julho 09, 2024

SÃO JOÃO É O PATRONO OU O PADROEIRO DA MAÇONARIA? - Almir Sant'Anna Cruz



Algumas Obediências Maçônicas nacionais denominam São João como sendo o Patrono e outras como o Padroeiro da Maçonaria.

O que seria o correto?

Em nossa língua pátria essas palavras são empregadas em duas distintas situações:

*PATRONO* quando se refere a uma pessoa qualquer, conhecida ou não 

Exemplos:

> Duque de Caxias: patrono da cidade de Duque de Caxias e do Exército 

> Hipólito José da Costa: patrono da imprensa

> Castor de Andrade: patrono do Bangu A.C.

> Sr. João: patrono do time da esquina.

*PADROEIRO* quando se refere a um Santo ou Santa.

Exemplos:

> N.S. Aparecida: padroeira do Brasil

> São Sebastião: padroeiro da cidade do Rio de Janeiro

> São João: padroeiro da cidade de São João de Meriti e da Maçonaria.

SETE ANOS E MAIS - Roberto Ribeiro Reis


Feito todo Mestre Maçom,

Experimentei o que é bom,

A Acácia me é conhecida;

Aprendi que viver é a sorte,

E que através da morte

Começa-se uma nova vida.


Que, aliás, bem atrevida

Não dá pistas sobre a partida,

Tratando-nos de simples mortais;

O vaidoso cai no fundo do poço,

Sua pele se desprende do osso,

Ainda que tenha sete anos e mais..


Ademais, quando vejo o caixão

Sinto de perto o que é solidão,

Distante de todos no esquife;

Sei que todo esse sofrimento

É para servir de ensinamento

Da sina do Mestre Hiram Abiff.


Não tenho noção de espaço e hora,

Meu corpo se apodrece, e agora

Eu já não sei mais o que faço;

Quero romper o vulgo da matéria,

E renascer sem a antiga miséria,

Tendo no espírito o bom compasso!

julho 08, 2024

QUAL É O MAIOR DOS VICIOS? - Sérgio Quirino Guimarães


Essa, certamente, é uma pergunta capiciosa, que poderia resultar em comentários diversos, a favor ou contra as manifestações. Sobretudo por conta destas duas palavras: "MAIOR" e "VICIOS".

"Maior" é um adjetivo que expressa superação de um sobre o outro, seja em número, grandeza ou intensidade. Do ponto de vista lexical, é uma realidade. Contudo, há as "realidades pessoais"; o que é muito/maior para uns, não o é para outros. Então, no ámbito maçõnico, a avaliação do que é maior passa pelo discernimento impessoal de avaliarmos quais situações/coisas têm superioridade, positiva ou negativamente, dentro de um contexto específico.

"Vicio", para além da nocividade humana que essa imperfeição pessoal provoca nas relações sociais, maçonicamente, devemos nos atentar àquilo que pode nos aviltar como Irmãos e Obreiros, conduzindo-nos pela estrada da maldade.

Pode parecer incoerência pensarmos que, como Iniciados na Arte Real, trabalhando sob Sacros Princípios do Livro da Lei e instruídos por Sãos Principios da Moral e da Razão, desviaremo-nos do bom caminho e nossa chegada será a um porto profano.

MAÇONARIA NÃO É UM VEÍCULO.

MAÇONARIA É UMA ESTRADA DEVIDAMENTE SINALIZADA. NÃO IMPORTANDO AS CURVAS, OS ACLIVES E OS DECLIVES.

NOSSA CONSCIÊNCIA É O "VOLANTE"; A VERDADE, O "FREIO"; E A JUSTIÇA, O "ACELERADOR".

A Maçonaria nos dá os conhecimentos necessários para aperfeiçoarmos NOSSAS OBRAS. Porém, precisamos, de tempos em tempos, avaliar como nos conduzimos como OBREIROS.

Ações sem critérios são velas sem pavios, que se tornam atos estéreis.

Mas e sobre a pergunta tema?

Salvo melhor juizo, o maior de todos os vícios é não ser virtuoso. Quando permitimos que nosso coração seja sede apenas de nossos desejos, jamais nossos atos terão equidade e retidão. Se deixarmos de observar nossa conduta e assumirmos traços e caráter caprichosos, agiremos com ostentação e preferências.

A virtuosidade não é o combate aos vicios. O estudo e a prática dos principios e dos valores morais e éticos, estes, sim, são as armas que, de modo consciente, temos e devemos usar, a partir do momento em que escolhemos seguir o caminho da Maçonaria, e não o do Vicio.

Nossa virtuosidade se manifesta na bondade das ações naturais. Nada premeditado. Ser e fazer o bem de forma espontânea, sem interesses próprios, pois nossa missão está em prol do outro: tornar feliz a Humanidade,

Cabe a cada um de nós, em sua Câmara de Reflexão Interior, indagar-se: qual é o meu maior vicio? Advindo dessa introspecção e da inexorável realidade de nossa condição humana, compete-nos dedicar nossa inteligência e nossos esforços, antes de combater o mal, a fazer o bem com Consciência, Verdade e Justiça.



TRAÇOS SOBRE A ANTROPOLOGIA MAÇÔNICA - Newton Agrella



O entendimento comum dá conta que a Antropologia é a ciência humana cuja missão é a de investigar as origens e as características do ser humano da maneira mais  ampla possível.

Seu vínculo com as ciências sociais visa entender a formação da humanidade, por seus múltiplos aspectos culturais, físicos, filosóficos, históricos, linguísticos, religiosos e sociais.

Especialmente no que concerne à Antropologia Maçônica cumpre destacar que a mesma ocupa-se de estudar e explorar a origem dos símbolos e seus vários significados dentro da tradição da Maçonaria.

A Antropologia Maçônica   propõe possibilidades de como a Sublime Ordem reúne condições de interagir com a sociedade nos mais  diversos aspectos que dizem respeito aos interesses humanos nos contextos culturais, comportamentais, sociais e mesmo nos contextos políticos sem incidir num viés partidário e proselitista.

A Antropologia Maçônica ainda analisa de que forma os Maçons interpretam símbolos com vários significados e  de que maneira estes símbolos atuam como códigos ou chaves para a compreender o mundo.

Somado a isto, aplicam-se descobertas antropológicas ao estudo da história da Maçonaria, tais como "símbolos antigos", bem como "símbolos encontrados na Arte e na Arquitetura nas mais diferentes culturas".

Relevante destacar o papel da Antropologia Maçônica, dentro do escopo das instituições filosóficas e iniciáticas.

Neste sentido cumpre ao Maçon seguir um código de comportamento ético, moral e social, cuja meta é o aprimoramento da consciência e a própria superação pessoal com o objetivo de melhorar a sociedade, atuando  como um vigoroso agente propulsor em prol da felicidade e do exercício inequívoco da fraternidade universal.

Há várias tendências em Antropologia, propostas pelas escolas filosóficas, que as classificam, resumindo-as, seguindo diversos critérios.

No caso da Antropologia Maçônica, a mesma tem como base a ideia de um Princípio Criador e Incriado do Universo - até mesmo como prova irrefutável de inteligência - como referência para se explicar a própria existência humana e tudo o que a cerca.

A Antropologia Maçônica pode ser identificada  como "secular" porque promove o estudo de um aspecto particular do homem, enfatizando o aprimoramento ético do mesmo, enquanto ainda considera outras qualidades que o caracterizam. 

Imperativo esclarecer que a  expressão "secular", neste caso, designa o processo de mudança pelo qual uma instituição  deixa de ser reconhecida pelo aspecto sagrado e divinal, apoiando-se sobretudo na pesquisa, na racionalidade, na investigação, no cultivo do intelecto e claro no processo especulativo na busca do Conhecimento e da Evolução.  

Tudo isto sem se deixar levar por dogmas estabelecidos que impedem o direito da liberdade de pensamento, da divergência e da contra argumentação.

A despeito de sua relevância e de inúmeras influências históricas e religiosas, que fazem parte de seu arquétipo estrutural  - trazidos desde a época da chamada Maçonaria Operativa - não se constitui em nenhum impeditivo que se reconheça que a Sublime Ordem foi criada pelo homem e para o seu próprio benefício - e isto por si só é uma base de sustentação para a sua configuração antropológica.

Em síntese, a Antropologia Maçônica consiste numa matéria complexa e instigante que tem como base uma uma perene tradição cultural e filosófica, cujo protagonismo histórico se estende até os nossos 

CHUVA, MAÇONARIA & GOTEIRA - Newton Agrella

 

Numa época de tantas chuvas e tempestades que assolam o País é inevitável fazermos uma ilação com as indefectíveis "goteiras".

E no rastro da "goteira" acabamos nos deparando com uma expressão que no vocabulário maçônico  trata-se de uma  referência  para identificar um profano, que quer se passar por um "franco-maçom".

Estas chuvas tão constantes de alguma forma acabam atraindo  algumas dessas "goteiras" para as diversas Lojas espalhadas pelo país.

Recentemente fomos vítimas de um "goteira" em nossa Loja, o qual após devido exame, foi constatado desconhecer procedimentos basilares da Sublime Ordem e com isso foi convidado a se retirar do edifício.

Esse procedimento contudo, deve ser feito com extremo cuidado, zelo e discrição para evitarem-se situações constrangedoras.

Aquele que quer se introduzir numa Loja Maçônica, tentando se passar por um Iniciado em nossos mistérios,  tenta valer-se de alguns toscos artifícios gestuais  ou vocabulares, porém, não raro,  ao serem submetidos ao "Telhamento" seus propósitos caem por terra.

Remetendo-nos à época das guildas e corporações de ofício, na Idade Média -  que serviram como base para o surgimento das Lojas de Ofício e  da Maçonaria Operativa, portadoras dos *segredos* das artes da construção - seus obreiros protegiam-se dos intrusos valendo-se de expressões como palavras, sinais e toques dentre outras habilidades, que serviam para preservar seus *segredos* na edificação de seus trabalhos.

Observe que ainda hoje, em nossos rituais, e em especial no R.'.E.'.A.'.A.'. antes da Abertura dos Trabalhos, a primeira providência tomada  é a de se certificar quanto a segurança do Templo, cabendo ao Ir∴ Cobr∴ Ext∴  , sob determinação do Venerável Mestre,  verificar se o Templo está coberto, ou seja, se está protegido contra eventuais indiscrições ou bisbilhotices  profanas.

Voltando às chuvas e em especial à figura do "goteira",  compete ao Ir.'. Cobridor Externo submeter o suposto goteira ao 

"Telhamento" - que consiste no ato de cobrir uma construção com telhas, a fim de protegê-la da chuva, das goteiras. 

Ou seja, uma metáfora que enseja um exame para se certificar se o indivíduo é um verdadeiro Maçom ou não.

Desse modo, somente, após a devida certificação  quanto à segurança do Templo, ou seja, ser declarado que  “o Templo está coberto”,  é que os Trabalhos maçônicos podem ser abertos. 

Apenas a título de curiosidade o termo "goteira" em Português foi uma expressão adaptada do Inglês "eavesdrop" (bisbilhotar / ouvir por de trás da porta).

Como referência bibliográfica e histórica, na obra 

*“Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) do inglês Samuel Prichard*  o autor revela  em detalhes, a ritualística maçônica.

Observa-se, na referida publicação um trecho com as seguintes perguntas e respostas:                 

P- Onde tem assento os Aprendizes mais novos? 

R- No Norte. 

P- Qual é a sua função? R- Manter afastados todos os “Eavesdroppers” (bisbilhoteiros). 

P- Como deve ser castigado um  “Eavesdropper”, se apanhado? 

R- Deve ser colocado debaixo do beiral, em dias de chuva, até que as goteiras o encharquem.

Assim, no sentido figurado “eavesdrop” é a água que cai em forma de gotas, que goteja, do beiral ou da calha de um telhado, ou seja, uma goteira.

Eis uma contribuição da Chuva, aliada a um episódio maçônico, tão frequentemente flagrado, que denota um aspecto circunstancial.

julho 07, 2024

MESMO VALOR...- Adilson Zotovici

 

Todo labor é importante

Contribuir com o que tem

Se há amor edificante,

E se à _grande obra_ convém


Basta pensar um instante

Que o bom templo se mantém

Não só com pedra gigante

E nem mesmo só com vintém


Pra bom muro erguer pujante

É bem relevante também

Mini pedras que o agigante


Mas, há uma regra porém,

Que livre pedreiro errante

É quem da obra se abstém !




julho 06, 2024

O AVENTAL - Almir Sant’Anna Cruz

 







 O Avental é o item principal do traje maçônico, pois é a insígnia distintiva do Maçom, sem o qual não pode participar das sessões ritualísticas. 

O Avental está para o Maçom assim como o uniforme para o militar, a toga para o juiz e a batina para o padre. É um emblema do trabalho constante, lembrando que quem o usa deve manter uma vida ativa e laboriosa.

A cor branca alude à pureza, à candura e à inocência e, como o branco é o produto de todas as cores do espectro solar, representa também o conjunto de todas as virtudes.

Entre os autores maçônicos não há consenso em relação à sua origem e, consequentemente, ao seu signficado. 

Em geral, os autores ligados à Escola Histórica afirmam que surgiu com os Maçons da fase operativa que o usavam para trabalhar, sendo ele atualmente o único signo externo daquele período. Alec Mellor in Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons afirma: “O avental remonta aos operativos, que o vestiam para trabalhar, motivo pelo qual era, naquela época, longo, assim permanecendo nos primeiros tempos da Maçonaria especulativa. Por elegância (talvez por influência francesa), chegou rapidamente ao seu comprimento atual, acima do joelho”. 

Já os ocultistas interpretam-no com significados esotéricos. François Ménard, citado por Jules Boucher in A Simbólica Maçônica assim se refere: “Para que pode servir o Avental senão para proteger, para cobrir, para afastar de influências nocivas? O Avental Maçônico cobre apenas a parte inferior do corpo e, sobretudo, o baixo ventre. O gesto que isola assim os órgãos do corpo onde a tradição coloca a sede da afetividade, das paixões (plexus solar e genital) significa que a única parte superior do corpo, a que é sede das faculdades da razão e do espírito, deve participar do trabalho”.

Verbete do Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

FILHOS DAS ESTRELAS - Jorge Antonio Vieira Gonçalves



Dedico o texto "Filhos das Estrelas" ao meu inestimável irmão Pedro Juk, cujo nome é reconhecido e nunca será esquecido. Jorge Antônio Vieira Gonçalves 

É possível explorar o universo de maneiras que seriam inimagináveis algumas décadas atrás. Podemos visualizar galáxias distantes que se encontram a milhares de anos-luz de distância, analisar a composição química de planetas remotos e até mesmo acompanhar o nascimento e a morte de estrelas. Descobrimos que a infinidade de pontos brilhantes no céu noturno são, na verdade, sóis gigantes que possivelmente abrigam seus próprios planetas. 

A Terra realiza uma rotação completa em torno de seu próprio eixo a cada 24 horas, resultando na sucessão dos dias e das noites. Além disso, ela orbita o Sol anualmente e a inclinação do eixo de 23,5˚ em relação ao plano orbital é responsável pelas estações. O Sol não permanece fixo em relação às estrelas. Diariamente, ele parece se mover do Leste para o Oeste, mas também se move anualmente no céu, de oeste para leste. Por estarem a grandes distâncias da Terra, as estrelas parecem se mover juntas, mantendo suas posições relativas. Mas na verdade não são as estrelas que se movem, e sim a Terra que gira em torno de seu eixo. O movimento de rotação da Terra é responsável pelo aparente movimento das estrelas no céu noturno. 

As estrelas visíveis estão tão distantes que parecem estar em repouso. Vistas da Terra, as estrelas parecem fixadas na superfície de uma esfera cristalina, girando constantemente em torno do globo terrestre, hoje sabemos que esse modelo é imaginário. Tal aparente posição fixa das estrelas é devido à enorme distância entre elas e a Terra, o que torna seus movimentos aparentes insignificantes ao longo do tempo, sem mudanças abruptas de uma noite para outra ou mesmo de um ano para outro. Entretanto o firmamento inteiro dessas estrelas “fixas” parece se mover do Leste para o Oeste, em torno de um ponto específico do céu que é sempre localizado ao norte, conhecido como Polo Norte Celeste. 

Já os planetas visíveis a olho nu do sistema solar, que são Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, devido à sua proximidade com a Terra, é possível observar esses planetas mudando de posição em relação às estrelas no céu noturno em diferentes noites. Além do Sol e da Lua, os planetas, são os únicos corpos celestes que mudam de posição em relação as estrelas. Isso acontece porque, enquanto os planetas e a Terra se movem em órbita ao redor do sol, nossa perspectiva em relação às estrelas muda, fazendo com que os planetas pareçam estar em movimento em relação a elas. O céu noturno muda ao longo do ano, e a cada noite só é possível ver uma fração das estrelas, dependendo da posição do sol. 

O estudo dos movimentos celestes exigiu milênios de pesquisa. Todas as civilizações que prosperaram por longos períodos compreenderam a importância de observar o céu. Nossos antepassados enfrentaram o desafio de compreender a complexidade do cosmo e desenvolveram métodos para dar os primeiros passos para desvendá-lo. Para reconhecer os complexos movimentos dos corpos celestes, os antigos astrônomos agruparam as estrelas em padrões e formaram figuras para identificá-las. 

A aparente ausência de movimento das estrelas serviu de inspiração para atribuir significado aos padrões que elas formavam, permitindo que eles estabelecessem um sistema de orientação no céu e criassem um pano de fundo sobre o qual os outros corpos celestes se moviam incorporando mitos e lendas conforme cada cultura. Dessa forma, os antigos astrônomos transformaram a confusão de centena de milhares de pontos brilhantes no céu noturno em um sistema de coordenadas celestes, criando marcos inesquecíveis no céu, hoje conhecidos como constelações. 

Antes, as constelações eram entendidas como agrupamentos de estrelas ligadas por linhas imaginárias para formar figuras. Atualmente, as constelações são reconhecidas como divisões geométricas da abóbada celeste. Existem 88 constelações reconhecidas oficialmente pela União Astronômica Internacional (IAU) desde 1922, muitas das quais têm origens que remontam as civilizações antigas. 

A maioria de nós conhece um número bem menor de constelações, agrupadas no que chamamos de Zodíaco (ver figura 1). O Zodíaco é uma faixa composta por doze antigas constelações que parecem envolver o céu durante o aparente movimento anual do Sol. A Lua e os planetas também percorrem o Zodíaco, não seguindo exatamente os mesmos caminhos. Essas constelações são Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. O nome Zodíaco é derivado de um termo grego que significa “círculo de pequenos animais”, embora nem toda constelação seja um animal. 

Sem registros escritos, sempre haverá espaço para dúvida. Desenvolvida pelos antigos sumérios em torno de 3500 a.C. e posteriormente adotada pelos babilônios, assírios e acádios. A escrita cuneiforme era feita em tábuas de argila úmida com um estilete de ponta cônica, produzindo marcas em forma de cunha, daí o nome "cuneiforme". Esse sistema de escrita foi um grande triunfo da civilização babilônica, pois permitiu registrar informações de forma duradoura em tábuas de argila que podiam ser assadas e endurecidas, tornando-se praticamente indestrutíveis. 

O catálogo estelar babilônico mais famoso, conhecido como MUL.APIN, foi encontrado em escrita cuneiforme e data de cerca de 1000 a.C. É uma das fontes bibliográficas mais antigas da história da astronomia, fornecendo informações valiosas sobre o Zodíaco. O catálogo divide o zodíaco em 18 constelações (estações), que foram usadas pelos astrônomos babilônicos como um sistema de coordenadas estrelares, uma espécie de escrita celestial, usando o céu noturno para mapear os meses, semanas, dias e horas. Esse importante avanço impulsionou a astronomia babilônica a um novo nível de precisão e rigor científico, pois eles foram capazes de construir um modelo matemático do cosmos e prever os movimentos das estrelas e dos planetas. 

A natureza não é totalmente imprevisível, uma vez que podemos observar ordem e regularidade em diversos fenômenos naturais, como a alternância entre dia e noite, as fases da lua, as estações do ano, as órbitas dos planetas e o ciclo de vida e morte de animais e plantas. Estes fenômenos naturais levaram ao desenvolvimento das primeiras noções de tempo, dia e mês. A ideia de ano era menos evidente, e apenas com o desenvolvimento da agricultura, as sociedades antigas começaram a compreender os ciclos das estações do ano. Os nossos ancestrais reconheceram que o movimento do sol pelo céu afetava diretamente suas vidas, e que nosso destino e sobrevivência neste planeta estão intimamente ligados ao sol. 

Durante toda a história, a noção de passagem do tempo tem sido contemplada com fascinação, com os dias sendo marcados pela posição do sol e pela forma como ele se move. O conceito mais básico de mês foi estabelecido pelo tempo que a lua leva para completar suas diferentes fases. As estações do ano são registradas pelas estrelas e pela maneira como as constelações mudam ao longo de um ano. 

Para compreender o movimento do Sol, os astrônomos da antiguidade observavam o céu e mapeavam as estrelas que compõem o fundo celeste, onde o Sol parece se mover. A região central onde o Sol é visto durante todo o ano é conhecida como zodíaco, e é composta por constelações amplamente reconhecidas pela população em geral. As estrelas que formam as constelações do zodíaco são visíveis durante todo o ano, independentemente do local da Terra onde o observador esteja. No entanto, outras constelações que se encontram mais ao norte ou ao sul da faixa do zodíaco geralmente só são visíveis se o observador mudar progressivamente sua posição para o norte ou para o sul. 

Para dissecar o conceito de Zodíaco vamos realizar um experimentoː imagine-se em um parque de diversões, sentado em um carrossel giratório, observando diferentes referências passando diante de seus olhos, como a “constelação carrinho de pipoca”, “constelação máquina de algodão doce”, “constelação rua”, e muito mais. Agora, vamos transformar essa experiência para o nosso sistema solar, onde a Terra está em seu lugar no carrossel e as estrelas formam o pano de fundo. Enquanto a Terra orbita em torno do Sol, diferentes regiões do céu noturno tornam-se visíveis, assim como as referências em um carrossel. Podemos dividir a órbita da Terra em doze setores e escolher um padrão de estrelas para cada setor, criando uma constelação distinta para cada período do ano, conhecida como zodíaco. Durante um ano, o Sol percorre um caminho imaginário através das constelações do zodíaco. 

Do ponto de vista da Terra, parece que o Sol se move ao redor do nosso planeta em relação às estrelas de fundo. Esse caminho anual que o sol percorre é chamado de eclíptica, tem origem no latim "ecliptica", que por sua vez é derivada do grego antigo "ekleipsis", em referência aos eclipses solares e lunares que podem ocorrer quando a Lua passa pela eclíptica.

Imaginemos o céu noturno como uma esfera celeste ao redor da Terra. Se projetarmos o equador terrestre na esfera celeste e o chamarmos de equador celeste, podemos observar que o Polo Norte celeste está situado acima do Polo Norte terrestre. Durante metade do ano, o Sol parece estar acima do equador celeste e, na outra metade, abaixo dele. É muito importante observar que a "avenida" imaginária chamada de eclíptica, apresenta uma inclinação de cerca de 23,5˚ em relação ao equador celeste. 

Até o começo do século XVI, a explicação para o movimento celeste ainda seguia uma tradição que tinha origem nos filósofos clássicos do século VI a.C. O Cosmo era geocêntrico e finito delimitado por esferas cristalinas. Essas esferas giravam uma dentro da outra e transportavam consigo os planetas.

 Podemos desenhar linhas, polos e círculos para ajudar a compreender os movimentos celestes. Ao longo da história da civilização, quatro pontos notáveis foram localizados na "eclíptica" por meio das constelações zodiacais. 

Esses pontos incluem dois pontos equinociais, representados pelas constelações de Áries e Libra, e dois pontos solsticiais, representados pelas constelações de Câncer e Capricórnio  

Os dois pontos solsticiais marcam os limites máximos do afastamento aparente do Sol da linha imaginária do equador em direção ao norte, durante o solstício de verão, e em direção ao sul, durante o solstício de inverno. Eles definem os Trópicos de Câncer (Coluna B) e Capricórnio (Coluna J), respectivamente. Esses paralelos receberam seus nomes porque os astrônomos, há centenas de anos, observaram que o sol estava posicionado nas constelações zodiacais de Câncer no hemisfério norte e Capricórnio no hemisfério sul durante os solstícios de verão. 

A palavra solstício tem origem no latim “solstitium”, que significa "parada do Sol", e é o momento exato, com dia e hora marcados, em que começa o verão ou o inverno, a depender do hemisfério de observação. É a época do ano em que o Sol incide com maior intensidade em um dos dois hemisférios, resultando em dias e noites diferentes. Durante o solstício de verão, ocorre o dia mais longo do ano, o sol atinge sua maior altitude em relação à perspectiva terrestre, fazendo com que os dias se tornem mais longos. Seis meses depois, durante o solstício de inverno, o sol atinge sua menor altitude, tornando o dia mais curto do ano. Os dois pontos equinociais são marcados pelo cruzamento da eclíptica com o Equador Celeste. Durante o movimento aparente do Sol pela eclíptica, há um momento em que o sol cruza o Equador Celeste e passa pelo ponto vernal (coluna de Áries), indo do Hemisfério Sul para o Norte. Esse fenômeno é conhecido como equinócio de Outono para o Sul e primavera para o Hemisfério Norte. O outro ponto (coluna de Libra) de cruzamento ocorre no lado oposto ao ponto vernal, quando o Sol cruza o Equador Celeste indo do Hemisfério Norte para o Sul. 

O equinócio é o momento exato, com dia e hora marcados, em que a primavera ou o outono começa, depende do hemisfério de observação. A palavra vem do latim, que significa "noite igual", em referência à igualdade de duração dos períodos diurno e noturno em todo o globo. 

Na antiga Babilônia, o ano novo começava no mês chamado de Nissan, que era identificado pela primeira Lua Nova após o equinócio da primavera. Este primeiro mês anunciava o início do Festival Akitu, considerado um grande evento do calendário babilônico. Em cerca de 2.166 a.C., a constelação de Áries (ponto vernal) marcava a posição dos equinócios da primavera, o que indicava o início da estação no hemisfério norte. Nossos antepassados perceberam que as mudanças celestes eram um reflexo das mudanças significativas que ocorriam na Terra. Eles acreditavam que o surgimento dessas constelações era responsável pelo brotamento das sementes. 

Para compreender plenamente a simbologia da Maçonaria é essencial ter conhecimentos desses conceitos apresentados, uma vez que a ordem tem uma conexão simbólica forte com a astronomia, como pode ser percebido na maioria de seus símbolos. Essa relação é especialmente verificada no Rito Escocês Antigo e Aceito, um dos ritos maçônicos mais populares e praticados em todo o mundo. Nos templos maçônicos, a astronomia é representada por diversos elementos simbólicos, como as Colunas Zodiacais, a Abóbada Celeste, o movimento de rotação (giro destrocêntrico) e a linha imaginária do Equador, as Colunas Solsticiaisː Coluna B (Trópico de Câncer) e Coluna J (Trópico de Capricórnio). 

Ao ingressar na maçonaria no Rito Escocês Antigo e Aceito, o recém-iniciado é submetido a uma simulação de morte na Câmara de Reflexão e renasce na primavera, assim como as sementes que germinam após o inverno. O termo neófito, utilizado para se referir ao aprendiz que prestou juramento e recebeu a Luz na sessão de iniciação, vem da junção das palavras gregas neo, que significa novo, e phytos, que significa planta. O novo iniciado deve se sentar na bancada da coluna norte, próxima ao lugar do primeiro vigilante (ver figura 3), que é exatamente onde a constelação zodiacal de Áries marca a posição do novo iniciado no Rito Escocês Antigo e Aceito. Isso ocorre porque, por volta de 2.166 a.C., quando o sol passava pela constelação de Áries no hemisfério norte, todo esplendor da primavera era experimentada. O ponto vernal determina a posição exata do neófito em um templo maçônico. 

A relação da Astronomia e a moderna Maçonaria pode ser rastreado na publicação espúria, mas de valor inestimável para a história da maçonaria: As Três Batidas Distintas (The Three Distinct Knocks), o ritual dos antigos, publicado em 1760. Na época de sua publicação, tinha uma clara finalidade de causar estragos à reputação da Maçonaria, no entanto, hoje, é uma importante referência bibliográfica. O ritual é uma das mais importantes publicações da tradição maçônica inglesa, no texto de abertura, o local dos oficiais está associado às três posições do sol: o Oriente para o Venerável, o Ocidente para o Primeiro Vigilante e o Sul para o Segundo Vigilante. 

Independente da origem exata da relação entre astronomia e a moderna maçonaria, uma coisa é clara ao entrar em um templo maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito: as referências astronômicas, como as constelações zodiacais e os pontos solsticiais e equinociais, não são meras histórias supersticiosas. Foram definidas como um sistema de coordenadas celestes para fins de acompanhamento e cronometragem no drama de ressurreição e morte do iniciado, baseado nas mudanças das estações do ano. O Rito Escocês Antigo e Aceito é um rito solar. A luz do Sol sempre foi interpretada como símbolo para a sabedoria. Ele representa o processo de aperfeiçoamento pelo qual passa o iniciado, assim como a natureza que segue seu ciclo de vida e morte, renascendo na luz após a morte. 

Apenas nos últimos séculos, ficou claro que as estrelas são como nosso próprio Sol, só que localizadas a enormes distâncias. O Sol é o coração do nosso sistema solar, nenhum símbolo marcou tanto a humanidade como ele. Cedo, os homens perceberam que o sol era condição indispensável para a existência e manutenção da vida. 

Muitas vezes nos referimos ao Universo como algo distante. Nós estamos no Universo, somos parte dele, desde as menores partículas até as maiores galáxias que conhecemos. O Universo está dentro de nós, o nitrogênio em nosso DNA, o cálcio em nossos dentes, o ferro em nosso sangue, o Carbono, o Oxigênio, que são fundamentais para a nossa sobrevivência, foram sintetizados no interior de estrelas que já morreram. Somos filhos das estrelas! A história da astronomia trata do nascimento do conhecimento e da ignorância, quanto mais aprendemos, melhor dimensionamos nossas limitações diante da vastidão do universo. 

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. Rooney, Anne, A História da Astronomia: Dos planetas e estrela aos pulsares e buracos negros, São Paulo, M.Books do Brasil Editora Ltda., 2018. 2. Ridpath, Ian, Eyewitness Companion: Astronomy, São Paulo, Jorge Zahar Editor Ltda., 2007. 3. Verma, Surendra, The Little Book of Scientific Principles, Theories e Things, Australia, Editor Gutenberg, 2005. 4. Clark, Stuart, How the stars have shaped the History of Humankind, São Paulo, Universo dos Livros, 2020. 5. Gleiser, Marcelo, A dança do Universo, São Paulo, Companhia de Bolso, 2020. 6. Gleiser, Marcelo, O Fim da Terra e do Céu, São Paulo, Companhia de Bolso, 2015. 7. Sagan, Carl, Cosmos, São Paulo, Companhia das letras, 2017. 8. Weinberg, Steven, Para Explicar o Mundo, São Paulo, Companhia das letras, 2015. 9. Carr, Harry, O ofício do maçom, São Paulo, Madras, 2022. 10.Desconhecido, Três Batidas Distintas, Tradução Leo Bloom, 1760. 11.Juk, Pedro, Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, tomo l, Londrina - PR, Editora Maçônica A TROLHA Ltda., 2007. 12.Desconhecido, Três Batidas Distintas, Tradução Leo Bloom, 13.Preston, William, O Mistério das Três Batidas Distintas, Adaptação e Tradução Luciano Rodrigues, 2019. 14.Luria, Adam, O Passado Através dos Céus, 2021.

julho 05, 2024

O SILÊNCIO DA MAÇONARIA- Luciano Junior


Era uma tarde típica, com o céu tingido de um azul sereno, quando uma notícia impactante varreu o país: o STF havia decidido liberar o uso de drogas ilícitas, deste jeito que a notícia corre e na pratica é quase isso. A decisão, cercada de polêmicas e debates acalorados, deixava um vazio inquietante. O que mais me perturbava, contudo, não era apenas a resolução em si, mas *o silêncio ensurdecedor da Maçonaria diante de tal acontecimento.* Lembrei-me de quando fui iniciado na Ordem DeMolay, nos idos de 1988. Participei de uma campanha promovida pela loja Maçônica patrocinadora, onde distribuímos 18 mil panfletos conscientizando acerca dos malefícios das drogas na cidade. *O venerável, tio Pinheiro, foi ameaçado de morte por traficantes locais, mas não desistiu,* como conterrâneo da heroína baiana Maria Quitéria ele foi até o final, e vencemos. *Acho que faltam tios Pinheiros como Grão Mestres nas potências... com coragem,  de, ao menos, dizer algo contra esta decisão transloucada do STF,* nem precisaria arriscar a vida.


A Maçonaria, conhecida por seus princípios de moralidade e virtude, *sempre fora uma luz guia em tempos de escuridão*. E, no entanto, ali estava ela, calada e inerte, enquanto um *novo tipo de liberdade, revestido de permissividade, ameaçava corromper os pilares da sociedade.*


Refleti sobre o papel do verdadeiro maçom em um cenário onde os *vícios eram não apenas tolerados, mas liberados e quase incentivados*. O verdadeiro maçom, aprendi desde cedo, deve ser um guardião de sua própria moralidade, um exemplo de integridade e força. Mas como manter essa postura diante de uma sociedade que parecia capitular aos seus desejos mais baixos?


*O silêncio da Maçonaria não podia ser um consentimento tácito*. Era uma *omissão perigosa*. Porque, quando uma instituição que preza pela virtude e pela retidão não se posiciona contra o avanço dos vícios, ela falha em sua missão primordial de guiar e proteger.


Os vícios, especialmente os relacionados às drogas ilícitas, não são apenas fraquezas individuais. *São flagelos sociais que destroem famílias, corrompem mentes jovens e enfraquecem o tecido moral de uma nação*. O uso de drogas não é uma questão de liberdade individual, mas de *escravidão coletiva.*


Pensei nos antigos ensinamentos maçônicos, que nos exortam a ser vigilantes, a resistir às tentações e a combater os vícios com todas as nossas forças. Esses ensinamentos, que deveriam ecoar mais alto do que nunca, estavam agora soterrados sob o peso de uma sociedade que confundia liberdade com permissividade.


A verdadeira liberdade, como bem sabemos, não está na indulgência dos desejos, mas na capacidade de dizer "não" a eles. Ser livre é ser mestre de si mesmo, não escravo das próprias paixões. *E é essa lição que a Maçonaria deveria estar proclamando, não apenas dentro de suas lojas, mas para todo o mundo ouvir.*


O silêncio da Maçonaria, portanto, não era apenas um silêncio. Era *uma abdicação de responsabilidade.* Porque em tempos de crise moral, o silêncio é uma forma de conivência. E cada maçom, ao não se levantar contra essa decisão, estava, de certa forma, permitindo que os vícios se instalassem.


Compreendi, então, que a *Maçonaria precisa despertar de seu silêncio*. Cada verdadeiro maçom deve *ser um farol de virtude*, lutando contra a maré de permissividade que ameaça afogar os valores fundamentais da sociedade. Devemos erguer nossas vozes, não em oposição cega, mas em defesa da verdadeira liberdade, que se encontra na disciplina e na resistência aos vícios.


E assim, enquanto o país debatía a decisão do STF, eu decidi que não poderia ficar calado. *A Maçonaria não pode ser um observador passivo*. Devemos ser os arquitetos da moralidade, os guardiões da virtude e os exemplos vivos de que a verdadeira liberdade é a conquista de uma vida livre de vícios.


Que cada maçom, portanto, tome essa reflexão como um chamado à ação. Porque, em tempos de permissividade, ser virtuoso é um ato de coragem. E a Maçonaria, mais do que nunca, precisa ser a voz da razão e da retidão em um mundo cada vez mais perdido em seus próprios desejos.


E que assim seja!

CEGOS DO TEMPLO - Roberto Ribeiro Reis




A presunção da luz cega mais do que qualquer coisa. Não raro, as pessoas têm se proclamado iluminadas, como se fossem portadoras de uma procuração divina, assinada pelo próprio Criador.

Fazem-no despidas de humildade, arrogando para si uma liderança espiritual que chega a ludibriar os incautos, mas que ainda não é capaz de subjugar o homem de intelecto mediano.

Como temos vivido num mundo permeado de superficialidades, o discurso de tais pessoas têm encontrado ressonância junto às massas de manobra, facilmente manipuladas pelas aparências e pela verborragia constantemente utilizada por esses “profetas”.

Não se iludam, meus conscientes Irmãos! Há cegos por toda parte, e os templos já não suportam mais acomodá-los, pois essa multidão de enganados cresce, exponencialmente, dia após dia. No lugar de curados, mais doentes; no lugar de esclarecidos, mais beócios; no lugar de seguidores da luz, mais asseclas das trevas.

A verdadeira luz – aquela que, com uma fagulha, é capaz de iluminar abismos de ignorância – não se encontra nos templos da falsidade, do charlatanismo, da mercancia sem limites e da extorsão feita aos pobres e humildes. Para além de toda essa escravização proselitista religiosa, a Luz Real é aquela que não causa a cegueira, mas que devolve ao cego a possibilidade de enxergar, notadamente com os olhos d’alma!

A luz que almejamos não parte desses templos erigidos aos caprichos do homem, mas advém de nosso Templo Interior, onde o verbo consolador é capaz de vivificar os seres, tocando-lhes suavemente o imo do coração, da mente e do espírito. É a luz que nos abençoa e redime, que nutre a nossa alma de esperanças, e que fortalece nossos corações.

Nesse viés que concerne à luz essencial, feliz do homem que teve o privilégio de ser iniciado em nossos “Augustos Mistérios”. Afinal, a luz que ele recebeu é esta centelha divina capaz de transformá-lo num ser melhor, e que também permite que ele possa se conectar com instâncias de consciência mais elevadas.

O Iniciado tem um manual sagrado de vida em mãos, cujo poder é o de afastá-lo dos abismos e dos infernos mentais, que frequentemente o visitam. Caso ele o siga, disciplinada e fielmente, o céu das bem-aventuranças será seu destino; lado outro, caso ele opte por profanar tais leis maiores, há de conviver com o padecimento de sua consciência, tornando-se, novamente, um homem caído e mais um cego do templo.

julho 03, 2024

5ª ATA DO LIVRO DE OURO DO GOB DE 12/07/1822 - Almir Sant'Anna Cruz

 


REPROVADA A INICIAÇÃO DO “CHALAÇA"

Observa-se na leitura da Ata, a grande preocupação e zelo da Alta Administração do Grande Oriente do Brasil, constituída em Grande Loja, na concessão de autorizações às Lojas para filiarem, iniciarem e concederem elevações de graus.

Nessa 5ª Ata foram reprovados os candidatos José Caetano de Oliveira, Diretor do Laboratório e Francisco Gomes da Silva.

O Diretor do Laboratório foi rejeitado pela impossibilidade física de comparecer e ajudar na causa do país e Francisco Gomes da Silva por sua *indiferença à causa do país e por imoralidade*.


E quem foi Francisco Gomes da Silva? 

O companheiro de esbórnia e arregimentador de belas mulheres para D. Pedro, inclusive da famosa Maria Domitila de Castro Canto e Melo, que mais tarde recebeu o título de Marquesa de Santos. 

De Guarda de Honra tornou-se secretário particular de D. Pedro e promovido sucessivamente a tenente, capitão e coronel comandante. 

Passou para a História conhecido por sua alcunha: o *“Chalaça”*.


Consta também nesta Ata que o Grande Promotor da Grande Loja (General Luiz Pereira da Nóbrega) deveria admoestar e punir José Sanches de Brito por suas ‘indignidades maçônicas e morais, suspeitando-se que pretendia provocar um cisma e trabalhando com fins opostos aos dos Maçons, ou seja, a Independência do Brasil. 

Do livro *A História eu a História não conta: a Maçonaria na Independência do Brasil - Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

O CANIBALISMO MORAL DOS TOLERANTES - Sidney Silveira

 




O texto é suscita a reflexão sobre a inépcia da justificativa da "Tolerância Total" para a falta da reação racional e necessária para manter a coerência e não exaltar a ignorância. 


Tudo possui o limite da aceitabilidade e este se define pela tênue linha do equilíbrio entre o desejável e o necessário ; o mais certo e o menos errado ; o ideal e o real. 


Há uma torpe interpretação de que é preciso Tolerar Tudo e Todos para ser uma pessoa de bem, humilde e admirada. 


Mas a realidade é que a vida é seletiva e quem não se posiciona termina por ser insosso e complacente com aquilo que contesta e se torna um amoral. 


É preciso ter limites! 


O próprio Cristo ao entrar no Templo e se deparar com o desvirtuamento de seus preceitos, tomou o chicote e açoitou os mercadores para fora do lugar sagrado. 


Ter posição Moral e Ética definidas não é sinônimo de Intolerância social, ao contrário é apenas a defesa dos valores que norteiam a convivência, o respeito comum e a boa educação. 


Estejamos então cautelosos para que a dita *"Tolerância" não se torne jamais a arma da fútil "Conivência"*... 


Comentários de Sidnei Godinho

... Só se tolera o que não é bom e isto, circunstancialmente, seja para evitar um mal maior, seja em ordem a um bem mais valioso. 

Assim, por exemplo, podemos tolerar os defeitos de um amigo para manter a amizade; do cônjuge para não se desfazer o casamento e os nossos próprios para não enlouquecermos, por excesso de escrúpulos. 

Tolerância não é algo que se ostente, pois além de tudo não é sequer princípio moral. 

A tolerância será boa apenas quando estiver conformada pela virtude da prudência. 

Em todos os demais casos ela é falha grave ou gravíssima, razão por que tem comumente outros nomes: 

_tolerar o vício é permissividade; 

_tolerar a mentira, cumplicidade; 

_tolerar a maldade, covardia; 

_tolerar o erro, estupidez;

_tolerar a tirania, suicídio político; 

_tolerar a louvação da mediocridade, assassinato civilizacional. 

Apresentar-se como tolerante é *velhacaria* típica do caráter sucumbido ao *espírito de rebanho*. 

O balido dos tolerantes autoproclamados é, pois, o das ovelhas carnívoras prontas a canibalizar quem não adere ao seu grupo. 

A intolerância, por sua vez, será boa sempre que representar a adesão a princípios inegociáveis: 

_a verdade, o bem, a beleza, o moral... 

O mundo que quer enfiar a tolerância goela abaixo de todos, como se ela fora dever moral, tem um nome: *inferno*. 

Esta é a mais terrível maneira de ser intolerante. 

*Onde é proibido proibir, impera o mal.*... 



julho 02, 2024

QUITE: REFLEXÕES SOBRE A EXISTÊNCIA NA JORNADA MAÇÔNICA

 Adaptado de texto escrito por “Franklin dos Santos Moura”








A Proximidade Entre o Início e o Fim


Geralmente, o primeiro passo é a desmotivação para frequentar as sessões, seja porque as convocatórias da Ordem da Sessão estão vazias ou porque estão preenchidas com temas de pouca relevância na percepção do Irmão, que esquece ser também seu dever, contribuir para essas mesmas convocatórias.

O segundo passo é o Irmão deixar de ter contato com os Irmãos da Loja, mesmo sem frequentar as sessões.

O terceiro passo é a Loja deixar de procurar o Irmão, desistindo de o resgatar da sua condição confusa ou insegura.

A sequência é derradeira (o quarto passo), podendo ser acelerada ao surgir um problema de relacionamento com algum Irmão ou ainda a ocorrência de algum episódio de falha administrativa como esquecer de enviar flores no aniversário da cunhada, ou esquecer de citar alguma data festiva da família na sessão, ou ainda alguma fagulha no demasiado discurso no final de uma sessão.

Relatados estes quatro passos que ligam o início e o fim, refletiremos brevemente sobre cada um deles. Vale ressaltar que pelas observações e conversas, a maioria dos “quites” são solicitados entre o segundo e terceiro passo, culminando numa licença e quando ocorrem na altura do quarto passo, geralmente o Irmão filia-se noutra Loja.

Primeiro Passo: – HOJE EU NÃO IREI À SESSÃO

Chega o dia da sessão, e desde logo a alegria de reencontrar os Irmãos é substituída pela apreensão:

Bolas, hoje é dia de sessão!

Não estou com a mínima vontade de ir lá!

Vai ser discutido o mesmo assunto, de novo!

Ninguém vai apresentar nada interessante e ainda poderá sobrar para mim ter de fazer algum trabalho para a próxima sessão.

Além disto, vai que estejam a precisar de alguém para alguma trabalho? Estou fora!

Não tenho tempo para mim!

Esta desmotivação inflama-se ao se somar os compromissos profissionais, o trânsito, a conciliação e equilíbrio da vida familiar e a pura vontade de ir para casa descansar.

Uma sessão, duas sessões, um mês e de repente meses, anos, levando o Irmão a uma desconexão dos assuntos e da harmonia dos trabalhos em Loja.

Segundo Passo: – Seguindo Solitário

Deixar de frequentar a Loja é um problema, porém perder o contacto com os Irmãos é um sinal grave de que estamos a afastar-nos do porto. Não há mais tempo ou ocasião para um almoço, um churrasco, um encontro num barzinho ou na Igreja, um telefonema, uma mensagem no WhatsApp, levando também à perda de contacto entre as cunhadas e sobrinhos.

Segue-se a ausência nos eventos festivos da Loja, deixando claro que o Irmão está noutro plano, ou sem plano nenhum.

Terceiro Passo: – Livre para Voar ou Cair

Depois de não frequentar as sessões e perder o contacto e convivência, o momento derradeiro dá os seus sinais, pois a Loja mostra indícios de que já não consegue recuperar o Irmão.

Chamadas sem retorno, e-mails sem resposta, mensagens de WhatsApp lidas e não respondidas, ausência em sessões magnas, ausência nas confraternizações, e chega o momento da Loja deixar o Irmão refletir sobre o que fará da sua jornada maçônica. É um baixar de braços em que os dois perdem, mas existe um limite entre gritar e não ser ouvido também em ambos os lados. Pelo lado do Irmão, será que ele não está a precisar de algo que ainda não foi descoberto. Pelo lado da Loja, será que o Irmão não se sente livre o bastante para se colocar entre colunas e abrir o seu coração e as suas angústias? E o padrinho desse Irmão, será que está atento ou foi acionado antes deste estágio?

Aqui, neste momento, aparecem Irmãos sim, mas para ruminar defeitos na Oficina de que ele faz parte e tentar levá-lo para outras Lojas, ajudando a enterrar uma relação que deveria ser mais forte.

Inicia-se então o período de visitar outras Lojas, inspirado pela ideia de que só a sua Loja não é perfeita. Rapidamente, chega a informação aos quadros da Loja que aquele Irmão ausente e inativo está visitando outras Oficinas e continua sem visitar a sua Loja oficial.

Momento livre para voar ou cair.

Quarto Passo: – Tempestade em Copo d’água

A ponte entre o início e o fim está prestes a ser concluída. Primeiro o Irmão não frequenta as sessões perdendo a ligação com a harmonia e com os assuntos da Loja.

Depois, deixa de ter contacto com os Irmãos, afastando-se da convivência fraterna que tanto enriquece a jornada maçônica, e porque não dizer, é um dos grandes tesouros da Ordem.

Desgastada pela resistência do Irmão em retornar aos quadros, a Loja desiste temporariamente do resgate, procurando revigorar forças e ações.

Infelizmente é nessa fase que qualquer evento, por menor que seja, será suficiente para promover um turbilhão de polêmicas e rebentar o último fio que prendia a esperança de manter a ligação com a Loja.

De discussão político-partidária, lamúrias por não ter cargo em Loja, como se faz um nó de gravata, qual a sobremesa do jantar, ou qual é a posição do dedão do pé dentro do sapato quando se está em Loja. Qualquer motivo servirá para disparar uma discussão, uma troca inconclusiva de palavras e um pedido distante de perdão e reconsideração. 

Agora, é só aguardar o pedido.

Presença Física, Ausência Mental e Espiritual

Os quatro passos comentados partiram de uma premissa de que o Irmão estaria ausente das sessões. Porém, em paralelo com estes quatro passos, temos também aqueles que frequentam as sessões, mas estão ausentes, igualmente desmotivados, sem conviver com os Irmãos e a Loja sem tentar o seu resgate, já que ele está ali teoricamente presente.

Basta notar, em face da sua desmotivação, o uso do telefone durante as sessões, dispersando totalmente dos temas tratados. Este Irmão também já não se levanta para falar no final da sessão e pouco se sabe sobre a sua vida, embora esteja a frequentar assiduamente as sessões.

Não apresenta trabalhos e quando assim o faz percebe-se um árduo cumprimento de obrigação, e não uma edificação pessoal para partilhar com os Irmãos.

Está mais sintonizado com criticar do que com sugerir e contribuir com alguma ação para a vida da Loja.

Este Irmão, ao meu ver, está tão “quitado” como o outro que percorreu os quatro passos, sendo a única diferença, a de que está fisicamente presente nas sessões e não está a atrair a atenção da Loja sobre os seus sintomas.

Considerações Finais

O presente trabalho teve por objetivo apresentar algumas breves reflexões sobre “o Quite e as suas origens”, abordando na percepção do autor, os quatro passos a serem percebidos e combatidos para evitar a saída do Irmão, sejam eles:

I. ausência;

II. distanciamento;

III. abandono da Loja; e

IV. incidentes não resolvidos ou esclarecidos.

Por fim, chamou-se também à atenção para os casos em que o Irmão frequenta apenas fisicamente as sessões, mas a sua direção aponta para fora da Loja.

Arriscaria a dizer que para alguns Irmãos, só falta alguém redigir para eles o quite, pois ainda não o redigiram por desconhecimento e por total afastamento da prática e estudo dos documentos da Ordem.

Assim, a vigilância e persistência devem ser firmes e constantes, para primeiro fazer com que o Irmão se sinta à vontade para trazer as suas desmotivações perante os Irmãos e segundo para a Loja, ter a mesma liberdade em corrigir e resgatar o Irmão sempre que necessário. Embora seja um tema bastante difundido, o papel do Padrinho é singular na vida do Irmão e poderia ser aprofundado numa outra Prancha.

Por fim, sabemos que o livre arbítrio guia os passos de cada um, mas também sabemos que a liberdade nos leva a caminhar cegos na escuridão, e a maçonaria se destaca por ser uma incandescente Luz nas nossas vidas.

Diante do exposto, que o GADU, mantenha a Luz da Sabedoria apontada nas nossas vidas, prevalecendo a tolerância e a habilidade de “saber cuidar” fraternalmente e entre Irmãos.