abril 30, 2022

OS TRABALHOS EM LOJA - José Castellani



MEIO-DIA E MEIA-NOITE

Os trabalhos de uma Loja maçônica, simbolicamente, iniciam-se ao meio-dia e se encerram à meia-noite.

Historicamente, uma das origens dessa prática é encontrada no zoroastrismo persa: Zoroastro reunia os seus discípulos ao meio-dia e os despedia à meia-noite, depois do repasto em comum.

Existe, todavia, uma razão de ordem ética e moral a justificar esse ato simbólico: meio-dia é a hora do sol a pino, quando os objetos não fazem sombra; é, portanto, o momento da mais absoluta igualdade, pois ninguém faz sombra a ninguém, concretizando um dos pilares doutrinários da moderna Maçonaria (os outros são a Liberdade e a Fraternidade).

Astrologicamente, o meio-dia é a hora simbólica em que o Sol está na sua culminância, em todo o seu esplendor, com a sua atividade conhecida de todos, aberta, transparente.

À meia-noite, quando os trabalhos se encerram, a atividade é toda secreta, é coberta, ignorada de todos, quando o ritual maçônico, para assinalar o caráter secreto, pede, ao maçom, que jure guardar silêncio sobre tudo o que viu ou ouviu.

O meio-dia celeste é marcado pelo astro mais visível a olho nu, ou seja, o Sol, o astro principal, o mais luminoso, o coração do sistema solar, o símbolo de Deus.

A meia-noite celeste é caracterizada pelo astro menos visível a olho nu, o último, o mais afastado do Sol, que é Plutão.

Assim, o Sol simboliza o meio-dia, a luz, e Plutão simboliza a meia-noite, as trevas.

Plutão é o símbolo do invisível e, em seus bons aspectos, significa o acesso às riquezas escondidas, como a da iniciação, do oculto, da criatura se colocando mais longe da matéria e perto da radiação celeste, além e fora de toda a materialidade.

Em seus maus aspectos, Plutão se torna a própria negação de Deus e a imagem de Satã, no sentido literal da palavra: adversário, oponente.

Ele relembra, ao maçom, que este, à meia-noite – simbolicamente – reingressa no mundo profano e que guardar sigilo sobre os trabalhos efetuados a partir do meio dia é um dever ético e moral, não podendo, ele, se transformar no adversário dos ensinamentos maçônicos, como um vulgar perjuro.

Doze horas existem entre o meio-dia e a meia-noite. Doze são os signos zodiacais, que representam um círculo perfeito e que simbolizam as periódicas mortes e ressurreições da natureza.

De um lado, o Sol, símbolo espiritual do Eu Superior e representação material da vida e da luz; do outro, Plutão, símbolo espiritual da vontade criadora, da transformação, e representação material da morte e das trevas.

Durante o simbólico período de doze horas de duração de uma sessão maçônica, o obreiro vai da luz às trevas, da vida à morte, como a natureza, a fim de renascer para uma nova vida espiritual e aperfeiçoada.

O número doze, inclusive, tem um alto sentido místico, como símbolo da ordem cósmica, e era a base da numeração entre os povos antigos, sendo bastante encontrado em textos antigos e bíblicos: os doze signos zodiacais, as doze tribos de Israel, os doze pães propiciais, os doze meses do ano, as doze horas do dia, as doze horas da noite.

Maçonaria e Astrologia - Castellani, José - Edit. Landmark, pg 118/119, 3° Ed.

A (IM)PERFEIÇÃO E AS OLD CHARGES (I) - Paulo M.



No Livro das Constituições de Andersen, de 1723, aprovado por maçons ilustres como Desaguliers, Cowper e Payne - reputados e reconhecidos pela sua sabedoria maçónica - podem encontrar-se estas palavras: "The men made masons must be free-born, no bastard, and of mature age, and of good report, hale and sound, not deformed, or dismembered at the time of their making" (Os homens feitos maçons devem ter nascido livres, não bastardos, de idade madura, boa fama, saudáveis e sãos, não deformados ou amputados na altura da sua admissão). Isto levanta a questão: manter-se-á esta exigência nos dias de hoje? Não há melhor forma de entender uma lei do que descobrir e entender o propósito do legislador quando se deu ao trabalho de a elaborar.

Em Junho de 1718 - fazia a Grande Loja de Inglaterra um ano - o Grão-Mestre manifestou o desejo de que os Irmãos que tivessem acesso a registos e escritos antigos sobre Maçons e Maçonaria os trouxessem à Grande Loja, para que pudessem ser constatados os antigos usos e costumes da Maçonaria Operativa. Era importante, no contexto da altura, conferir à Ordem recém criada uma certa patina, alguma daquela aura de autoridade que só a idade proporciona. Foi assim que, nesse ano, apareceram diversas cópias de documentos referente à Maçonaria Operativa - as "Gothic Constitutions". Face a estas, e não as achando adequadas, o Grão-Mestre e a Grande Loja ordenaram ao Irmão James Andersen que as coligisse e elaborasse um novo e melhor Método.

James Anderson, em 1723, com a aprovação da sua Grande Loja, publicou o resultado do seu laborioso trabalho, no que se tornou uma das obras que mais influenciou a Maçonaria até aos nossos dias: o primeiro livro de "The Constitutions of the Free-Masons". Nele incluiu uma secção chamada "the Charges of a Free-Mason" - os chamados "Antigos Deveres" - extraída de registos de lojas "para além do mar", bem como de Inglaterra, Escócia e Irlanda, para uso pelas Lojas de Londres. Foi assim que James Anderson fez uso dos antigos manuscritos a que chamou "The Old Gothic Constitutions", e que citou e parafraseou extensivamente na sua obra. É por esta razão que, num livro destinado a Maçons Especulativos, encontramos regras que só fazem sentido quando aplicadas a Maçons Operativos.

Os "Antigos Deveres" são os documentos históricos que constituem as tais "Gothic Constitutions". De um total de 119 documentos, cerca de dois terços são anteriores à primeira Grande Loja de 1717 - talvez uns 75 - e uns 55 são anteriores a 1700. Quatro foram escritos por volta de 1600, um é datado de 1583, outro de cerca de 1400 ou 1410, e outro será de cerca de 1390.

Quase todos começam com uma invocação: "Que a vontade do Pai do Céu, com a sabedoria do seu Glorioso Filho, através da graça e bondade do Espírito Santo, que são três Pessoas num só Deus, estejam conosco no nosso início, e nos dêem a graça de que governemos a nossa vida aqui de modo que possamos chegar à Sua felicidade que não tem fim. Amen."

Pode ler-se então o anúncio do propósito e do conteúdo, seguido de uma breve descrição das Sete Artes Liberais ou Ciências, uma das quais é a Geometria. Seguia-se uma extensa História Tradicional da Geometria, Maçonaria e Arquitetura, que tomava mais de metade do texto, e que se iniciava nos tempos bíblicos de Noé, terminando no ano de 930, em que o Príncipe Edwin reuniu uma assembleia de maçons na cidade de York, e estabeleceu os regulamentos usados "desde esse dia até aos dias de hoje".

A seguir vinha a forma de se fazer um juramento: "Um dos anciãos segurava o Livro, de modo que ele ou eles pudessem colocar as mãos sobre o Livro, e então as regras eram lidas." a que se seguia o aviso: "Que cada maçon tome nota destes juramentos, pois se alguma vez se vir culpado de ter violado um, que possa reconciliar-se com Deus. E especialmente tu que vais prestar juramento, toma atenção ao cumprimento destes juramentos, pois é um grande perigo para um homem quebrar um juramento feito sobre um Livro".

Seguia-se a lista das regras a cumprir, algumas de cariz comercial, outras de índole comportamental. Sem dúvida que eram essenciais a uma comunidade de artesãos que trabalhavam em grande proximidade vinte e quatro horas por dia. Por fim, vinha o juramento: "Estas ordens que ensaiámos, e outras que pertençam à Maçonaria, iremos guardar, assim Deus nos ajude, e por este Livro e para o seu poder. Amen."


abril 29, 2022

A ESSENCIA DA SABEDORIA




“O sinal mais seguro da Sabedoria é a constante serenidade”.

“A sabedoria e o maior propósito do homem”.

“Sabedoria é a arte de subir ao mais alto de si mesmo”.

“Quem reconhece a sua ignorância começa a ser sábio”.

“O caminho da sabedoria é não ter medo de errar”.

“A grandeza de uma pessoa está em saber reconhecer sua própria pequenez”

“A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade”

“A adversidade faz do homem um sábio”.

É óbvio que cada qual de nós almeja ter desenvolvimento saudável em sua vida, progredindo intelectualmente, materialmente e espiritualmente, pois, quando conseguimos desenvolver a nossa intelectualidade passamos a conhecer os nossos contrários e procurando discipliná-los, alcançamos, pela conciliação, o pleno equilíbrio, que nos permite galgar os degraus da prosperidade material que nos dá a estabilidade indispensável à essência do conforto. Unindo os progressos intelectual e material, teremos, como consequência, o crescimento espiritual, que nos levará a viver com sabedoria, porque é nesta, na sabedoria, que reside a nossa essência existencial.

Para que sejamos sábios não significa, necessariamente, dizer que precisamos ser cultos, pois que cultura é somatório de conhecimentos enquanto sabedoria depende da maneira de ser, boa ou má, de quem a procura, porque é a superioridade e a excelência.

O mundo é um campo de magia. E a magia de Deus nos conduz à sabedoria, e, por consequência à felicidade, pois a experiência nos tem demonstrado que é inevitável ser feliz quando se tem sabedoria.

Portanto, queridos  Irmãos, busquemos a sabedoria, que com ela virá o nosso desenvolvimento intelectual e material.

Encontrá-la-emos no silêncio, na serenidade, na sensatez,  nos sentimentos nobres e sublimes, no amor, na fraternidade e, até  mesmo, nas vicissitudes da vida, na dor e no sofrimento.

Vamos Irmão, Vamos em frente, buscando a nossa sabedoria. Façamos dela o nosso propósito.

Mas não façamos isoladamente. Façamos junto com  os nossos irmãos, para que a ignorância de alguns não seja o obstáculo que impeça que outros alcancem a sabedoria.

Tenhamos serenidade de discernir o bem e o mal e não abramos arapucas que possam aprisionar os próprios  pássaros do nosso saber.

Vamos alçar voos juntos e como a águia alcançar as alturas.


Fonte: A essência da Sabedoria 

A LOJA E O CONVENTO




Havia um Noviciado

Numa certa Prelazia,

Cujo prédio era encostado

Junto com a Maçonaria


Todo domingo, Dom Bento

Com fervor rezava a missa

Na Capela do Convento,

Para a turma de Noviça.



Bem na hora do café

Com a Madre Diretora,

Perguntava: 

– Como é ?

Descobriu, Superiora ?


Que fazem esses Maçons Trancados naquela casa ?

Seus intentos não são bons.

Com mulheres mandam brasa… 


– Senhor Bispo, não tem jeito

De saber, tudo é fechado !

Até mesmo com o Prefeito

Reclamei sem resultado.


– Mais uma vez vou lembrar

Que há perigo imediato

De Noviça engravidar,

E o Bispo paga o pato.


Passava uma velha freira,

Que vinha da Sacristia,

E afirmou, bem certeira,

Que perigo não havia.


Refazendo a esperança

E a paz do seu Prelado,

Declarou com segurança:

– Todo Maçom é castrado.


– Irmã, que papo avançado ! Você viu, já esteve lá ?

Interrogo-lhe o Prelado,

Sem querer acreditar. 


-Vou contar minha babada:

Nessa Loja, senhor Cura, Tem uma porta lascada

Bem junto da fechadura.


Certa noite, houve uma festa,

A tal da Iniciação…

Pus um ouvido na fresta,

Com cuidado e precaução.


Só escutei. Não vi nada.

Foi grande a surpresa minha.

Pareceu forte pancada

De golpe de machadinha.


E ouvi com desespero,

Uma voz determinar:

Irmão Mestre Hospitaleiro Trazei o saco ao altar.


E o Bispo foi-se embora,

Bem tranquilo e sorridente,

Confortado pela história

Da freirinha convincente.


 _Quadras de Autor desconhecido_

abril 28, 2022

QUITE - Rui Bandeira



Um maçom deve estar sempre quite para com a sua Loja, isto é, ter cumpridas as suas obrigações para com esta. As obrigações mínimas do maçom perante a Loja respeitam ao dever de assiduidade, isto é, à comparência em todas as sessões de loja para que for convocado, e o pontual pagamento da quota mensal.

Estar quite é cumprir estes deveres SEMPRE. Sempre que um obreiro injustificadamente falte a uma sessão, viola o dever de assiduidade e, portanto, não está quite. Sempre que se inicia um mês do calendário civil sem ter pago a sua quota do mês anterior, não está quite.

Não está quite perante si próprio, perante a sua consciência. Porque, incumprindo o seu dever de assiduidade, sem justificação para tal, incumprindo, podendo fazê-lo, o seu dever de pagar a sua quota mensal, o obreiro está, antes de mais, a faltar aos compromissos que assumiu, respetivamente, de assiduidade e de comparticipação para o Tesouro da Loja. E o cumprimento dos compromissos livremente assumidos é uma questão de honra! Logo, o maçom que injustificadamente falte a uma sessão de Loja para que foi convocado, que se deixa, sem razão que o justifique, entrar em mora no cumprimento do seu dever de contribuição para as despesas da Loja, antes de tudo e cima de tudo sente-se ele próprio desonrado.

O atraso no pagamento das quotas pode ser remediado: basta pagar o que está em dívida e ficar-se-á quite. Já o incumprimento do dever de assiduidade causa sempre prejuízo. À Loja porque fica privada do contributo do maçom. E todos os contributos de todos os maçons da Loja são inestimáveis e imprescindíveis. Do Mestre mais antigo ao Aprendiz mais recente, todos e cada um são essenciais para o aperfeiçoamento de cada um e global da Loja. Mas o incumprimento do dever de assiduidade prejudica sobretudo o próprio incumpridor. E, de alguma forma, é incompreensível: pois não tomou o maçom a decisão de pedir a Iniciação para beneficiar da ajuda da Loja no seu crescimento pessoal, na sua jornada própria? E vai prejudicar a sua demanda, prescindir do contributo do grupo não comparecendo? O tempo não para, não se pode rebobinar o filme. A única forma de remediar a falta sem motivo é diligenciar pelo estrito cumprimento do dever de assiduidade. Assim se diluirá o atraso, assim se recuperará o trabalho que ficou um dia por fazer. Assim se fica, de novo, quite. Quite para com a Loja. Mas sobretudo – e principalmente! – quite perante si próprio!

O maçom tem, a todo o tempo, direito a que a sua Loja certifique que se encontra quite. Se o fizer na constância e na permanência da ligação à sua Loja, é-lhe emitida uma declaração de good standing, com a qual poderá provar, perante qualquer outra Loja que visite, ser um maçom quite, em boa posição, de pé e à ordem, perante a Loja, a Maçonaria e ele próprio. Se o fizer no âmbito do processo de desvinculação da sua Loja – que é um direito que todo o maçom a todo o tempo pode exercer -, seja por entender dever adormecer, isto é, suspender a sua atividade maçônica ou por decidir mudar de Loja, é-lhe então emitido um atestado de quite. Com esse documento, fica ultimada a sua desvinculação da Loja. O maçom pode assim pedir a sua admissão a outra Loja, comprovando perante a mesma estar quite de todas as suas obrigações perante a Loja de que se desvinculou. Ou, se simplesmente pretender suspender a sua atividade maçônica, pode, se e quando o entender, retomá-la reintegrando-se na mesma ou em outra Loja, comprovando que cumpriu os seus deveres enquanto esteve em atividade maçônica, pelo que saberá voltar a cumpri-los ao retomá-la.

Mas, no fundo, o atestado de quite é apenas uma declaração num papel. O que verdadeiramente interessa é que o maçom se sinta, ele próprio, pessoalmente, perante si mesmo, sempre quite. E é para que assim seja que a Loja existe e se disponibiliza e auxilia e coopera. Porque a razão de ser da Loja, da Obediência, da Maçonaria é, afinal, simplesmente, o maçom. Cada um deles. Cada um de nós. Livre, especial, insubstituível e... quite!


"HUMILDADE, HUMILDE E SER HUMANO" - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país.


A palavra “Humildade” tem sua etimologia no grego antigo,  HUMUS, que quer dizer “terra”,   “terra fértil”, bem como “criatura nascida da terra”, "aquilo que vem ou está no chão".

Contudo, no latim clássico, há o substantivo "HUMILITAS" e seu derivado adjetivo "HUMILIS", cujos significados traziam vários sentidos figurados, tais como: "de baixa condição", "abatido" "desanimado", "pouco importante", dentre outros.

Ao longo do tempo, porém, e em grande parte por influência interpretativa de autores cristãos, o substantivo HUMILDADE e o adjetivo HUMILDE ganharam o significado de uma espécie de "virtude" humana, designando ainda aquele que manifesta e reconhece as suas limitações.

Se mergulharmos mais fundo no oceano vernacular, observaremos que as palavras humildade e humilde exprimem o significado e a característica  de quem é modesto, simples, e não demonstra vaidade.

Outrossim, ainda denotam os significados de limitação, modéstia, demonstração de fraqueza e até mesmo de inferioridade.

Como se percebe, trata-se de um termo que impõe interpretações, por vezes antagônicas e de certo modo conflitantes, que podem revelar  lados positivos ou negativos na complexidade interior humana.

Para um enorme contingente de pessoas a Humildade consiste na virtude que indica o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas e com isso termos uma idéia mais consistente sobre o nosso próprio nível de consciência.

Para darmos um fôlego a esse episódio e provocar um pouco mais de polêmica e discussão sobre os conceitos de Humildade, cabe registrar que do ponto de vista da Filosofia, Immanuel Kant, por exemplo, afirma que a humildade é a virtude central da vida, uma vez que dá uma perspectiva apropriada da moral. 

Já para o filósofo Friedrich Nietzsche,  a humildade é uma falsa virtude que dissimula as desilusões que uma pessoa esconde dentro de si.

Lembrando sempre que o combate à Vaidade é um dos preceitos mais enfaticamente defendidos pela Maçonaria, inobstante ritos ou obediências.

Há um infinito espaço para se debater essa disposição que se situa entre o Céu e a Terra, mas que antes de tudo, permanece recôndita dentro de cada um de nós.


abril 27, 2022

CONCEITOS BÁSICOS DO RITO BRASILEIRO


Histórico do Rito Brasileiro 

Prestigiar ou aderir a uma Loja do Rito Brasileiro deve ser considerado uma legítima afirmação de Brasilidade e um autêntico ato de amor ao Brasil. 

Dos diversos ritos praticados pela Maçonaria Regular, em todos os recantos da Terra, o Rito Brasileiro é um deles. O Rito Brasileiro à muito tempo é Regular, Legal e Legítimo. Acata os Landmarks e os demais princípios tradicionais da Maçonaria, podendo ser praticado em qualquer país. 

Teria sido o embrião do Rito Brasileiro o apelo feito por um irmão Lusitano, um Cavaleiro Rosa Cruz, no ano de 1864, dirigido aos Orientes Lusitano e Brasil, no sentido de que fosse criado um Rito novo e independente, mantendo os três graus simbólicos, de acordo com a tradição maçônica, comum a todos os ritos e, os demais, altos graus, fossem diferenciados com características nacionais. Este apelo vinha com a seguinte afirmação: “Convimos em que semelhante reforma é contraria ao cosmopolismo e a tolerância Maçônica mas também é verdade que, enquanto os Maçons forem patriotas, e os povos fisicamente desiguais, a conservação de um Rito Universal, parece-nos impossível: Talvez que um tão gigantesco projeto só poderá ser possível no vigésimo século”. Esta idéia está publicada às páginas 6, vol. I da obra clássica em Maçonaria, intitulada Biblioteca Maçônica ou Instrução Completa do Franco-Maçom, publicada em Paris, por Ailleaud Guillard.

Em 1878, em Recife surgiu a Constituição da Maçonaria do Especial Rito Brasileiro com aval de 838 obreiros, presidido pelo comerciante José Firmo Xavier, para as Casas do Circulo do Grande Oriente de Pernambuco; Esta Constituição era Maçonicamente totalmente irregular, pois a mesma além de se assentar sob os auspícios de sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brasil, da Família Imperial e sua Santidade Sumo Pontífice o Papa, nela estava incluído vários preceitos negativos, como por exemplo: A admissão somente de Brasileiros natos, e em seu artigo 4° afirmava que uma das finalidades do Rito era defender a Religião Católica e sustentar a Monarquia Brasileira. Evidentemente o Rito não prosperou, pois era Irregular. Esta Constituição se encontra na Biblioteca Nacional e também publicada nos livros A Maçonaria e o Rito Brasileiro, de Hercules Pinto,Editora Maçônica, 1981 e Rito Brasileiro de Maçons Antigos Livres e Aceitos de Mário Name, Ed. A Trolha, 1992. 

Em 21 de dezembro de 1914, na reunião do Conselho Geral da Orem, presidido pelo Soberano Grão Mestre Lauro Sodré, o irmão Eugênio Pinto, orador interino, fez a proposta para a criação do Rito Brasileiro, quando foi aprovada a criação do Rito Brasileiro. 

Em 23 de dezembro de 1914, surgiu o decreto n° 500, que deu o conhecimento aos Maçons e Oficinas da Federação, da aprovação, do reconhecimento e da adoção do Rito Brasileiro. Kurt Prober, pesquisador maçônico, tece severas críticas à forma de criação do Rito, alegando: que o quorum da reunião era insuficiente, realizada ao apagar das luzes e que o Rito teria sido invenção dos militares. 

Em 1916, Lauro Sodré, afastou-se do 3° mandato de Soberano Grão Mestre do GOB, assumindo em seu lugar Veríssimo José da Costa que encaminhou o decreto n° 500 para a aprovação da Soberana Assembleia Geral. Assim através de um novo decreto, desta vez, o de n° 536, de 17 de outubro de 1916, reconheceu, consagrou e autorizou o Rito, criado e incorporado ao GOB. 

Em junho de 1917, o Conselho Geral da Ordem aprovou a constituição do Rito com seus regulamentos, estatutos e rituais. Mesmo assim o Rito não prosperava pela falta de uma oficina chefe e de rituais publicados. 

Em agosto de 1921, através do decreto n° 680, o Soberano Grão Mestre do GOB expulsou o Grão Mestre e outros 45 Veneráveis de Lojas do Estado de São Paulo, cassando as cartas constitutivas daquelas Oficinas, que passaram a adotar o Rito Brasileiro, publicaram rituais para os três primeiros graus, cópias fiéis do Rito Escocês. 

Em 1940, Álvaro Palmeira propõe a formação de uma comissão para analisar, estudar e atualizar o projeto do Rito Brasileiro, que naquela época achava-se adormecido. 

Em 1941, foi instalado o Supremo Conclave do Rito Brasileiro através do ato n° 1636. Este Supremo Conclave viria adormecer, pois havia pequenas diferenças entre o Grão Mestre Rodrigues Neves com o presidente do Supremo Conclave Otaviano Bastos. 

Em 1968, considerado o ano da implantação do Rito Brasileiro, Álvaro Pimenta Soberano Grão Mestre assinou o decreto n° 2080, reativando o Supremo Conclave, determinando que 15 irmãos revissem a Constituição do Rito, adequando-a às exigências internacionais de regularidade, fazendo um Rito Universal, separando o simbolismo dos altos graus, conciliando a tradição com a evolução. Publicou-se os rituais necessários. 

Atualmente o Rito Brasileiro é uma realidade vitoriosa. Possui organização e doutrina bem estruturadas, que muito se diferencia da organização e doutrina incipientemente propostas ao longo de sua história. Solidamente constituído é praticado por mais de 150 Oficinas Simbólicas distribuídas por quase todas as unidades da Federação. É o segundo Rito mais praticado no Brasil. O Supremo Conclave do Rito Brasileiro tem sede no Oriente do Rio de Janeiro, à Rua do Lavradio, n° 100. 

Estrutura doutrinária do Rito Brasileiro 

Em cinco segmentos se estrutura o Rito: 

Lojas Simbólicas 1° ao 3° grau 

1° Grau – consagrado à fraternidade dos irmãos, união dos irmãos. 

2° Grau – consagrado à exaltação do trabalho e ao estimulo da solidariedade. 

3° Grau – consagrando o princípio que a vida nasce da morte.

Capítulos 4° ao 18° grau 

Dedicados ao estudo da Filosofia Moral, 14 virtudes culminando com o grau Rosa Cruz, moral e espiritual, degrau capitular máximo. 

Grandes Conselhos 19° ao 30° grau 

Dedicados aos estudos dos problemas nacionais e da humanidade. 

19° ao 22° - aspectos ligados à economia. 

23° ao 26° - aspectos ligados à organização da sociedade. 

27° ao 30° - aspectos ligados à arte, ciência, religião e à filosofia. 

Altos Colégios 31° e 32° grau 

Dedicados ao bem público e ao civismo, a abordagem de assuntos políticos, tratados elevadamente, sem injunções partidárias. 

Sumo Grau 33 

Máximo na hierarquia de caráter administrativo, com tendência em grau superior. 

Algumas Características básicas do Rito Brasileiro 

Cada Rito possui modo próprio de realizar suas cerimônias, respeitados os limites bem conhecidos, sob pena de heresia maçônica. O importante é que todos os Ritos tem o mesmo objetivo, qual seja, o de ordenar a prática dos estudos maçônicos. Enumeramos algumas características do Rito: 

Uso de Bastões 

É por tradição, o uso de bastões pelo Mestre de Cerimônias e Diáconos. 

O Retorno da Palavra Sagrada 

Peculiaridade do Rito, tem como objetivo simbólico de confirmar a boa condução dos trabalhos e sua conclusão. A palavra vai e volta, imantando e desimantando. 

Sinais 

Além dos sinais habituais, temos os sinais de obediência e do rito

Fonte: Rede colmeia

SIMBOLOGIA OCULTA DO XADREZ

O xadrez, como outros jogos e costumes contemporâneos, surge de um pano de fundo mítico. O jogo estratégico que busca encurralar o rei inimigo vem da Índia antiga. Como afirma um pesquisador qualificado do simbolismo antigo, o tabuleiro de xadrez "simboliza a existência concebida como um campo de ação para as forças divinas. Em seu significado mais universal, o combate representado pelo jogo de xadrez representa a batalha mítica dos devas com o asuras, dos deuses com os titãs, ou dos anjos com os demônios, derivando disso todos os outros significados do jogo."

O exército branco é o da luz, o preto é o das trevas. Numa ordem relativa, a batalha representada no tabuleiro representa, bem, a dos dois exércitos terrestres.

O que mais fascina o homem de casta nobre e guerreira é a relação entre vontade e destino. Pois bem, é exatamente isso que o jogo de xadrez ilustra, justamente porque suas sequências são sempre inteligíveis, sem serem limitadas em sua variação. Um rei da Índia queria saber se o mundo obedecia à inteligência ou à sorte. Dois sábios, seus conselheiros, deram respostas contrárias, e para provar suas respectivas teses, um deles pegou o xadrez, por exemplo, em que a inteligência prevalece sobre o acaso, enquanto o outro trouxe alguns dados, a imagem da fatalidade.

Em cada fase do jogo, o jogador é livre para escolher entre várias possibilidades, mas cada jogada trará uma série de consequências inevitáveis, de modo que a necessidade limita cada vez mais a livre escolha, aparecendo o fim do jogo não como resultado. do acaso, mas como resultado de leis rigorosas.

Aqui se revela não apenas a relação entre vontade e destino, mas também entre liberdade e conhecimento: a menos que haja um descuido do adversário, o jogador resguardará sua liberdade de ação apenas na medida em que suas decisões coincidam com a natureza do jogo. , ou seja, com as possibilidades que isso implica. Em outras palavras; a liberdade de ação é aqui solidária com a previsão, com o conhecimento das probabilidades; inversamente, a pulsão cega, por mais livre e espontânea que possa parecer à primeira vista, acaba se revelando como uma não-liberdade.

O xadrez representa o indivíduo capaz de governar seu mundo externo ou interno de acordo com suas próprias leis.

Esta arte supõe a sabedoria, que é o conhecimento das possibilidades; a verdadeira sabedoria é a identificação mais ou menos perfeita com o Espírito, este último simbolizado pela qualidade geométrica do tabuleiro, selo da unidade essencial das possibilidades cósmicas.

O Espírito é a verdade; pois seu homem é livre; fora dela, ele é escravo de seu destino. Esse é o ensinamento do jogo de xadrez.

abril 26, 2022

DIA MUNDIAL DO LIVRO - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Considerado um dos maiores intelectuais da maçonaria no país.

Sem querer entrar no conceito estético, formal e nem de seus primeiros indícios materiais é imprescindível que se faça uma breve referência histórica sobre o surgimento do Livro, cuja origem está intima e contemporaneamente ligada à escrita. 

A primeira versão do que se conhece por Livro, diz respeito aos Sumérios, que o criaram há cerca de 3200 anos A.C.  na Mesopotâmia, com seus escritos sobre "tabletes de argila".  

Posteriormente desenvolvido pelos gregos na cidade de Pergos, de onde surgiu a expressão pergaminho, que nada mais eram do que peles de vaca, ovelhas ou carneiros através do que se faziam as transcrições.

Inúmeros relatos históricos dão conta de que no início da Idade Média, os Judeus e os Muçulmanos foram os responsáveis por trazerem o "papel"  para a Europa, e que com o tempo deu origem à versão clássica do livro confeccionado  através deste elemento.

Mais recentemente, o Livro ganhou uma versão "high-tech", os chamados  e-books, diminutivo em Inglês para (Electronic  Books) ou seja; um arquivo configurado em forma de um livro, que funciona num computador.

O substantivo "livro" na língua portuguesa tem sua etimologia proveniente do latim "liber", termo relacionado à cortiça da árvore.

Porém, o conceito filosófico e semanticamente o que guarda melhor definição para o Livro, é o que traduz seu significado como uma obra de cunho literário, artístico, filosófico, lendário, científico ou de qualquer outra natureza fruto do conhecimento e da experiência humana..

Metafóricamente  o livro é um ser vivo, cuja família real se constitui de Autor e Leitor, e seu habitat pode ser uma editora, uma livraria, uma biblioteca, ou a casa de cada um de nós.

São sob os nossos olhos e debaixo de nossos braços que o sentimos, compartilhamos de seu conteúdo e discutimos ou debatemos livremente sobre seu teor, tal qual "um livro aberto".

O livro traduz fórmulas, experimentos, contos, prosas e poesias que se tornam referências e objeto de desejo, mas que concomitantemente são capazes de provocar dualismo,  alternâncias e pontos de divergências e convergências, tal qual ocorre no seio de qualquer família.

O livro é em si, um pedaço de vida que seu autor delega à história, e dele se esperam as mais profundas e diferentes reações.

Manusear suas páginas é um nobre exercício físico, mas sobretudo mental, em que a intelectualidade promove um conflito íntimo e inquietante de cada folha superada e diante de cada novo capítulo que se pronuncia.

O livro é antes de tudo, um guardião de pensamentos e reflexões, de lógica e de raciocínio que constrói uma ponte de interação entre o autor e o leitor.

O mérito de um livro não se julga pelo seu conteúdo, sua estética, suas ilustrações, sinais ou imagens, mas sim pelo simples fato de existir.


CULTURA E A SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DOS MAÇONS - Ubyrajara Souza M.'.M.


O conceito de cultura é bastante amplo e complexo.

Na visão acadêmica, ele pode ser desenvolvido sob diversos aspectos: antropológico, sociológico, filosófico etc.

Entretanto, para efeito deste artigo, podemos simplificar o seu entendimento adotando uma definição mais ecumênica: cultura é o termo genérico usado, basicamente, para significar duas acepções diferentes.

De um lado, o conjunto integrado de usos e costumes, de comportamentos, valores, regras morais, e de instituições que permeiam e identificam uma sociedade ou uma época.

E, de outro lado, artes, erudição e demais manifestações mais sofisticadas do intelecto e da sensibilidade humana, consideradas coletivamente. 

A cultura explica e dá sentido à cosmologia social, portanto, é impossível de se desenvolver individualmente.

Resumindo, podemos dizer que cultura é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período. 

A maçonaria, como todo grupamento humano, possui identidade própria.

E reduzindo o conceito de ‘cultura’ a um universo específico, podemos chamar de cultura maçônica a esse sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à prática da maçonaria, formando um conjunto de respostas de o que é aprendido e partilhado pelos maçons e que lhes confere essa identidade própria. 

Há os que tratam a cultura maçônica como um sistema de conhecimento da realidade, como o código mental dos maçons, não como um fenômeno material, mas cognitivo; e há os que entendem a cultura maçônica como um sistema simbólico que só poderá ser apreendido por meio de interpretação e não por mera descrição. 

Na verdade o conceito de cultura maçônica deve congregar a interpretação de seus símbolos, a prática de tradições maçônicas e suas lendas míticas.

Não somente aquelas que foram incorporadas dentro dos rituais e são exemplificadas em suas cerimônias, mas também aquelas que, embora não figurem nas instruções das lojas, foram transmitidas oralmente como partes de sua história e enuncia, em seu cânone de instrução, verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana, através do freqüente uso de arquétipos, sem se referir à veracidade dos relatos. 

A filosofia da maçonaria incentiva o homem a buscar o autoconhecimento, despertar no maçom o seu pensar em sua própria existência, independentemente dos agrupamentos sociais a que pertençam individualmente. 

Não cerceia o seu adepto ao estudo de qualquer ciência (esotérica ou exotérica) como cultura auxiliar, mas pretende que a base dos ensinamentos maçônicos esteja sempre presente, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se levanta a Ordem.

*Assim sendo, o futuro da maçonaria está diretamente ligado ao desenvolvimento cultural do maçom.*

E, de um modo geral, o maçom deve estar consciente de que se cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros, a cultura maçônica deverá ser o resultado da forma como os maçons receberam e transmitem seus ensinamentos.

O importante é estar atento que ele não só receba a cultura dos seus antepassados como também crie elementos que a renovem.

E se cultura é um fator de humanização, deve compreender que esta transformação só ocorrerá porque ele é parte de um grupo em constante aperfeiçoamento cultural.





CONSTRUINDO A PEDRA CÚBICA - Thiago Mangelli M.'.M.'.


A pedra cúbica é o símbolo da medida áurea, do desenvolvimento harmônico e equilibrado que supera todas as deficiências e controla a tendência para os excessos de qualquer natureza, pois todo excesso, em qualquer sentido, é uma falta de controle.

Exceder-se, em qualquer sentido, é uma deficiência, pois indica a falta de qualidade oposta que deve controlar esta tendência.

É uma das asperezas alegóricas da pedra bruta que deve ser desbastada, é uma irregularidade no desenvolvimento, em determinado sentido que nos afasta do equilíbrio perfeito e da perfeição cúbica ideal.

A beleza da figura humana, assim como a de um edifício ou obra de arte, é da mesma maneira função e resultado do grau de equilíbrio, harmonia e proporção perfeita entre todas as partes que compõem o conjunto.

Quando existir desproporção e excesso, em qualquer sentido, manifestar-se-á a imperfeição que afasta a obra da medida áurea.

A saúde perfeita e a eficiência física também dependem do grau de justo equilíbrio, harmonia e proporção que sabemos manifestar em nossos hábitos fisiológicos.

Todo excesso, em qualquer sentido, se converte em elemento destrutivo.

No campo moral, todo vício é um mau companheiro que é preciso revelar e disciplinar, para que não siga exercendo uma influência destrutiva sobre a obra da vida e acabe tornando inepta a pedra que deveria ocupar seu lugar no edifício social e humano.

O mesmo deve ser dito, no plano da inteligência, das diversas qualidades e faculdades que caracterizam a genialidade verdadeira, ou seja, a produtiva.

O chamado gênio não é constituído somente pelo desenvolvimento da faculdade da memória, nem da imaginação; não consiste unicamente na abundância das idéias, nem no desenvolvimento da concentração.

Nenhuma dessas qualidades, isolada, produz o gênio verdadeiro que só se realiza com o perfeito desenvolvimento equilibrado de todas as qualidades da inteligência, sem que haja excessos e desde que cada uma dessas qualidades e faculdades seja capaz de conservar o lugar ao qual pertence e atuar em perfeita harmonia às demais.

O que necessitamos é de uma cooperação e um desenvolvimento harmônico de ambas as faculdades.

Havendo o Aprendiz trabalhado na Pedra Bruta com o Malho e o Cinzel, transformando-a num cubo imperfeito, cabe ao Companheiro polir este cubo com o auxílio do esquadro, do Nível e do Prumo, tornando-a finalmente em pedra cúbica.

Desbastadas as arestas da personalidade ainda como Aprendiz, cabe agora ao Companheiro disciplinar suas ações através do conhecimento adquirido, realizando contornos delicados e fazendo então, do seu "eu", um cubo perfeito, a pedra polida que assim estará apta a ser utilizada na construção do edifico do Templo, isto é, a humanidade Perfeita.




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abril 24, 2022

POR QUE NOS ATACAM TANTO? - Paulo André







De novo esse assunto? 

Acontece que o mundo está cada vez mais mergulhado na internet, estamos sabendo lidar com o mundo virtual?

Cada vez mais, existem pessoas nos atacando, com teorias de conspiração, somos nós os culpados de tudo, e a pergunta ecoa, por que nos atacam tanto?

A resposta é simples:   Por Dinheiro!

Além de ibope e influência, sim as redes sociais são uma boa forma de se ganhar dinheiro e influência, então vale tudo, qualquer assunto que renda visualizações

Recentemente um canal de uma jovem, que virou estrela denunciando que nós somos a "Nova Ordem Mundial" blá blá blá, atingiu o pico de 700 mil inscritos, decidiu agora "desmascarar a Maçonaria"

Adquiriu livros, fez resumos tirando frases do contexto, com isso montou um curso,  e está vendendo na internet

O valor do curso é R$490,00, e promete subir o valor, a medida que for enchendo a plataforma de informações

No meio de 700 mil seguidores, não é difícil conseguir 100 inscritos que comprem o tal curso, ou seja, fatura-se R$49000,00 nessa brincadeira, desconfio que seja  muito mais

E não é esse o único curso vendido, sim, a rede social pode ser uma fábrica de fazer dinheiro

Com métodos diferentes, tem diversos outros canais, fazendo o mesmo, as custas de atacarem a gente

Devemos nos preocupar?

Com quem fala não, a grande preocupação é com a imensa maioria leiga que escuta, e acredita, esses vídeos costumam bater em média 100 mil visualizações, com isso vai se criando um clima de anti-
maçonaria principalmente entre os mais jovens

Como tornar feliz a humanidade, se a humanidade desconfiar e não gostar de nós?

Ainda não temos uma resposta para esse problema, ele ocorre principalmente dentro do mundo virtual, e pouca atenção damos ao fato

Faz cinco anos que venho batendo nessa tecla sozinho, creio que o futuro de nossa Ordem, vai estar atrelado aos jovens e estes estão no mundo virtual, onde somos massacrados constantemente, sem esboçar reação alguma

Faço palestras, já dei entrevistas, participei de Podcast, tentando esclarecer o assunto, e continuo a disposição, a quem de boa vontade, quiser compreender o problema, que vem de longa data, e já causou graves problemas para nós

Claro, não estou vendendo curso, nem jamais cobrarei um centavo sequer para explicar o assunto

Acordar antes que seja tarde demais.


O NOVO REI E A MAÇONARIA - Heitor Rodrigues Freire


Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis,  Grão Mestre “Ad Vitam” da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande.


A nossa Sublime Instituição, ao longo dos tempos, foi sofrendo muitas influências, produzindo alterações conjunturais.

Hoje nesta pós pandemia, durante a qual ficamos vivendo um tempo com reuniões virtuais, convivendo com tecnologia a mais avançada, foi suscitado um novo rei que se tornou soberano, reinando em todo o planeta de forma absoluta e total, sem contestação de ninguém – tanto que todos se dirigem a ele, de forma submissa, reverente, abaixando a cabeça e permitindo seu domínio completo: o celular.

Seu predomínio é tão grande que quando, eventualmente se perde, instala-se o pânico. 

A vida de todos ficou dependente desse instrumento tão dominador e tão útil, ao mesmo tempo, que cabe na palma da mão. A submissão é tão grande que o diálogo entre as pessoas foi eliminado de forma quase total. Todos deixam de participar de acontecimentos presentes para filmá-los e depois mostrá-los como um troféu.

Essa distorção ocorre pelo uso inadequado, pois o aparelho galvanizou de tal forma a atenção das pessoas – que não percebem essa dominação – que gerou uma dependência enorme, e acabou causando um dos males do século: a ansiedade. A ansiedade em aparecer, em demonstrar protagonismo, uma vontade imensa de ser importante. 

Antigamente, a ansiedade agia de forma natural, como reação a um perigo e com a adrenalina gerada proporcionava a ação de defesa. Mas, hoje, com as consequências da vida moderna, muito agitada, o uso indiscriminado do celular provoca manifestação e frequência aceleradas.

E essa distorção chegou à nossa Ordem.

Antes de ingressarmos ao Templo, todos conhecemos a exortação que o Mestre de Cerimônias faz: “...deixemos para trás os pensamentos comuns, os dissabores, as angustias, os problemas do cotidiano, enfim, deixemos aqui os pensamentos profanos...”

Quando ali adentrarmos, local sagrado, onde circula a energia divina com a invocação do Grande Arquiteto do Universo, a presença dos Irmãos da Ordem Maior e do Oriente Eterno, devemos conscientizar-nos da necessidade imperiosa de harmonizar-nos com esse ambiente.

Mas hoje isso raramente acontece. Porque os Irmãos não se separam dos seus celulares e frequentemente os acionam – não adianta desligá-los –, introduzindo assim uma energia que profana aquele recinto sagrado. Não estou sendo dramático. Estou observando o que acontece e o que implica em carrear para dentro “os dissabores, as angustias, os problemas do cotidiano...”

Já observei altas autoridades acionando o “rei”, dentro do Templo, abaixando a cabeça para tentar esconder o que se está fazendo.

É tempo de agirmos com sinceridade e consciência para coibir essa profanação. Para que isso aconteça, sugiro que nossas autoridades determinem que os celulares sejam deixados na sala dos passos perdidos. Porque embora também por orientação, os celulares sejam desligados é cada vez mais comum observar-se Irmãos utilizando o celular dentro dos Templos. E esse ato, acaba profanando o recinto porque se transporta para dentro as energias de fora. 

Pelo andar da carruagem, contudo, não temos como dispensar o uso do celular. É um equipamento criado para facilitar a comunicação moderna, sempre tão rápida e exigente. A saída é aprender a utilizá-lo de forma adequada e coerente, sem nos submeter ao que os outros pensam e procurar vencer a ansiedade de querer mostrar o que, na realidade, não somos. Ou seja, temos que agir com consciência.

Heitor Rodrigues Freire – Grão Mestre “Ad Vitam” GLEMS.