junho 11, 2025

TEMPLO MAÇÔNICO - José Castellani



O templo maçônico, como é hoje conhecido, é relativamente recente.

Na realidade, o primeiro templo maçônico, que foi o da Grande Loja de Londres, teve lançada a sua pedra fundamental no dia 1º de Maio de 1775, sendo inaugurado e consagrado a 23 de Maio de 1776.

Antes disso, as lojas maçónicas reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas, numa prática herdada de lojas de maçons de ofício, ou operativos. As tabernas europeias, nos séculos XVII e XVIII, possuíam uma função social muito importante e tinham uma fama bem diferente das cervejarias e bares das épocas posteriores; elas serviam para descontraídas reuniões de entidades associativas e de intelectuais, que possuíam, assim, centros de reunião para a troca de ideias e para aperfeiçoamento, numa atividade social e cultural muito semelhante à desenvolvida, nas primeiras décadas do século XX, nos “cafés”, que chegaram, devido a isso, a ser chamados de “cafés literários” e que tanto incrementaram o desenvolvimento da. literatura, pelas trocas de experiências e de ideias entre os literatos e entre o público leitor.

A primeira Obediência maçônica do mundo, a Grande Loja de Londres, criada a 24 de Junho de 1717, foi formada, inicialmente, por quatro lojas, que tomavam, como título distintivo, os nomes das tabernas em que se reuniam: “The Goose and Gridiron” (O Ganso e a Grelha), “The Apple Tree” ( A Macieira), “The Crown” (A Coroa) e “The Rummer and Grapes” (O Copo e as Uvas).

A Loja da taberna O Ganso e a Grelha era, também, chamada de Loja São Paulo, porque celebrava as suas reuniões no pátio da igreja de São Paulo. Esta Loja, que, posteriormente, adotaria o título de “Antiquity”, teria sido fundada em 1691 e, já a partir dos primeiros anos do século XVIII, começava a promover modificações estruturais, que iriam redundar na moderna forma da Maçonaria, ou seja, a dos maçons aceitos, ou “especulativos”. Formada, inicialmente, apenas por maçons de ofício, ou operativos, ela começaria, a partir de 1702, a admitir homens não ligados à arte de construir.

Esta Loja viria a ter fundamental importância para a criação da Grande Loja de Londres, pois foi por intermédio do reverendo Desaguliers, iniciado em 1709, no pátio da igreja de São Paulo, que se conseguiu, em fevereiro de 1717, a reunião, na taberna “The Apple Tree”, das quatro Lojas citadas, da qual surgiria a convocação de todos os membros das Lojas, para o dia 24 de junho, quando seria, então, fundada a primeira Obediência do mundo. Graças a isso, como também, à proeminência dos seus membros (Payne, Anderson, Desaguliers, Calvert, Elliot, Luniden etc.) e ao grande número de maçons aceitos, a Loja da taberna O Ganso e a Grelha, ou de São Paulo, ir-se-ia colocar à testa do movimento de transformação da Maçonaria.

A recém fundada Obediência – que não contou, inicialmente, com o apoio dos demais maçons ingleses – continuou a realizar as suas reuniões nos pátios das igrejas ou nas tabernas das quais as Lojas fundadoras tomavam os nomes, até a inauguração do Templo, em 1776; os símbolos maçónicos, então, eram traçados no chão, ou sobre um painel.

A 1º de Maio de 1775, na presença de numerosos grupos de maçons, era lançada a pedra fundamental do “Freemasons’ Hall“, a qual continha uma placa, com a seguinte inscrição:

“ANNO REGNI GEORGII TERTII QUINDECIMO, SALUTIS HUMANAE, MDCCLXXV, MENSIS MAU DIE PRIMO, HUNC PRIMUM LAPIDEM, AULAE LATOMORUM (ANGLICE, FREE AND ACCEPTED MASONS) POSUERIT HONORATISSIMUS ROB. EDV. DOM. PETRE, BARO PETRE, DE WRITTLE, SUMMUS LATOMORUM ANGLIAE MAGISTER; ASSIDENTIBUS VIRO ORNATISSIMO ROWLANDO HOLT, ARMIGERO, SUMMI MAGISTRI DEPUTATO; VIRIS ORNATISSIMIS JOH. HATCH ET HEN. DAGGE, SUMMIS GUBERNATORIBUS; PLENOOUE CORAM FRATRUM CONCURSU; QUO ETIAM TEMPORE REGUM, PRINCIPIUMQUE VIRORUM FAVORE, STUDIOQUE SUSTENTATUM MÁXIMOS PER EUROPAM HONORES OCCUPAVERAT NOMEM LATOMORUM, CUI INSUPER NOMINI SUMMUM ANGLIAE CONVENTUM PRAEESSE FECERAT UNIVERSA FRATRUM PER ORBEM MULTITUDO E COELO DESCENDIT”.

Após a cerimônia de lançamento, a companhia seguiu, em carruagens, até ao “Leatherfellers’ Hall”, onde houve uma festiva recepção, ocasião em que foi instituído o cargo de Grande Capelão (Grand Chaplain).

A construção do edifício foi bastante rápida e ele foi concluído em pouco mais de um ano. A 23 de Maio de 1776, ele foi inaugurado e dedicado à Maçonaria, à Virtude, à Caridade Universal e à Benevolência, na presença de uma brilhante assembleia de maçons.

Uma Ode, escrita por um membro da “Alfred Lodge”, de Oxford, e musicada por um Maçom conhecido como Dr. Fisher, foi executada, na ocasião, perante muitas senhoras, que, nesse dia, honraram a Sociedade com a sua companhia.

Uma instrutiva explicação sobre a instituição maçônica foi transmitida pelo Grande Secretário, seguindo-se uma magnífica oração desenvolvida pelo Grande Capelão. Em comemoração ao evento, tão importante e feliz para a Ordem, ficou acertado que o aniversário da cerimônia deveria ser sempre comemorado.

No prédio da Great Queen-Street passaram a ser realizadas as assembleias anuais e as comunicações trimestrais da fraternidade; e, para o aperfeiçoamento de quaisquer Lojas, assim como de maçons, individualmente, ele foi liberalmente franqueado.

Os Irmãos da “St. John’s Lodge”, de Newcastle, animados pelo exemplo dado pela metrópole, abriram uma subscrição entre eles, com o propósito de construir, na cidade, um templo para os seus trabalhos; e, a 23 de setembro de 1776, foi lançada, por Francis Peacock, então Venerável Mestre da Loja, a pedra fundamental da construção. Daí em diante, aquele primeiro exemplo foi frutificando.

É claro que o templo maçônico, como é hoje conhecido, não surgiu de uma só vez. Serviu-lhe, inicialmente, de modelo arquitetônico, o templo de Jerusalém, que já servira de modelo para as igrejas; isso não é, na realidade, de se estranhar, pois tendo, a Maçonaria de Ofício, ou operativa, crescido e frutificado à sombra da Igreja, reunindo-se nos adros das igrejas, ou nelas próprias, era natural que, ao construir o seu templo, embora já na fase dos maçons aceitos, a Maçonaria procurasse o modelo que lhe era mais conhecido.

O conceito de que havia, aí, uma influência da Ordem dos Templários, cujos estatutos consideravam o templo de Jerusalém como o símbolo das obras perfeitas dedicadas a Deus, é posterior; esses estatutos foram redigidos pelo abade Clairvaux (São Bernardo), quando a ordem templária foi fundada, em 1118, o que mostra, mais uma vez, que, em qualquer caso, a Maçonaria baseou-se na Igreja, ou em conceitos eclesiásticos, para concretizar o seu templo.

A orientação e a divisão dos templos maçônicos, assim como das igrejas, têm, indisfarçavelmente, a sua origem no templo de Jerusalém, da mesma maneira que alguns objetos da decoração e as duas colunas vestibulares.

Existem, entretanto, outras influências, não só das antigas civilizações, mas, também do misticismo medieval e de costumes originários da Inglaterra, que, aos poucos, motivaram a complementação da decoração dos templos. Não é, entretanto, apenas nos templos que essas influências são palpáveis, mas, também, na doutrina, na ritualística, na filosofia e no misticismo da Maçonaria.

No tocante ao templo, as maiores contribuições foram:

1 – Das antigas civilizações, que, a partir do quinto milênio a.C., começaram a se sedentarizar e a se aglomerar em centros urbanos, entre os rios Tigre e Eufrates (a Mesopotâmia, “terra entre rios”), em torno deles, às margens do rio Nilo e em torno dos mares Mediterrâneo e Adriático, atingindo, portanto, a Asia Menor, o norte da África e a Europa Oriental. Nessas regiões, encontravam-se sumerianos, acadianos, babilônios, persas, hebreus, egípcios e gregos.

A maior contribuição, neste terreno, é, evidentemente, a hebraica, já que é o templo hebraico de Jerusalém o modelo do templo maçônico, embora não seja, este, uma cópia exata daquele, como pretendem alguns.

Além da orientação, da divisão e das colunas vestibulares Booz e Jachin, encontram-se, num templo maçônico, dependendo do grau e do rito em que a Loja funciona, outros elementos do templo hebraico, como: Altar dos Perfumes, Mesa dos Pães Propiciais (ou Altar dos Pães da Proposição), Candelabro de Sete Braços (o menorá hebraico), Estrela de Seis Pontas (a Magsen David, do judaísmo e a Blazing Star, do Rito de York), Mar de Bronze, Ouro, Cedro do Líbano, Pedra, além do Altar, com o Trono, que fica no Oriente e corresponde ao Altar-mor das igrejas e ao Santo dos Santos do templo de Jerusalém.

A contribuição grega está presente nas três colunas, dórica, jônica e coríntia, que, simbolicamente, sustentam a Loja de Aprendiz e na Estrela de Cinco Pontas, ou Estrela Pentagonal (ou Pentáculo, ou Pentagrama), que é a estrela hominal das escolas pitagóricas (e que foi introduzida na decoração do templo maçônico pelo barão de Tschoudy, no século XVIII).

A contribuição egípcia é encontrada na decoração estelar do teto do templo; os antigos templos egípcios eram a representação da Terra, de onde brotavam as colunas, como gigantescos papiros, em direção ao firmamento estrelado. Além disso, todavia, há outra contribuição importante: embora as colunas do pórtico, ou vestibulares, tenham a sua origem no templo de Jerusalém, elas não são, no templo maçônico, iguais às hebraicas; são, sim, egípcias (com influências babilônicas), simbolizando folhas de papiro e flores de lótus, que eram as duas plantas sagradas do antigo Egito (muitos templos maçônicos possuem colunas vestibulares da ordem coríntia, o que é um grave erro).

A contribuição sumeriana está presente no Pavimento Mosaico, que, entretanto, nem todos os ritos possuem; o pavimento, que tem origem sumeriana, era, para os sumerianos, terreno sagrado, mas para os gregos e cretenses era um simples elemento decorativo.

2 – Dos agrupamentos e seitas místicas medievais, como os rosa-cruzes, os alquimistas e os ligados à astrologia (embora a astrologia fosse muito antiga, existindo desde a época dos sumerianos, foi na Idade Média que, graças aos árabes, ela se expandiu e se consolidou).

A contribuição da Astrologia está presente nas Colunas Zodiacais (que não estão presentes em todos os ritos), meias colunas jônicas encimadas pelos Pentáculos, que simbolizam o planeta e o elemento correspondente a cada signo do zodíaco; como cada signo representa uma passagem iniciática, desde a entrada do candidato na Câmara de Reflexão até ao acme da exaltação ao grau de Mestre Maçom, todo o zodíaco mostra a escalada iniciática, associada às cíclicas mortes e ressurreições da natureza.

A contribuição da Alquimia é encontrada em muitos símbolos, principalmente os alusivos aos quatro elementos da antiguidade (ar, água, fogo e terra), mas a sua presença é mais importante num anexo do templo, a Câmara de Reflexão, onde, em muitos ritos, estão presentes os três elementos alquímicos, sal, enxofre e mercúrio, necessários à concretização da Grande Obra, ou Obra do Sol, ou Arte Real – a transmutação dos metais inferiores em ouro – da alquimia.

A contribuição do rosacrucianismo encontra-se mais na decoração dos Altos Graus, através de vários símbolos, dos quais o máximo é a rosa na intersecção dos braços da cruz.

3 – Da igreja medieval e da do início da era moderna. A contribuição, aí é patente, pois, como já foi salientado, a Maçonaria cresceu à sombra da Igreja e dela copiou os templos, os quais, por sua vez, têm base no templo de Jerusalém. As antigas igrejas, inclusive, possuíam as duas colunas na entrada e um triângulo equilátero (Delta) na fachada; isso, modernamente, tem sido abandonado, mas a divisão e a orientação continuam tendo o templo hebraico como arquétipo.

4 – Do Parlamento inglês, existente desde 1296. Os lugares dos maçons, no templo, imitam a disposição existente no parlamento britânico; neste, o presidente tem assento na Great Chair (um cadeirão de encosto alto), sendo ladeado pelos líderes do governo e da oposição, um a cada lado, enquanto os demais parlamentares sentam-se frente a frente, situação de um lado e oposição do outro, em bancadas de vários níveis.

Esta mesma disposição existe no templo maçônico, com o Venerável no Trono e os maçons das Colunas do Norte e do Sul sentados frente a frente; e isso não é de se estranhar, pois sendo, o primeiro templo, originário da Inglaterra, tomou os modelos mais próximos: o Parlamento e as igrejas. Também a Sala dos Passos Perdidos, que é um anexo do Parlamento inglês, foi colocada como anexo do templo maçônico.

Os templos maçônicos não são exatamente iguais em todos os ritos, pois existem aqueles que são mais simples e aqueles que são mais complexos, dependendo do rito em que a Loja trabalha; existem, todavia, entre todos eles, mais pontos em comum do que divergências, pois existe um arquétipo do templo, do qual nenhum rito pode fugir.

Assim, independentemente de ritos, qualquer Maçom, em qualquer parte do mundo, reconhece um templo maçônico pelas colunas do pórtico, pela orientação, pela divisão e pelos símbolos presentes na decoração.



LÚCIFER


A palavra LÚCIFER tem uma origem tremendamente simples. Entretanto, foi e é fruto dos “oportunistas” religiosos que, normalmente visado obtenção de bens materiais, se aproveitavam e se aproveitam da ignorância das pessoas. Desse modo, devido à convenientes interpretações, tem essa palavra, hoje, diversos significados.

A origem correta é: portador(a) da luz (do Latim lucis = luz e ferre = carregar, portar, trazer. Idem para o grego heosphoros), e era o nome dado ao planeta Vênus, que é visível antes do alvorecer e que, simbolicamente, seria o portador da luz do Sol que em breve estaria brilhando.

Segundo o pesquisador iconográfico Luther Link, Isaias, na Bíblia fez uma designação descritiva aplicada a uma metáfora referente aos excessos de um “rei da Babilônia”, e não a uma entidade em si: “Como caíste do céu, o Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante”

Isaias não estava falando do Diabo. Usando imagens possivelmente retiradas de um antigo mito cananeu, Isaías referia-se aos excessos de um ambicioso rei babilônico. (Wikipédia)

Aproveitemos as informações dessa Enciclopédia:

“A expressão hebraica (heilel ben-shahar) é traduzida como “o que brilha”. A tradução “Lúcifer” (portador de luz), deriva da Vulgata latinade Jerônimo e isso explica a ocorrência desse termo em diversas versões da Bíblia.

Mas alguns argumentam que Lúcifer seja satanás e por isso, também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Arcanjos. Assim, muitos nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo(caluniador, acusador), ou Satã (cuja origem é o hebraico Shai'tan, Adversário). Os judeus o chamam de heilel ben-shachar, onde heilel significa Vênus e ben-shachar significa "o luminoso, filho da manhã". Alguns judeus interpretam Lúcifer como uma referência bíblica a um rei babilônico. Mais tarde a tradição judaica elaborou a queda dos anjos sob a liderança de Samhazai, vindo daí a mesma tradição dos padres da Igreja.

Segundo a igreja católica, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de todos os Arcanjos. Então, Deus lhe deu uma posição de destaque entre todos os seus auxiliares. Segundo a mesma, ele se tornou orgulhoso de seu poder, que não aceitava servir a uma criação de Deus, "O Homem", e revoltou-se contra o Altíssimo. O Arcanjo Miguel liderou as hostes de Deus na luta contra Lúcifer e suas legiões de anjos corrompidos; já os anjos leais a Deus o derrotaram e o expulsaram do céu, juntamente com seus seguidores. Desde então, o mundo vive esta guerra eterna entre Deus e o Diabo; de seu lado Lúcifer e suas legiões tentam corromper a mais magnífica das criaturas mortais feitas por Deus, o homem; do outro lado Deus, os anjos, arcanjos, querubins e Santos travam batalhas diárias contra as forças do Mal (personificado em Lúcifer). Que maior vitória obteria o Anticristo frente a Deus do que corromper e condenar as almas dos humanos aos infernos, sua morada verdadeira?”

Abrindo um parenteses: dá para se perceber que a imaginação do ser humano não tem limites. Anjo... Arcanjo... o mais forte e belo dos Arcanjos... auxiliares de Deus... Caramba! é interessante como se dá um “comportamento totalmente humano” à Deus e muitos aceitam como se fosse a coisa mais natural do mundo!

Na “Enciclopédia”do Mestre Nicola Aslan temos:

“Entre os cristãos, esse nome acabou por ser aplicado ao espírito do Mal. Esta denominação nasceu, em certos Padres da Igreja, por alusão a várias passagens de Isaias... em que o profeta anuncia a queda do rei da Babilonia e o assombro que ela causa, nestes termos – Como é que caiste do céu, tu, Lúcifer, astro da manhã? – Os padres aplicaram a palavra ao demonio, anjo caído.”

Sem mais comentários.

Fonte: pilulasmaconicas.

junho 10, 2025

FILHO DAS ESTRELAS - Thomé Márcio Cristiano




Hoje, a história muda.

 "Um pequeno passo para o homem..." mas um grande passo para a Ordem Maçônica.

Hoje saberemos que um GIGANTE irá sentar-se no trono de Salomão.

Como sempre deveria ser. Como sempre haverá de ser.

Estamos ansiosos por vê-lo em seu devido lugar, Venerável Mestre Irmão Jorge Gonçalves!

Tenho (temos) o privilégio de sua fraternidade 💖

E desejo (desejamos) o mais profícuo veneralato possível dentro do GOB 🇧🇷, para bem fazer tanto a ordem em geral, quanto ao quadro em particular.

Parabéns, trabalhador e valoroso Irmão Jorge Gonçalves 🌿

Filho das estrelas!

DESISTÊNCIAS E AUSÊNCIAS - A EROSÃO DA ORDEM - Antônio Jorge


Porque será que temos um nível tão elevado de desistências e/ou de não comparecimentos nas Sessões?

Normalmente, o que nos leva a desistir de algo é um sentimento de expectativas não correspondidas, acompanhado pela sensação de que tal não irá ocorrer “em tempo útil”. 

Este sentimento aplica-se a tudo que fazemos já que é intrínseco ao processo de avaliação que permanentemente fazemos sobre tudo em que nos envolvemos. 

Todos criamos expectativas e as avaliamos face à realidade; desistimos quando achamos que a probabilidade de as nossas expectativas serem correspondidas é mínima ou inexistente, ou o “timing” para que tal se verifique é excessivo.

Ora isto leva-nos a uma segunda pergunta: quais são as expectativas que os candidatos têm e até que ponto consegue a Ordem responder? 

Naturalmente, há seguramente expectativas aos quais a Ordem não tem que, nem pode corresponder – estes são os erros de “casting”. 

Correspondem normalmente a candidatos com uma visão demasiado distorcida da Ordem, que os leva a criar expectativas muito próprias e/ou baseadas numa ideia de se servir em vez de servir.

Mas se considerarmos que temos candidatos que foram supostamente bem seleccionados; que foram supostamente bem avaliados e que foram supostamente bem escrutinados durante a votação, então os erros de “casting” deveriam ser mínimos – talvez não esteja aqui a resposta à pergunta. 

Mas será que podemos considerar isto?

O processo de avaliação do candidato que se prolonga por meses e por vezes até por anos, aliado à “aura” de mistério e ao “secretismo” que são normalmente associados à Maçonaria, ajudam a potenciar ilusões, por mais fantasiosas que elas sejam, criando por vezes, expectativas ao qual a Ordem não consegue dar resposta, até porque, embora cada um de nós construa o seu próprio Templo, a Maçonaria é só uma, não se podendo moldar aos desejos de cada um.

Assim sendo, talvez valha a pena olharmos para dentro, e para o fazermos talvez valha a pena partir de mais uma pergunta: O que é que nós fazemos como Maçons? 

Reunimo-nos uma ou duas vezes por mês, vestimos uns aventais, de preferência com ornamentos cintilantes, colocamos alguns símbolos e executamos um ritual. 

Durante as sessões, há alguns assuntos que tendem a se destacar: discussões intermináveis de regulamentos e burocracias da Loja (a Grande ou a nossa); leitura de comunicados, inquirições e respectivas votações; de longe em longe, a leitura de uma prancha, nem sempre discutida; de longe em longe também, a discussão de algum assunto mais relevante, mas sempre virado “para dentro”. 

Isto é o que temos para oferecer aos neófitos – será que corresponde às suas expectativas? 

Ou será que esperavam outra coisa? 

Será que esperavam uma Ordem mais preocupada com o exterior e menos voltada para si mesma?

Quando tentamos responder à pergunta: O que é que a Maçonaria faz? 

De exterior e de concreto, temos pouco; ou seja, quem procure a Maçonaria como uma via para a intervenção Social no apoio ao seu semelhante, poderá sentir que não está no lugar certo. 

Resta-nos esperar que o interior seja suficiente; resta nos esperar que “a construção interior de um homem melhor…” dê frutos e ter esperança que a capacidade de fazer com que os recém iniciados percebam o mais precocemente possível o valor deste processo e que o valorizem, permita suplantar eventuais outras expectativas não correspondidas.

Creio ser possível agrupar os candidatos em três grupos, em função das suas expectativas e perfis:

1- Tontos, sonhadores, negociantes e pessoas à procura de substitutos terapêuticos para o dominó no jardim: para este grupo, não temos (nem devemos ter) nada que lhes possa interessar. 

Importa detetar-los o mais precocemente possível e desiludi-los – implica desde logo que os seus “padrinhos” tenham consciência disto e sejam o primeiro filtro.

2- Candidatos com um vertente mais espiritual: Creio ser fundamental mostrar-lhes o caminho, o método, e acompanhá-los o melhor possível na sua progressão. 

É importante que reconheçam e valorizem as possibilidades de crescimento individual que a Maçonaria lhes pode proporcionar.

3- Candidatos com uma vertente mais forte de solidariedade e ajuda ao próximo: devemos avaliar se temos uma resposta suficiente para este grupo e devemos tê-la – é importante que se identifiquem oportunidades para que a Maçonaria se torne um verdadeiro parceiro em termos sociais, evitando assim que tenda a ser vista (injustamente) como um grupo de pessoas que ninguém sabe o que faz, mas que eventualmente o que faz, é mais em função dos seus interesses, do que em benefício da sociedade.

À laia de conclusão deste texto que já vai longo, deixo mais algumas perguntas:

Até que ponto o foco na quantidade e não na qualidade, abriu a porta a McMaçons, que, até que percebam que aqui não se vende fast-food “maçónico” e que talvez seja preferível ir bater a outra porta, vão deixando a sua marca na Ordem, marca essa que nem sempre é boa?

Como deve ser interpretada a quantidade de Mestres que tendo passado os dois graus anteriores, se afastam, muitas vezes continuando a pagar quotas, como se se quisessem afastar, mas não romper a sua ligação?

Estão os Irmãos que escolhemos para liderar, devidamente motivados / preparados / disponíveis / alertas para a necessidade de termos Lojas motivadoras em que cada sessão e cada actividade acrescente algo à vivência dos Irmãos?

Deverá a tentação de mostrarmos ao exterior aquilo que julgamos que o exterior quer ver – uma instituição focada nos aspectos sociais e na solidariedade -, sobrepôr-se ao que realmente sabemos fazer bem e para o qual a Maçonaria foi criada: "uma instituição vocacionada para transformar homens bons em homens ainda melhores?" 

O futuro da Maçonaria joga-se em quatro “Is”:

1- Identificação dos candidatos,

2- Inquirição dos candidatos,

3- Iniciação dos profanos,

4- Instrução dos membros

Estaremos a preparar convenientemente todos os envolvidos, para assegurar que cada profano que passa por este processo se torne num caso de sucesso como Maçom? 

Estaremos bem organizados em termos de acolhimento, formação e acompanhamento, para detectarmos precocemente os problemas e resolvê-los atempadamente?

A análise profunda destes quatro I’s é um excelente tema para trabalhos que desde já desafio os leitores a fazer. 

Aqui estaremos para os publicar.

Se de cada ato, de cada palavra, não resultar o enriquecimento interior dos Membros da Ordem, se a Ordem não integrar a vida dos Membros, então os Membros poderão não integrar a vida da Ordem.


A BIBLIA DO SIMBOLISMO E SUBJETIVIDADE - Ivan Froldi Marzollo


No século IV, a Igreja reuniu-se o Concílio em Nicéia, e uma das tarefas era organizar o “cânon”, ou a lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste Concilio, os livros foram estudados e investigou-se quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram considerados legítimos. E estabeleceu-se a ordem ainda hoje conservada.

“A palavra “cânon” vem do termo grego “kanon” que significa “cana’, ou seja,” uma vara recta “ou” um padrão de medida“. Daí deriva o significado secundário que se refere a uma regra ou padrão de conduta uma forma de lei. “O sentido metafórico da palavra cânon é empregue para significar” aquilo que é conforme a regra ou medi­da. A origem do termo está relacionada ao nome da cidade fenícia de Biblos, onde o papiro, material usado para escrever, era exportado. 

No ano 382DC, começou a ser elaborada a Vulgata Latina [tradução para o latim] por Jerónimo de Stridon, a pedido de Dâmaso, que era o papa daquela época; este trabalho somente foi concluído em 404DC.O Livro da Lei ou Livro Sagrado é, num amplo sentido, a denominação dada às revelações inspiradas por Deus, transcritas pelos seus escolhidos. 

Na maçonaria a Bíblia Sagrada utilizada, particularmente a versão King James , é um texto fundamental na Maçonaria, sendo usada como um símbolo e fonte de estudo e reflexão para os maçons. É um "Livro da Lei" que reflete valores éticos e morais que os maçons devem seguir.

Na China, o Yi- King, escrito por Fo-Hi, provavelmente o mais antigo sábio da história humana, versa sobre as relações do homem com o universo; os livros escritos por Lao-Tse, fundador do taoísmo, discorrem sobre o princípio místico do universo, a prática do bem e a responsabilidade do homem quanto a ocorrência do bem e do mal em razão da sua própria vontade e determinação.

Na Índia os Livros Sagrados são os Vedas. O Rig-Veda, livro dos versos; o Yajur-Veda, livro das sagradas formas; o Sama-Veda, livro dos cânticos; e o Atharva-Veda, livro dos contos de fascinação e poderes mágicos. O Bhagavad Gitã ou o Canto do Bem- Aventurado, atribuído a Krishna, que seria assim como Buda uma das encarnações de Vishnú, o criador, ensina como se formar um sábio dentro de um ciclo de sucessivas existências.

No Egito, o Livro dos Mortos, que trata da vida e da morte, de interpretação difícil, encontrado em túmulos e junto a múmias. É possível que acreditassem servir para guiar as almas dos mortos. E ainda podemos citar outras escrituras sagradas como, os clássicos no confucionismo; Tripitaka no budismo; Avesta no zoroastrismo; Ko-ji-ki e Nihon-gi no xintoísmo; Alcorão no islamismo; Antigo Testamento no judaísmo e a Bíblia Sagrada no cristianismo.

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. 

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei: Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950. Hoje a regra no Rito Escocês Antigo e Aceito é a abertura do livro da lei e a leitura do Salmo 133( versão King James) em toda sessão inclusive em banquetes ritualisticos, neste tocante há aqueles que dizem ser por usos e costumes porém se o banquete é um loja de mesa , neste sentido a loja só é aberta após a leitura do livro da lei.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei:

- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.

- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro;

- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).

No Brasil, a Oficina Chefe do Rito Moderno, em sessão realizada aos 8 dias do mês de Setembro de 1969, baixou resolução definindo a Bíblia como o Livro da Lei, devendo no entanto permanecer fechada.

Juntamente com o Esquadro e o Compasso constituem as três Grandes Luzes da Maçonaria. O Livro da Lei é considerado parte integrante dos utensílios maçônicos, sendo indispensável nos trabalhos de uma Loja.

Segundo os pesquisadores, ela foi estabelecida em 1717, a partir da fundação da Grande Loja da Inglaterra. Existiam divergências quanto à aplicação dos textos do Livro da Lei nos Trabalhos Maçônicos, pelo fato da liberdade de uso, através dos tempos.

Na Inglaterra, é costume abrir o Livro da Lei no Salmo 133, quando a Loja estiver trabalhando em Grau de Aprendiz.O Livro da Lei é o símbolo de Lei moral que cada Maçom deve respeitar e seguir; representa a filosofia que cada um adota ou a Fé que anima e governa os homens. simplesmente o Livro da Lei, livro que continha os Antigos Deveres, as regras, – os Old Charges – que regulavam a atividade das corporações.

O Livro da Lei é um símbolo de sabedoria, justiça e espiritualidade na Maçonaria. Ele guia os maçons em sua busca por virtude e harmonia, promovendo a unidade dentro da Ordem.

Eles são apresentados nos landmarks: VIII - a manutenção das Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, sempre à vista, em todas as sessões das Lojas; o Landmark 21 da classificação de Albert Mackey dispõe que um Livro da Lei deve constituir parte indispensável do mobiliário da loja. Nos seus exatos termos: 

“um Livro da Lei como parte indispensável no ornamento da Loja”.

Na classificação de Jean-Pierre Berthelon, o Landmark 6 diz: 

“O Livro da Lei Sagrada sobre o Altar”. 

E Joaquim Gervásio de Figueiredo adota o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso, como as 3 Grandes Luzes que devem estar sobre o Altar, sendo o Volume da Lei Sagrada a Escritura Sagrada adotada pelo Loja local.

Já a Grande Loja Unida da Inglaterra estabeleceu 8 pontos que necessária e obrigatoriamente devem ser obedecidos por qualquer potência maçônica para que possa obter o seu reconhecimento. Não considerando como um Landmark a rigor, senão como condição sine qua non para tal fim. Assim, para que uma Grande Loja venha a ser considerada regular pela Grande Loja Unida da Inglaterra, ela deve atender os 8 pontos de regularidade estabelecidos, dos quais o ponto 6 está descrito nestes termos: 

“As Três Luzes da Maçonaria: o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso serão sempre expostos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas da sua Obediência. A mais importante das três é o Volume da Lei Sagrada”.

Tal disposição é decorrente do Memorial que a Grande Loja Unida da Inglaterra encaminhou em 4.9.1929 a todas as obediências que com ela mantinham relações, tornando-se os 8 pontos os princípios básicos para o reconhecimento de uma Potência maçônica, no mesmo diapasão a Grande Loja Unida da Inglaterra, numa carta dirigida à Grande Loja do Uruguai, e que esta publicou na sua circular de 18 de Outubro de 1950, exprimia desta forma o seu pensamento: “A Maçonaria não é um movimento filosófico admitindo toda orientação ou opinião… A verdadeira Maçonaria é um culto para conservar e difundir a crença na existência de Deus, para ajudar os Maçons a regular a sua vida e a sua conduta nos princípios da sua própria religião, qualquer que ela seja… mas deve ser uma religião monoteísta que exija a crença em Deus como Ser supremo… e deve ser uma religião tendo um livro sagrado sobre o qual o iniciado possa prestar o juramento à Ordem”.

Ao pleitearmos o ingresso na vida maçônica, tomamos ciência de que embora não seja a maçonaria uma religião, necessária se faz a crença num Princípio Criador, denominado de o Grande Arquiteto do Universo. Mais ainda, logo que conhecemos os Landmarks, vemos que esta crença é de suma importância, como a vida futura também assim o é, e que é indispensável, no Altar, estar o Livro da Lei.

A sua leitura é feita em todas as sessões, independente do grau, e tem por finalidade, embora seja certa a onipresença de Deus, invocar a bênção do Grande Arquiteto do Universo para os trabalhos a serem executados, propiciando a fraternidade e o amor entre os irmãos.

A Grande Loja da Inglaterra, considerada Loja Mãe da Maçonaria Universal, recomenda a utilização da Bíblia e não de qualquer outro livro porque a Maçonaria tem a sua origem nas antigas corporações de mestres pedreiros construtores de igrejas e catedrais formadas sob a influência da Igreja na Idade Média.O Livro da Lei é o símbolo de Lei moral que cada Maçom deve respeitar e seguir; representa a filosofia que cada um adota ou a Fé que anima e governa os homens.A Grande Loja dos Modernos tinha a Bíblia, o Esquadro e o Compasso representando o Mobiliário da Loja até a época da união com a Grande Loja dos Antigos. Diziam as suas Preleções:

Qual é o Mobiliário da Loja? – A Bíblia, o Esquadro e o Compasso.

Os seus usos? – A Bíblia serve para dirigir e governar a nossa Fé, e sobre ela é feito o Juramento pelos nossos novos Irmãos. Assim também o Compasso e o Esquadro, quando unidos, servem para reger as nossas vidas e as nossas ações.

De onde derivam e a quem pertencem? – A Bíblia deriva de Deus, para o homem em geral; o Compasso pertence ao Grão Mestre, em particular e o Esquadro a toda a Ordem.

Por que a Bíblia deriva de Deus, para o homem em geral? – Porque aprouve ao Todo Poderoso revelar mais da sua Divina vontade neste Livro do que por outros meios que já tenha feito; seja pela luz da razão, seja pela retórica com todos os seus poderes.

Por que o Compasso pertence ao Grão Mestre em particular? – Sendo este o principal Instrumento usado para desenhar e fazer plantas arquitetônicas, é particularmente apropriado ao Grão-Mestre, como um Emblema da sua dignidade, e por ser o Chefe e o Governador de toda a Ordem, e sob cujo patrocínio as nossas Grandes leis são tão sensatamente impostas, estrita e universalmente obedecidas pela Ordem em geral.

Por que o Esquadro pertence a toda a Ordem? – Por ser ela juramentada no Esquadro e, consequentemente, compromissada a assim agir sobre ele.O que ocorre na atualidade com os diversos ritos praticados pelas Grandes Lojas é que há ritos que o Livro da Lei é aberto e lido em locais definidos, aberto e lido em locais aleatórios, abertos e não lidos, não abertos. Porém, em qualquer circunstância, junto a ele estão o Esquadro e o Compasso, sempre em posição do grau no qual a Loja esteja reunida. 

Há ritos, porém, que neles o Livro da Lei se encontra ausente.

A Bíblia em uma leitura subjetiva classifico como um bom livro filosófico neste sentido o Compasso e o esquadro estão sobre ela justamente como simbologia do grau de memória e cientificação daquele que se prosta no Altar lembremos que o primeiro juramento é feito vendado. 

Que o Grande Arquiteto do Universo permita a Luz da cientificação a todo buscador da verdade .


 

junho 09, 2025

UMA FLOR, SIMBOLO DE LIBERDADE - Hamilton Ferreira Sampaio Júnior


Um dos maiores símbolos da abolição da escravatura no Brasil foi uma flor.  Na segunda metade do século XIX, a camélia era rara no Brasil, assim como a liberdade dos escravizados. A Princesa Isabel ousou, diversas vezes, aparecer em público com uma camélia adornando sua roupa, fato sempre notado pelos jornais. Essas flores subversivas tornaram-se o símbolo da causa abolicionista. A pessoa que usava uma camélia na lapela ou a cultivava no jardim de sua casa demonstrava sua fé abolicionista. Essa flor servia como uma espécie de código de identificação entre os abolicionistas, especialmente quando envolvidos em ações mais perigosas ou ilegais, como auxiliar fugas ou providenciar esconderijos para os fugitivos. Um escravizado podia identificar imediatamente possíveis aliados pelo uso de uma dessas flores na lapela, próxima ao coração.

Naquele período, usar uma camélia na lapela ou tê-la em seu jardim era uma evidente confissão de fé abolicionista. Alguns pés de camélias remanescentes desse tempo simbólico ainda podem ser encontrados em jardins, como na Casa de Rui Barbosa, membro atuante do movimento abolicionista. Essas flores são documentos vivos e, em algumas épocas do ano, quando floridas, narram um triste capítulo da história do Brasil.

No ano de 1888, no auge da campanha abolicionista, a Princesa Isabel organizou uma festa inspirada em comemorações francesas, a “Batalha das Flores”, cujo objetivo era mobilizar a alta sociedade de Petrópolis para arrecadar fundos para a Confederação Abolicionista. Em fevereiro, a princesa, seu marido, o Conde d’Eu, seus filhos e amigos percorreram a cidade em uma carruagem ornamentada com camélias. Recolhiam doações e retribuíam com flores. No dia 13 de maio de 1888, no momento em que a Princesa Isabel assinava a Lei Áurea, foram-lhe entregues dois buquês de camélias: um artificial, oferecido pela diretoria da Confederação em nome do movimento vitorioso, e outro, de flores naturais, vindas da população, que Rui Barbosa definiu como “a mais mimosa das oferendas populares”.

Com o passar dos anos, a história da camélia branca como símbolo abolicionista foi resgatada por historiadores e pesquisadores, que identificaram sua importância na mobilização de diversos segmentos da sociedade em prol da liberdade. Em algumas regiões do Brasil, ainda há referências a essa simbologia, seja em nomes de ruas, eventos culturais ou até mesmo no cultivo da flor em espaços históricos.

Atualmente, a camélia branca continua sendo um símbolo de resistência e memória, relembrando o valor da luta abolicionista e a importância de reconhecer as contribuições daqueles que, anonimamente ou publicamente, trabalharam pela liberdade. Nos dias de hoje, sua imagem ainda é utilizada em manifestações culturais e educacionais, reforçando a necessidade de valorizar e preservar a história da abolição no Brasil.

Referências:

ALONSO, Ângela. Triangulo negro da abolição.

DEMONER, Sônia Maria. História da Polícia Militar do Espírito Santo 1835 – 1985.

MORSE, Richard. Formação Histórica de São Paulo. São Paulo: Difel, 1970, p. 108.

FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder. Formação do Patronato Político Bras. Porto Alegre





OLHA O GADO AÍ GENTE !!! - Newton Agrella


Perceba que o fantoche não tem alma.

Ele não é dono de seu nariz.

Ele se distingue pelo ignóbil fato de ser manipulado.

O fantoche não pensa, não cria, não questiona, não discute...

Na cultura popular nordestina do Brasil há um tipo particular de fantoche, o mamulengo.

Talvez, pela ironia do destino ou pelos desígnios da Vida o mamulengo ganhou uma conotação pejorativa para designar pessoas sem vontade própria, sem autodeterminação, incapazes de formularem seus próprios conceitos a respeito do significado e da significância das coisas.

Repare que o Fantoche não vive.  

Ele subsiste.  

Sempre na condição de substrato de uma idéia ou de uma matéria...

A vantagem do fantoche é que a ele, jamais serão imputadas quaisquer responsabilidades.

Afinal de contas, ele não pensa e nem age por sí. 

Ele é sempre produto de uma massa de manobra.

Tal qual o rebanho que obedece o vaqueiro e se deixa conduzir não se sabe pra onde.

O fantoche muge, repete ladainhas sinistras, faz tudo o que o chefe manda, e se deixa comprar por quinquilharias ou por um lanchinho meia boca, pra de algum modo, sentir o gostinho da vida....

Cuidado peão que a manada quer atravessar o pasto novamente e tornar mais áridas e improdutivas as terras por que passam

....

É vida que segue....




junho 08, 2025

A MENTE É O EPICENTRO DE NOSSA ESSÊNCIA, EDUCÁ-LA PRECISAMOS! - Bruno Bezerra de Macedo


O mentalismo é uma arte performática onde os praticantes, conhecidos como mentalistas, usam habilidades mentais e intuitivas para criar ilusões e apresentar ao público fenômenos como telepatia, telecinésia e controle mental. Essa arte se baseia em técnicas como leitura da linguagem corporal, sugestão, hipnose e princípios ilusionistas, criando a ilusão de habilidades mentais extraordinárias. 

“Tudo que a mente humana projeta se plasma na matéria” (2). A mente humana, como um farol, projeta seus pensamentos e emoções para o mundo exterior. Esses pensamentos e emoções, ao se manifestarem no mundo físico, moldam e criam a realidade que vivenciamos. A vida mental é formada pelos pensamentos e emoções que permanecem, tornando-se a base das ações e realizações de um indivíduo em seu processo evolutivo. 

A mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos é essencial para um trabalho de edificação, trazendo equilíbrio e liberando cargas conflitivas, e a consciência nos permite viver em harmonia com nossa própria natureza. “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas, transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (3).

O pensamento é força eletromagnética. A vontade, contudo, é o impacto determinante. Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina. A cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria. o pensamento transforma energias mentais em ações e experiências no mundo físico e no mundo espiritual. 

É pelo pensamento que conseguimos perceber o mundo a nossa volta, ver a beleza que ele contém, e é através dele que temos a possibilidade de decidir sobre nossa vida, como devemos conduzi-la. Sendo o pensamento um produto da mente, que tem sua sede no ser espiritual, somos o que pensamos. A consciência de cada ser é o resultado das escolhas e ações realizadas ao longo da vida. 

Entender que a mente humana tem o poder de criar e influenciar a realidade pode ter um impacto significativo na forma como as pessoas se relacionam com a vida, com os outros e consigo mesmas. Ao cultivar pensamentos positivos, emoções construtivas e atitudes de amor e solidariedade, é possível transformar a própria vida e o mundo ao seu redor. “Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração” (5).

O mentalismo, portanto, pode ser definido como uma forma de explicar o comportamento, onde se pressupõe a existência de uma relação causal entre o comportamento e um componente interno, a mente. O termo "mentalismo" foi amplamente utilizado por B. F. Skinner e outros psicólogos da vertente behaviorista, que tem por principal objetivo identificar as leis que governam a relação entre estímulos, respostas e consequências.

Neste influxo, o primeiro princípio hermético é o mentalismo, que entende o universo como sendo todo mental. Tudo o que criamos pela mente, existe! Portanto, quando dominamos a nossa mente, podemos dominar nossa realidade. Por isso, é crucial o autoconhecimento e exercícios que nos ajudem a melhor percebê-la, entendendo o momento presente e a nossa verdadeira essência, sem se deixar afetar por sensações passageiras.

Nessa jornada, nossa mente passa por uma escola que se chama Tempo, ou, melhor dizendo, Espaço-Tempo, que é a realidade física onde todos nós nos sentimos viver e nos contemos. Na realidade tridimensional, leva tempo para fazer um pensamento se materializar. Isso pede uma reflexão sobre a relação com o tempo e com a matéria. Precisamos aprender a ver o tempo como nosso amigo.

A coisa mais poderosa que podemos aprender na nossa jornada da vida é que a mente é o epicentro da nossa essência e que dominar, educar a mente, é a grande função de todos os momentos de sintonia. O mais importante nos momentos de sintonia é aceitarmos que tudo que existe, na verdade, já existe dentro da mente do Todo, portanto, a qualidade daquilo que pensamos define o endereço vibratório do nosso ser.

Todos os nossos pensamentos estão dentro de nós e nós está dentro deles. Nós estamos dentro do Todo e o Todo está dentro de nós. Nosso pensamento cria, assim, todas as coisas que conhecemos foram criadas primeiro na nossa mente, ou, como chama Platão, no mundo das ideias. Então, a realidade originária é a mente. Mas, nossa mente não nasce sabendo disso, ela vai emergindo na existência. Isso é Caibalion estudem, pois é iniciático.

REFERÊNCIAS INSPIRADORAS

(2) Joanna de Ângelis / Divaldo Franco, Dias Gloriosos

(3) Paulo de Tarso, Carta aos Romanos, Romanos 12:2

(4) Emmanuel / Francisco Cândido Xavier, Pensamento e Vida

(5) Lucas, Atos dos Apóstolos, Atos 4:32

(6) Caibalion, Editora Pensamento, 1922

FAZER MAIS - Adilson Zotovici




Caminham obreiros passo a passo

Pelas sendas do bem, culturais

Com vigor por canteiros cabais

Que labor, amor, seja o traço


Vez que livres pedreiros leais

Aonde alcançar o compasso

Pela régua, a cinzel e maço

E sem trégua, cruzam os portais


Se em seu trilho algum cansaço

Desistir da jornada jamais

No obreiro não há brilho baço


O trabalho a fio nunca é demais

Vez que sempre haverá espaço

“E o desafio é fazer pouco mais” !



UMA CARINHOSA E SIMBÓLICA LEMBRANÇA

M


Ao final da palestra que realizei na sexta-feira na ARLS Fraternidade de Itariri, pequena e bela cidade do litoral sul de São Paulo, a cerca de 80 km de onde resido, reencontrei alguns irmãos que são velhos amigos.

Um deles era Venerável Mestre quando fiz a primeira palestra naquela Loja, há alguns anos, em sessão pública, e desde então compartilhamos nossa paixão por rock clássico e cultura judaica.

Este irmão, Gibran Tadeu de Barros, num gesto delicado e gentil, ofereceu um lindo mimo, uma pequena Menorah dourada, com um poderoso significado simbólico no judaísmo e na maçonaria.

Na foto aparecem ao meu lado o Venerável Mestre Juarez Cavalcante e Gibran. Minha gratidão.


 

junho 07, 2025

ARLS FRATERNIDADE DE ITARIRI 293 - Itariri



Na noite de ontem, sexta-feira, a convite do VM Juarez Távora Amorim Cavalcante, amigo de longa data, visitei a ARLS Fraternidade de Itariri n. 293, na cidade do mesmo nome, para proferir a palestra Os desafios da maçonaria na contemporaneidade, tema do mais recente livro editado pela Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que tenho a honra de presidir.

É uma Loja onde tenho irmãos que são amigos queridos, como o próprio Venerável Mestre e o irmão Hugo Menezes de Souza que me deu a carona pelo longo e perigoso trecho de Mongaguá até Itariri.

A palestra gerou boa participação dos irmãos que se estenderam em comentários proporcionando aprendizado a todos os participantes.

Ao final o irmão Gibran Tadeu de Barros, membro da Loja e da administração da GLESP me presentou com um precioso mimo, uma menorá judaica, na Ordem símbolo de luz.




O QUE LEVA O HOMEM A SER MAÇOM? - Ivair Lopes


A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade.

Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos.

Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou Franco Maçonaria, definida como uma Fraternidade, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos.

(Do livro “Fragmentos da Pedra Bruta – José Castellani)

Estive meditando, nos últimos dias….

O que leva o homem a ser maçom?

Devemos inquirir nossos conhecimentos de prima facie, relembrando que o homem maçom é escolhido dentro a sociedade profana, como que um diamante ainda em estado bruto, pois assim o determina os antigos costumes, de forma que ele somente toma pé de onde e o que o espera, quando da sua iniciação.

Sabemos que hoje, não mais como ontem, o indicado, indaga-se e prepara seu espírito, quando lhe é informado que será iniciado, certamente pelas ferramentas disponíveis na internet e em outros meios de comunicação, toma nota e assimila um conteúdo considerável a respeito da sublime ordem.

Mas, muito provável, muita coisa que lerá, será apenas falácias, enquanto outros se apresentarão muito maiores que possa imaginar a sua vã expectativa.

Nestas falácias, muita coisa, escrita, ou não se enquadra no seu rito ou não é operada ao pé da letra por sua futura loja ou potência.

Podendo traduzir num permeio de desolação e decepção quanto ao que esperava.

Noutro mote, há expectativas geradas pelos próprios futuros irmãos de ordem, que acreditam piamente e esperam algo que não se traduz em realidade tangível, mas apresenta-se apenas como expectativas.

Assim, o candidato e a oficina se apresenta com enorme expectativa, desde a sua iniciação até o dia que o laço de rompa, seja pela saída do obreiro, desligamento obrigatório ou a sua passagem para outro oriente.

Pois bem, há nítido jogo de interesses, não manejo o interesse com o intuito depreciativo, mas sob a ótica construtiva, o interesse como objeto de vontade, a loja adquirindo um obreiro que atenda as suas expectativas enquanto membro, maçom, pai de família, pessoa da sociedade e o iniciado aglutinando outras visões de interesse, de lapidar seu conhecimento de si, adquirir novas amizades, prover um meio social coerente a si e a seus familiares, etc.

Quando não esta tudo caminhando. Afirma-se que a “egrégora” não esta condizente. Particularmente não gosto desta afirmação!

Mas, certo é que também discordo da afirmação de que a maçonaria, escolhe grandes homens, e entre eles, haverá diferenças maiores quanto mais for a capacidade e a liberdades daqueles.

A afirmação alhures, é tipicamente profana.

Vale fora dos nossos templos.

Não poderia vingar quando falamos de relações entre maçons. 

Que deve ser uma relação alicerçadas nas leis naturais, nos antigos costumes e num sistema que tem como meta algo mais que uma boa relação entre irmãos.

Lembramos que combatemos o despotismo, a iniquidade, levantamos templos a glória do criador, em honra da virtude e sepultamos nas profundezas todas as formas de vícios.

Neste permeio de locuções é que busco a resposta para a indagação que me trouxe até estas linhas, aquele profano imaginário, não sabia de nada disso, se sabia, o seu horizonte não imaginaria como os olhos de um maçom veem a tudo isso.

Por tal é recebido maçom, um homem, que circula por dentre a decortinação do grande espetáculo da luz da verdade, o caminho solar do escocismo. 

Viaja por dentre as luzes da sabedoria, aprende nas ciências e sente a existência da força e embebedar-se pelos caminhos da beleza, situações que sustentam todo o arcabouço do aprendizado maçônico.

Arrancam-lhe o juramento.

São lhes deferidas as obrigações, assentindo é feito maçom!

Descobri o que leva o homem a ser maçom? 

É guardar consigo, não grandes segredos.

Mas o segredo da vida, ser feliz, amar ao próximo, lutar, vencer, sorrir e chorar e não tripudiar dos oprimidos, não blasfemar, não vilipendiar, não deixar de lapidar-se, aprender a praticar a iniciação em si mesmo dia após dia.



MANUSCRITO BARRET-HALLAM


O Museu da Maçonaria em Londres recebeu recentemente uma doação rara e valiosa: um novo manuscrito das Antigas Obrigações, agora batizado de "Manuscrito Barret-Hallam". Datado de 20 de julho de 1718, ele surge exatamente no período em que a Maçonaria deixava de ser operativa e assumia sua forma especulativa moderna.

Escrito por Joseph Hallam, escrivão paroquial de Mansfield, para um certo William Barret, o documento segue o formato clássico das Antigas Obrigações: oração inicial, lenda das sete artes liberais, história mítica da maçonaria e regras para lojas e aprendizes. O mais curioso? Hallam deixou seu nome e uma carta pessoal dentro do pergaminho!

Com quase 3,6 metros de comprimento, o rolo passou por um minucioso processo de restauração financiado pelo National Manuscripts Conservation Trust. O trabalho revelou inclusive o tipo de papel usado - com marca d'água holandesa - e vestígios de intervenções mal feitas ao longo dos séculos.

Agora restaurado, o manuscrito está disponível para consulta na Biblioteca do Museu. Pesquisadores o consideram uma peça-chave para entender o nascimento da Maçonaria moderna e suas ligações com as antigas tradições operativas. Uma nova publicação acadêmica sobre ele já está a caminho.

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