setembro 30, 2021

UMA ÓTIMA LOJA - Ir.'. Wilson Marques Barbosa



Com frequência ouvimos alguém dizer, “minha loja é uma boa loja” E nós ficamos a nos perguntar: “o que é uma boa Loja?”. Não basta que ela seja regular, que tudo esteja funcionando de acordo com a tradição e os regulamentos?

Podemos dizer que uma boa Loja é aquela que tem boa frequência, onde os irmãos sejam pontuais e assíduos. Sem dúvida isto pode ser um critério. Não deixa de ser um bom indicativo: se os Irmãos comparecem é porque ali eles encontraram o que buscam.

Parece-nos que uma boa Loja é aquela que cuida criteriosamente do recrutamento e da seleção dos seus obreiros; que é minudente e rigorosa durante a formação do processo e no ato do escrutínio; que não se deixa levar por paixões de qualquer natureza, quando da escolha de um novo membro para a Maçonaria Universal.

Parece-nos que uma boa Loja não esquece a importância e significação do ritual, e se esmera para que tudo esteja absolutamente de acordo com a letra do manual. Se nos parecer que o manual merece reparos e mesmo contém erros ou enganos trabalhemos para ele seja modificado - enquanto tal ocorre, cumpramos fielmente o atual.

Os rituais devem ser lidos com frequência e os oficiais devem treinar, ensaiar principalmente no início de mandato e quando da realização de iniciações, Adoção de Lowton e outras cerimônias contidas nos Rituais Especiais.

Se a Maçonaria é herdeira das Escolas de Mistério, cabe-lhe a tarefa de transmitir o saber esotérico aos seus iniciados através das claras Instruções. Precisamos ir além das Instruções contidas nos manuais.

É indispensável que o Iniciado seja elevado ao grau seguinte por meio de conhecimento teórico e prático. Exige-se de uma boa Loja que ela faça com que o seu Aprendiz e Companheiro interiorizem a sabedoria e moral maçônica para que amanhã ele seja realmente exaltado ao Grau de Mestre. Pois a Maçonaria está interessada em povoar a sociedade atual de Mestres-Maçons que sejam, antes, Mestres em si mesmo. E só é Mestre de si mesmo quem submete os seus instintos, quem domina a sua vontade, quem disciplina o seu pensamento, quem desenvolve a sua inteligência e quem exercita a sua sensibilidade no sentido do bem comum.

Entendemos que uma boa Loja não esquece os aspectos materiais e, portanto, cuida da construção e conservação do seu templo próprio. E a hospitalaria não pode se esquecer da benemerência interna e externa. Mesmo porque esta atividade é formativa; fazendo nascer o espírito de solidariedade que conduz à caridade - virtude por excelência.

E, claro, que uma boa Loja não esquece os procedimentos administrativos internos nem os referentes aos Grandes Orientes do Brasil e Estadual  (ou Distrital) ou às coirmãs. Uma boa Loja é administrativamente bem organizada e financeiramente estável.

As promoções abertas à comunidade e as festas públicas devem ser planejadas nos mínimos detalhes para que projetem uma impecável imagem da sublime Instituição.

Mas o que tipifica mesmo uma boa Loja é o clima psicossocial que ai se respira; uma boa Loja é aquela em que os Irmãos se sentem em plena harmonia por circular a paz verdadeira - pois a amizade é um verdadeiro culto.

Uma boa Loja é aquela em que a confiança recíproca nasce da fraternidade e se solidifica na igualdade. E, em consequência, em uma boa Loja não há espaço para discórdia, nem para cambalachos, nem para disputas eleitoreiras nem para a inveja e menos ainda para a intolerância.

Eu estou trabalhando realmente para construir uma boa Loja, uma ótima loja Maçônica? Caso a resposta seja afirmativa, creia que todos os Irmãos lhe são gratos. E que o Supremo Arquiteto do Universo lhe cubra de incessantes bênçãos.

ATITUDE - Adilson Zotovici



Adilson Zotovici -  intelectual e poeta maçônico da ARLS Chequer Nassif  169 - S.Caetano do Sul


O ânimo reverbera

Com o panorama que alude

Esperança, fim duma era,

De rança vicissitude


Como flor na primavera

Após inverno tão rude

Seu viço é que se espera

Que esse inferno transmude


Uma postura sincera

Que ao livre pedreiro virtude

Da aptidão que o esmera


À sua obra amiúde

A Arte real assevera

Leal e austera “atitude”!



setembro 29, 2021

APRENDER EXIGE CUIDADOS - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.


Trata-se pois, de um verbo que se articula sob diferentes aspectos e cenários linguísticos que invariavelmente podem levar o escritor ou o falante a verdadeiras armadilhas.

O verbo APRENDER no que diz respeito a sua transitividade tem sua *Regência*, conforme o emprego para seu significado e particularmente no que consiste na sua contextualização semântica.

Diante disto temos:

O verbo APRENDER, quando se refere a "conhecimento sobre; instruir-se"  : 

*Funciona como Verbo Transitivo Direto*

Exemplo:

Ele quer aprender um novo idioma.

Ela nunca conseguiu aprender matemática.

O verbo APRENDER quando se refere a "começar a compreender melhor, normalmente, pelo uso da vivência, da sensibilidade etc...: 

*Funciona como Verbo Transitivo Indireto*

Exemplo:

O homem aprendeu com seus próprios erros.

Aprendendo com vocês todos os dias.

E o verbo APRENDER, em uso menos frequente, quando seu emprego está associado a "perceber partindo da experiência, pelo tempo, pela influência de":  

*Funciona como Verbo Bitransitivo*

Exemplo:

Aprenderam dos professores a compartilhar.

Como se percebe, a erudição vernacular não é sinônimo de conhecimento gramatical.

Cabe registrar que a humildade é a mãe da sabedoria.



APÓS A ESCOLHA DO VENERÁVEL - Ir.’. Valdemar Sansão



Valdemar Sansão é um dos mais notáveis e prolíficos intelectuais da maçonaria no Brasil.

Age pelo exemplo “de tal maneira, que seus atos sirvam de regra para todos”.

A entidade maçônica fundamental é a Loja, que é dirigida pelo Venerável. Todo o candidato ao exercício do cargo de Venerável Mestre, tem como objetivo maior, em conjunto com o grupo da administração e de todos os obreiros, a evolução da Loja. 

O importante é que o candidato escolhido, tenha a competência necessária e esteja bem preparado para cumprir seu programa, suas propostas, seu objetivo. 

A Grande Luz da Oficina há de ser “limpo e puro”, no absoluto rigor dessa expressão; e, além disso, conhecer a legislação, a história, a liturgia, a filosofia e o simbolismo maçônicos. 

Para o desempenho do cargo, o caráter é muito importante, mas por si só não basta; menos ainda bastaria só a cultura maçônica. É imprescindível reunir o Venerável, ao mesmo tempo, os implementos de caráter e de cultura. Isso porque o Venerável é, simultaneamente, a representação da Oficina e a Luz da sua sabedoria. “Pelo Venerável se conhece a Oficina”. O Venerável ideal é aquele que tem o dom da humildade e à altura do cargo tem o natural acatamento dos Irmãos, que lhe tributam estima e respeito, tornando-se a Loja uma “comunhão”, isto é, um centro de vida fecunda, pela íntima solidariedade entre todos os obreiros. 

Para permitir que o plano de trabalho, aprovado, se torne realidade, é indispensável o concurso de todos. Debates, críticas, novas ideias, trabalho, tolerância e amor. 

O Venerável Mestre deve fazer-se amar, e não poderá ter êxito a não ser amando com muita generosidade, até a dedicação absoluta e o sacrifício de si mesmo, sem quaisquer limites ou condições. 

É importante recordar que a chapa escolhida não representa um partido (parte), como na vida profana. Terminada a eleição, proclamada a nova administração eleita, advém a posse, a escolha e nomeação pelo Venerável dos demais componentes da Administração. 

E todos iniciarão um novo período de trabalho para o bem dos Irmãos, da Oficina, da Sublime Instituição e da Humanidade. Uma tarefa difícil, considerando-se que outros poderiam ser convidados. Não o foram desta vez, mas estão entre os Irmãos e, conseqüentemente, serão os próximos escolhidos considerando-se que o Maçom já é um escolhido quando entra para a Maçonaria e os seus talentos, suas especialidades, sua liderança, enfim, serão cada vez mais aprimorados. 

Qualquer trabalho, cargo ou função, realizado com entusiasmo, atitude correta, desempenhado com prazer e espírito de servir é um privilégio para o verdadeiro Maçom. 

Se você considera o seu trabalho humilde, orgulhe-se, pois está cumprindo o dever que lhe foi designado pelo Grande Arquiteto do Universo. Ele precisa de você no lugar específico em que você está. As pessoas não podem todas desempenhar o mesmo papel. 

Enquanto trabalhar para a grandeza de nossa Ordem, o Mestre Maior o abençoará e todas as forças cósmicas virão harmoniosamente em seu auxílio. 

Aos olhos de Deus nada é grande ou pequeno. Diferenças entre “importante” e “sem importância” são, com certeza, desconhecida ao SENHOR, porém, tudo que acontece, acontece por uma razão. 

Procuremos fazer as pequenas coisas de maneira extraordinária. Você deve progredir. Procure ser o melhor em sua função, no desempenho de seu cargo. Expresse o poder ilimitado da alma em tudo o que fizer. Todo o trabalho purifica se executado com a motivação correta. Antes de tudo, devemos nos conscientizar em executar as tarefas escolhidas, ou seja, desempenhar o cargo que aceitamos voluntariamente, de maneira completa. 

Devemos tratar de nosso próximo problema ou de nosso próximo dever com energia concentrada, e executá-lo com perfeição. Essa deveria ser nossa filosofia de vida. 

Por meio da perseverança – cultivando a originalidade criativa e desenvolvendo os seus talentos, com lealdade a todos os Irmãos – cultivando uma sintonia intuitiva com o Venerável Mestre e demais Luzes, estará com o Mestre dos Mestres – você será infalivelmente capaz de agradar aos Irmãos e ao Criador Divino.

Meus caríssimos Irmãos, para a evolução cada vez maior de sua Loja, o verdadeiro maçom nunca deixa de estender a mão ao novo dirigente de sua Oficina, pois assim a tornará cada vez mais forte, formando um valoroso grupo com objetivos comuns, crescendo coletivamente, conjugando o lema: “Louvada seja a Maçonaria que nos fez Irmãos” ! 

Existem muitas Lojas bem dirigidas. Exemplo de Oficinas que têm identidade, leis que são cumpridas e, principalmente, Veneráveis responsáveis, Maçons que realmente estão a serviço de seus Irmãos e da Ordem e que, para isso, cumprem sempre os seus deveres. 

Sabemos que há esforços gerais para que, em breve, possamos afirmar que todas o sejam. Porque um Venerável, sem os atributos para o exercício do cargo, leva a Oficina ao marasmo e à inutilidade, e até mesmo à dissensão e ao aniquilamento. 

Todos nós, quando fomos iniciados, prometemos trabalhar com afinco para o engrandecimento da Ordem e, se aqui estamos, com outro intuito, não é senão o de trabalharmos. Trabalhar em harmonia. É necessário ressaltar que trabalhar em harmonia não significa termos as mesmas ideias mas, que debatamos nossas divergências. Trabalhar em harmonia significa chegar a um denominador comum e aí, então, unir o melhor de nossos esforços, do nosso tempo, na consecução das tarefas que livremente escolhemos. 

A Loja está sempre ansiosa pelo progresso de seus Obreiros. Tragam suas dúvidas, suas sugestões e, sobretudo, suas críticas, ao plenário da Loja. Assim procedendo, estaremos todos aprendendo. 

O terreno de que dispomos é fértil e aguarda que os obreiros, nele lancem as sementes de suas idéias e nele apliquem o seu labor dedicado, para haver a colheita abundante. 

Tenham a certeza de que o Venerável Mestre, como líder da Loja, portador do equilíbrio e Sabedoria, aqui sempre estará para solucionar as equações ou haverá alguém disposto em ensinar-lhes o manejo correto das ferramentas e também, com a humildade em aprender com vocês. 

Outrossim, se por acaso, não quiser contribuir para uma Maçonaria Maior, se esses não forem os seus valores, se não estiver mais disposto a dar cumprimento aos seus juramentos, então a Maçonaria não é para você. Aí vamos encorajá-lo a tirar proveito de uma outra liberdade maçônica: O direito de desertar ou de se utilizar o “quite-place”.

Afinal, os Maçons devem se adaptar à Maçonaria e não a Maçonaria aos Maçons. A Maçonaria não força a ninguém ser Iniciado em seus mistérios. Assim sendo, caro Irmão, aceite a Ordem que o aceitou . “Aceite-a ou deixe-a”.

setembro 28, 2021

NOSSO IRMÃO ISRAELENSE - Roberto Ribeiro Reis




Roberto Ribeiro Reis, intelectual e poeta é membro da ARLS Esperança e União de Rio Casca, MG


ɴᴏssᴏ ᴄᴏɴғʀᴀᴅᴇ ɪsʀᴀʟᴇɴsᴇ


ɴᴀsᴄᴇᴜ ɴᴏs ᴀɴᴏs ᴄɪɴϙᴜᴇɴᴛᴀ

ᴇ ᴀs ᴠɪʀᴛᴜᴅᴇs ϙᴜᴇ ᴇʟᴇ ᴀᴘʀᴇsᴇɴᴛᴀ

ᴇxᴛɪʀᴘᴀᴍ ᴏ ᴘᴇɴsᴀᴍᴇɴᴛᴏ ɴᴏɴsᴇɴsᴇ.


ʀᴇsɪᴅᴇɴᴛᴇ ᴇᴍ ᴍᴏɴɢᴀɢᴜᴀ́,

ᴇʟᴇ ᴇ́ ɴᴏssᴏ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ ʙʀᴀsɪʟᴇɪʀᴏ,

ᴄᴜᴊᴏ ɪɴᴛᴇʟᴇᴄᴛᴏ ᴀʟᴛᴀɴᴇɪʀᴏ

ᴊᴀ́ ᴇsᴄʀᴇᴠᴇᴜ sᴏʙʀᴇ ᴀ *“ᴄʜᴜᴛᴢᴘᴀ́”.


sᴜᴀ ᴄᴜʟᴛᴜʀᴀ ᴇʟᴇ ɴᴏs ᴇᴍᴘʀᴇsᴛᴀ

ᴄᴏᴍ ᴍᴜɪᴛᴀ ʜᴜᴍɪʟᴅᴀᴅᴇ ᴇ ғɪᴅᴀʟɢᴜɪᴀ,

ᴛᴇᴍ ʙʀᴀsɪʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴇ ᴜᴍ ϙᴜᴇ̂ ᴅᴇ ᴘᴏᴇsɪᴀ

ɴᴀ ғᴏʀᴍᴏsᴜʀᴀ ᴅᴇ sᴜᴀ ᴘᴀʟᴇsᴛʀᴀ.


ᴜᴍ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ ᴅᴇ sᴇʀᴇɴᴀ ғᴀʟᴀ,

ᴇ ᴅᴇ ᴅᴇ́ᴄᴀᴅᴀs ɴᴀ ᴍᴀᴄ̧ᴏɴᴀʀɪᴀ,

ϙᴜᴇ, ᴄᴏᴍ sᴜᴀ ᴍᴀᴇsᴛʀɪᴀ,

ᴊᴀ́ ᴅɪssᴇʀᴛᴏᴜ sᴏʙʀᴇ ᴀ ᴄᴀʙᴀʟᴀ.


ᴜᴍ ᴏʙʀᴇɪʀᴏ ᴅᴇ ᴇᴍᴏᴄ̧ᴏ̃ᴇs,

ʀᴇᴠᴇʀᴇɴᴄɪᴀ́-ʟᴏ ɴᴏs ᴄᴏᴍᴘᴇᴛᴇ,

ᴅᴇsᴅᴇ ᴀ “ᴀʀᴄᴀ ᴅᴇ ɴᴏᴇ́ ᴇ sᴜᴀs ʟɪᴄ̧ᴏ̃ᴇs,

ᴀ̀ ᴍᴀᴄ̧ᴏɴᴀʀɪᴀ ᴅᴇ ɪsᴀᴀᴄ ɴ. ᴀ̀ ɪɴᴛᴇʀɴᴇᴛ”.


ᴜᴍ ɪʀᴍᴀ̃ᴏ ᴅᴇ ᴍɪʟ ᴛᴀʟᴇɴᴛᴏs,

ϙᴜᴇ ғᴀᴢ ᴄᴏᴍ ϙᴜᴇ ᴀ ɢᴇɴᴛᴇ sᴇ ᴇᴍᴘᴏʟɢᴜᴇ,

ᴇ́ ʀᴇsᴘᴏɴsᴀ́ᴠᴇʟ ᴘᴏʀ ᴜᴍ ʙʟᴏɢᴜᴇ,

ᴅᴇ ᴍᴀᴄ̧ᴏ̂ɴɪᴄᴏs ᴇɴsɪɴᴀᴍᴇɴᴛᴏs.


sᴀʙᴇ ᴇxᴇʀᴄᴇʀ ᴀ ɪʀᴍᴀɴᴅᴀᴅᴇ,

ᴄᴏᴍ sᴀʙᴇᴅᴏʀɪᴀ, ғᴏʀᴄ̧ᴀ ᴇ ʙᴇʟᴇᴢᴀ;

sᴇᴜ “ᴄᴀᴍɪɴʜᴏ ᴅᴀ ғᴇʟɪᴄɪᴅᴀᴅᴇ”

ᴅᴀ́-ɴᴏs ᴀ̀ ᴠɪᴅᴀ ᴜᴍ ᴛᴏϙᴜᴇ ᴅᴇ ʟᴇᴠᴇᴢᴀ.


ʀᴇsᴜᴍɪ-ʟᴏ ᴇ́ ᴀ́ʀᴅᴜᴏ ᴏғɪ́ᴄɪᴏ,

ᴅᴀᴅᴏ sᴇᴜ ᴄᴜʀʀɪ́ᴄᴜʟᴏ ᴇxᴛᴇɴsᴏ,

ᴜᴍᴀ ᴠɪᴅᴀ sᴀ́ʙɪᴀ, ᴅᴇ ᴀʀᴛɪғɪ́ᴄɪᴏ,

ᴀᴛɪᴠᴀ ᴇ ɪʟᴜᴍɪɴᴀᴅᴀ, ᴀssɪᴍ ᴇᴜ ᴘᴇɴsᴏ...



setembro 27, 2021

O MESTRE - final



Mestre é aquele que jamais para de estudar, não apenas temas Maçônicos, mas também os assuntos da atualidade, procurando estudá-los à luz dos conceitos Maçônicos e relatando suas conclusões à Loja, para discussão e esclarecimento de todos. 

É aquele que, por ter assumido a maioridade Maçônica aceita críticas como um favor feito por aquele que critica e analisa os motivos que podem justificá-las, para auto-análise e amadurecimento, sem ressentimentos. 

Por outro lado, Mestre é também, aquele que entende ser seu dever fraternal apontar a um Irmão um erro que este possa ter cometido, com franqueza e como crítica construtiva, pois é assim que devem agir os Irmãos, sem hipocrisia. 

Mestre é aquele que sabe ouvir o próximo e, também, falar ao próximo.

Ser Mestre, em suma, é assumir a dimensão da própria Maçonaria.

Para a formação do Mestre, necessário é que instruções sejam dadas, de Mestre para Mestre, a respeito da simbologia do grau e de sua materialização no plano das atitudes. 

Como o grau de mestre é mais elevado que os anteriores, é natural que os ensinamentos sejam mais complexos e que a simbologia seja de decifração mais trabalhosa; isto significa mais trabalho para o Buscador da Verdade, mas o Maçom, principalmente o Mestre, deve trabalhar com denodo pela realização do objetivo da Ordem. 

Diz o ritual que, começando ao meio dia, o trabalho se prolonga por doze horas seguidas, indicando que o Maçom deve empregar metade de seu tempo em tomar-se útil, em instruir-se e em instruir; é recomendável, senão obrigatório, que diária e continuadamente, ocupemos-nos com a Loja, com a Ordem, conosco enfim.

O campo de atuação do Mestre transcende o físico, atingindo os corpos astrais(ou espirituais) , mentais e causais.

Neste grau, Cosmo e Homem se interpenetram e sua unicidade é explicada com a lenda do grau. 


O MESTRE - parte 1


A instrução do Terceiro Grau se desdobra em dois planos: A instrução que o Mestre deve receber e a instrução que ele deve dar, permanentemente, a Aprendizes e Companheiros, não só diretamente, mas também, pelo seu exemplo.

Ao assumir os Direitos e Deveres Maçônicos em sua plenitude, o Mestre recebe, juntamente, uma carga de trabalho redobrado, que não deve ser difícil de suportar por ter sido ele convenientemente preparado ao longo de sua vida Maçônica pregressa.

A atitude do Mestre deve ser a de não acomodação; ele deve continuar a estudar, a se preparar, cada vez mais, para ser o instrutor daquele que deve aprender. 

O questionamento de Aprendizes e Companheiros interessados, que querem saber, deve representar motivação para o Mestre cônscio de seus deveres.

A hierarquia dos graus, extremamente necessária, deve surgir naturalmente, como consequência do maior saber do Mestre, e não como reflexo, simplesmente, do mais elevado número do grau ostentado. 

Ouve-se, frequentemente, dizer que quando o Aprendiz está pronto, o Mestre aparece, mas deve-se dizer, também, que quando existe o Mestre, o Aprendiz o percebe. 

Em qualquer situação a responsabilidade maior é sempre do Mestre, justamente porque é Mestre.

Ao Mestre compete transformar-se no homem Integral, Cósmico. 

A ele cabe ajudar os Vigilantes a conduzirem os ensinamentos a Aprendizes e Companheiros, dando a estes o exemplo de suas atitudes, de seus estudos, de suas pesquisas e de seu interesse pela Loja, pela Ordem e pelo Homem.

O Mestre deve ser, como sua própria titulação indica, aquele Maçom capaz de, com proficiência e honestidade, transmitir aos graus inferiores o conhecimento e a sabedoria de que for possuidor. 

Deve ser profundo conhecedor dos três graus para poder tirar as dúvidas de Aprendizes e Companheiros; 

deve ocupar-se do estudo da Maçonaria como ciência global, entendendo que a divisão em graus é uma divisão metodológica que objetiva a formação organizada do conhecimento do Homem e do Cosmo e dirigida à felicidade da espécie. 

Deve o Mestre entender que detém a plenitude dos Direitos e Deveres Maçônicos e que o exercício de ambos, Direitos e Deveres, deve ser-lhe fácil ensinar aquilo que sabe deve ser-lhe, portanto, fácil, e para tanto é necessário, também, estudar com afinco, o que deve ser-lhe, igualmente, fácil.


setembro 26, 2021

OS BONS COSTUMES NA MAÇONARIA - Aildo Virgílio Carolino




 AILDO VIRGINIO CAROLINO é Grão-Mestre do GOB-RJ

Ao pensarmos em Maçonaria, o que vem a nossa mente, quase de imediato, é a figura do maçom. Essa imagem é projetada em nossa sociedade atual, pela postura dos nossos antecessores, que consolidaram seu caráter, hábitos e costumes irrepreensíveis junto as mais diversas questões políticas e sociais das quais fizeram parte.

Nesse sentido, nosso objetivo é o de reforçar o quanto os bons costumes que são indissociáveis da Maçonaria, pois, através deles, o maçom consolida-se como paradigma da sociedade a que pertence.

Assim, é importante destacar que entendemos costume como o hábito ou a prática reiterada associada à moralidade, geralmente observada pela sociedade, ou seja, procedimentos ou comportamentos que são prescritos do ponto de vista moral. São atitudes ou valores sociais consagrados pela tradição.

“Costume é a regra aceita como obrigatória pela tradição ou consequência do povo, sem que o poder público a tenha estabelecido”.

Vale à pena lembrar que, a retidão, a honestidade, a lealdade, o respeito, a tolerância e a justiça são imprescindíveis ao Maçom, uma vez que é visto como paradigma da sociedade, significando que ele é possuidor de bons costumes e reputação ilibada.

Na Maçonaria, os bons costumes são entendidos como valores morais indispensáveis ao maçom, os quais representam o somatório de suas ações e comportamentos do passado e do presente. Nessa esteira, a Maçonaria pode ser entendida como um centro de união fraternal, onde a retidão, a responsabilidade e aperfeiçoamento devem ser permanentes. Além disso, defende e propaga o respeito e a prática da ética e da moral.

Os bons costumes referem-se, portanto, como foi dito acima, tanto ao passado quanto ao presente, isto é, correspondem ao somatório dos dois. Quando a conduta, o comportamento, a postura e as atitudes positivas são reconhecidas pelos que estão mais próximos ou pela sociedade em geral, podemos dizer que se trata de alguém de bons costumes e, consequentemente, de reputação ilibada.

Dessa forma, podemos dizer que o objeto principal deste trabalho é despertar no Maçom o interesse pelo verdadeiro significado daquilo que nós chamamos de “Bons Costumes”.

Entretanto, há aqueles que acreditam que “os bons costumes” se referem tão somente ao estado atual de uma pessoa, o que não corresponde à verdade, esse entendimento é equivocado, uma vez que, os “bons costumes” podem ser compreendidos como a prática reiterada de boas ações, abrangendo passado e presente.

A Maçonaria é uma sociedade que, acertadamente, só admite em seu quadro, homens retos, de bons costumes e possuidores de comportamento ético, moral e humanístico compatíveis com sua finalidade, isto é, que vise alcançar o ápice do aperfeiçoamento humano, razão pela qual, para ingressar nos seus quadros exige-se o preenchimento de requisitos que contemplem a retidão do seu pretendente.

Há que ser ressaltado que, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, logo no seu artigo 1º corrobora o objetivo deste trabalho, dando balizamento para várias situações. Diz o dispositivo legal que, a Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, proclamando a prevalência do espírito sobre a matéria.

Além disso, estabelece que seus fins supremos sejam a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade. Assim, acreditamos que, a possibilidade de alcançarmos o aperfeiçoamento humano deve ser precedido pelos bons costumes.

Desta forma, a Maçonaria, através da observância dos seus princípios e valores, acima enumerados, aliado à prática da beneficência e do cumprimento inflexível dos deveres e responsabilidades, quer nos parecer que, por si só, poderia justificar a repulsa que os maçons devem sentir em face da corrupção, ao mesmo tempo em que defende e propaga o respeito e a prática da ética, da moral e dos bons costumes.

Por outro lado, quer nos parecer ainda que, a Maçonaria deseja, em primeiro lugar, proporcionar o encontro do Homem Maçom consigo mesmo, transformando-o no seu próprio paradigma. Assim sendo, faz-se necessário que, o Maçom esteja sempre atento ao aprendizado e à prática correta dos princípios maçônicos, ao mesmo tempo em Material.

A justificativa talvez seja que a saúde material se faz necessária, sobretudo quando da prática da filantropia ou beneficência, uma das ações básicas da Ordem. Como já foi dito anteriormente, a filantropia é, também, dentre tantas, uma das finalidades da Maçonaria.

Sua terminologia pode ser traduzida como a “Mão da Maçonaria” estendida aos necessitados, Irmãos ou não, mas “dando com a mão direita sem que a esquerda saiba”.

Todavia, modernamente, a solidariedade deve, a nosso ver e com razão, sobrepor-se à filantropia, uma vez que esta, simplesmente, “dá o peixe”, ao passo que aquela, “ensina a pescá-lo”, ou seja, em uma delas a fome é saciada por um dia, já na outra, a fome pode ser afastada não por um dia apenas, mas para sempre.

Vale à pena lembrar que, o progresso que a Maçonaria admite como essencial, pode ser definido como melhoramento da humanidade, calcado no aperfeiçoamento ético, moral, intelectual e social dos seus membros.

Além do mais, ela tem como alguns de seus símbolos o Cinzel e o Malho que, juntos, servem de instrumentos para desbastar a Pedra Bruta que somos e, ao mesmo tempo, construir nosso Edifício Moral ou Espiritual.

Esta é a verdadeira evolução humana, mesmo porque o Maçom deve, necessariamente, buscar a perfeição humana, até tornar-se um Mestre de fato, não se deixando confundir com um profano de avental. É bem possível que, para muitas pessoas, ser livre significa não ter limites.

Contudo, para o Maçom, a liberdade deve consistir numa via de mão dupla, ou seja, a liberdade exigirá sempre uma correlata responsabilidade. Isto porque a liberdade não exclui a disciplina, nem pode sobrepor-se à liberdade de outrem.

Assim sendo, “ser livre e de bons costumes”, tem um significado extremamente importante para a Maçonaria, uma vez que se presume que todo homem que preencha tais requisitos estaria, a princípio, em condições de ser iniciado na Arte Real e poderia, até mesmo, transformar-se em um bom Maçom, observador atento das tradições da Ordem.

Entretanto, para melhor compreender a frase acima, se faz necessário entender que ela seja interpretada à luz da ética e da moral. A terminologia “Livre” expressa o momento presente e diz respeito ao cidadão em pleno gozo de seus direitos civis, os quais guarda limites ao direito alheio.

Já a expressão “Bons Costumes”, refere-se não só ao presente, mas também ao passado, por tratar-se de um somatório de condutas, alcançando até os dias de hoje, ou seja, comportamentos e atitudes positivas reconhecidas pelos que estão próximos e pela sociedade em geral.

Nesse sentido, anda bem a nossa Ordem ao exigir que, para se iniciar em seus mistérios, há que ser levado em conta o presente e o passado do candidato, de tal maneira que, seja visto e analisado como um todo indivisível.

Só assim, será ele considerado apto ou não, isto é, livre e de bons costumes para receber permissão de ingresso na Ordem. Na verdade, homens de bons costumes são aqueles que têm valor social reconhecido ou consagrado, que se orientam pelas coisas justas, pela ética, pela moral, pela honestidade, pelas ideias mais elevadas, pela disciplina e pelo respeito.

Eles não participam de grupos que sejam desprovidos de moral ou honestidade, além do mais, devem desfrutar de boa reputação e ter conduta irrepreensível em todos os seus aspectos. Portanto, podemos dizer que, o homem livre é aquele isento de preconceitos, de maledicências, ou seja, deve, necessariamente, ter a consciência livre e que não tome o mal pelo bem.

Além disso, deve ser desprovido de quaisquer vícios. Isso nos permite inferir que, a corrupção e a ausência de bons costumes afastam toda e qualquer evolução ou progresso moral do Maçom, enquanto que a observância à ética, à moral e aos bons costumes o aproxima da sua evolução e progresso, especialmente, no campo espiritual.

Finalmente, concluímos convidando a todos os maçons, principalmente os do Grande Oriente do Brasil no Estado do Rio de Janeiro, a buscarem atitudes compatíveis com os bons costumes, sobretudo, que sejam comprometidos com a moral, a ética e a evolução maçônica, pois, só assim conseguiremos ascender ao patamar de Mestre Maçom de fato.


A ILUSÃO DE VENCER SEM ESFORÇO - Luiz Marins



Fico impressionado ao ver que ainda há pessoas que acreditam ser possível vencer sem esforço. Ficam esperando que o sucesso chegue, que a fama surja, que o dinheiro apareça e, num processo constante de autoengano
, não fazem as coisas certas que deveriam fazer.

Não se esforçam, não procuram aprender coisas novas, não participam, não ajudam os outros, vivem reclamando da má sorte e invejando o sucesso alheio. 

Será que essas pessoas não enxergam que sem muito trabalho e dedicação não há sucesso? Será que elas morrerão na ilusão de vencer sem esforço?

Fico igualmente impressionado ao ver que há pessoas que veem o sucesso alheio acreditando que tudo aconteceu por obra da sorte. Tudo para os outros é fácil e para elas difícil. Não conseguem enxergar nenhum mérito ou esforço nas pessoas que venceram. 

Essas pessoas colecionam casos e mais casos de herdeiros milionários, ganhadores na loteria e parecem não enxergar que essa realidade é uma exceção e não a regra. 

A enorme maioria das pessoas tem que trabalhar duro para vencer e só vencem com muito esforço, dedicação, comprometimento, foco, colaborando e buscando o auto aperfeiçoamento durante toda uma vida.

Com essa visão negativa, essas pessoas não se dedicam ao que fazem, não dão tudo de si para conquistar novos patamares na vida. Vivem rabugentas e deprimidas em vez de enfrentar com alegria e motivação os desafios da vida.

Olhar o trabalho com alegria, agradecendo as oportunidades, colaborando, é fundamental para o sucesso. Todos temos que trabalhar. Fazer do trabalho um peso insuportável tornará a vida mais difícil e não mais leve.

Assim, em vez de olhar só o lado difícil da vida e do trabalho, procure enxergar e dar valor ao esforço, ao trabalho digno, ao trabalho honesto de quem levanta todos os dias querendo fazer melhor, cumprir a sua obrigação e olhar no espelho com a alegria genuína de quem tem orgulho da imagem que vê. Isso tudo pode parecer bobagem, mas não é.

Todos temos que trabalhar durante a vida. Se fizermos o nosso trabalho com sentimento de fazer bem feito, teremos uma autoestima elevada e isso fará uma grande diferença na qualidade de nossa vida. 

Acredite! Pense nisso. Sucesso! 


setembro 25, 2021

UGLE FALA SOBRE USO DE MIDIAS SOCIAIS PARA MAÇONS


Política de mídias sociais

Plataformas de mídias sociais se tornaram canais cada vez mais populares para comunicação no século XXI. Eles fornecem maneiras de compartilhar o conteúdo com uma visibilidade ampla, e como tal, são excelentes ferramentas para compartilhar informações sobre atividades da maçonaria e dos maçons. Contudo, como acontece com qualquer ferramenta poderosa, mídias sociais precisam ser usadas com cautela, pois o uso incorreto pode ter um impacto negativo sobre a imagem pública da Maçonaria, e, portanto, sobre a Maçonaria em si. Esta deve ser uma questão de bom senso. Esta política foi escrita para aconselhar os maçons sobre como usar a mídia social dentro do compasso do decoro.

1.       Embaixador Digital

É importante comentar que toda a interação que o maçom tem em uma mídia social pode ser visível para qualquer pessoa no mundo: enquanto é possível limitar a visibilidade de um posts, não é possível controlar como os outros vão reagir a elas. Um post privado pode ser facilmente compartilhado e divulgado publicamente por qualquer pessoa que tenha acesso a ela. Mesmo que um post original seja excluído ou editado, alguém já poderia ter compartilhado na sua forma original. No que diz respeito às mídias sociais é preocupante, tudo o que se faz ou diz é gravado de forma permanente, e não há um post realmente privado.

Atuar como um embaixador para a Maçonaria Online é parte do dever de um maçom, e está dentro do âmbito do artigo 179 do Livro de Constituições que afirma que um maçom "... tem o dever de não se envolver em atividades que podem trazer descrédito a Maçonaria". Regras (civis e maçônicas) e expectativas que se aplicam a sua conduta diária aplicam-se igualmente dentro da esfera digital, pois comentários podem ser citados fora de contexto e usados como representatividade da visão da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Abaixo está uma lista de comportamentos e tópicos para se evitar ao postar em mídias sociais. Estes se aplicam para contas pessoais, bem como a contas que maçons individuais podem gerenciar em nome de uma loja, delegacia, secretaria ou outra entidade maçônica. Eles se aplicam a qualquer maçom que é identificável como um maçom on-line, se ele está postando em canais maçônicos ou não. Esta lista não é exaustiva, mas destina-se a atuar como um guia introdutório aos tópicos ou comportamentos que não são adequados para postar a qualquer público em mídia social.

Ao postar em plataformas de mídia social, um maçom não deve:

(A)   Produzir, link para, ou se referindo a qualquer conteúdo que seja ilegal, difamatório ou que ofendam outros.

(B)   Causar ou contribuir quaisquer argumentos hostis ou improdutivos, ou exercer qualquer desrespeito pessoal ou brigas (ou seja, o debate de boa índole é bom, mas deve-se estar preparado para abandona-lo, se deixar de ser simpático).

(C)   Discutir ou aludir a qualquer um dos sinais maçônicos, símbolos ou palavras.

(D)   Falar em nome de qualquer órgão maçônico (por exemplo, uma Loja, Secretaria, Delegacia ou uma instituição de caridade ou a potência) em cujo nome ele não está expressamente autorizado a falar.

(E)    Identificar qualquer outra pessoa como um maçom sem o seu consentimento expresso.

(F)    Se referir a qualquer informação pessoal sobre qualquer maçom sem o seu consentimento expresso (Como endereço, número de telefone, ou qualquer outra coisa coberta pela Proteção de Dados Act 1998; ver: http://www.legislation.gov.uk/ukpga/1998/29/contents).

(G)  Tentar usar canais maçônicos como um veículo para lucro pessoal, ou para qualquer outra forma de autopromoção.

(H)   Atacar a potência ou qualquer outra autoridade maçônica legítima.

2.       Melhores Práticas

Um maçom pode compartilhar publicamente qualquer conteúdo maçônico que contribui para uma imagem pública positiva da maçonaria, como o trabalho de caridade e eventos, boas causas apoiadas por Maçons, e informações sobre a história maçônica.

REFLEXÃO DE UM MAÇOM




Ao digitar a palavra “maçonaria” no Google, ele nos retorna aproximadamente 3.330.000 resultados.

São milhões de resultados e isso é um número relativamente alto para o termo e vejamos o quanto de informações existem acerca da maçonaria.

Quanto disso tem relevância, representa a verdade da instituição ou foi escrito por maçons?!

Talvez a essência da maçonaria seja a sua Luz revelada de forma tão sublime ao iniciado e tão vivenciada ao longo da trajetória de conhecimento de cada maçom.

Com tanta facilidade de tecnologia ao acesso de informações e conhecimento, se informar de algo ou alguém, tornou-se extremamente simples e rápido, e com isso, muitos maçons, especialmente os mais conservadores, são contra as tecnologias novas no seio da maçonaria,  esquecendo-se porém, que a Luz maçônica não pode ser comprada e muito menos ser trocada.

Não pode ser lida no Wikipédia e nem ser vista no Youtube.

Nunca poderá existir um spoiler dela e nunca haverá fotos e imagens no Instagram ou Facebook.

Tweets nunca se aproximarão também, e nem compartilhamentos no Whatsapp, sem dúvidas.

Estou convicto e o tempo secular tem nos ensinado isso, de que mesmo que surja um indivíduo sem caráter, querendo encontrar algum irmão sem juízo disposto a quebrar seu juramento e revelar todos os segredos da Maçonaria, mas mesmo com um conhecimento dos símbolos, alegorias e rituais, este indivíduo ainda permaneceria nas trevas metafóricamente falando.

Para realmente entender o trabalho dos maçons, você deve trabalhar como maçom, viver como maçom; ter sua própria experiência neste caminho tão único e especial.

Para cumprir a promessa da Maçonaria e se tornar um homem melhor, um homem deve estar disposto a trabalhar

Trabalhar por si mesmo, pelos seus irmãos da maçonaria universal e pela instituição.

Como bem disse Theodore Roosevelt (maçom e ex-presidente dos EUA):

“Eu desejo pregar, não a doutrina da facilidade ignóbil, mas a doutrina da vida árdua, a vida de labuta e esforço, de trabalho e luta; pregar a mais alta forma de sucesso que vem, não para o homem que deseja a paz fácil, mas para o homem que não se afasta do perigo, das dificuldades ou do trabalho amargo, e de quem sai o esplêndido triunfo final. "

Lembre-se sempre da honra que você carrega como maçom.

Lembre-se de agir para ser reconhecido como tal.

O símbolo do esquadro com o compasso denotam um homem que está um passo acima, que é literalmente iluminado.

Não é um símbolo para usar na lapela do paletó, no anel ou adesivo do carro com orgulho ou com senso de superioridade.

É um símbolo que invoca à ação, um lembrete para se esforçar para ser digno dos ideais que ele representa.

Lembre-se de tratar seus irmãos com respeito, não negligenciando suas falhas, mas sempre dando o benefício da dúvida e da defesa.

Podemos trabalhar com pedra bruta ou polida, mas somos todos homens de barro.

Nós também nos rachamos e nos quebramos; são falhas e erros.

Devemos fazer o nosso melhor para preencher as rachaduras que aparecem entre nós com a argamassa do amor fraterno.

Devemos nos lembrar de manter nossa igualdade e nossa fraternidade, tanto com novos irmãos quanto com velhos, e nunca permitir que insultos ou rancores pessoais nos dividam.

Como maçons, trabalhamos com as mãos e sempre devemos estar dispostos a estendê-las com amor e racionalidade, estando sempre de pé e a ordem.


setembro 24, 2021

A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 4


O PÃO

O pão é o alimento essencial. Ele nos lembra que o corpo precisa de força. O iniciado não negligencia os alimentos terrenos, mas sabe que não são um fim em si mesmo. Muitos escritos tradicionais insistem nesta verdade elementar, portanto, o talmud especifica:  Sem farinha, sem conhecimento e sem conhecimento, sem farinha ”. Tão concisamente quanto possível, isso significa que a mente só pode realizar suas funções se o corpo estiver satisfeito, e que, por outro lado, o corpo encontrará material a ser satisfeito apenas se a mente cumprir suas funções. Em um nível deliberadamente tão “pé no chão” quanto possível, isso significa que o alimento é obtido graças a um certo conhecimento adquirido (técnica, engenhosidade, trabalho) e esse conhecimento só pode se desenvolver se a alimentação for garantida.

O pão, feito com farinha, é o primeiro e principal alimento cozido na sociedade agrícola. A agricultura, comparada ao nomadismo, representa para a sociedade antiga, a grande revolução que permitiu o desenvolvimento da civilização como a vivemos. O nômade, tendo observado as propriedades fertilizantes das fezes dos animais, teve a ideia de misturá-las com a terra e semear. A partir daí, uma considerável reviravolta nas formas de viver e também uma melhoria da vida por uma maior segurança.

Na sociedade agrícola, o trabalho é valorizado porque se torna absolutamente necessário e se desenvolve uma ética a partir das extrapolações a partir das operações de semeadura e colheita. Os totens tribais tornam-se deuses com uma função específica a cumprir para garantir uma boa colheita. Deuses, como os homens, não podem mais permanecer ociosos e contemplativos. Eles se organizam, como os homens, em uma sociedade hierárquica. A ideia de monoteísmo surgirá mais tarde, a partir da ideia de poder central e absoluto, ideia que se tornou possível devido à existência de uma hierarquia.

O pão é, portanto, o símbolo da grande revolução agrícola a partir da qual se desenvolveram os mitos e os valores morais e tradicionais que os maçons hoje cultivam, reconhecendo neles o "fermento" necessário para o progresso e a felicidade dos homens.

Pão é comida cozida e isso é muito significativo. O trigo, deixado no processo natural, apodrece. A intervenção humana retira-o do processo natural e coloca-o em um novo processo desenvolvido exclusivamente pelo homem, cuja finalidade é o estado de alimento cozido. Produto do trabalho, fruto da revolução agrícola, o pão é também o testemunho da ação do homem sobre a natureza. É o resultado de uma criação feita graças ao trabalho, à observação, à engenhosidade. Também envolve o domínio do fogo. Talvez seja por essas razões que o pão tem sido valorizado, até mesmo sagrado em muitas religiões. No Cristianismo, pão, alimento material, é um símbolo de alimento espiritual. É associado ao vinho para representar a totalidade divina.  "Grandes mistérios". Esta ideia deve ser comparada aos milagres realizados por Jesus Cristo com o pão e o vinho: a multiplicação dos pães é um milagre que envolve a ideia de quantidade, enquanto a transformação da água em vinho é um milagre que envolve a ideia de qualidade.

Quando associada à água, como no caso do gabinete de reflexão, expressa, no contexto de nossa cultura ocidental, a ideia de ascetismo, privação, renúncia. Pão e água são os alimentos do eremita, o essencial que lhe permite sobreviver. Pão e água são a refeição sem prazer. A ideia da substância útil, separada do agradável, é representada por esta união de pão e água. O eremita que assim expressa seu desprezo pelos prazeres terrenos, o prisioneiro que expia um crime, muitas vezes é associado à comida por meio de pão e água. Se fosse necessário interpretar a presença de pão e água na sala de estudos como um convite à mortificação, seria difícil conciliar essa ideia com a filosofia dos rituais de mesa, cuja importância na liturgia e tradição maçônica não pode ser demonstrada. Ascetismo é baseado em uma concepção de mundo que é falsa e que a tradição maçônica rejeita totalmente. Esta falsa concepção de mundo baseia-se na oposição entre matéria e espírito, entre corpo e alma, entre céu e terra, etc ..., etc ..., enquanto a concepção de mundo consistente com a tradição e a verdade se baseia em a noção de complementaridade e identidade fundamental entre os múltiplos aspectos da realidade. É o que expressam as frases antigas: “O que está em cima é como o que está embaixo” e “O que diferencia o veneno do remédio não é a natureza, mas a dose”.  Reúna o que está espalhado.

Além disso, considerar a presença de pão e água no Gabinete de Reflexão como um convite ao ascetismo é um mal-entendido.

Mas, dado o significado do pão que desenvolvemos, a presença da água nos lembra que a colheita do trigo só é possível se a água tornar a terra fértil. A ideia de complementaridade é, portanto, enfatizada no símbolo do pão porque ele existe graças à água, ao fogo e ao homem que soube usá-lo.

A ÁGUA

O simbolismo da água em todas as civilizações é muito rico, não só pela importância da água para a vida, mas também pelos seus múltiplos aspectos: a água violenta das torrentes, a água salgada e os oceanos amargos, as águas profundas, etc ... Explicações simbólicas e os mitos floresceram em cada um desses aspectos. Mas de toda a literatura sagrada que as mais diversas civilizações têm sobre o tema da água, duas funções essenciais se destacam: a purificação e a fertilidade.

A Bíblia, escrita em uma terra árida onde nascentes e rios trazem bem-estar e onde a chuva é uma bênção, celebra a água a que devemos a vida. A água é uma bênção. “A alma busca o seu Deus como o cervo sedento busca a água” (Salmos).

O justo é como a árvore plantada à beira de um fluxo de águas • (Números 24,6). • Deus é como a chuva da primavera e o orvalho que dá flores ao seu crescimento = (Oséias, 6,3 e 14,6).

A ausência de água, o deserto, é um castigo infligido por Deus (cf. Jeremias). "A água reside no coração

dos sábios; ele é como um poço e uma nascente • (Provérbios 20,5, Eclesiastes 21,13). Poços e fontes são lugares sagrados perto dos quais nasce o amor e começam os casamentos.

A presença de água na Sala de Reflexão nos direciona para a ideia de fertilização. Na verdade, a passagem do iniciado no Gabinete de reflexão é "A prova da terra". A água fértil e sua associação com o pão convida o recipiente a refletir sobre a natureza da qual deve conhecer as leis para realizar seu trabalho.

GALO

O galo é o signo do advento da luz iniciática. Este símbolo está em todas as civilizações, ligado ao sol e à luz, pois o canto do galo anuncia o nascer do dia. Na Índia, é atributo do SKANDA, que personifica a energia solar. No Japão, é o canto do galo que obriga AMATERASU, a deusa do sol, a deixar a caverna onde costuma se esconder. É por isso que nos templos xintoístas são mantidos galos que vagam livremente. O galo aparece, ao lado de Mercúrio, em algumas representações figurativas Galloromanas. Também é encontrado em moedas gaulesas, mas os romanos fizeram um trocadilho entre Gallus = Gallic. Esta é a origem do galo gaulês (1).

Na mitologia grega, o deus galo dos cretenses, VÉLCHANOS, foi assimilado a Zeus. O galo estava perto de LETO que, grávida de Zeus, deu à luz a Apolo e Ártemis. Também está consagrada ao mesmo tempo a Zeus, a Leto, a Apolo e a Ártemis, isto é, aos deuses solares e às deusas lunares. Os Vermes Dourados de Pitágoras recomendam: alimente o galo e não o sacrifique, porque é consagrado

para o sol e a lua. É um atributo de Apolo, o herói do dia que nasceu.

Apesar do conselho dado a Pitágoras, um galo foi sacrificado ritualmente a Asklepios, deus da medicina e um dos filhos de Apolo. Sócrates fez   esse sacrifício antes de morrer. Isso significa que o galo tem um papel de psicopompe: ele conduz as almas do falecido para ('outro mundo, para que seus olhos se abram para uma nova luz. A morte é de fato, um novo nascimento. O gabinete de reflexão, prelúdio para a iniciação , está, portanto, associado à morte, morte no mundo profano e renascimento, razão pela qual o galo tem o seu lugar.

O galo representa Mercúrio. Isso vem do fato de que o galo foi dedicado a Hermes, que os latinos traduziram para Mercúrio. Para os hermetistas, Mercúrio é o princípio   feminino   presente em todos os corpos. Ele está ligado ao que é volátil e inflamável.

O FALSO

A foice, instrumento usado pelos fazendeiros para   cortar trigo ou grama, é uma alegoria da morte. A foice iguala tudo o que vive porque a morte é o destino de todos. Só a partir do século XV a foice aparece nas mãos do esqueleto para significar o equalizador inexorável. Nesse nível, é mais uma alegoria do que um símbolo. No nível simbólico, pode ser associado à colheita. O ceifeiro fatia o trigo que semeou e manteve. Ele recebe a recompensa por seu trabalho. A morte das plantas é a fonte de vida do reino animal. Há uma riqueza de reflexões enriquecedoras aí. 

CRÂNIO

Símbolo da mortalidade humana, o crânio também é o símbolo do que sobrevive após a morte. Receptáculo da vida em seu mais alto nível, o crânio é o troféu por excelência nas sociedades antigas. Possuir o crânio do inimigo é possuir o que há de melhor em si mesmo, é apropriar-se de sua mente, de sua alma, de seu princípio vital. Os celtas tinham muitos santuários de crânios. Titus Live conta que os gauleses, tendo apreendido o cônsul romano Postumius, fizeram de seu crânio um vaso sagrado para oferecer libações durante as festas. Isso deve ser mencionado porque tais noções ainda vivem em nosso ser interior hoje.

Na verdade, há menos de duzentos anos, vimos homens plantando as cabeças de seus inimigos em lanças e caminhando alegremente em procissão, recriando instintivamente as antigas liturgias de vitória. Ainda hoje, em um país altamente civilizado, os inimigos da sociedade são mortos em uma cerimônia em que a cabeça é separada do tronco.

A posse de uma cabeça é experimentada como um sinal de vitória. Existe alguma relação entre esse fenômeno da psicologia humana e a presença de um crânio no Cabinet de Réflexion? À primeira vista, não, porque essa caveira perfeitamente anônima não é a de um inimigo. Ele está aí para nos lembrar do nosso futuro e também para mostrar o que resta, em termos concretos, dos nossos antecessores. Nesse nível de interpretação, descobrimos que o homem só supera sua mortalidade por meio dos frutos de seu trabalho. Dele pessoalmente, nada resta senão um monte de ossos, um estado ainda transitório, aliás, enquanto se espera a fusão perfeita com a terra.

Sem privar esta interpretação de qualquer valor, embora nos pareça insuficiente para estimular uma reflexão fecunda que se eleva um pouco acima da evidência primária, podemos ver as coisas de outra forma.

Notamos, por um lado, que para representar a morte, os homens criaram muitas alegorias, algumas das quais são muito mais impressionantes do que o crânio e, por outro lado, que em todos os lugares e em todos os momentos, a exibição de um crânio, humano ou animal, está associada à ideia de apropriação da vida (do ímpeto vital): Quer queiramos ou não, a caveira é sempre um troféu, ou seja, a marca de uma vitória, desde o momento em que é exibido em local habitado, mesmo que seja considerado um simples elemento decorativo.

Essa observação, baseada nas descobertas da antropologia, pode nos ajudar a descobrir os significados simbólicos do crânio no Cabinet de Réflexion. O iniciado, convidado a descer em si mesmo, não pode se entregar à introspecção sem perigo. sozinho e sem conhecimento preciso, seus esforços iriam inexoravelmente provocar nele desequilíbrios infelizes. Mas ele é guiado e apoiado por um mundo. de símbolos. A Camarade Re


flexôes dá-lhe uma primeira impressão.

Esta imagem é uma construção da mente, fertilizada pelos iniciados que a precederam. A caveira (que também terá sob os olhos por toda a vida porque a encontrará no púlpito dos veneráveis, na loja), representa a energia vital, o pensamento, a psique dos mais velhos. Ele é um aluno e seu mestre está ali, diante de seus olhos. O aluno questiona e o professor responde e assim o conhecimento é transmitido. Se vemos no questionamento o processo de   conquista   da mente, a relação professor-aluno não se assemelha um pouco a uma luta ao final da qual o aluno passa a ser professor?

A caveira existe para significar que o aprendiz se apropriará do pensamento e da experiência dos mais velhos. O papel e a justificação destes últimos consistem em transmitir e, por conseguinte, em dar o que têm de mais precioso, a sua vida. Encontra-se como constante, no simbolismo maçônico e nos antigos mistérios, a ideia de morte e renascimento pela identificação do aluno com o mestre que fez o sacrifício supremo. O aprendiz de pedreiro terá mais tarde outras oportunidades de meditar sobre esse "esquema".

Outro plano de meditação é fornecido pela ideia de que o homem é um microcosmo. O que está acima sendo como o que está abaixo (A Mesa Esmeralda), deduzimos que qualquer parte do real contém todos os elementos do real e que há no homem tudo o que existe no universo. Portanto, o autoconhecimento é um caminho para o conhecimento objetivo.

Nesta perspectiva baseada na analogia do microcosmo humano e do macrocosmo cosmo, o crânio, topo do esqueleto, representa a abóbada celeste. Essa analogia é ilustrada por muitas lendas europeias e asiáticas e, portanto, pode ser considerada necessária para a vida espiritual. Em um texto islandês, o Grimnismâl, o crânio do gigante Ymir se torna a abóbada do céu quando ele morre. De acordo com esta mesma lei de analogia, os olhos representam o sol e a lua e o cérebro as nuvens, etc.

Essas analogias são enriquecedoras para a mente? certamente não se acreditarmos neles literalmente, mas o fato de terem sido formulados merece nossa atenção porque, se os purgarmos de seus desenvolvimentos ingênuos, vemos uma verdade importante que é esta:   no universo, tudo está ligado e tudo obedece ao mesmas leis.

Notamos que este diagrama n analógico, que pode fazer alguns sorrir, foi um ponto de partida que permitiu ao homem estabelecer o princípio essencial da ciência, princípio graças ao qual ele foi capaz de alcançar um progresso prodigioso no conhecimento objetivo, e que é o seguinte: "as mesmas causas em todos os lugares produzem os mesmos efeitos".


(1) Deve-se notar, de passagem, que o galo só se tornou o emblema da França há cerca de um século.

A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 3

 


A CAMARA DE REFLEXÕES é uma pequena sala, sem janela, na qual o leigo é apresentado antes da cerimônia de iniciação. Este pequeno quarto é pintado de preto por dentro. Está mobilado com um banquinho e uma mesa. O leigo entra ali e se vê trancado ali. Ele deve escrever seu "testamento filosófico". A vontade não tem relação com o que se dita ao seu notário. Estas são reflexões sobre os grandes problemas filosóficos.

Ao refletir sobre esta questão, o leigo descobre a decoração do gabinete de reflexão: um crânio humano, colocado (nem sempre) sobre alguns ossos, um pedaço de pão, uma garrafa de água, um pires com sal, outro com enxofre e uma ampulheta . Na parede, desenhos simbólicos, pintados a branco sobre fundo preto: um galo, uma foice, a palavra VITRIOL ou VITRIOLUM numa escrita tal que as letras estão sempre separadas por pontos, para indicar que se trata da 'abreviatura fonética. de uma fórmula em que cada palavra é representada por uma letra. Além disso, há frases: "Se a curiosidade o trouxe até aqui, vá embora." -   Se sua alma sente medo, não vá mais longe! " 

Estas frases não são obrigatórias para constituir um gabinete de reflexão de acordo com os fins do ritual.

Com efeito, o objetivo da sala de reflexão é provocar um choque psicológico para “acordar A e convidar à meditação. O leigo não está acostumado a ficar sozinho, no escuro, em tal lugar. Na vida secular, nada é inesperado. Os dias passam, entre trabalho, casa, lazer, de forma planejada com antecedência, e isso inevitavelmente atrofia as faculdades de reflexão.

Quando um leigo é reconhecido como "iniciado", é importante fornecer-lhe os meios para desenvolver suas faculdades adormecidas pela rotina diária. O think tank é o primeiro desses meios. Seu objetivo é colocar o leigo sozinho, de frente para si mesmo e. direcionar sua reflexão para os problemas da vida e da morte pela presença de objetos especialmente selecionados para esse fim. No ambiente especial da sala de estudos, ao lado de objetos já numerosos e principalmente enigmáticos, as frases nada acrescentam nem ao mistério nem à solenidade do lugar. O gosto pelo “Pathos”, de que exprimem estas ameaças vãs e irrisórias, pertence a uma época passada e felizmente não está ligado ao simbolismo maçônico naquilo que transmite.

A VONTADE

No gabinete de reflexão, entregue a si mesmo, o destinatário deve responder a três perguntas: quais são os seus deveres para com Deus, para consigo mesmo e para com a humanidade? Na Maçonaria, evocamos sobretudo os deveres e deixamos de lado os direitos. Para se aperfeiçoar, para ter acesso à liberdade, o homem deve se impor deveres e se esforçar. A liberdade é obtida por meio do ascetismo. Esta é a lei.

O "Grande Arquiteto do Universo" é o símbolo da perfeição e das primeiras causas. Este símbolo é compatível com todas as convicções filosóficas e religiosas, desde que, obviamente, essas convicções sejam acompanhadas pela Tolerância, uma virtude maçônica de suma importância.

No entanto, nos países católicos, a ideia de Deus foi associada ao longo da história com a opressão de um clero ávido pelo poder temporal. Esse Deus, que só poderia ser abordado por intermédio de uma casta de intercessores e, sob pena dos piores tormentos, inexoravelmente se tornaria antipático. O irmão Proudhon declarou guerra a esse Deus escrevendo seu Testamento Filosófico na sala de estudos. Deus, de fato, o símbolo das primeiras causas, tornou-se o padrão de uma ordem estabelecida fundada na opressão. Por isso, a fórmula: "quais são os seus deveres para com Deus", foi suprimida por muitos maçons, nos países latinos. A' tendo sido substituída pela fórmula "quais são seus deveres para com a pátria?" »Não nos parece feliz porque o maçom é um cidadão do mundo e solidário com todos os homens. Devemos ver na substituição da ideia de Deus pela de Pátria a herança dos jacobinos, cuja tolerância não era a maior virtude. Entre os símbolos e alegorias que aparecem dentro do think tank, a bandeira nacional não tem lugar.

Esta fórmula deve, como outras coisas além, ser considerada como uma influência transitória do mundo profano que se infiltrou dentro do Templo graças a algumas rachaduras ...

Nos países anglo-saxões, Deus teve um destino melhor porque nesses países, toleramos várias formas de abordá-lo. Existem muitas igrejas, muitos cultos e também, o que é importante, a Bíblia é lida e comentada em família.

Além disso, o poder dos intercessores é menor, sendo cada pai, de certa forma, um padre em casa. No entanto, a tendência, hoje bastante forte nesses países, e que consiste em arrancar a ideia de deus da linguagem simbólica para torná-lo um verdadeiro ser consciente, exatamente em conformidade com a letra do que está escrito nos textos do monoteísmo. religiões fundadas na revelação, é de origem secular. A ideia de um Deus transcendendo o universo está efetivamente ligada à religião exotérica.

Para Cabalistas e Gnósticos, o mundo é imanente e Deus (Ein Sof, infinito) representa as causas primárias do desconhecido. Ele está localizado além do verbo, enquanto a criação real está ligada à ideia de um Demiurgo. Esta é também uma tentativa de recuperar por uma ortodoxia o que deve permanecer escrupulosamente na encruzilhada de todas as ortodoxias, o Centro da União (Apenas alguns anos após a publicação das Constituições de Anderson, as manobras realizadas para reduzir a Maçonaria a uma simples associação cristã frequentemente tiveram sucesso).

O simbolismo maçônico está associado a todas as tradições esotéricas cujos mitos e valores foram mais ou menos bem transmitidos por religiões exotéricas. Assim, por exemplo, um maçom não despreza a Virgem, mas o que lhe interessa neste personagem é o princípio da fertilidade transfigurado no feminino eterno, tal como este princípio foi corporificado por Ísis, Ishtar, Astarté, Cibele., Ceres, Deméter, a Boa Mãe e, finalmente, Santa Maria. Os princípios, corporificados para as necessidades do exoterismo, vestidos e nomeados de maneira diferente pelas várias religiões exotéricas, são de interesse apenas para os maçons.

Com efeito, esses princípios, fruto de um esforço coletivo do qual participaram todas as faculdades humanas, inteligência, observação, imaginação, intuição, são a expressão da realidade humana e das leis da vida.

Após as três perguntas, o leigo é convidado a resumir em poucas palavras o seu “Testamento Filosófico”. O que ele acredita e o que considera essencial transmitir. A ideia de Testamento implica a ideia de transmissão. O homem é um usufrutuário que, pela sua vontade, transmite uma herança em princípio melhorada pelo seu esforço pessoal. A solenidade de tal ato tem sua origem na ideia de que o objeto da transmissão, a herança, deve sobreviver por gerações. Quem escreve seu Testamento Filosófico especula com os valores que considera eternos. Ele, portanto, faz um balanço de si mesmo e, seja qual for a qualidade do que escreve, o simples fato de ter feito um esforço nessa direção é extremamente saudável.

Oswald Wirth e Plantagenet acreditam que as três questões sozinhas constituem o Testamento. Agora, é costume adicionar um Testamento filosófico. Deve-se reconhecer que as poucas linhas dedicadas ao Testamento Filosófico são freqüentemente as únicas em que o destinatário realmente se entrega.

A formulação das três perguntas e o   contexto de admissão à Maçonaria na maioria das vezes nos rendem respostas de chatices exasperantes e conformismo! Pedir ao destinatário para escrever algumas linhas fora das três perguntas habituais permite ideias pessoais. O leigo, diante do testamento filosófico, é obrigado a refletir

VITRIOL OU VITRIOLUM

Estas letras constituem o signo que expressa a fórmula alquímica: "Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies occultam Lapidem (Veram Medicinam)", ou seja: Visite o interior da Terra, retificando encontrará a pedra escondida (Remédio da verdade )

Todos os autores que escreveram sobre o simbolismo maçônico especificam que essa sigla era o lema da antiga Rosa-Croix. De acordo com Ambelain, os RoseCroixes conscientemente entraram nas lojas maçônicas nos séculos 17 e 18 e introduziram o hermetismo e a alquimia ali (cf. Ambelain: Scala philosophorum ou o simbolismo das ferramentas).

De acordo com Oswald Wirth, essa pedra seria a pedra cúbica dos maçons. Essa analogia nos parece discutível, porque a pedra cúbica dos maçons é o resultado de um trabalho feito em pedra bruta. Este trabalho, tanto manual quanto intelectual, envolve todo o ser. Para ter sucesso, é claro, você precisa cultivar qualidades físicas: força, habilidade. Além disso, é preciso conhecimento; geometria e manuseio de ferramentas. Essas qualidades são adquiridas por meio do esforço. É aí que reside a grande Obra: fabricar, construir em si mesmo o Ser perfeito e realizado, a imagem da pedra cúbica perfeitamente bem-sucedida. Mas é a "pedra escondida" do lema alquímico, que se "encontra" visitando o interior da terra, a   pedra cúbica?  que fabricamos? Segundo o lema, a pedra escondida existiria pronta, existiria antes do homem cujo trabalho consistiria em procurá-la, enquanto a pedra cúbica seria inconcebível sem intervenção humana.

A Terra é um dos quatro elementos da cosmovisão alquímica. Talvez, visitar o interior da terra signifique: buscar em si mesmo, fazer introspecção, sendo a Terra uma alegoria para significar o homem (1). “Por retificar” significa necessariamente que em um determinado momento da “visita”, há uma operação intelectual a ser realizada. Essa operação intelectual, cujo objetivo, como a palavra "retificar" o exprime, mudar, modificar o curso normal das coisas (o significado da visita) só é concebível se for baseada em conhecimentos adquiridos, passíveis de servir como referências para julgar um estado de coisas. “Por retificar - implica, portanto, que o assunto possui amplo conhecimento. Não é a pedra escondida que fornece esse conhecimento, mas é é esse conhecimento que permite que a pedra oculta seja encontrada. A pedra escondida é a conclusão, a recompensa e a finalidade de um esforço cuja eficácia é possibilitada pelo conhecimento.

(1) Em hebraico, a palavra   (Adão), homem pode ser vista como uma raiz triliteral da qual deriva a palavra   (Adamah), terra. Portanto, a Terra está subordinada ao homem, pertence a ele. A Terra pertence ao homem e não o homem à Terra. A Terra é um   derivado   do homem.

SAL E ENXOFRE

Dois recipientes também estão entre os objetos essenciais na sala de pensamento: um contém sal e o outro enxofre.

O sal, extraído da água do mar por evaporação, é, como diz Louis Claude de Saint Martin, um fogo liberado da água. O sal retém água e a destrói por corrosão. Além disso, todo   o simbolismo do sal está ligado à lei das transmutações físicas e, por extrapolação, à lei das transmutações morais e espirituais.

A Bíblia dá importância ao sal: a aliança do sal designa uma aliança que o próprio Deus não pode quebrar (Números 18,11; crônica 13,5). Levítico (2,13) ​​faz alusão ao sal que deve acompanhar as oblações. Os sacrifícios devem ser providenciados. Na tradição semítica, compartilhar pão e sal cria uma amizade indestrutível. Assim, a Bíblia associa o sal à noção de indestrutibilidade, Incorruptibilidade e, conseqüentemente, de eternidade. Por outro lado, o sal também simboliza esterilidade. Os romanos jogaram sal nas cidades destruídas para que nada voltasse a crescer.

O enxofre é o princípio ativo da alquimia. Para os alquimistas, o enxofre estava no corpo assim como o sol está no universo. Na Bíblia, o enxofre tem um significado prejudicial. A chuva de enxofre em Sodoma é uma retribuição divina. O enxofre está associado à "luz, a anti-luz satânica que pode ser confundida com a luz verdadeira.

A ambivalência dos símbolos, principalmente no que diz respeito ao sal e ao enxofre, com o aspecto positivo, voltado para a vida, a luz, o bem e o negativo, voltado para a morte, a destruição, o irreal, tem em si um significado que todo maçom deve ser. penetrado: nada é bom ou mau em si mesmo. Sozinho, homem, o construtor, pelo uso que faz dela, torna a coisa boa ou má.

Todos os símbolos são ambivalentes. Eles existem precisamente porque permitem viver a noção de totalidade que contém todos os opostos. Essa meditação sobre o sal e o enxofre deve levar o maçom a perceber a importância de suas ações: o maçom pode ser definido como um homem responsável.

AMPULHETA

De todos os objetos do think tank, a ampulheta é o único cujo significado é claro para os não iniciados.

Na verdade, embora não seja mais comumente usada, a ampulheta é um objeto conhecido e integrado entre as figuras familiares que compõem a bagagem cultural do Sr. Todos. Ele evoca o vôo do tempo. Muito naturalmente, sem esforço, o destinatário entende que a presença da ampulheta o convida a meditar sobre a fuga do tempo, o efêmero e, a partir daí, a vaidade, etc ... Todas as extrapolações feitas a partir da noção de efêmero levam a um consciência que é dolorosa e enriquecedora.

Mas a ampulheta também significa outra coisa. Seu simbolismo é muito rico. Assim, o fato de ele girar nos remete à ideia da reversão do tempo e do retorno às origens.

Por outro lado, sua forma em dois vasos iguais conectados por um estreito gargalo mostra a analogia entre o topo e o fundo. Existe uma passagem de cima para baixo, através da atração. Se o invertermos, o fundo se torna o topo e o topo se torna o fundo e para garantir a continuidade dessa passagem, é necessária a intervenção humana, a expressão da vontade humana de mudar o curso das coisas, até mesmo de derrubá-la. Mas essa vontade leva em conta a lei da gravidade.

Essa lei, o homem nascido pode transformá-la. Ele pode girar a ampulheta, mas não pode fazer a areia fluir para cima. A lição é clara: devemos conhecer as leis que governam o mundo e que são eternas. Eles marcam os limites de nossas competências, mas, ao mesmo tempo, nos ajudam a mudar o curso dos acontecimentos, se soubermos respeitá-los e usá-los bem.

O pescoço através do qual os dois vasos se comunicam evoca a porta estreita que deve ser cruzada para mudar de plano, para chegar a outro mundo (um nível de consciência). Por meio desse gargalo, a troca ocorre. A troca também evoca uma grande lei da vida. Tudo o que vive suga e respira, ou seja, recebe e dá. A vida não é concebível sem troca porque os dois atributos da vida, crescimento e reprodução, têm a troca como princípio. O que o vaso de cima dá, ele receberá em troca quando estiver embaixo, e receberá exatamente como deu. O iniciado sabe que entre ele e a natureza, por um lado, e entre ele e os outros homens, por outro, as relações se estabelecem necessariamente a partir da troca.


setembro 23, 2021

A CAMARA DE REFLEXÕES E SEUS SÍMBOLOS - parte 2

 


METAIS

Antes de entrar no Gabinete de Reflexão, o leigo é convidado a se desfazer de todos os seus "metais": dinheiro, relógio, joias, enfeites. Ele repõe sem restrições aquelas coisas que, na vida cotidiana, permitem a integração social e que constituem os sinais de "respeitabilidade", valor relativo e contingente.

Em todo o mundo e em todos os tempos, as sociedades fechadas que se dão uma vocação espiritual exigem de seus neófitos a renúncia aos valores temporais. Essa renúncia mais ou menos severa se expressa em um   ritual. Os mosteiros orientais exigem a raspagem da cabeça, sendo o cabelo considerado um sinal de vaidade. Esse costume existe no Ocidente e persiste, em menor grau, entre os padres, na forma de tonsura. Todas as cerimônias de iniciação praticadas em todas as latitudes começam com a remoção das roupas ou atributos corporais. A circuncisão também tem uma origem que pode ser inserida no mesmo contexto.

Na Maçonaria, a remoção dos metais tem um valor puramente simbólico, pois o neófito os recupera após a cerimônia. Não é, na tradição maçônica, arrancar o neófito do mundo profano no sentido concreto do termo.

A Maçonaria não requer renúncia ao mundo temporal. Pretende apenas ensinar seus membros a se abstrair das contingências seculares, que é o pré-requisito para a autorreflexão, para a “interiorização”. Indica a direção espiritual, o “caminho real”, que permite ao neófito cultivar seu reflexo, sua sensibilidade, sua intuição. O iniciado, treinado nesta forma particular de ascetismo, retornará ao mundo profano com novas forças. Tendo sua atenção sido atraída para o significado da remoção de metais, o neófito se esforçará durante sua vida para alcançar um equilíbrio tão harmonioso quanto possível entre os valores materiais e espirituais.

Este equilíbrio exclui necessariamente o desprezo pelos valores materiais em favor dos valores espirituais ou vice-versa. A realidade é uma totalidade inseparável. O maçom aprende que “o que está em cima é como o que está embaixo” (The Emerald Table).

Ele deseja alcançar uma espécie de "alquimia espiritual", ou seja, uma transformação do seu ser interior através de um trabalho rigoroso de estudo e reflexão. A “Arte Real” é simplesmente a arte de encontrar todos os valores em seu devido lugar. Por uma simples analogia, podemos comparar o homem, seus problemas, seus desejos, suas contradições, a um jardim com suas mais variadas plantas que competem por água e espaço. Trata-se de cultivar o jardim de maneira que cada planta encontre, segundo uma alegre expressão japonesa, o seu "lugar primoroso".

Mas as analogias são perigosas e não devemos nos perder nas reconciliações muitas vezes precipitadas e leves entre metais e paixões.

Até agora falamos apenas de signos, devemos agora estudar a noção de metais no nível simbólico.

Dissemos acima: metais são signos. Um signo é a representação material que tem a vantagem de ser facilmente expressa por uma simplificação gráfica fácil de lembrar de uma realidade abstrata. Os sinais matemáticos são a melhor ilustração dessa definição. Mas não são só eles. A sociedade precisa de uma série de sinais: sinais de trânsito, as mais diversas grafias para indicar aqui a presença de um hospital, ali a existência de uma tabacaria. Siglas, abreviações e, em um nível mais detalhado, atributos de roupas como gravata, paletó,. jaquetas, joias, formas, qualidade e cores de alojamentos, móveis, objetos, são todos signos. Vivemos em um mundo de signos que traduzem mensagens mais ou menos precisas. Os sinais são inequívocos e sua interpretação sempre leva ao mesmo resultado. Eles constituem mensagens a serem decifradas.

Não é o mesmo com os símbolos. A confusão é frequentemente feita entre signos e símbolos porque estamos falando de "símbolos" matemáticos e físicos. No contexto das ciências físicas e matemáticas, confundimos signo e símbolo e isso não tem importância porque se trata de criar ferramentas precisas para construir teorias, ou seja, desenvolver vínculos causais entre fenômenos.

No discurso filosófico, por outro lado, a distinção é essencial e por um motivo muito preciso: o pensamento do pesquisador é posto em causa. Não se supõe, a priori, ser uma ferramenta suficiente para abordar o estudo dos fenômenos. Ela coloca o problema do sentido da vida, da própria vida, e esse próprio problema leva à reflexão sobre o pensamento, seus limites, sua origem, suas estruturas. O símbolo é, portanto, interessante para o filósofo por duas razões: por um lado, sua própria existência e suas manifestações levantam a questão de sua função na evolução da humanidade e ele deve estudá-lo objetivamente.  como fenômeno, e por outro lado o símbolo pode ser um estímulo para sua própria reflexão. É esta função, estimulante para a mente, que Gaston Bachelard ilude quando diz: “O símbolo não impõe nada, dá origem ao pensamento. "

O símbolo se distingue do signo, do ponto de vista formal, pela pluralidade de seus significados. Quanto à substância, sua vocação é metafísica e ontológica. Qualquer reflexão sobre o símbolo leva à questão dos propósitos da vida e ao problema da natureza do ser. É, como disse Goethe, uma "janela aberta para o mundo".

A realidade é muito complexa e quanto mais perto você se aproxima dela, mais difícil é contê-la inteiramente em uma definição. A definição básica de uma pedra é "corpo mineral sólido e duro". Podemos incluir na definição tudo o que o compõe e, além disso, tudo o que está nele e o transforma ao longo do tempo? Podemos expressar em uma definição simples tudo o que é movimento na pedra ao nível dos átomos e elétrons?

Qualquer definição é uma simplificação operada por abstração. Ele negligencia a totalidade de uma coisa para reter apenas a aparência ou função. No entanto, a razão precisa de definições. No campo da filosofia, as definições são, como sabemos, ainda mais aproximadas e incompletas do que na ciência objetiva. Estamos cientes disso, mas o discurso racional tropeça em definições e, de definição em definição, às vezes leva ao delírio. A ideia de sair do campo do discurso e representar por uma simplificação gráfica um sistema coerente de leis e princípios universais está na origem do símbolo. Mas o símbolo só merece este nome a partir do momento em que a simplificação gráfica deixa de ser percebida apenas como sinal de lembrança de um sistema, mas também como um suporte para a imaginação criativa e intuição. Sua virtude educativa se manifesta quando tentamos traduzi-la no discurso. Este exercício desenvolve as faculdades de imaginação e intuição, faculdades infelizmente negligenciadas pela educação "leiga".  que envolve quase exclusivamente a inteligência racional e a memória.

O símbolo, simplificação gráfica como uma cruz ou um compasso, poderia ser definido como a manifestação desta necessidade essencial para a mente humana: encerrar a realidade elusiva em um objeto ao alcance humano; coloque o imenso no perceptível e o complicado no simples. É uma questão de dominar a realidade, com o duplo objetivo de compreender e afastar a ansiedade. É o gênio preso na lâmpada de Aladim. Em outras palavras, é reunir o que está espalhado.

Na origem do símbolo, há uma abordagem que envolve a totalidade das faculdades humanas: inteligência, sensibilidade, afetividade, intuição, etc ... A finalidade de uma sociedade iniciática é transformar o homem para fazê-lo feliz harmoniosamente desenvolvendo todas as suas faculdades, é natural que ela integre símbolos em seu sistema.

Em relação à preparação do candidato antes da iniciação, a remoção dos metais nada tem a ver com o processo simbólico. É, como já dissemos, um rito relacionado com uma tradição universal, aquele que se baseia na ideia de uma renúncia a certas riquezas para adquirir outras, de outra ordem. A originalidade da Maçonaria consiste em recordar este rito sem aplicá-lo inteiramente, pois restaura os metais. Portanto, os metais não são objeto de desprezo.

Além disso, não seguimos as interpretações de certos autores que vêem no descascamento dos metais o ensino do desprezo pela riqueza. Essa forma de ver as coisas deve muito a uma certa influência de origem católica. A Maçonaria não exige de seus membros o voto de pobreza. A Maçonaria exalta o trabalho. Todo o seu simbolismo estampava o amor ao trabalho, única fonte verdadeira de dignidade e único motor do progresso individual e coletivo. A Maçonaria não pode admitir que o trabalho seja um castigo infligido ao homem por causa de sua desobediência à ordem desejada por Deus. Riqueza em  na medida em que é fruto do trabalho (e apenas sob esta restrição, é claro) é uma bênção. Em países com tradição protestante, essa afirmação é vista como óbvia. O iniciado, se não despreza a riqueza, fruto do seu trabalho, não se deixa embriagar por ela e sabe dar-lhe o seu devido lugar, onde não atrapalhe o seu desenvolvimento espiritual.

Esta é a lição a ser aprendida com o rito da remoção do metal.

O trabalho maçônico na Loja também exige que   os metais sejam deixados na porta do Templo.

Todos os rituais nos lembram disso. Para compreender plenamente o significado desta obrigação, é necessário situá-la no contexto das fontes bíblicas da Tradição Maçônica. O Templo Maçônico, nesta perspectiva, é o Templo de Salomão que os maçons claramente dizem que desejam reconstruir. Agora, se nos referirmos ao relato da construção do Templo, lemos na Bíblia (Reis 6,7): “Quando construímos a Casa, a construímos com pedras preparadas na pedreira: martelos, picaretas, não ferramentas. nenhum ferro foi ouvido na casa durante a construção ”.

É fácil extrapolar a partir desta citação para explicar a obrigação de deixar metais na porta do Templo. Na Loja, não usamos mais ferramentas de ferro para preparar pedras. Estes estão prontos. É apenas uma questão de montá-los. Para isso, apenas instrumentos de medição são utilizados: esquadro, bússola, prumo, nível, etc. Estes instrumentos são silenciosos. Eles não envolvem os músculos, mas apenas as faculdades intelectuais. Estamos na fase final de construção: montar, consultar os planos, construir a casca. Por fora cortamos a pedra bruta e por dentro montamos as pedras. Aprendizes cuja tarefa é tornar a pedra áspera fazem esse trabalho fora do Templo. Dentro,

Na Loja, todos os elementos à nossa disposição, ou seja, os irmãos com o seu trabalho e os seus pontos de vista pessoais, devem encontrar o seu devido lugar no edifício, fruto do trabalho coletivo. A este nível, as únicas ferramentas são os instrumentos de medição, com qualidades próprias: precisão e rigor. Nesse clima, qualquer excesso de linguagem é incongruente, qualquer manifestação apaixonada é indesejável. As trocas têm apenas um objetivo: construir o edifício. As opiniões, como as pedras, são colocadas sob o signo da igualdade. Nenhum prevalece, nenhum é esquecido. Eles devem encontrar seu lugar e se encaixar harmoniosamente.