janeiro 31, 2023

PRESENÇA SEMITA NO NORDESTE - Jefferson Linconn




 Jefferson Linconn é Jornalista e presidente da Associação dos Judeus Sefarditas de Pernambuco.

Muito da Cultura, fala, indumentária, acessórios, gastronomia, religiosidade, etc., do homem sertanejo vem do mundo ibérico, de Sefarad, que é a Espanha, onde conviveram árabes, judeus e cristãos de modo um tanto pacífico por mais de 500 anos, antes até do descobrimento do Brasil.

No entanto, é sabido que 2/3 dos portugueses que vieram habitar o Brasil, durante o período do seu descobrimento, eram de judeus, judeus de origem Sefardita.

Portanto foram eles que trouxeram e em muito, esse amalgama de culturas e de tradições.

Basta olhar a própria figura de Luiz Gonzaga, onde, aliás, Gonzaga, essa própria palavra é uma corruptela de "esnoga" se desembaraçamos o verdadeiro sentido pretendido por trás daquilo que sempre por motivos de fuga ou de perseguição, é melhor esconder.

Chapéu com seis pontas, aboio, etc., Está tudo ali em Gonzaga mesmo. Só não consegue ver quem não quer ou, então, se desejar criar novas narrativas. 

Por exemplo, querendo forçar uma maior presença árabe no Nordeste do que essa mesma possibilidade chegasse a existir.

Pois, advindos esses conjuntos de repertórios linguísticos e sociais, portanto culturais, sobremodo pela chegada e por meio da presença dos cristãos -novos que, a partir de Pernambuco e da Bahia fizera-se adentrar os longínquos Sertões toda aquela gente da nação, os quais eram os antigos judeus Sefarditas que foram expulsos de Portugal e de Espanha, antes dos anos 1500.

De fato, reconhecida leva dessas imigrações na História, dos ibéricos ao Nordeste do Brasil, devido às intolerância e  perseguição da Igreja católica aos judeus, talvez como uma das mais duras faces daquela então denominada Diásporas Sefardita.

POLEMIZANDO - Newton Agrella



O vocábulo “polêmica” advém do grego “POLEMIKOS”, cujo  significado é agressivo, beligerante.

Referência etimológica ainda é feita ao substantivo “POLEMOS”, que por sua vez significa ‘guerra’, "luta".

O termo no entanto, ao longo do processo histórico da língua portuguesa ganhou num contexto mais atual, o significado de contenda, ou de provocação que possa resultar em conflito de idéias, disputas e divergências nos mais diversos territórios do intelecto.

Sejam na política, na filosofia, na religião, na arte, na literatura ou em qualquer outra atividade do pensamento humano.

Cabe contudo lembrar, que a "polêmica", por si só, não se constitui numa briga, ou em qualquer ato hostil ou violento.

Muito pelo contrário, seu exercício, via de regra, se traduz como um mecanismo, ou dispositivo intelectual, que de algum modo incita o avanço do conhecimento em cada respectiva área.

A polêmica impõe a prática da argumentação e contra-argumentação no campo das ideias. 

Ela estimula o raciocínio, instiga os debatedores, e é um combustível permanente para insuflar novos pontos de vista e perspectivas diante dos  temas que podem ser objeto de mudanças.

A polêmica não se sustenta apenas como mera retórica contestadora.

Ela deve trazer consigo um consistente conteúdo  de caráter dialético para que possa se instaurar num foro de debate substantivo.

A inócua citação : "...se hay gobierno soy contra..." - não encontra eco, se não se configurar como um legítimo fundamento para discussão.

A Maçonaria por exemplo, a cada pouco, é objeto de polêmicas, protagonizadas por seus próprios adeptos, que não raro, de maneira frágil e inconsistente, buscam reinventá-la ou imprimir-lhe mudanças, que a bem da verdade, na maioria das vezes, são passivas de seríssimas ponderações, para saber se merecem crédito ou não.

De qualquer forma, reconhecer que a Sublime Ordem, tem como objetivo estimular a Liberdade de Pensamento, isto por si , não é uma condição inequívoca para quebra de paradigmas, preceitos e princípios que fazem dela, uma instituição  perene e que subsiste até os nossos dias em razão da magnitude e consistência de todo seu arcabouço e de sua essência especulativa, intelectual e espiritual.



janeiro 30, 2023

MAÇONS QUE LEEM E MAÇONS QUE NÃO LEEM - Albert Mackey

 


“No entanto, nada é mais comum do que encontrar maçons que estão em trevas totais sobre tudo o que se relaciona com a Maçonaria. 

Eles são ignorantes de sua história – eles não sabem se é uma produção de cogumelos hoje, ou se remonta a idades remotas em sua origem. 

Eles não têm compreensão do significado esotérico de seus símbolos ou suas cerimônias, e dificilmente estão familiarizados com seus modos de reconhecimento. 

E, no entanto, nada é mais comum do que encontrar tais pseudossábios de posse de altos graus e às vezes honrados com assuntos elevados na ordem, presentes nas reuniões de lojas e capítulos, intermediando com o processo, tomando uma parte ativa em todas as discussões e teimosamente mantendo opiniões heterodoxas em oposição ao juízo de irmãos de maior conhecimento.”

Albert Mackey, 1875 - (Reading Masons and Masons Who Do Not Read)

AS AMIZADES - Sidnei Godinho



Após vencida a clausura imposta pela pandemia de covid-19, lembro que escrevi sobre retomar as tradições e fortalecer as amizades. 

Aproveito o misto ideal desses temas para reproduzir partes dos textos e concitar, mais uma vez, a louvar as Amizades e consagrar as Tradições, afinal para existirem precisam se repetir constantemente... 

Ainda esta semana foram diversas confraternizações sobre ascensão profissional de companheiros na empresa e por algumas vezes empreguei a máxima: "TRADIÇÃO MANTIDA", "FAMÍLIA 👪 OMNI SEMPRE UNIDA. 

Uma simples brincadeira no grupo chama a atenção para algo deveras importante na vida: "A Amizade". 

O bem estar que se tem quando se pode compartilhar, não apenas a alegria dos acertos, mas também a decepção das derrotas. 

O ser humana não foi concebido para estar só, tanto que o Criador logo percebeu que Adão precisava de companhia e lhe formou Eva, não apenas por mulher, mas por sua "Companheira". 

A Bíblia registra diversas passagens onde ressalta o valor que tem um Amigo:

_... Há Amigos que nos são mais chegados que irmãos... 

_... Um Amigo fiel é uma poderosa proteção, quem o achou, descobriu um tesouro... 

E ainda guardo as palavras de Jesus quando se refere aos seus discípulos de forma distinta, exaltando-os como Verdadeiros Amigos:

_..."Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. 

Em vez disso, eu os tenho chamado AMIGOS , porque tudo o que ouvi de meu Pai eu tornei conhecido a vocês"... 

Um Amigo é um irmão que se escolhe e um grupo de Amigos é uma nova FAMÍLIA que se forma pela afinidade, sinceridade e Lealdade com que se identificam. 

Como ouvi certa feita, "A verdadeira amizade consiste na cumplicidade de nossos acertos e na crítica construtiva de nossos erros, pois o verdadeiro amigo é aquele que aplaude o nosso sucesso e torce por nossa vitória. Entretanto, ele também participa das derrotas e está ao nosso lado nos apoiando nos momentos difíceis". (Iran Jacob) 

Sou grato a Deus por ter vocês como meus Amigos e que esta nossa Família cresça em Sabedoria e possa amadurecer e ser forte para que as brincadeiras nunca acabem, assim como o sentimento que nos une. 

Então não desperdice o momento que o seu DEUS lhe concede! 

Celebre a Vida, A Família, Os Amigos, Os Amores... 

E que assim nos permita o Criador... 🙏 



O MODERNO É SER ETERNO - Roberto Ribeiro Reis



A ᴅᴇsᴘᴇɪᴛᴏ ᴅᴏ ᴍᴜɴᴅᴏ ᴇᴍ ᴄᴏɴsᴛᴀɴᴛᴇ ᴅᴇᴄᴀᴅᴇ̂ɴᴄɪᴀ, ᴏɴᴅᴇ ᴠᴀʟᴏʀᴇs ᴇ ᴘʀɪɴᴄɪ́ᴘɪᴏs ᴍᴏʀᴀɪs ᴛᴇ̂ᴍ sᴇ ᴇsᴠᴀᴇᴄɪᴅᴏ, sᴜʙsᴛᴀɴᴄɪᴀʟᴍᴇɴᴛᴇ, ᴏ ʜᴏᴍᴇᴍ ᴀɪɴᴅᴀ ᴘʟᴇɪᴛᴇɪᴀ sᴇᴜ ʟᴜɢᴀʀ ᴊᴜɴᴛᴏ ᴀ Dᴇᴜs.

Pᴀʀᴀ ᴇʟᴇ, ɴᴀ̃ᴏ ɪᴍᴘᴏʀᴛᴀ sᴇ sᴇᴜ ᴍᴏᴅᴜs ᴏᴘᴇʀᴀɴᴅɪ ɴᴀ̃ᴏ ᴇsᴛᴇᴊᴀ ᴇᴍ ᴄᴏɴsᴏɴᴀ̂ɴᴄɪᴀ ᴀ ғɪᴍ ᴅᴇ ᴀᴛɪɴɢɪʀ ᴇssᴇ ᴅᴇsɪᴅᴇʀᴀᴛᴏ; ᴏᴜ sᴇᴊᴀ, ᴏ ʜᴏᴍᴇᴍ ᴘᴏᴅᴇ ᴄᴏɴᴛɪɴᴜᴀʀ ᴛʀᴀɴsɢʀᴇᴅɪɴᴅᴏ ᴍᴀɴᴅᴀᴍᴇɴᴛᴏs ʙᴀ́sɪᴄᴏs – sᴏʙᴇᴊᴀᴍᴇɴᴛᴇ  ᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴅᴏs - ᴇ, ᴀɪɴᴅᴀ ᴀssɪᴍ, sᴇɴᴛᴇ-sᴇ ᴍᴇʀᴇᴄᴇᴅᴏʀ ᴅᴇ ᴇsᴛᴀʙᴇʟᴇᴄᴇʀ ᴇssᴇ ᴄᴏɴᴛᴀᴛᴏ/ᴄᴏɴᴇxᴀ̃ᴏ ᴄᴏᴍ ᴏ sᴀɢʀᴀᴅᴏ.

Nᴇssᴇ ᴅɪᴀᴘᴀsᴀ̃ᴏ, ᴛᴇᴍᴏs ᴀᴘʀᴇɴᴅɪᴅᴏ ᴇ ᴀᴘʀᴇᴇɴᴅɪᴅᴏ ᴄᴏᴍ ᴀ Sᴜʙʟɪᴍᴇ Oʀᴅᴇᴍ ϙᴜᴇ ᴛᴇᴍᴏs ᴀ ᴘᴏssɪʙɪʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴇ ᴇsᴛᴀʀᴍᴏs ᴇᴍ sɪɴᴛᴏɴɪᴀ ᴄᴏᴍ ᴏ Eᴛᴇʀɴᴏ, ᴄᴏɴϙᴜᴀɴᴛᴏ ᴇᴅɪғɪϙᴜᴇᴍᴏs ɴᴏssᴏ Tᴇᴍᴘʟᴏ Iɴᴛᴇʀɪᴏʀ, ᴀʟɪᴄᴇʀᴄ̧ᴀɴᴅᴏ sᴜᴀs ʙᴀsᴇs ᴄᴏᴍ Sᴀʙᴇᴅᴏʀɪᴀ, Fᴏʀᴄ̧ᴀ ᴇ Bᴇʟᴇᴢᴀ.

Cᴏᴍ ᴇғᴇɪᴛᴏ, ɴᴇssᴀ ᴘᴇʀsᴇᴄᴜᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅɪᴜᴛᴜʀɴᴀ ᴘᴇʟᴏ ᴀᴘʀɪᴍᴏʀᴀᴍᴇɴᴛᴏ ᴍᴏʀᴀʟ ᴇ ɪɴᴛᴇʟᴇᴄᴛᴜᴀʟ, ɴᴀ̃ᴏ sᴏᴍᴏs  ᴄᴏᴀɢɪᴅᴏs ᴏᴜ ɪᴍᴘᴇʟɪᴅᴏs ᴘᴏʀ  ᴅᴏɢᴍᴀs ᴏᴜ ϙᴜᴀɪsϙᴜᴇʀ ᴛɪᴘᴏs ᴅᴇ sᴇᴄᴛᴀʀɪsᴍᴏs ɪᴅᴇᴏʟᴏ́ɢɪᴄᴏs ᴏᴜ ʀᴇʟɪɢɪᴏsᴏs; ᴏ ϙᴜᴇ ɴᴏs ᴅɪʀᴇᴄɪᴏɴᴀ – ᴇ ғᴀᴢ ᴅᴇ ɴᴏssᴀ Iɴsᴛɪᴛᴜɪᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴀ ᴍᴀɪs Lɪᴠʀᴇ ᴅᴇ ᴛᴏᴅᴀs – ᴇ́ ᴏ ɴᴏssᴏ ʟɪᴠʀᴇ ᴀʀʙɪ́ᴛʀɪᴏ.

Nᴇssᴇ ᴍᴏᴍᴇɴᴛᴏ,sᴏᴍᴏs ᴄᴏʟᴏᴄᴀᴅᴏs ᴅɪᴀɴᴛᴇ ᴅᴏ ᴘᴀᴠɪᴍᴇɴᴛᴏ ᴍᴏsᴀɪᴄᴏ - ϙᴜᴇ ʀᴇᴘʀᴇsᴇɴᴛᴀ ᴀ ɴᴏssᴀ ᴄᴏɴsᴄɪᴇ̂ɴᴄɪᴀ – ᴏᴄᴀsɪᴀ̃ᴏ ᴇᴍ ϙᴜᴇ ᴘᴏᴅᴇᴍᴏs ᴏᴘᴛᴀʀ ᴘᴇʟᴏ ᴄᴀᴍɪɴʜᴏ ᴇsᴛʀᴇɪᴛᴏ ᴇ ғᴀ́ᴄɪʟ, ᴏᴜ ɴᴏs ᴇɴᴠᴇʀᴇᴅᴀʀᴍᴏs ᴘᴇʟᴀ ᴠɪᴀ ϙᴜᴇ ɴᴏs ᴇɴsᴇᴊᴇ ᴀ ᴇʟᴇᴠᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴇsᴘɪʀɪᴛᴜᴀʟ.

Sᴏᴍᴏs ʟɪᴠʀᴇs ᴘᴇɴsᴀᴅᴏʀᴇs ᴇ, ʀᴇᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴅᴏs ᴄᴏᴍᴏ ᴛᴀʟ, ᴛᴇᴍᴏs ᴀ ᴏʙʀɪɢᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴄᴏɴsᴛᴀɴᴛᴇ ᴅᴇ ᴘʀᴏᴍᴏᴠᴇʀᴍᴏs ɴᴏssᴏ ᴘʀᴏɢʀᴇssᴏ, ᴅᴇɴᴛʀᴏ ᴅᴏs ᴛᴇᴍᴘʟᴏs ғɪ́sɪᴄᴏ ᴇ ᴇsᴘɪʀɪᴛᴜᴀʟ ᴇ, ᴄᴏɴsᴇϙᴜᴇɴᴛᴇᴍᴇɴᴛᴇ, ᴄᴏʟᴏᴄᴀʀᴍᴏs ɴᴏssᴏ ᴀᴘʀᴇɴᴅɪᴢᴀᴅᴏ ᴇᴍ ᴘʀᴀ́ᴛɪᴄᴀ ɴᴏ ᴍᴜɴᴅᴏ ᴘʀᴏғᴀɴᴏ.

E, ᴘᴏʀ ᴍᴀɪs ϙᴜᴇ ᴏ ᴠᴜʟɢᴏ ɴᴏs ᴇxᴏʀᴛᴇ ᴀ sᴇʀᴍᴏs ʙᴀɴᴀɪs ᴘᴇᴄᴀᴅᴏʀᴇs, ᴇ ʟɪɢᴀᴅᴏs ᴀ̀s ғʀɪᴠᴏʟɪᴅᴀᴅᴇs ᴍᴜɴᴅᴀɴᴀs, ᴄᴏᴍᴏ sᴇ ᴀ ᴠɪᴅᴀ sᴇ ᴇxᴀᴜʀɪssᴇ ɴᴇssᴇ ᴘʟᴀɴᴏ ᴅᴇɴsᴏ ᴅᴀ ᴍᴀᴛᴇ́ʀɪᴀ, ᴊᴀᴍᴀɪs ɴᴏs ᴏʟᴠɪᴅᴇᴍᴏs ᴅᴇ ɴᴏssᴀ  ᴏʀɪɢᴇᴍ, ᴅᴏs ᴘʀɪᴍᴏ́ʀᴅɪᴏs ᴅᴀ ᴄʀɪᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ, ʟᴇᴍʙʀᴀɴᴅᴏ-ɴᴏs sᴇᴍᴘʀᴇ ᴅᴇ ϙᴜᴇ: ᴏ ᴍᴏᴅᴇʀɴᴏ ᴇ́ sᴇʀ Eᴛᴇʀɴᴏ!





janeiro 29, 2023

A REFLEXÃO E A TRANSFORMAÇÃO - Eduardo Mahon



Lendo os documentos oficiais e reconhecidos como válidos da antiga Maçonaria inglesa e francesa, percebemos a simplicidade dos ritos de lojas independentes paulatinamente sendo sufocado pela pompa de obediências das mais diversas.

As reuniões davam-se em tavernas, alugadas para a sessão.

Os símbolos eram desenhados no chão e nas paredes.

As comemorações seguiam-se ao encerramento ritualístico.

A iniciação resumia-se a um conjunto de fórmulas básicas.

Os painéis do grau eram, na verdade, pedaços de couro adornado pelos irmãos mais habilidosos, assim como a habilidade era o prumo para o ingresso na Ordem.

Na verdade, a instituição nasceu pobre e não se dava com dignidades e com a nobiliarquia que, progressivamente, foi incorporada às associações operativas.

Evidentemente, os "aceitos" introduziram uma gama de conhecimentos de origens mais diversas, confundindo o conhecimento essencialmente maçônico com tantas culturas transportadas para as Lojas, o que não pode ser considerado negativo.

Todavia, surgiu daí as mais insólitas interpretações sobre paradigmas simbólicos que deveriam, por obrigação, ser muito simples.

Esse ocultismo inculcado no imaginário europeu ganhou ainda mais força com o estabelecimento das obediências.

Deve-se rememorar que a Ordem, com seus séculos, nunca contou com Orientes centralizadores, cabalando irmãos nas localidades de forma primitiva.

Contudo, tantos Supremos Conselhos, Consistórios, e outras pequenas e grandes burocracias contribuíram por distanciar as origens dos maçons operativos, enevoando as mentes com as insígnias mais do que a finalidade última da instituição.

O grau de mestre, os graus superiores ou filosóficos, os ritos antigos e aceitos, são inovações no final de contas.

Mas o que mais chama atenção nesse mar de vaidades é o reconhecimento.

Antigamente, falar-se em reconhecimento era desconsiderar completamente a irmandade maçônica.

Hoje, o reconhecimento interno e externo fala mais alto do que o conhecimento havido pelo iniciado.

Não importa saber o que o irmão sabe, pensa, sente e externa, mas sim se a potência é ou não licenciada conforme preceitua o órgão expedidor de certificação.

Toda aquela burocracia que sufocava instituições decadentes, das quais a Maçonaria sempre se destacou, agora insiste por afogar a própria Ordem.

O objetivo dessa humilde prancha é chamar atenção de todos pela necessidade de despir-se de vaidades, de formalidades, de verdades estabelecidas em prol do resgate das práticas tão especiais que caracterizam a Arte Real. 

Humildade para reconhecer o saber alheio, para aprender conjuntamente, para não tolher o crescimento do irmão, para reconhecer como irmão quem foi iniciado, para acolher em Loja qualquer que se mostrar maçom, para abandonar os símbolos externos e internalizar o conhecimento nas atitudes do dia-a-dia.

Não gostaria de admitir a Maçonaria como trincheira para nobres, aburguesados, ou qualquer reunião que exclua os talentos de cada irmão.

Nossa Ordem não pode se pautar pela aristocracia tão cara a Templos caiados de pompa.

Não quero encontrar mestres, soberanos, ilustríssimos, sereníssimos, poderosos, sapientíssimos, quero conhecer irmãos simplesmente, porque acredito que quanto maior o mestre, menor deverá parecer.

Mas irmãos de fé, de fato e de direito, este que é filho único na família profana.

Quero sentir Maçonaria e não decorar fórmulas vazias.

Estamos irmanados para a edificação que permita a todos nossos queridos irmãos terem um refúgio, um porto seguro, braços estendidos, acolhida confortável com o carinho que os irmãos merecem.

Maçonaria se resume em AÇÃO e não em Títulos e Honrarias que deveriam ser abolidos por nunca terem existidos na concepção primaz dos Operativos.

Mais HUMILDADE.

Menos VAIDADES... 



DIÓGENES, O CÍNICO — Alessander Raker Stehling


    Diógenes, o Cínico (413 a.C. - 323 a.C.) é muito conhecido por sua vida simples, sendo retratado em muitas ilustrações como um “mendigo” vivendo em um barril. Ele rejeitou as convenções sociais, o acúmulo de bens materiais, e foi grande defensor da autossuficiência, independência e vida simples: focada na virtude e necessidades humanas. Foi grande influenciador de Michel de Montaigne e do filósofo alemão Friedrich Nietzsche — só aí já percebemos a importância deste grande pensador. 

    É dele o aforismo: “O silêncio é a maior virtude do homem.”, frase essa que gostaria de refletir — em outro contexto — com você (leitor). Percebemos que Diógenes dá grande importância ao silêncio, sendo assim, podemos nos perguntar: por que o silêncio é tão valioso?

    Mário Sérgio Cortella fala sobre a importância de se deixar um legado, uma obra no mundo. Indiferente do seu desejo de produzir ou não uma obra para a posteridade, creio que identifique a importância de realizar alguma tarefa, criar algo — nem que seja para ganhar algum dinheiro. 

    Não raro encontramos pessoas que dizem: “Eu vou fazer isso amanhã.”, ou, “Eu posso fazer isso mais tarde.”, esse adiamento de tarefas importantes é algo comum ao ser humano, chamado de procrastinação. Entretanto, notamos que as mesmas pessoas que dizem as frases acima — talvez nos incluamos — gastam o próprio tempo fazendo coisas sem importância: navegando em mídias sociais, assistindo vídeos adoidado, ou batendo papo sem propósito algum. É claro que essas coisas têm importância, mas muitos ficam presos nelas, de tal forma que não conseguem realizar nada daquilo que planejaram. 

    Notamos nisso um problema comum a todos, o excesso de estímulos (informações e distrações). E o remédio para ele também podemos encontrar: o silêncio. Neste sentido, a frase de Diógenes acima cai como luva. 

    O silêncio é de grande importância para quem quer criar/realizar alguma tarefa, pois ele nos leva à reflexão e introspecção, permitindo que acessemos pensamentos e emoções profundas que alimentarão nossa criatividade, fazendo com que concretizemos nossas intenções. É impossível imaginar alguém escrevendo um livro de fantasia em meio a um show de rock, ou um poeta acessando suas emoções ao mesmo tempo em que é interrompido pelos “sininhos” constantes das notificações do seu celular. A fórmula é simples: toda criação exige concentração, e o barulho — interno e externo — atrapalha o foco. 

    E já que falamos em barulho interno, não podemos negar que esse é o mais complicado de silenciarmos. Uma TV ou celular podemos desligar, porém, como calar o “grito” de uma mente inquieta e ansiosa? Eu, particularmente, gosto de músicas calmas (clássicas e jazz), meditação mindfulness (diariamente) e técnicas de respiração profunda. Tudo isso me permite ser influenciado pelo inconsciente, que é onde encontramos as melhores inspirações para todos os tipos de arte. Entretanto, isso não serve para todos, cabendo a você encontrar aquilo que te deixa mais concentrado e focado. 

    Concluímos que, se quisermos realizar grandes obras, temos de dar atenção ao aforismo de Diógenes, digo, valorizarmos o silêncio. Tal conselho talvez seja mais importante hoje que em sua época, devido a termos mais estímulos e consequentemente mais distrações. Sem essa atenção, talvez nos arrependamos, ao constatarmos — em idade avançada — que não produzimos nada daquilo que desejávamos. Isso talvez amplie o sentimento de vazio e fracasso, comuns a muitos da nossa espécie.



janeiro 28, 2023

ÁGAPE - Rui Bandeira



O termo "ágape" define como sendo a refeição tomada em conjunto por maçons, em regra depois, ou imediatamente antes, das reuniões de Loja.

Em circunstâncias ideais, as instalações onde decorrem reuniões de Lojas devem estar preparadas para ter uma sala, de tamanho adequado e devidamente mobilada, onde possa ser servida e consumida a refeição, e ainda local para a confecção desta.

Durante um ágape, são efetuados pelo menos sete brindes, dedicados ao Presidente da República, a todos os Chefes de Estado que protegem a Maçonaria, ao Grão-Mestre, ao Venerável Mestre da Loja, aos demais Oficiais da Loja, aos Visitantes (ou, nos ágapes brancos, às senhoras presentes) e a todos os Maçons, onde quer que se encontrem.

O ágape branco é um ágape em que estão presentes não maçons, em regra familiares e amigos. No ágape branco, o cerimonial é aligeirado ao mínimo, mantendo-se apenas os brindes.

O ágape ritual é considerado o prolongamento dos trabalhos em Loja. Nele, os Aprendizes e Companheiros têm oportunidade de exprimir as suas opiniões, relativamente aos assuntos debatidos em Loja (já que, em sessão de Loja, os Aprendizes e Companheiros devem observar a regra do silêncio, para mais concentradamente poderem dedicar a sua atenção ao que vêm e ouvem) ou colocados em discussão no próprio ágape.

Quando existem condições de privacidade que o permitam, o Venerável Mestre, no início do ágape, informa qual o tema sobre o qual todos os elementos presentes devem emitir as suas considerações, pela forma que entenderem. Seguidamente, cada um dos elementos presentes deve, à vez, levantar-se, apresentar-se e proferir uma alocução breve sobre o tema indicado. Esta rotina possibilita o melhor conhecimento mútuo de todos os membros de uma Loja (pois cada um expõe, em plena liberdade e perante a atenção silenciosa dos demais os seus pontos de vista), facilita a integração dos membros mais recentes (que verificam a prática da igualdade entre maçons e a aceitação das diferenças de opinião entre eles) e contribui para a superação do receio de falar em público de que sofrem algumas pessoas.

Quando existem condições para a refeição ser preparada e consumida nas instalações da Loja, por regra é nomeado um elemento da Loja, que fica com a responsabilidade de dirigir a preparação da refeição e do local onde a mesma vai ser consumida.

Quando não existem as condições de privacidade entendidas necessárias, o ritual do ágape reduz-se aos brindes ou é, mesmo, eliminado, servindo a refeição apenas (e já é bom!) para possibilitar a sã convivência entre os elementos da Loja.

Os ágapes em muito contribuem para a criação e o fortalecimento dos laços de amizade e solidariedade entre os maçons.


LÊNIN E A MAÇONARIA - Prof. Gabriel Campos de Oliveira








“Ainda não é possível determinar se Lênin já era maçom na década de 1890, mas ele trabalhava da mesma forma que os grupos subversivos. Os Illuminati, o Grande Oriente, a B'nai B'rith (Filhos da Aliança) e outras lojas maçônicas estavam interessados em agitar os trabalhadores para o alcance de certos objetivos “úteis”.

Importa destacar que Lênin e seus carrascos não trabalhavam para viver. Eles podiam se permitir viagens pela Europa (então mais caras do que em nossos dias) e viver luxuosamente. Esses revolucionários profissionais tinham apenas uma tarefa – agitar os trabalhadores. As atividades posteriores de Lênin mostram claramente como ele seguia a linha de Adam Weishaupt.

Várias fontes revelam que Lênin tornou-se um maçom quando viveu no exterior em 1908. Uma dessas fontes é uma investigação completa: “Da Maçonaria no Exílio Russo” de Nikolai Svitkov, publicado em Paris em 1932. Segundo Svitkov, os mais importantes maçons da Rússia eram Vladimir Ulyanov - Lênin, Leon Trotsky (Leiba Bronstein), Grigori Zinoviev (Gerson Radomyslsky), Leon Kamenev (na verdade Leiba Rosenfeld), Karl Radek (Tobiach Sobelsohn), Maxim Litvinov (Meyer Hennokh Wallakh), Yakov Sverdlov (Yankel-Aaron Solomon), L. Martov (Yuli Zederbaum) e Maxim Gorky (Alexei Peshkov), entre outros.

De acordo com o cientista político austríaco Karl Steinhauser, em sua obra “EG - Die Super-UdSSR von Morgen" ("União Européia – A Super União Soviética do Futuro”, Viena, 1992, p. 192), Lênin pertencia à loja maçônica Art et Travail (Arte e Trabalho). O famoso político britânico, Winston Churchill, também confirmou que Lênin e Trotsky pertenciam ao círculo dos conspiradores maçônicos e iluministas (Illustrated Sunday Herald, 8 de fevereiro de 1920).

Lênin, Zinoviev, Radek e Sverdlov também pertenciam à B'nai B'rith. Pesquisadores especialistas nas atividades da B'nai B'rith, como Schwartz-Bostunich, confirmam essa informação (Viktor Ostretsov, "Maçonaria, Cultura e História Russa", Moscou, 1999, pp. 582-583).

Lênin era um maçom de 31º grau (Grand Inspecteur Inquisiteur Commandeur) e membro da loja Art et Travail na Suíça e na França (Oleg Platonov, "A Coroa de Espinhos da Rússia: A História Secreta da Maçonaria", Moscou, 2000, parte II, p. 417). Quando Lênin visitou o quartel-general do Grande Oriente na Rue Cadet em Paris, ele assinou o livro de visitantes (Viktor Kuznetsov, "O Segredo do Golpe de Outubro", São Petersburgo, 2001, p. 42).

Junto com Trotsky, Lênin participou da Conferência Maçônica Internacional de Copenhague em 1910 (Franz Weissin, "Der Weg zum Sozialismus"/"O Caminho para o Socialismo", Munique, 1930, p. 9). A socialização da Europa estava na agenda.

Alexander Galpern, então secretário do Supremo Conselho Maçônico, confirmou em 1916 que havia bolchevistas entre os maçons. Posso ainda mencionar Nikolai Sukhanov (na verdade Himmer) e N. Sokolov. Segundo o testemunho de Galpern, os maçons também ajudaram Lênin financeiramente em sua atividade revolucionária. Isso foi comprovado por um conhecido maçom, Grigori Aronson, em seu artigo “Maçons na Política Russa”, publicado em Novoye Russkoye Slovo (New York, 8-12 de outubro de 1959). O historiador Boris Nikolayevsky também menciona isso em seu livro “Os Maçons Russos e a Revolução” (Moscou, 1990).

Em 1914, dois bolchevistas, Ivan Skvortsov-Stepanov e Grigori Petrovsky, contactaram o maçom Alexander Konovalov para obter ajuda econômica. Este se tornou um ministro durante o Governo Provisório.

A Rádio Rússia também falou sobre as atividades de Lênin como maçom em 12 de agosto de 1991.”

(Jüri Lina, Under the Sign of the Scorpion)

Fonte: speminaliumnunquam.blogspot.

janeiro 27, 2023

DIA DO HOLOCAUSTO

 

    Todos os anos, no dia de 27 de janeiro, a UNESCO presta homenagem à memória das vítimas do Holocausto e reafirma seu compromisso inabalável de combater o antissemitismo, o racismo e outras formas de intolerância que podem levar à violência contra grupos específicos.

     A data marca o aniversário da libertação pelas tropas soviéticas do Campo de Concentração e Extermínio Nazista de Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945. 

    O Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto foi proclamado oficialmente pela Assembleia Geral das Nações Unidas em  novembro de 2005.

    O Holocausto afetou profundamente os países nos quais os crimes nazistas foram perpetrados, com implicações e consequências universais em muitas outras partes do mundo. 

    Os Estados membros compartilham a responsabilidade coletiva de lidar com o trauma residual ao manter políticas eficazes para lembrança dos acontecimentos, ao cuidar de locais históricos e ao promover educação, documentação e pesquisa

A QUESTÃO DO USO - Heitor Rodrigues Freire


Desde o princípio, tudo que existe já foi criado. Já é.

O que acontece é que o conhecimento de tudo foi sendo paulatinamente apreendido pelo ser humano. O ser humano é um ser em construção. Na medida em que cada um se conscientizar disso de forma continuada, estando presente, a coisa muda, porque começa o aprendizado.

O homem foi dotado por Deus de muitos atributos para se desenvolver e contribuir com sua inteligência, capacidade e compromisso com a evolução da humanidade, como a consciência e o discernimento. Os demais foram sendo adquiridos, como a fé, a esperança, o amor, a gratidão, o desapego, a vontade.

A fé, que não é crença, é fidelidade, deve, naturalmente, ser confirmada pela coerência entre o que se diz e o que se faz. Caso contrário, ela não faz sentido. A esperança – que não morre nunca –, é o fator de alimentação permanente da fé.

De um modo geral as pessoas procuram algo grandioso, algo espetacular, e não enxergam o óbvio. É preciso ver o óbvio e nele descobrir as nossas raízes, usando o discernimento – o primeiro passo na evolução espiritual – para encontrar o sentido daquilo que parece complexo, mas, que na realidade, é simples. E para isso é necessário entender que a pressa, a preguiça e a pressão, associadas à arrogância e ao interesse, não nos levam a lugar nenhum, pelo contrário. O óbvio é viver no presente, sem nos preocupar com o passado e sem temer o futuro, porque este é construído a partir do agora. O óbvio é a simplicidade, gerando o despertar da consciência.

Outro ponto a destacar e que é fundamental é o cumprimento daquilo que se prometeu. Ninguém é obrigado a se comprometer, mas feito isso, obriga-se pela palavra ao seu cumprimento.

A partir do momento em que se entende o poder e o significado da palavra, se sente, inicialmente, uma frustração decorrente do tempo desperdiçado e que não volta, mas quando se compreende verdadeiramente, podemos dizer à semelhança de Chico Xavier: “Não podemos mudar o começo, mas podemos fazer um novo fim”.

O amor, também como descoberta, é a maior força do universo. Ou seja, em outras palavras, o coração (sentimento) é muito mais forte do que o pensamento. E na medida em que aprendermos a usar a energia do coração, poderemos conquistar tudo o que quisermos.

Durante muito tempo houve a prevalência do pensamento sobre o sentimento, ou da razão sobre a emoção. Quando se entende isso, ou seja, a prevalência do sentimento, do amor, sobre o pensamento, tudo começa a mudar.

O coração, o altar da consciência, é o principal gerador de campos elétricos e magnéticos do corpo humano: é milhares de vezes mais poderoso do que o cérebro, ou seja, o amor é a força mais poderosa do universo. Os monges, nos mosteiros do Tibete, confirmam isso, que descobriram há milênios. A manifestação do amor nos conduz à gratidão.

Assim chegamos à conclusão de que o sentimento é mais forte e importante do que o pensamento. Agora, quando a isso se acrescenta a vontade – mais uma descoberta –, esta faz com que o sentimento e o pensamento atuem de forma trina, conjunta, sistemática e contínua.

O ser humano começa a despertar e a se conhecer, aprendendo a utilizar todos os mecanismos que o Pai Altíssimo colocou a seu dispor desde o princípio.

Tudo vai depender do que se aprende, e, principalmente, do que se entende e se pratica, da continuidade, porque sem continuidade não há progresso permanente e eterno, o que acaba gerando uma transformação no ser. E leva ao desapego, à libertação de tudo.

No meio de tudo isso, temos que vencer o ego que, teimosamente, coloca dúvida em tudo, exatamente para nos tirar do caminho da evolução, gerando a preocupação com a falha, criando uma insegurança que, muitas vezes, acaba prevalecendo, colocando todo o trabalho anterior em perda.

Assim, se não colocarmos em uso o que aprendemos, de nada adiantará todo o esforço realizado. 

A lei de uso determina que o conhecimento e a riqueza devem circular. É uma lei cósmica eterna e permanente. Essa lei foi postulada por Hermes Trismegisto, que viveu no Egito Antigo e legou para a humanidade todo um conjunto de conhecimento e sabedoria. 

Enfim, sabendo usar, não vai faltar!


A DUALIDADE DAS COISAS - Newton Agrella


Como definição clássica sabemos que a Dualidade é a propriedade ou caráter do que é duplo, do que é dual, ou que contém em si duas naturezas, duas substâncias ou dois princípios.

Assim sendo, podemos inferir os seguintes lados das coisas:

O universo é masculino.

A universalidade é feminina.

O bem e o mal são masculinos.

A bondade e a maldade são femininas.

Dentre as infinitas conjecturas  formais que compõem a alma humana, a Vida nos coloca diante de incontáveis  dicotomias.

O raciocínio e a emoção.

A sabedoria e o conhecimento.

A matéria e o espírito.

Essa Dualidade que atrai e separa é o que faz o ser humano tão perfeito em sua imperfeição.

O processo de evolução é infinito, mas nossa existência física conhece um fim que nos impede até segunda ordem, de interpretar o que vem adiante.

Toda tentativa de aperfeiçoamento esbarra em obstáculos que lemos como um ponto de interrogação.

O amanhã que será um hoje, logo após um sinal do tempo se tornará ontem.  

E nem por isso deixamos de cultuar o Tempo como o senhor dos nossos destinos.

Hoje, Amanhã ou Ontem terão sempre o mesmo valor cíclico, porque o universo que nos circunda e a universalidade que nos contém são rigorosamente únicas em nosso Pensamento.


QUANDO COMEÇA A INICIAÇÃO? - Sérgio Quirino Guimarães









O homem desde os primórdios da criação de sociedades que uniam pessoas com o mesmo propósito, criou cerimônias para a introdução de um novo membro em seu quadro de associados. Estas cerimônias visam além de apresentar o novo membro, passar para ele os princípios, a cultura e as diretrizes do grupo que agora ele fará parte.

Como exemplos temos o batismo (iniciação à cultura religiosa), casamento (iniciação à vida conjugal), formatura (iniciação à vida profissional) e na Maçonaria temos a Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom.

A Sessão Magna de Iniciação tem a função de "Rito de Passagem", onde o candidato deverá passar por atividades que lhe causem mudanças de estado moral e espiritual, deixando para trás o mundo profano e entrando em sintonia com os preceitos da Sublime Ordem.

Para que isto ocorra é mister que toda a Oficina esteja preparada para a grandiosidade da sessão; recordemos que o candidato terá apenas três sentidos para captar todas as mensagens subliminares que serão passadas. É importantíssimo a teatralidade, é pelo drama ritualístico que marcaremos no âmago do ser valores que às vezes conscientemente ele não captou, mas seu espírito e alma também foram iniciados.

A iniciação não começa após a abertura dos trabalhos pelo Venerável Mestre, cabe ao padrinho preparar o afilhado com antecedência. A Maçonaria é envolta de mil crendices que atrapalham em muito o relaxamento e a estabilidade emocional do candidato, é função do padrinho esclarecer todas as dúvidas, ele não pode contar o que acontece na sessão, mas deve dizer o que não acontece.

Também deve o padrinho procurar saber como anda a saúde do candidato e suas condições físicas, exemplo: hipoglicemia (lembremos que ele vai ficar horas sem se alimentar); labirintite (ele pode perder o equilíbrio conforme o movimento que for feito com ele), artrites ou cirurgias que o impeça de fazer alguma coisa; tudo isto deve ser levado à Loja para que haja a devida adaptação na ritualística e não quebre a egrégora formada.

Cabe também ao padrinho alertar ao candidato que ele deve cuidar da higiene do corpo; já presenciei uma iniciação em que o candidato estava profundamente constrangido por conta do tamanho das unhas do pé, ele ficou mais preocupado em esconder o pé do que ouvir o ritual.

Na noite que antecede a reunião, deve o candidato antes de deitar fazer suas orações e agradecer pelos dias já vividos, pois na noite da iniciação antes de se deitar ele deve ter em seu interior a paz e a felicidade para orar pedindo muitos dias de vida para colaborar na obra do GADU, pois a ele foi revelado a V∴L∴.

A intenção deste pequeno artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma pesquisa e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se, todos nós somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

janeiro 26, 2023

INICIADO E NÃO INICIADO - Adilson Zotovici


Há um ato alvissareiro

Ufano e Consagrado

Que se entrega por inteiro

O profano convidado


Que levado ao canteiro

Por um bom irmão guiado

Livrado do seu cativeiro

De “iniciação” chamado


Nessa sessão, que um luzeiro,

Com decisão revelado

Ao novo pulcro cavaleiro

D’Arte Real fulcro velado


Inda assim há o interesseiro

Que diverge do interessado

Converge a infiel escudeiro

Que não entendeu o jurado


Desobrigado, fiteiro

Mas pelo processo passado

Qual jamais será obreiro

Vez que a Luz não alcançado


Surge então mau companheiro

Na ocasião dissimulado

Que se diz livre pedreiro

Mas um infeliz.. ”não iniciado” !



janeiro 25, 2023

ACORDEMOS IRMÃOS - anonimo



O silêncio sepulcral na sala dos passos perdidos intriga o Mestre de Cerimônias:

- Já é meio dia em ponto. É hora de iniciarmos nossos trabalhos. Onde estarão os irmãos? Talvez seja meia noite, vou bater maçonicamente à porta do templo…

Ao levantar a espada para dar as pancadas na porta, de súbito começam a cair os quadros da galeria de ex-veneráveis, o chão treme, os lustres balançam, as luzes piscam e a porta do templo se abre num rangido.

Assustado, o Mestre de Cerimônias olha o interior do templo e, incrédulo, vê o pavimento mosaico com uma enorme rachadura. Através dela brota um homem magro, bigode retorcido, nariz adunco, olhar brilhante, face pálida e lábios arroxeados: sintomas típicos da anoxia crônica provocada pela tísica que lhe consumia os pulmões.

O Mestre de Cerimônias reconhece o grande poeta, mas antes que pudesse pedir-lhe um autógrafo para seus filhos, é interrompido por ele. O baiano Castro Alves, poeta dos escravos, o mais entusiasta dos abolicionistas, estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, amante apaixonado da atriz Eugênia Câmara, coloca-se à ordem (apesar das dificuldades pela falta de seu pé direito amputado) e brada:

- GADU! ó GADU! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes?

Embuçado nos céus?

Mas não consegue concluir a declamação do seu tão famoso poema “Vozes D´África” porque surge das entranhas do templo D. Pedro I, interrompendo o poeta aos gritos:

- Se a Maçonaria quer que eu fique, diga a todos que FICO.. Fico e grito: “Independência ou morte!!”.

E agora que sou defensor perpétuo e Imperador do Brasil, quero ser eleito Grão Mestre da Ordem e compor o hino da Maçonaria. Onde o estão o Ledo e o Bonifácio?

- O Irmão Gonçalves Ledo está na Primeira Vigilância e o Irmão José Bonifácio, no Oriente, na cadeira do Venerável ; diz o Mestre de Cerimônias.

- Chame os irmãos! Revista-os com suas insígnias, pois vou iniciar os trabalhos. E seja rápido, senão eu fecho essa bodega e a transformo num palácio para minha marquesa; ordena o Imperador, dirigindo-se ao trono de Salomão enquanto os irmãos Ledo e Bonifácio se agridem em defesa, respectivamente, da República e da Monarquia.

Já assustado, e temente que o Grão Mestre-Venerável-Imperador-Compositor cumpra a promessa, o Mestre de Cerimônias olha através da rachadura no pavimento mosaico e grita aos irmãos.

Logo sobe, cambaleante, o Irmão Jânio Quadros.

Cabelos em desalinho, óculos de tartaruga em assimetria, coloca-se à ordem com os pés trocados e pergunta:

- Quando começa o Copo D’água?

- Calma, Jânio… Por que você bebe tanto?

- Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia.

- Você precisa renunciar a este vício, Irmão Jânio…. E, por falar em renunciar, por que você renunciou?

- Fi–lo porque qui-lo e também por conta das forças ocultas.

!!!!!! Malheta o Imperador.

- Componha rápido esta Loja, Irmão Mestre de Cerimônias. Chame o Rui para a oratória.

- Já estou aqui, Venerável Mestre. Acabei de chegar da Holanda. O irmão Paranhos Jr., “Barão do Rio Branco”, enviou-me para representar o Brasil na Conferência de Haia. Fiz sucesso. Estão até me chamando de “O Águia de Haia”. Mas não é a nossa “Águia bicéfala”, é “Águia macrocéfala”.

- E viva a República!!

- Viva a Monarquia!!

- Cale a boca, Bonifácio, senão eu lhe deporto!; ameaça D. Pedro.

- Isto aqui está muito bagunçado. Coloquem uma música na harmonia!

- Estamos aguardando o irmão Carlos Gomes.

Ele está tocando “O Guarani” no Repórter Esso, Venerável Mestre.

- Venham todos assinar o livro de presença, grita o irmão Dib, batendo com a palma da mão no trono da chancelaria. Frequência, presença e comparecimento: estes são os deveres do maçom. E tem mais, irmão Guatimosin, este templo tem o meu nome e não vou permitir que seja transformado num palácio para Dona Domitila. Eu e mais dezesseis irmãos (dezesseis ou dezessete, já nem tenho mais certeza porque fizeram uma confusão danada com essa história) fundamos a Loja, construímos o templo e não vamos permitir que ele seja profanado.

- Se for pra competir, eu também quero dizer que tenho um Kadosch que é só meu, diz o Irmão Ledo.

- !!!!! Silêncio!! Silêncio!! Suspendam os sinais maçônicos! Temos um goteira entre nós! Irmão

Guarda Interno, quem é esse cabeludo com uma corda no pescoço?

- É o Tiradentes, o Mártir da Independência, Venerável Mestre - Tiradentes uma ova! Agora sou um dos 200 mil dentistas deste país, com diploma na parede e anel no dedo.

- Irmão Mestre de Cerimônias: coloque o Tiradentes, ou melhor, nosso mártir dentista, entre colunas para o telhamento.

-Sois maçom?

- Iniciei-me por correspondência, Venerável Mestre.

- Ah, eu pensei que o Irmão fosse membro da nossa primeira Loja brasileira, a “Areópago de Itambé”, do Irmão Arruda Câmara. E o Irmão sabe a palavra senha?

- Sei, sim, Venerável Mestre: “….”.

- Tá bom. Então, pode assumir um lugar entre nós. Afinal, você merece, pois foi o único enforcado dos 11.

- E viva a República!!

- Cale a boca, Ledo!

- Não sou o Ledo, Venerável Mestre. Sou o gaúcho Bento Gonçalves, e estou dando vivas à

“República do Piratini”.

- E o Ledo, por que está tão calado?

- Estou confuso, Venerável Mestre. Não sei se hoje é 20 de Agosto ou 09 de Setembro, se estamos na Era Vulgar ou no Ano da Verdadeira Luz, e preciso fazer meu discurso na loja Comércio e Artes do Rio de Janeiro.

E, novamente, outro bate boca:

- A República é o melhor para o Brasil!!

- Não é!!! É preciso fazer uma mudança gradual, mas não temos sequer um nome para assumir a presidência.

- Chame o Deodoro para assumir o governo provisório. Irmão Mestre de Cerimônias, grite pelo

Deodoro!

Chega o Deodoro, doente, fragilizado, desencantado e diz:

- Tô fora. Já dei a minha contribuição: já assumi, já fechei o Congresso, já renunciei ao governo, ao Grão Mestrado. Quero que me esqueçam. Vocês se resolvam com o Floriano, o “Marechal de Ferro”.

- Calma Deodoro. Quem disse isto foi outro presidente.

Nesse ponto a confusão torna-se muito grande, já virando caso de policia, ou melhor, de exército.

Chamam o Caxias.

Montado num enorme cavalo, brandindo sua espada, sai das profundezas o nosso Duque Patrono do Exército brasileiro:

- Sigam-me os que forem brasileiros!

- Para onde, Caxias?

- Para qualquer lugar, desde que estejamos “ombro a ombro” e não “peito a peito”.

- Obrigado por ter vindo, mas tire esse cavalo do templo e resolva essa querela o mais diplomaticamente possível.

- Eu só sei resolver na espada. Diplomacia é lá com o Barão, o do Rio Branco.

- Irmão Guarda Interno, controle a entrada dos irmãos. Quem é esse aprendiz no topo da coluna do Norte?

- É o Euclides da Cunha, Venerável Mestre.

- O jornalista do Estadão? O autor de “Os Sertões”? Aquele que disse que “o sertanejo é um forte”?

- Não, Venerável Mestre. Este não é aquele que disse. Esse é o próprio sertanejo forte do sertão baiano.

- Tá bom.. Então deixa ele aí, quietinho, na coluna do Norte. Meus irmãos: estando a Loja dos Espíritos composta, vamos iniciar nossos trabalhos.

Irmão Guarda Interno: verifique se estamos a coberto.

O Irmão Guarda Interno sai do templo e, após alguns minutos de longa espera, retorna e diz:

- Venerável Mestre: é com profunda tristeza que vos informo o que vi.

- E o que vistes, Irmão Guarda Interno?

- Venerável Mestre, na Sala dos Passos Perdidos amontoam-se milhares de irmãos deitados na cama da fama. Dormem um sono profundo. Alguns até roncam; outros sonham com a Maçonaria do passado. No salão de festas, outro tanto se repasta com gordurosos bolinhos, pastéis e canapés. Bebem refrigerantes, cerveja e até aguardente.

Algumas conversas, felizmente a minoria, vão do mesquinho ao ridículo. Pequenos grupos fazem pequenos negócios. Alguns, mais preocupados com os grandes problemas da Ordem e da sociedade, parecem sonhar acordados quando falam de seus utópicos projetos, e outros, talvez por não entenderem a real dimensão dos problemas, tentam resolvê-los com pequenas soluções, fazendo jantares beneficentes, bazares e vendendo até rifas.

- Não é possível!!!!! Não acredito no que ouço!

Abandonaram a liberdade de pensar! Não se fomentam mais as grandes ideias! Perderam os nossos ideais! Interromperam as nossas conquistas e agora interrompem o nosso merecido descanso. Por que nos incomodam???? !!!! De pé e à ordem. Irmão Mestre de Cerimônias: abra as portas do templo.

Meus irmãos: enchamos de ar os nossos pulmões e gritemos em uníssono:

-“ACORDEM, MEUS IRMÃOS” !!!

*"ACORDEM, MEUS IRMÃOS ! ! !"*


A ARQUITETURA NA MESOPOTÂMIA - Fabio Monteiro em História Ilustrada



Os povos da Mesopotâmia são as civilizações que se desenvolveram na área das terras férteis localizadas entre os rios Tigre e Eufrates, na região atual do Iraque. Entre eles estão os sumérios, os assírios e os babilônios.

Os mesopotâmicos consideravam “o ofício de construir” um dom divino ensinado aos homens pelos deuses e a arquitetura se desenvolveu na região. A escassez de pedras e madeira no local fez dos tijolos cozidos ao sol e da argila o material de construção mais usado. 

Existem três fatores principais que contribuem para o estilo da arquitetura da Mesopotâmia:

A organização sociopolítica das cidades-estados sumérios e dos reinos e impérios que as sucederam.

 O papel da religião organizada nos assuntos de Estado da Mesopotâmia.

Influências do ambiente natural: as limitações impostas ao artista e ao arquiteto pela geologia e clima da região.

Os materiais de construção na Mesopotâmia

Barro: O barro formado às margens dos rios Tigres e Eufrates era a matéria prima usada na arquitetura da Mesopotâmia. Poderia dar origem ao tijolo seco ao sol (adobe), ou cozido, raro por causa da escassez de madeira na região. Os Sumérios acreditavam que o barro foi o material usado pelos deuses para moldar os seres humanos, por isso ao trabalhar com barro estariam honrando os deuses.

Pedra: Embora as pedras fossem escassas, havia uma pedreira de calcário na região. Sua extração e transportes eram caros, por isso, eram usados apenas em templos, esculturas e joias. 

Betume: O betume que jorrava facilmente da terra era recolhido e usado como argamassa e na impermeabilização de tijolos.

Construção de templos e o nascimento do Zigurate

O templo é o primeiro edifício com estrutura sólida na Suméria. No período arcaico era pequeno, com uma única sala oval ou retangular. Com o tempo estes templos foram assumindo formas mais complexas e desenvolvidas, incorporando estruturas escalonadas que são conhecidas atualmente como Zigurate. 

O Zigurate é uma forma de templo, criado pelos sumérios, e comuns para babilônios e assírios. Era uma estrutura maciça em forma de pirâmide com vários andares sobrepostos, com um templo no topo. O interior era feito de tijolos queimados, mais resistentes, enquanto o exterior era feito com tijolos cozidos ao sol, mais fáceis de serem produzidos porém menos resistentes. O acesso ao templo, no topo do zigurate, era feito por rampas ou escadarias. 

Apesar da semelhança com as pirâmides do Egito, sua estrutura interna e finalidade são bem diferentes: os zigurates não possuem câmaras internas e são templos religiosos destinados à moradia dos deuses, diferente da complexa estrutura das pirâmides.

Zigurate de Ur, no Iraque

O zigurate de Ur, é o mais bem conservado de todos os zigurates. Foi construído para o deus da lua “Nanna”, o padroeiro da cidade-estado de Ur, por volta de 2100 a.C. pelo rei sumério Ur-Nammu. Em seu entorno, havia casas residenciais, prédios comerciais e serviços públicos.  

Zigurate de Etemenanki ou Torre de Babel

Dedicado ao deus Marduk, da Babilônia, Etemenanki significa “a casa da fundação do céu e da terra.” Este zigurate serviu de inspiração para a história bíblica da Torre de Babel. A estrutura original foi construída por Hammurabi e restaurada por Nabucodonosor no século VII a. C.

A obra era composta de amplas escadarias em toda sua volta, sete andares e cerca de 91 metros de altura, tendo no topo o santuário. Além da função religiosa, também tinha um papel científico. Os escribas observavam os astros do e registravam em tabletes de argila, conheciam Saturno, Júpiter, Marte, Vênus, Mercúrio, o Sol e a Lua. 

Quando Alexandre, o Grande conquistou a Babilônia em 331 a.C., ordenou a demolição do Etemenanki para reconstruí-lo, porém sua morte pôs fim aos planos de reconstrução.

Os Jardins Suspensos foram construídos na Babilônia a mando do rei Nabucodonosor II, no século VI a.C. Foi construído com a estrutura de um zigurate, no entanto era recoberto de vegetação.

Próximo ao rio Eufrates possibilitou amplos sistemas de irrigação. Os tijolos de barro eram revestidos com betume para mantê-los secos da água irrigada.

Arquitetura doméstica da Mesopotâmia: Construção de casas e cidades

Famílias mesopotâmicas foram responsáveis ​​pela construção de suas próprias casas. Os tamanhos variavam mas o projeto geral consistia em cômodos menores organizados em torno de um grande cômodo central.

Para fornecer um efeito de resfriamento natural, os pátios se tornaram uma característica comum e persistem na arquitetura doméstica atual do Iraque. As cidades se organizavam em torno dos zigurates. 

A Babilônia era um grande centro comercial e para proteger suas riquezas e evitar invasões, grandes muros foram construídas ao redor. A cidade tinha oito portais e o principal e mais grandioso era Portal de Ishtar.

Construído pelo rei Nabucodonosor II, o portal foi batizado em homenagem a deusa acádia Ishtar, que representa a fertilidade. Foi adornado com azulejos azuis brilhantes, cobertos por dragões dourados e leões em tijolos vitrificados.

AS QUATRO VIRTUDES CARDEAIS NA VISÃO MAÇÔNICA - José de Sá


A origem histórica das Virtudes Cardeais surgiu com Platão (427 a.C.–347 a.C.) no seu Livro “República”, ao reportar sobre as qualidades da cidade, descreveu as quatro virtudes que uma cidade devia possuir. Para ele, as virtudes fundamentais eram:

 Sabedoria ou Prudência; Fortaleza ou Coragem; Temperança e Justiça.

Posteriormente, convencionou-se chamar estas virtudes de Cardeais, ou fundamentais, aquelas pelas quais tudo o mais devia girar.

Podemos observar que Platão desenvolveu, primeiramente, as virtudes da cidade, somente depois é que as vinculou à conduta humana, tendo em vista que achava que a conduta citadina, ou pessoal, não tinha diferença alguma.

Sabemos que VIRTUDES são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem. 

As Virtudes Cardeais são frequentemente representadas por diversas figuras, geralmente do sexo feminino. 

São denominadas Essenciais, através das quais todas as outras decorrem e funcionam como dobradiça, pois estas virtudes devem girar ao seu redor, isto decorre da palavra Cardeal, que é oriunda de cardo = gonzo = dobradiça.

Assim, historicamente podemos observar que a Maçonaria não é a fonte original dessas virtudes, as quais remontam à época dos filósofos gregos, no tempo de Sócrates, Platão, Aristóteles. 

Até pelos menos o ano de 1750, nenhum dos manuscritos maçônicos ou exposições ritualísticas continham qualquer referência às “Quatro Virtudes Cardeais”, as quais possuem um valor intrínseco para os maçons, sendo por isso mesmo valores empregados na prática da vida. 

Estas Virtudes podem estar dentro dos rituais maçônicos sem qualquer conexão direta com a experiência iniciática ou ao simbolismo maçônico.

Elas podem ser assim enunciadas:

1ª.- SABEDORIA OU PRUDÊNCIA: 

Tem sede na parte racional da alma. É o conhecimento justo da razão.

Aquela que nos guia, ensinando-nos a regular nossas vidas e ações, consoantes os ditames da razão, possibilitando-nos a oportunidade de julgarmos, sabiamente, todas as coisas referentes aos nossos atos praticados no presente, para que venhamos preparar a nossa felicidade futura.

Esta Virtude deve ser a característica peculiar de todo maçom, não somente para o seu comportamento enquanto na Loja, mas também, em suas atividades no mundo profano. 

Em seu sentido mais abrangente, a Sabedoria ou Prudência, não proclama somente cautela, mas também a capacidade de julgar antecipadamente as prováveis consequências de nossas ações, na conduta de suas atividades, tanto da mente como da alma, de onde se originam o pensamento, o estudo e o discernimento. 

Em consequência, podemos concluir que a sabedoria ou prudência, é, sem dúvida alguma, a Virtude que nos guia.

2ª)- FORTALEZA OU CORAGEM: 

Para o maçom é ela que nos sustenta no nobre e constante propósito da mente, segundo o qual somos capacitados a não sofrer mais nenhuma dor, perigo ou risco. Ela não apenas simboliza a coragem física como a moral.

Devemos ter a capacidade de tomar uma decisão baseada em nossas próprias convicções de moralidade e cumpri-la, independentemente das consequências, e sempre apresentar, constantemente, os mais elevados dogmas de decência e ética em nossas vidas, principalmente se a sociedade se mostrar desfavorável a estes preceitos de moral e ética.

3ª)- TEMPERANÇA:

Esta virtude é a que nos purifica isto por que ela é a moderação sobre os nossos desejos e paixões, que tornam o corpo domesticado e governável, libertando a mente das tentações do vício. 

A Temperança deve ser a prática de todos os maçons uma vez que devemos aprender a evitar os excessos ou qualquer hábito tendencioso. 

Ela traduz a qualidade de todos aqueles que possuem moderação sendo por isso, parcimoniosos.

4ª)- JUSTIÇA: 

É o padrão ou o limite daquilo que seja correto. Ela é, por assim dizer, o guia de todas as nossas ações que nos permite dar a cada um o seu justo e devido valor, sem qualquer tipo de distinção. 

Esta virtude não é apenas consistente com as leis divinas e humanas, mas é também, o alicerce de apoio da sociedade civil com a justiça e constitui o homem verdadeiro, e deve ser a prática invariável de cada ser humano. Ela também simboliza a igualdade para os maçons, pela qual deve reger suas próprias ações e conduta, empreendendo-as, porque é seu desejo e não por ser forçado a fazê-lo.

Em corolário, podemos observar que todas as Virtudes têm seu grande mérito, isto porque elas são indícios de progresso no caminho do bem.

Há virtude sempre que existe  resistência voluntária ao arrastamento das tendências.

Todavia, a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem qualquer segunda intenção.

Por mais que lutemos contra os vícios, não chegaremos a extirpá-los enquanto não os atacarmos pela raiz, enquanto não destruirmos a sua causa. 

Que todos os nossos esforços  tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da Humanidade.

Que o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos ilumine cada vez mais para que possamos praticar, corretamente, o que nos preceitua o nosso Ritual, que assim estabelece: 

“DEVEMOS EDIFICAR TEMPLOS AS VIRTUDES E CAVAR MASMORRAS AOS VÍCIOS”*, isto porque: ESTA É A NOSSA GRANDE MISSÃO.





janeiro 24, 2023

PERSPECTIVA - Leandro Karnal



Nossa crença não determina o universo. O que eu penso fala apenas de mim. É preciso introduzir um pouco de relativismo para eu abandonar o autoritarismo. 

Exemplos?

Osíris e Ísis foram adorados como os deuses verdadeiros por mais tempo do que Jesus. 

Estou acostumado (no Brasil)  com os Silva ou Oliveira, mas Wang é o sobrenome mais comum do mundo todo.  Muhhamad (Maomé) é o nome mais comum do nosso planeta. 

A Terra já experimentou várias “extinções em massa”. A do período Permiano, por exemplo, eliminou 95% das espécies. Se você, eu e toda a humanidade desaparecermos, isso é nada no relógio cósmico. 

Em resumo: vivamos em paz conosco e com os outros, não somos tão importantes para que exista ódio. Nossa irrelevância é libertadora. A arrogância de um grão de areia é falta de visão.

Siga em paz e seja feliz. 

DEIXE SEU LEGADO - Michael Winetzki

 


A maçonaria especulativa já passou dos trezentos anos. Se você é maçom está desfrutando o legado de milhares de pessoas que o antecederam. E vai acrescentar a sua própria história a este legado.

HERANCA são os bens que aqui permanecem quando você muda de plano, e são duradouros. Tenho publicado fotos de palácios com séculos de idade. Mas LEGADO é o que você deixa para a família, amigos e eventualmente à humanidade. Você sabe qual foi a herança deixada por Mozart? Mas o mundo todo conhece o seu legado. Você sabe quais foram as lutas enfrentadas por seu bisavô para que você pudesse vir ao mundo?

Deixe um legado para seus descendentes. Escreva um livro contando a história de sua vida. Vitórias e lutas, sofrimentos e conquistas, histórias e aventuras e seja lembrado por muitas de suas futuras gerações. 

Não sabe escrever deste jeito, ou não tem tempo, ou acha chato contar a sua própria história? Contrate um escritor. É muito mais barato do que você imagina fazer 200 ou 300 livros que vão perpetuar a sua saga. Se achar que eu posso ser o seu biógrafo consulte pelo WhatsApp 61.98199-5133.

Afinal você só conhece muitos personagens históricos porque alguém escreveu a história deles. Escreva a sua, tenho certeza de que vale a pena conta-la.

QUANDO ME ACEITO COMO SOU, POSSO ENTÃO MUDAR - Alessander Raker Stehling



"Quando me aceito como sou, posso então mudar." 

Sabe, essa frase me incomodava muito, eu pensava: Mas como assim? Como alguém poderia aceitar o abandono da própria mãe na infância? As humilhações e agressões físicas dos pais, ou os abusos sexuais sofridos? Isso é um absurdo!

Quebrei a cabeça refletindo, e gostaria de expor a conclusão que tirei sobre isso de forma simples.

Imagine um barco com uma âncora. A âncora é uma parte do barco que tem enorme poder sobre ele. Ela impede o seu livre curso quando é jogada ao mar, ou seja, quando está distante do barco. Contudo, quando é recolhida e fica próxima à ele, não tem mais poder sobre este, que agora pode seguir livremente o rumo que desejar.

Assim são os nosso complexos traumáticos: estes são como âncoras que nos impedem de exercermos nossos potenciais, nosso livre curso. Ficamos "presos" reclamando da vida, pensando na desgraça que foi nossa infância, lamentando o passado e tendo pena de nós mesmos. "Porque isso aconteceu comigo? Eu não merecia nada disso!" é o que passa em nossa cabeça.

Eu concordo, você não merecia isso, sinto muito pelo que fizeram com você. Contudo, lutar contra os fatos não muda nada. O que foi feito, infelizmente foi feito. Como no exemplo do barco, chega o momento de recolher a "âncora" para perto de você, isto é, se acolher, se aceitar como é. 

Quando recolho minha "âncora" para perto de mim, em outras palavras, quando me aceito como sou, com coisas positivas, negativas, e traumas diversos, tenho agora a capacidade de "navegar" para onde eu quiser, não estando mais preso em momentos passados, vivendo de forma parcial, ou limitada. 

"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Jean Paul Sartre



janeiro 23, 2023

O NÍVEL COMO FERRAMENTA DE EQUILÍBRIO - Sidney Godinho


Por  definição,  nivelar  pode  ser  entendido  como  o  ato  de  se  reduzir  a  um  só  plano,  de se  planificar.

Na  Maçonaria,  o Nível  pode  simbolizar  a  igualdade  entre  os  Irmãos.

Em  decorrência  da  definição  que  se  apresentou,  pode-se  entender  este  conceito  como  o ato  de  “nivelar  por  baixo”,  de  diminuir  os  que  mais  se  destacaram  em  favor  daqueles  que alcançaram  desempenho aquém.

Na  Maçonaria  Operativa,  era  preciso  adicionar  argamassa  para se  nivelar.

O  nivelamento  não  ocorria  pela  redução.

Assim,  simbolicamente,  ao  usar  o  Nível,  o Maçom  deve  buscar  se  nivelar  aos  planos  moralmente  e  espiritualmente  mais  elevados,  em  vez de  buscar  seu nivelamento  social  pela  redução  do valor  de  outrem.

Noutra  abordagem,  os  Maçons  Operativos  legaram  aos  Especulativos  a  ferramenta  Nível, tal  qual  se  conhece.

Em  Construção  Civil,  o  instrumento  hoje  difere,  ao  possuir  um  pequeno reservatório  líquido  com  uma  bolha  que  mede  o  equilíbrio  do  conjunto.

Simbolicamente,  em ambas  as  formas, o Nível  lembra  ao Maçom  a  necessidade  de  medir  seu equilíbrio  moral. 

Estar  em  equilíbrio  não  significa  “ficar  em  cima  do  muro”,  mas  ponderar  as  variáveis  de uma  dada  situação,  decidir  e  então  agir.  

Nesse  contexto,  a  Temperança  é  a  Virtude  Cardeal  que exprime  o equilíbrio,  caracterizada  pelo domínio  de  si  e  pela  moderação  dos  desejos.

Em  Loja,  o  equilíbrio  é  um  exercício  salutar,  pois  um  debate  ponderado  entre  Irmãos possui  notório  potencial  de  criar  um  ambiente  propício  ao  aperfeiçoamento  moral.

Por  outro lado,  praticar  o  equilíbrio  fora  de  Loja  é  necessário,  uma  vez  que  se  observa,  nos  dias  de  hoje, preocupante  desvalorização  das  Virtudes,  diferentemente  da  postura  que  o  Maçom  deve  adotar com  relação  a  tais  valores.

Assim,  no  simbólico  processo  de  construção  da  Catedral  Social,  cabe ao  Maçom  agir  em  sociedade  como  o Nível, com  uso da  Temperança  e  em  prol  das  Virtudes.

O Nível,  portanto,  mostra  que  não  basta  a  cada  um  apenas  trabalhar  sua  Pedra  Bruta,  pois é  preciso  também  medir  o  resultado  do  polimento  de  suas  asperezas,  com  foco  no  nivelamento, no  equilíbrio  moral,  o  que  pode,  e  deve,  ser  feito  com  uso  do  Nível.

Essa  importante  ferramenta permite  ao  Maçom,  simbolicamente,  controlar  a  força  criadora  do  homem,  de  maneira  a direcionar  sua  vontade  para  a  reconstrução  de  si  mesmo  e  para  empreender  valorosas  realizações.


LIBERDADE - Almir Sant’Anna Cruz



A Liberdade é uma das divisas da trilogia adotada pela Revolução Francesa e pela Maçonaria (Liberdade – Igualdade – Fraternidade). 

É um desejo inerente ao ser humano, mas inatingível. É uma utopia. A liberdade, no sentido pleno nunca existirá, pois fatores exógenos e endógenos a limitam. 

Ninguém é livre o suficiente para fazer o que bem entender. As leis, as religiões, os costumes, o convívio social, são fatores externos limitadores da liberdade, uma vez que definem os direitos e obrigações dos indivíduos. Ora, quem tem obrigações não tem plena liberdade.

Além desses fatores, temos um outro, de característica interna, que a tudo aconselha, interpela e julga: a consciência.

A liberdade de pensar é a liberdade menos restritiva, pois em pensamento pode-se imaginar o que se quiser, até cometer atos que atentem contra as leis ou a moral. Todavia, essa liberdade de pensar, não se estende à de executar, pois a consciência, as leis, a ética, a moral, regra geral impedem a consecução.

Na verdade, somente um pequeno grupo de indivíduos consegue essa liberdade plena. São aqueles com um desvio comportamental chamado “Transtorno de Personalidade Dissocial”, os chamados psicopatas, pessoas egoístas, egocêntricas, frias, sem sentimentos e emoções e que desprezam quaisquer obrigações sociais, ao ponto de, em casos extremos, tornarem-se sádicos e serial killers.

Uma mente sã, conquanto almeje a liberdade, nunca desejará a liberdade plena.

janeiro 22, 2023

O SINÉDRIO NO PORTO, EM PORTUGAL

 



22 de Janeiro de 1818: O Sinédrio é constituído no Porto, por Manuel Fernandes Tomás

Grupo de personalidades portuenses que, em 24 de Agosto de 1820, protagonizaram na sua cidade a revolta que viria a instaurar o regime liberal em Portugal, na sequência de uma tentativa de sublevação anti-britânica falhada pelo general Gomes Freire de Andrade em 1817. Os abusos dos ingleses mantiveram-se desde essa altura, tal como a miséria pública e a necessidade de reformas urgentes. 

É assim fundado o Sinédrio, em 22 de Janeiro de 1818, por quatro maçons do Porto - Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho, todos juristas, e Ferreira Viana, comerciante. Rapidamente acolhe outros elementos no seu seio, principalmente militares, comerciantes, juízes, homens de outras profissões liberais, vindos das mais diversas regiões do país. Nem todos eram maçons, embora se tenham assim tornado na altura do levantamento de 1820. 

Contudo, a importância da Maçonaria na ação - e na composição - do Sinédrio é relevante, pois ele colabora mesmo com lojas maçónicas existentes (por exemplo, a Segurança Regeneradora e a Regeneração, de Lisboa) ou com elementos seus em todo o país. Animados no objetivo de instaurar o liberalismo em Portugal, reviam-se e inspiravam-se na Constituição de Cádis (Espanha), cujo modelo pretendiam implementar em Portugal como lei fundamental, substituindo os princípios absolutos que regiam a monarquia no nosso país. 

Pensa-se que Fernandes Tomás terá visto na luta contra a dominação de Beresford (general inglês que assumia a regência de Portugal) a razão para tal designação do movimento. Norteados pelo projeto liberal, vários eram os objetivos a que se votaram os membros do Sinédrio. Acima de tudo, era importante controlar a opinião pública, observando os sentidos de expressão e vigiando as novas que vinham de Espanha, observar para saber, tentando antecipar e controlar os acontecimentos. Tudo isto era previsto estatutariamente. 

Como todo o organismo controlado ou apoiado pela Maçonaria, viam-se os membros deste grupo do Porto impelidos a jurar e manter segredo face à sociedade sobre tudo o que faziam ou planeavam, ao mesmo tempo que deviam preservar um sentido de lealdade comum, renovado periodicamente em jantares do Sinédrio algures na Foz do Douro, todos os dias 22 de cada mês. O futuro era aí discutido, planificando-se e preparando-se as ações ou estratégias, embora houvesse outras reuniões, de noite preferencialmente. De acordo ainda com os estatutos, e no caso de haver qualquer movimento ou revolta, o Sinédrio conduzi-lo-ia, sempre salvaguardando a fidelidade dos seus membros e ideais à Casa de Bragança.

A entrada gradual de militares no movimento dinamizá-lo-á, tornando-o mais agressivo e operacional, em vez de apenas vigilante. Este grande número de militares que aderia das várias unidades do país, principalmente do Norte, não era conhecedor dos objetivos e ordens principais. Depois do golpe de 1820, ver-se-á neste ocultar de objetivos primordiais uma das causas para as desavenças que originaram a formação de partidos políticos e a cisão no seio da família liberal portuguesa.

Os meios militares eram fulcrais para o seguimento do plano revolucionário do Sinédrio. Tentava-se, assim, controlar as informações no seu interior, visto que as cadeias de comando interno poderiam, por serem afeItas ou fiéis em grande parte ao regime e dado que muitos dos seus chefes eram ingleses, deitar por terra qualquer conspiração, pondo em perigo o Sinédrio. É de salientar o facto de o Sinédrio nunca ter atuado sozinho, tendo tido a colaboração de militares, tal como de particulares e de figuras não maçónicas. 

De qualquer modo, este movimento lutou pelo controlo das províncias militares, o que de certa forma conseguiu. Com a região militar do Norte dominada, estaria mais facilitada a operacionalidade e a proteção armada do golpe, ao mesmo tempo que, em caso de fracasso, se garantia a fuga para a Galiza sem detenções ou fuzilamentos. As unidades militares do Minho, mais tarde, rompem o compromisso com o Sinédrio, corria o ano de 1820, o que conduz a um adiamento sine die do golpe, que estava planeado para Junho. Para piorar a situação, os comandos militares ingleses em Portugal terão tomado conhecimento do plano, obrigando à dispersão dos seus líderes. Um deles era Fernandes Tomás.

O Sinédrio afirmava-se, simultaneamente, nacionalista, chegando mesmo a recusar, na pessoa de Fernandes Tomás, qualquer tendência para uma união ibérica, pretendida por alguns membros do grupo, influenciados pelo intercâmbio crescente com liberais espanhóis.

Apesar de falhado o golpe para Junho, F. Tomás não desanima e parte em Julho de 1820 para Lisboa, tentando captar apoios materiais e humanos ao mesmo tempo que perscrutava as tendências na capital e sondava a situação para um possível levantamento. O contacto com a Maçonaria em Lisboa terá provavelmente sido um dos objetivos desta sua deslocação à capital. É nesta altura que se dá a adesão da conceituada figura intelectual portuguesa que era Fr. Francisco de S. Luís, futuro Cardeal Saraiva, à causa liberal, e não à estrutura do Sinédrio, pois era religioso beneditino e personalidade eclesiástica. Esta figura de proa do Portugal de Oitocentos congregou atrás de si inúmeras adesões ao Sinédrio ou simpatias à causa.

Entretanto, Fernandes Tomás, regressando ao Porto, determina, com os seus confrades, uma data para o levantamento: 24 de Agosto. Menos convergente que a data estava o manifesto do movimento, gerando-se dissensões entre Tomás e o brigadeiro Silveira, que demonstram uma certa tensão no movimento entre civis e militares, para além de um sector tradicionalista e mais conservador, pouco disposto a aceitar os novos ideais do Sinédrio. Mais uma vez, alguns dos problemas futuros do liberalismo português radicarão nestas posições antagónicas que se viviam nas vésperas do golpe. Sentindo o plano perdido e votado ao fracasso, Fernandes Tomás reúne o Sinédrio e tenta concertar a sua posição quanto ao manifesto com o general Silveira, o que é conseguido através da acção e de um manifesto conciliador de Ferreira Borges.

Estava-se então a 22 de Agosto. No dia seguinte reúne-se de novo o Sinédrio, em casa de F. Borges, preparando todos os comunicados a apresentar à sociedade e à Administração Pública, local e nacional, para o período imediatamente posterior ao golpe, que efetivamente se desencadeia a 24, com sucesso, após nova reunião do Sinédrio. Com o golpe de 24 de Agosto, secundado em Lisboa a 15 de Setembro, dissolve-se o Sinédrio, após a entrada de alguns dos seus membros (maçons) para o Governo liberal.

Sinédrio. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.