não tem fórmula, não pertence ao campo da razão, é preciso desenvolver outro tipo de equilíbrio, que envolve intuição, compreensão e outros equilíbrios glandulares (pineal, pituitária e talamus opticus).

21. Alguns acham que tudo isto é bobagem, mas os 7 estágios de glândulas do nosso organismo estão aí, para nos mostrar que a Consciência Natural está ligado às supra-renais, a Consciência Energética ligada às gônadas no Homem e ovários na Mulher, a Consciência Emocional (Social) ligada ao Pâncreas (ligado a tristeza), a Consciência Emocional Superior ao Timo, a Consciência Mental e Intelectiva as glândulas tireóide e paratireóide, e as três superiores já foram mencionadas. Equilíbrio e Harmonia, entre os níveis de Consciência e as glândulas no organismo, garantem uma boa saúde, uma boa vida, um bom estágio de estar de bem com a vida.

22. Por enquanto é só, porque há muito para desvendar, mas o caminho é de cada um.

“Não basta adquirir sabedoria, é preciso também empregá-la”

Agora que você aprendeu a pensar, poderá acrescentar a visão de um Maçom:

Buscar Informação, Adquirir Conhecimento, Aplicar Conhecimento, Transformar em Auto Conhecimento, para atingir um estágio de Sabedoria, Servir a Humanidade, para fazer o seu “QUO VADIS”, ao atingir um Estágio de Consciência Superior”.

Fica melhor para entender o que a inscrição quis dizer.

junho 26, 2025

ARLS XI DE AGOSTO 656 - Itanhaém




Na noite desta quarta feira estive na ARLS XI de Agosto n. 656 em Itanhaém, do Rito de Emulação, para a cerimônia de instalação por comunicação do VM Anderson Moreira de Mattos, que prossegue por mais um ano no exercício deste importante cargo. 

Além do Delegado Distrital irmão João Roberto da Silva, irmãos de diversas cidades estiveram presentes.

Neste rito, quando o VM prossegue na função por novo período, a instalação, o "installare" no Trono de Salomão, se dá por simples comunicação por parte da Comissão Instaladora, que foi formada pelos irmãos: Luiz Evaldo Pinto, presidente; José Basílio de Lucena, primeiro vigilante instalador e Paulo Gercio Machado Cezar, segundo vigilante instalador.

Destaque merece o belíssimo trabalho do irmão visitante Jorge Ferreira da Costa como mestre de cerimônias. Eu também fui honrado com o convite para exercer o cargo de capelão.

A noite foi finalizada com um delicioso jantar com a presença das cunhadas 

A MAÇONARIA NO IRÃ


No Irã, a Maçonaria era muito popular porque muitos Xás se tornaram maçons. No tempo do último Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi (que não era maçom), o Irã possuía 40 lojas e mais de mil maçons na ativa. 

A maçonaria no Irã foi suprimida 1935 a 1948, e proibida após a Revolução Islâmica de 1979, com o destino dos cerca de 1.100 maçons  desconhecido.

Quando aconteceu a revolução islâmica, liderada pelo Aiatolá Khomeini, que varreu o país em 1978, as leis islâmicas anularam as leis dos Xás, e a Maçonaria, imediatamente proibida. Pelo menos 200 maçons foram executados por serem membros da Fraternidade, e muitos fugiram do país

Uma "Grande Loja do Irã no Exílio" foi estabelecida em Los Angeles, nos EUA, onde quatro Lojas reúnem os iranianos exilados e seus descendentes. 

.Fonte:CURIOSIDADES DA MAÇONARIA https://famososmacons.blogspot.com/



MAÇONARIA: UMA HISTÓRIA SEM MISTÉRIO


Corporações de ofício, as precursoras

Desde que o homem deixou as cavernas e as suas vivendas de nômade, sedentarizando-se e formando uma sociedade estratificada, surgiram os profissionais dedicados à arte da construção, os quais foram se aperfeiçoando, não só na ereção de casas de residência, mas, também, na de templos, de obras públicas e obras de arte. Embora tivessem, esses profissionais, desde os seus primeiros tempos, mantido, entre si, certa camaradagem e um sentimento de agregação, não havia, na realidade, uma organização que os reunisse, que regulasse a sua atividade e que lhes desse um maior sentido de responsabilidade profissional.

Foi no Império Romano do Ocidente, da Roma conquistadora, que, em função da própria atividade bélica, surgiu, no século VI a.C., a primeira associação organizada de construtores, os Collegia Fabrorum. Como a conquista das vastas regiões da Europa, da Ásia e do norte da África, levava à destruição, os collegiati acompanhavam as legiões romanas, para reconstruir o que fosse sendo destruído pela guerra. Dotada de forte caráter religioso, essa organização dava, ao trabalho, o cunho sagrado de um culto às divindades. De início politeísta, tornou-se, com a expansão do cristianismo, monoteista, entrando, porém, em decadência, após a queda do Império Romano do Ocidente, ocorrida em 476 d.C., embora persistissem pequenos grupos da associação no Império Romano do Oriente, cujo centro era Constantinopla.

Na Idade Média é que iria florescer, através do grande poder da época, a Igreja, a hoje chamada Maçonaria Operativa, ou Maçonaria de Ofício, para a preservação da Arte Real entre os mestres construtores da Europa. Assim, a partir do século VI, as Associações Monásticas, formadas, principalmente, por clérigos, dominavam o segredo da arte de construir, que ficou restrita aos conventos, já que, naquela época de barbárie, quando a Europa estava em ruínas, graças às sucessivas invasões dos bárbaros, e quando as guerras, os roubos e os saques eram freqüentes e até encarados como fatos normais, os artistas e arquitetos encontraram refúgio seguro nos conventos. Posteriormente, pela necessidade de expansão, os frades construtores começaram a preparar e a adestrar leigos, proporcionando, a partir do século X, a organização das Confrarias Leigas, que, embora formadas por leigos, recebiam forte influência do clero, do qual haviam aprendido a arte de construir e o cunho religioso dado ao trabalho. 

É dessa época aquela que é considerada a primeira reunião organizada de operários construtores: a Convenção de York, ocorrida em 926 e convocada por Edwin, filho do rei Athelstan, para reparar os prejuízos que as associações haviam tido com as sucessivas guerras e invasões. Nela foi apresentada, para apreciação e aprovação, um estatuto, que, dali em diante, deveria servir como lei suprema da confraria e que é, geralmente, chamado de Carta de York. 

Quase na mesma época, surgiriam associações simplesmente religiosas, que, a partir do século XII, formaram corpos profissionais: as Guildas. A elas se deve o primeiro documento em que é mencionada a palavra “Loja”, para designar uma corporação e o seu local de trabalho. As Guildas e sua contemporânea, a organização dos Ofícios Francos, foram as principais precursoras da moderna Maçonaria. O seu nome “Gild, de origem teutônica, deriva do título dado, na antiga região da Escandinávia, a um ágape religioso, durante o qual, numa cerimônia especial, eram despejados três copos de chifre (chavelhos), conforme o uso da época, cheios de cerveja, sendo um em homenagem aos deuses, outro, pelos antigos heróis, e o último em homenagem aos parentes e em memória dos amigos mortos; ao final da cerimônia, todos os participantes juravam defender uns aos outros, como irmãos, socorrendo-se mutuamente nos momentos difíceis. As Guildas caracterizavam-se por três finalidades principais: auxílio mútuo, reuniões em banquetes e atuação por reformas políticas e sociais. Introduzidas na Inglaterra, por reis saxões, elas foram modificadas por influência do cristianismo, mas, mesmo assim, não eram bem aceitas pela Igreja, que não via com bons olhos a prática do banquete, por suas origens pagãs, e a pretensão de reformas políticas e sociais, que pudessem, eventualmente, contribuir para diminuir os seus privilégios e os privilégios das corporações sob a sua proteção. Assim, para evitar a hostilidade da Igreja, cada guilda era organizada sob a égide de um monarca, ou sob o nome de um santo protetor

No século XII, associada às guildas, surgia uma organização de operários alemães, os Steinmetzen, ou seja, canteiros, que, sob a direção de Erwin de Steinbach, alcançariam notoriedade, quando este conseguiu a aprovação de seus planos para a construção da catedral de Estrasburgo e deu um aperfeiçoado sentido de organização aos seus obreiros. Canteiro é o operário que trabalha em cantaria, que esquadreja e trabalha na escultura da pedra bruta; cantaria (palavra derivada de canto) designa a pedra lavrada para as construções. 

Surgem os ofícios francos, ou franco-maçonaria

No século XII, também, iria florescer a associação considerada a mais importante desse período operativo: os Ofícios Francos (ou Franco-Maçonaria), formados por artesãos privilegiados, com liberdade de locomoção e isentos das obrigações e impostos reais, feudais e eclesiásticos. Tratava-se, portanto, de uma organização de construtores categorizados, diferentes dos operários servos, que ficavam presos a uma mesma região, a um mesmo feudo, à disposição de seus amos. Na Idade Média, a palavra franco designava não só o que era livre, em oposição ao que era servil, mas, também, todos os indivíduos e todos os bens que escapavam às servidões e aos direitos senhoriais; esses artesãos privilegiados eram, então, os pedreiros-livres, franc-maçons, para os franceses, ou free-masons, para os ingleses. Tais obreiros, evidentemente, tinham esses privilégios concedidos pela Igreja, que era o maior poder político da época, com grande ascendência sobre os governantes. 

A palavra francesa “maçon”, correspondente a pedreiro, converteu-se em “maison” (casa) e, também, embora só relativamente, em “masse” (maça, clava). Essa maça, ou clava, habilitava o porteiro a afastar os indesejáveis intrusos e curiosos. O pesquisador alemão Lessing, um dos clássicos da literatura alemã, atribui a palavra inglesa “masonry” (maçonaria) a uma transmissão incorreta. Originalmente, a idéia teria sido dada pelo velho termo inglês “mase” (missa, reunião à mesa). Uma tal sociedade de mesa, ou reunião de comensais, de acordo com a alegoria da Távola Redonda, do rei Arthur, poderia, segundo Lessing, ainda ser encontrada em Londres, no século XVII. Ela se reunia nas proximidades da famosa catedral de São Paulo e, quando sir Christopher Wren, o construtor da catedral, tornou-se membro desse círculo, julgou-se que se tratava de uma cabana dos construtores, que estabelecia uma ligação de mestres construtores e obreiros; daí, então, ou seja, dessa suposição errada, é que teria se originado o termo “masonry”, para designar a sociedade dos construtores. 

Uma explicação para o termo inglês “freemason” (pedreiro livre) está ligada ao termo “freestone”, que é a pedra de cantaria, ou seja, a pedra própria para ser esquadrejada, para que nela sejam feitos cantos, que a transformem numa pedra cúbica, a ser usada nas construções. As expressões “freestone mason” e “freestone masonry”, daí surgidas, acabaram sendo simplificadas para “freemason” (o obreiro) e “freemasonry” (a atividade). Esta é uma hipótese mais plausível do que a de Lessing, que só considerou o caso particular da Inglaterra, quando se sabe que não foi só aí que existiu uma íntima ligação com o trabalho dos artífices da construção. 

Nessa fase primitiva, porém, antes de, propriamente, se ter iniciado a formação de Lojas, quase que não se pode falar em Maçonaria no sentido que ela adquiriu na fase moderna, pois, sobretudo, naquele tempo não podia ser considerada como uma sociedade secreta. O segredo não era, a princípio, mais do que o processo pelo qual um dos membros da irmandade reconhecia o outro. Diga-se a bem da verdade, que, na época atual, a Maçonaria já não pode mais ser considerada secreta, mas apenas discreta. Os segredos mais guardados e que persistem são, obviamente, apenas os meios de reconhecimento, reservados só aos iniciados, já que, de posse deles, um não iniciado poderia ter acesso aos templos maçônicos e às sessões das Lojas. 

É criado o importante estilo gótico

Na metade do século XII, surgia o estilo arquitetônico gótico, ou germânico, primeiro no norte da França, espalhando-se, depois, pela Inglaterra, Alemanha e outras regiões do norte da Europa e tendo o seu apogeu na Alemanha, durante 300 anos. Tão importante foi o estilo gótico para as confrarias de construtores, que as suas regras básicas eram ensinadas nas oficinas dos canteiros, ou talhadores de pedra; tão importante que a sua decadência, no século XVI, decretou o declínio das corporações. 

No século XIII, em 1220, era fundada, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique III, uma corporação dos pedreiros de Londres, que tomou o título de The Hole Craft and Fellowship of Masons (Santa Arte e Associação dos Pedreiros) e que, segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Pouco depois, em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach, para terminar as obras do templo. A construção da catedral, iniciada em 1015, estava praticamente terminada, quando foi resolvido ampliar o projeto original e, para isso, foi chamado Erwin A essa convenção acorreram os mais famosos arquitetos da Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembléias e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de Cátedra (Meister von sthul). 

Esclareça-se que, na época, os obreiros criavam uma Loja, fundamentalmente, para tratar de determinada construção, como é o caso dessa catedral. Tais Lojas serviam para tratar dos assuntos ligados apenas à construção prevista, já que, para outras reuniões, inclusive com obreiros de outras corporações, eram utilizados os recintos de tabernas e hospedarias, principalmente em solo inglês. A palavra Loja, por sinal, foi mencionada pela primeira vez em 1292, em documento de uma guilda . Loja, do germânico leubja (pronúncia: lóibja), através do francês lodge, designava o lar, a casa, o abrigo, o pátio, o alpendre e, também, a entrada de edifício, ou galeria usada para exposições artísticas e venda de produtos artesanais. As guildas de mercadores assim designavam seus locais de depósito e venda de produtos manufaturados, enquanto que as guildas artesanais adotaram o termo para designar o seu local de trabalho, ou seja, as oficinas dos artífices. 

Próximo desse tempo, ou seja, no século XIV, começava, também, a atuação do Compagnonnage (Companheirismo), criado pelos cavaleiros templários . Os membros dessa organização construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas, adquirindo certo número de métodos de trabalho herdados da Antigüidade e constituindo, durante as Cruzadas, verdadeiras oficinas itinerantes, para a construção de obras de defesa militar, pontes e santuários. Retornando à Europa, eles tiveram a oportunidade de exercer o seu ofício, construindo catedrais, igrejas, obras públicas e monumentos civis. A Ordem da Milícia do Templo, ou Ordem dos Templários, foi uma ordem religiosa e militar, criada em 1118, com estatutos feitos pelo abade de Clairvaux (São Bernardo). Adquirindo prestígio e riqueza, a ordem excitaria a cobiça do rei francês Filipe IV, cognominado “o Belo”, que, com a conivência do papa Clemente V, conseguiu a sua extinção, em 1312, seguida da execução, na fogueira, de seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Antes da extinção, necessitando, em suas distantes comendadorias do Oriente, de trabalhadores cristãos, os templários organizaram o Compagnonnage, dando-lhe um estatuto chamado Santo Dever, de acordo com sua própria filosofia. 

No século XVI, a decadência das corporações de ofício

Já na primeira metade do século XVI, as corporações, diante das perseguições que sofriam --- principalmente por parte do clero --- e diante da evolução social européia, começavam a entrar em declínio. Em 1535, realizava-se, em Colônia, uma convenção, que fora convocada para refutar as calúnias dirigidas pelo clero contra os franco-maçons. Embora ela não tenha tido o brilho e a freqüência de outras convenções, consta, embora tal afirmativa seja contestada, por carecer de comprovação, que, na ocasião, teria sido redigido um manifesto, onde era estabelecido o princípio de altos graus, que seriam introduzidos por razões políticas. 

Em 1539, o rei da França, Francisco I, revogava os privilégios concedidos aos franco-maçons, abolindo as guildas e demais fraternidades e regulamentando as corporações de artesãos. Em contrapartida, em 1548, era concedido, aos operários construtores, de maneira geral, o livre exercício de sua profissão, em toda a Inglaterra; um ano depois, todavia, por exigência de Londres, era cassada a autorização concedida, o que fazia com que os franco-maçons ficassem na condição de operários ordinários, como tais sendo tratados legalmente. Em 1558, ao assumir o trono da Inglaterra, a rainha Isabel renovava uma ordenação de 1425, que proibia qualquer assembléia ilegal, sob pena dela ser considerada uma rebelião. Três anos depois, em dezembro de 1561, tendo, os franco-maçons ingleses, anunciado a realização de uma convenção em York, durante a festividade de São João Evangelista, Isabel ordenou a dissolução da assembléia, decretando a prisão de todos os presentes a ela; a ordem só não foi confirmada, porque lord Thomas Sackville, adepto da arte da construção, estando presente, demoveu a rainha de seu intento, fazendo com que, em 1562, ela revogasse a ordenação de 1425. 

Em 1563, a Convenção de Basiléia, feita por iniciativa da confraria de Estrasburgo, organizava um código para os franco-maçons alemães, o qual serviria de regra à corporação dos canteiros, até que surgissem os primeiros sindicatos de operários, no século XIX. Mas era patente o declínio das confrarias, no século XVI. A Renascença relegara o estilo gótico e a estrutura ogival das abóbadas --- próprias da arte dos franco-maçons medievais --- ao abandono, revivendo as características da arte greco-romana. Assim, embora ela tivesse atingido a todos os campos do conhecimento e a todas as corporações profissionais, foi a dos franco-maçons a mais afetada. No final do século, Ínigo Jones introduzia, na Inglaterra, o estilo renascentista, sepultando o estilo gótico e apressando a decadência das corporações de franco-maçons ingleses. Estas, perdendo o seu objetivo inicial e transformando-se em sociedade de auxílio mútuo, resolveram, então, permitir a entrada de homens não ligados à arte de construir, não profissionais, que eram, então, chamados de maçons aceitos. 

Iniciava-se a transformação na Maçonaria atual 

As corporações, evidentemente, começaram por admitir pessoas em pequeno número e selecionadas entre os homens conhecidos pelos seus dotes culturais, pelo seu talento e pela sua condição aristocrática, que poderiam dar projeção a elas, submetendo-se, todavia, aos seus regulamentos. Era a tentativa de sustar o declínio. 

O primeiro caso conhecido de aceitação é o de John Boswell, lord de Aushinleck --- ou, segundo J.G. Findel, sir Thomas Rosswell, esquire de Aushinleck --- que, a 8 de junho de 1600 foi recebido como maçom aceito --- não profissional --- na Saint Mary’s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia. Esta Loja fora criada em 1228, para a construção da Capela de Santa Maria, destinando-se, como já foi visto, às assembléias dos obreiros e discussões sobre o andamento das obras. 

Depois disso, o processo de aceitação, iniciado na Escócia, iria se espalhar e se acelerar, fazendo com que, ao final do século, o número de aceitos já ultrapassasse, largamente, o de franco-maçons operativos. Os mais famosos nomes de “aceitos”, na primeira metade do século XVII, foram: William Wilson, aceito em 1622; Robert Murray, tenente-general do exército escocês, recebido, em 1641, na Loja da Capela de Santa Maria e tornando-se, posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de Warrington, no Lancashire; e o antiquário e alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de outubro) que o coronel Henry. 

Em 1666, os franco-maçons iriam recuperar parte do antigo prestígio, diante do grande incêndio, que, a 2 de setembro daquele ano, aconteceu em Londres, destruindo cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas. Nessa ocasião, os maçons acorreram para participar do esforço de reconstrução, sob a direção do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que, em 1688, viu aprovado o seu plano para reconstrução da cidade, sendo nomeado arquiteto do rei e da cidade de Londres. A obra principal de Wren foi a reconstrução da igreja de S. Paulo, em cujo adro se desenvolveria e se estabeleceria, em 1691, uma Loja de fundamental importância para a História da Maçonaria moderna: a Loja São Paulo (em alusão à igreja), ou Loja da taberna “O Ganso e a Grelha”, em alusão ao local em que, como faziam outras Lojas, realizava suas reuniões de caráter informal e administrativo, como se verá adiante. A reconstrução de Londres só iria terminar em 1710. 

E nascia a primeira Grande Loja

Como, na época, não existiam templos maçônicos --- o primeiro só seria inaugurado em 1776 --- os maçons reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas. As tabernas, cervejarias e hospedarias desse tempo, principalmente na Inglaterra, tinham uma função social muito grande, como local de reunião e de troca de idéias de intelectuais, artífices, obreiros do mesmo ofício, etc. . A Loja da Cervejaria “The Goose and Gridiron” (O Ganso e a Grelha), ou Loja São Paulo, inicialmente formada só pelos maçons de ofício que participaram da reconstrução de Londres, resolvia, em 1703, diante do número cada vez maior de maçons aceitos, em todas as Lojas, admitir, a partir dali, homens de todas as classes, sem qualquer restrição, promovendo, então, uma reforma estrutural, que iria dar o arcabouço da moderna Maçonaria. A admissão, em 1709, do reverendo Jean Théophile Désaguliers , nessa Loja, em cerimônia realizada no adro da igreja de São Paulo, iria apressar o processo de transformação, já que Désagulliers iria se tornar seu lider e paladino. 

A 7 de fevereiro de 1717, Désagulliers conseguia reunir quatro Lojas metropolitanas, para traçar planos referentes à alteração da estrutura maçônica. Nessa ocasião, foi convocada uma reunião geral dessas quatro Lojas existentes em Londres, para o dia 24 de junho daquele ano. Essa reunião foi realizada na taberna “The Apple Tree” (A Macieira), e as Lojas presentes foram, além da “O Ganso e a Grelha”: a da Cervejaria “The Crown” (A Coroa), a da Taberna “Rummer and Grappes” (O Copázio e as Uvas) e a da Taberna “The Apple Tree” (A Macieira). 

E, no dia 24 de junho de 1717, como fora marcado, as quatro Lojas reuniam-se e criavam The Premier Grand Lodge (a Primeira Grande Loja), em Londres, implantando o sistema obediencial, com Lojas subordinadas a um poder central, sob a direção de um Grão-Mestre, já que, antes disso, as Lojas eram livres de qualquer subordinação externa, concretizando a idéia do “maçom livre na Loja livre”. Isso era, portanto, um fato novo e uma grande alteração --- uma verdadeira revolução --- na estrutura maçônica tradicional, o que faz com que esse acontecimento seja tomado como o divisor de águas, o marco histórico entre a antiga e a moderna Maçonaria, ou seja, entre a operativa, ou de ofício, e a dos aceitos, ou especulativa, sua forma moderna. 


 autoria desconhecida)