agosto 06, 2025

D. PEDRO É CONDUZIDO AO CARGO DE GRÃO MESTRE - Almir Sant’Anna Cruz



Existe um lamentável vazio histórico da Maçonaria brasileira de 6 dias, correspondente ao período de 29 de setembro (data posterior à 16ª sessão da Grande Loja do Grande Oriente do Brasil, presidida pelo Grão Mestre José Bonifácio) a 3 de outubro (data anterior a desta 17ª sessão de Assembléia do Povo Maçônico em que D. Pedro assumiu o cargo de Grão Mestre).

Esse vácuo tem sido preenchido por diversas teorias de historiadores, Maçons ou não. Mas o fato é que não se pode afirmar com segurança o que aconteceu nesses 6 dias, até porque a presente Ata é extremamente sintética e, além de não informar como se deu a troca de José Bonifácio por D. Pedro, ainda causa dúvidas quando relata que Gonçalves Ledo, usando da palavra, afirma que o objeto da Assembléia era a prestação do Juramento de D. Pedro, eleito Grão Mestre por geral aclamação, em plena reunião do Povo Maçônico. 

De qual Assembléia o Grande Secretário estava se referindo, se todas as Atas eram numeradas e a anterior foi uma sessão de Grande Loja, ainda presidida por José Bonifácio? 

A única explicação possível é que ele estava se referindo àquela própria sessão.

Todavia a maior dúvida e que gerou inúmeras teorias, é de como se deu a substituição de José Bonifácio por D. Pedro.

Existem duas principais teorias. A de que José Bonifácio não teria sido comunicado dessa decisão e foi simplesmente defenestrado do cargo pela ala liberal da Maçonaria e a de que ele foi consultado e concordou com a substituição.

Ficamos com essa segunda hipótese, pois tudo foi uma estratégia política, traçada pelo Grande Arquiteto da Independência, Joaquim Gonçalves Ledo, a começar pelo convite e aclamação de José Bonifácio como Grão Mestre, forma de unir os conservadores aos liberais em prol do objetivo comum, que era a Independência do Brasil, através do mais poderoso e íntimo Ministro do Príncipe Regente. Em seguida, com o convite a D. Pedro para ingressar na Maçonaria e logo exaltado ao Grau de Mestre, convite este provavelmente feito por seu Ministro. E finalmente convidando o Imperador para substituir seu principal Ministro como Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil. Tudo executado conforme planejado desde o início. 

Diferentemente da 1ª Ata, em que constou o Juramento feito pelo Delegado do Grão Mestre, nesta Ata, menciona-se o Juramento, mas não se transcreveu o texto em que foi vazado. Admitimos que foi idêntico.

Por fim, não se menciona o discurso do Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, Secretário da Loja Commercio e Artes, exortando o Grão Mestre recém empossado a não dar créditos às intrigas e confiar nos Maçons presentes que lhes eram leais. Não funcionou, pois os intrigantes conseguiram a cizânia entre os dois grupos de Maçons, liderados por José Bonifácio e Gonçalves Ledo.


Eis a 17ª. ATA DE 04/10/1822, com sua ortografia convertida para a atual e as abreviaturas maçônicas decodificadas. Os parêntesis são nossos.

À GLÓRIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO

17ª SESSÃO – ASSEMBLÉIA DO POVO MAÇÔNICO

Aos 14 dias do 7º mês do ano da Verdadeira Luz 5822 (sexta-feira, 04 de outubro de 1822), abertos os trabalhos da Grande Loja pelo Irmão 1º Grande Vigilante (Gonçalves Ledo), na ausência e impedimento do Grande Delegado (Marechal Luiz Pereira da Nobrega de Souza Coutinho), foram introduzidos no templo os Operários das Lojas metropolitanas, que estavam na sala dos passos perdidos, e logo expôs o 1º Grande Vigilante que o objeto da presente convocação, da Assembléia Maçônica, era a prestação do Juramento do nosso muito amável e muito amado Irmão Guatimozim (D. Pedro), eleito Grão Mestre da Maçonaria Brasileira, por geral Aclamação em plena reunião do Povo Maçônico, e sendo conduzido do Oriente, onde estava, ao sólio, por uma deputação de Irmãos Cavaleiros Rosa-Cruzes, prestou o Juramento da Ordem e imediatamente recebeu o Grande Malhete, subiu ao sólio e tomou a direção dos trabalhos.

Apresentou o Irmão 1º Grande Vigilante dois ofícios: um do Soberano Capítulo ao Oriente da Província de Pernambuco, no qual aquela Loja Capitular reconhecia e saudava o Grande Oriente do Brasil, pedindo contudo, a faculdade de fazer algumas reflexões sobre a cópia da 1ª Parte da Constituição, que lhe fora apresentada pelo Irmão Felippe Nery, Delegado  deste Oriente na dita Província.

No segundo ofício o Delegado Felippe Nery participava o resultado de sua comissão, acusando a remessa do primeiro ofício.

Resolveu a Assembléia que no dia 12 de outubro todos os Maçons se espalhassem pelos lugares de maior concurso, principalmente pelo Campo, onde procurassem conservar a tranquilidade necessária e o decoro conveniente ao respeitabilíssimo ato, que teria lugar no mesmo dia.

Por esta ocasião propôs o Irmão José Clemente Pereira os vivas, que, como Presidente da Câmara tencionava dar: à Religião, ao senhor D. Pedro 1º Imperador Constitucional do Brasil, à sua Augusta Esposa, à Independência do Brasil.

E logo o Sapientíssimo Grão Mestre lembrou mais um viva: à Assembléia Constituinte e Legislativa do Brasil.

E assim se acordou nos objetos que se deviam aplaudir no futuro dia da Aclamação Profana.

Continuou o Irmão José Clemente, participando as boas novas dos nossos emissários e o resultado satisfatório da correspondência com as Câmaras circunvizinhas.

O irmão 1º Grande Vigilante propôs à consideração da Assembléia as queixas que ouvira do Irmão Francisco Pedro Limpo, relativas à Portaria que regulava o modo de guarnecer a esquadra Brasileira, que se estava aparelhando.

Assim se terminaram os trabalhos e fechada a Loja na forma do costume, retiramo-nos em paz.


Excerto do livro "A História que a História não conta: A Maçonaria na Independência do Brasil" do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz

Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

agosto 05, 2025

ARLS OS PENSADORES n. 368 - São Paulo



     Estive na noite de ontem em visita a ARLS Os Pensadores n. 368 em São Paulo, da GLESP, na primeira sessão de sua nova gestão que será presidida pelo Venerável Mestre irmão Maurício Yamaguchi.

      Nas minhas visitas anteriores fiz palestras, e para meu orgulho irmãos ainda se lembravam de uma palestra que proferi em 1997.

      Reencontrei  irmãos e rotarianos como Paulo Pereira Ignácio e Ronald D'Elia, com os quais mantenho antigos e sólidos laços de amizade.

     A Loja tem há 25 anos uma confraria bem organizada,intitulada "Irmãos no Vinho" que realiza periodicamente viagens pelo mundo todo para provar os vinhos em seus locais de origem. A próxima viagem, na semana que vem, é para a África do Sul.

     Aproveitei a visita para divulgar e convidar os irmãos para o 1o Congresso Nacional das Academias Maçônicas nos próximos dias 22 e 23 de agosto em Caldas Novas, GO e para a XXX Jornada Maçônica do Brasil no dia 28 de setembro em Santos, falando sobre a importância destes eventos e também da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que tenho a honra de presidir.

     O ágape, que ocorreu no restaurante de um irmão do quadro chamado O Compadre, no Shopping Lar, foi simplesmente espetacular.




POR QUE MAÇONARIA E POLÍTICA? - Francisco Simas



Definição de Política – Aristóteles


O bem do indivíduo é da mesma natureza que o bem da cidade (polis), mas este é “mais belo e mais divino” por que se amplia da dimensão do privado para a dimensão do social, para a qual o homem grego era particularmente sensível, porquanto concebia o indivíduo em função da cidade e não a cidade em função do indivíduo.

Aristóteles dá a esse modo de pensar dos gregos uma expressão paradigmática, definindo o próprio homem como “animal político” (ou seja, não simplesmente como animal que vive em sociedade, mas como animal que vive em sociedade politicamente organizada).

Mas, nem todos aqueles que vivem na cidade são cidadãos. Para Aristóteles, ser cidadão é preciso participar da administração púbica, ou seja, fazer parte das assembleias que legislam, governam a cidade e administram a justiça.

O que é a Maçonaria ? É uma instituição que tem por finalidade estabelecer a justiça na humanidade e fazer imperar a fraternidade. Suas divisas são : Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Aí vamos deparar-nos com os vários conceitos de justiça: aquele emanado do direito, ou da filosofia, ou da economia, ou podemos sintetizá-los todos por um só conceito: O DE JUSTIÇA SOCIAL. É dever do maçom persegui-lo. E como persegui-lo senão pela política.

Parece-me que a grande dificuldade consiste em estabelecer a linha divisória que separa a política, entendida como a gestão da polis, objetivando fazer imperar a fraternidade, das inclinações, ou, pior ainda, das paixões partidárias. Tudo isso potencializado pelo fato de não existir interpretação inocente da história, como pretendia o positivismo.

A própria Maçonaria fez sua opção por um modelo de ordenamento social, que é aquele fundamentado nos princípios de suas divisas.

Como escola de aperfeiçoamento e alternativa de sociabilidade, qual o procedimento a adotar para otimizar seu objetivo ?

A meu ver, há dois procedimentos basilares que podem ser combinados: o primeiro seria reunir as cabeças privilegiadas que temos e, mediante a madura administração de nossas divergências, acharmos o leito que possibilite escoar todo o jorro de ideias, delas emanadas, á direita e á esquerda, com tal magnitude que possibilite preencher o vazio das idéias transformadoras que agem como profetas da nova era. A outra, é buscar nas nossas melhores tradições históricas portadoras de futuro a metodologia já utilizada por nossos irmãos e que provaram sua eficácia na práxis… Aí nosso Rito é imbatível.

Há duas ricas fontes para nos abeberarmos: uma é a Revolução Francesa; a outra, é a História do Brasil. Como o tempo é exíguo, procurá-la-ei somente na revolução Francesa.

Foi ela um momento de tamanho fulgor na história da humanidade que, até hoje, é possível vislumbrar o seu brilho! Ainda caminha altaneira em cima dos escombros da ordem velha que sepultou.

A referência à história pátria, por ser específica, fica para outra oportunidade. Queremos uma referência universal.

Mas, o que foi a Revolução Francesa e qual foi o papel desempenhado pela maçonaria ? Bem, a revolução foi o coroamento de uma lenta evolução econômica que instala no domínio do Estado a classe que estava madura para exercê-lo : a burguesia.

Foi o clímax provocado pela agudização das contradições existentes entre o caráter das forças produtivas e as relações sociais de produção.

Apesar de burguesa, com ela já nasciam as ideias de uma nova ordem social que lhe seria superior, posto que se pretendia menos excludente. Esta é a grande diferença para as revoluções que a precederam: a Inglesa e a Americana. Enquanto estas eram “estreitamente” burguesas e conservadoras , a francesa, pela sua “mélange” de classes, foi “largamente” burguesa e democrática. Ali começava a se forjar o emblema maçônico de construtores sociais. No passado, nós fizemos jus a ele; por isso, é ali que vou buscar a inspiração para falar sobre o tema.

A alternativa sobre “nossas cabeças privilegiadas” fica para o dia 02 de outubro.

Como se preparou o advento da Nova Ordem?

Vamos primeiro entender o que era a “velha ordem”, aproveitando a didática de Leo Huberman:

Quando vamos ao cinema assistir um filme sobre a Idade Média, observamos na tela os cavaleiros e damas engalanados em sua armadura brilhante e vestidos alegres, respectivamente, em torneios e jogos. Vivem em esplêndidos castelos, com fartura de comida e de bebida. Quase nem nos apercebemos que alguém deve produzir todas essas coisas. Também alguém tinha que fornecer alimentação e vestuário para os clérigos que pregavam, enquanto os cavaleiros lutavam. Assim, além de lutadores e padres, havia um outro grupo: o dos servos. A sociedade feudal consistia dessas três classes: sacerdotes, guerreiros e servos; sendo que o homem que trabalhava, o servo, produzia para as outras classes”.

A maioria das terras agrícolas estava dividida em áreas chamadas feudos. Um feudo consistia, apenas, de uma aldeia e as várias centenas de acres de terra arável que a circundavam e, nas quais, o povo da aldeia trabalhava. Na orla da terra arável, havia uma extensão de prados, terrenos ermos, bosques e pastos.

Cada propriedade feudal tinha um senhor. Pastos, prados, bosques e ermos eram usados em comum, mas a terra arável se dividia em duas partes : uma, de modo geral a terça parte do todo, pertencia ao senhor e era chamada de “seus domínios”; a outra ficava em poder dos arrendatários que, então, trabalhavam a terra.

As terras não eram cultivadas em campos contínuos, tal como hoje, mas pelo sistema de faixas espalhadas.

Quais eram, então, as relações sociais de produção?

O camponês vivia numa choça miserável. Trabalhando arduamente em suas faixas de terras espalhadas, conseguia arrancar do solo apenas o suficiente para uma vida paupérrima;

Dois ou três dias por semana, tinha que arar a terra do senhor em pagamento;

Em época de colheita, tinha primeiro que segar o grão nas terras do senhor (eram os “dias de dádiva”);

A propriedade do senhor tinha que ser arada primeiro, semeada primeiro e ceifada primeiro;

Uma tempestade ameaçava fazer perder a colheita ? Então, a plantação do senhor era a primeira a ser salva;

O produto do senhor deveria ser vendido primeiro;

A estrada ou uma ponte necessitavam reparos ? Então,o camponês devia deixar o seu trabalho e atender à nova tarefa;

As prensas para moer o trigo ou a uva eram do senhor e exigia-se pagamento para sua utilização.

Por muito tempo, esta foi a relação social de produção. E por tanto tempo que a vida parecia ignorar a sua principal manifestação : o movimento.

O nascimento da burguesia

Mas, começa a entrar em cena um personagem.

No século XI, as fortunas tinham pouco valor por que eram capital estático. Não havia estímulos à produção de excedente, por que o feudo se bastava. Só se fabrica ou cultiva além da necessidade de consumo quando há uma procura firme.

Mas chegou o dia em que o comércio cresceu e cresceu tanto que afetou profundamente toda a vida da Idade Média.

Os navios singravam de um ponto a outro para apanhar peixe, madeira, peles, couros e peliças. Os mercadores que conduziam as mercadorias do norte encontravam-se com os que cruzavam os Alpes, vindos do sul, na planície de Champagne. Aí, numa série de cidades realizavam grandes feiras.

O senhor da cidade, o burgo-mestre, preocupava-se em preparativos especiais por que a feira proporcionava riqueza a seus domínios e a ele pessoalmente.

Os mercadores pagavam taxa de entrada/saída, de armazenamento, de vendas e de aramar a barraca da feira. Possuíam salvo conduto, etc… O comércio, que era um riacho irregular, foi transformando-se em corrente caudalosa. Um dos efeitos mais importantes foi o crescimento das cidades. Aonde houvesse local onde duas estradas se encontrassem, uma embocadura de um rio, ou, ainda, a terra apresentava um declive adequado, lá estavam os mercadores prontos para o exercício do comércio. E como um número cada vez maior de mercadores se reunisse nesses locais, criaram-se os “fauburgs”ou burgos extra-murais.

O aparecimento das contradições

Se recapitularmos as relações sociais de produção do tipo feudal, veremos que o crescimento das cidades, habitadas sobretudo por uma classe de mercadores que surgia, logicamente conduziria a um conflito. Toda atmosfera do feudalismo era de prisão, ao passo que, a da atividade comercial na cidade, era de liberdade.

As terras das cidades pertenciam aos senhores feudais que, a princípio, não viam diferença entre as terras da cidade e as outras que possuíam.

Esperavam arrecadar impostos, desfrutar os monopólios, criar taxas e serviços e dirigir os tribunais de justiça, tal como faziam em suas propriedades feudais. As leis e a justiça feudais se achavam fixadas pelo costume e eram difíceis de alterar. Mas, o comércio, por sua própria natureza, é dinâmico, mutável e resistente a barreiras. Não podia se ajustar à estrutura feudal. Novos padrões precisavam ser criados. E os audazes mercadores começaram a agir. Face a face com as restrições feudais que os asfixiavam, uniram-se em associações chamadas de “corporações” ou “ligas”ou “guildas”.

Quando conseguiam o que queriam, sem luta, contentavam-se; quando tinham que lutar para alcançar o que almejavam, lutavam. E qual era a exigência básica desses pioneiros?

LIBERDADE! Liberdade para ir e vir; liberdade para comerciar; liberdade para possuir suas próprias terras, diferentemente do hábito feudal de arrendar.

O mercador poderia precisar para hipotecá-la, diante de um financiamento que possibilitasse a expansão dos seus negócios, sem pedir permissão a uma série de proprietários.

As populações urbanas desejavam proceder a seus próprios julgamentos, em seus próprios tribunais. Eram contrários às cortes feudais vagarosas, que se destinavam a tratar dos casos de uma comunidade estática. Desejavam fixar os impostos a sua maneira. Na luta pela conquista da liberdade da cidade, os mercadores assumiram a liderança.

O Mercantilismo

A teoria econômica do mercantilismo fundamentava-se na convicção de que a riqueza de uma nação baseava-se na quantidade de ouro, prata e metais preciosos de que dispusesse. Era uma política puramente nacional. O espetáculo oferecido pela Espanha do séc XVI é sugestivo: a extraordinária prosperidade atingida por essa nação coincide com a circunstância de ser esse país o que maior quantidade de ouro e prata recebia de suas minas da América.

A teoria sofistica-se, posteriormente, com a introdução do conceito de Balanço de Pagamento superavitário. Assim, um país devia exportar, nem que tivesse que acabar com a indústria do outro para forçá-lo a importar e “planejar” sua economia para esse fim. Os mercantilistas acreditavam que, no comércio, o prejuízo de uma país era o lucro do outro, isto é, um país só podia aumentar seu comércio a expensas do outro. Não consideravam o comércio uma troca vantajosa, mas como uma quantidade fixa, da qual todos procuravam tirar a maior parte.

O fruto da política mercantilista era a guerra.

A Revolução Industrial

Adam Smith, membro da Loja Maçônica Capela de Santa Maria, Edimburgo, desmascara a teoria mercantilista. Ficou claro que a maioria dos mercantilistas tinha interesses a proteger e, como tal, interessava-se mais pelas sugestões práticas do que pela análise. Adam Smith procura abordar o assunto de forma científica.

Na Europa Ocidental, a indústria ia crescendo e dando novos contornos à civilização. A questão do comércio livre passa a ser defendida por todos, principalmente pelos fisiocratas franceses. “Laissez faire, laissez passer”, torna-se o lema deles. A humanidade tinha chegado ao limite da velha ordem. Raiava, no horizonte da história, a promessa de um novo ordenamento social que marcaria o alvorecer de uma nova era.

O progresso nunca foi uma realização linear, nem evoluía linearmente. Sempre representou uma ruptura com o passado. As novas forças acabavam por subjugar a tradição e emergiam prontas para iniciar um novo ciclo histórico, até que chegasse a hora de ser substituídas.Assim como o aparecimento do mercador promoveu o choque com o sistema feudal, o próprio desenvolvimento do capital mercantil, com o tempo, começou a organizar a produção numa base capitalista que necessitava libertar-se das restrições artesanais das guildas.

Mas, faltava o papel final dos malhetes e ele não tardou. Quando as contradições atingiram seu apogeu, no momento mesmo em que a história convocava todos os homens livres e de espírito temperado, para erigir os fundamentos da nova era, nossa instituição bradou: PRESENTE! Aquele brado selou para sempre o compromisso de o maçom ser o portador da revanche dos oprimidos pela ausência de Liberdade, dos excluídos pela negação da Igualdade e dos desesperados pela falta de Fraternidade. É a “vingança” final dos justos!

O lento desenvolvimento começa a proporcionar uma base material que possibilita o desenvolvimento da vida espiritual da sociedade. As novas idéias começam a influenciar a opinião culta européia. O Iluminismo (ou Ilustração ), admite-se, começa a nascer por volta de l640 e tem seu apogeu em 1789. Começa por combater uma ordem cósmica livre de qualquer poder divino, regida por leis imutáveis e uniformes.

As lojas maçônicas, mesmo antes do nascimento da Moderna Maçonaria, já exercitavam a rebeldia intelectual. Primeiro, rebelando-se contra os dogmas religiosos, opondo-se-lhes a razão; depois, como decorrência vieram as teorias evolucionistas, o desenvolvimento das ciências físicas, químicas , econômicas e, finalmente, o compromisso de construir um novo edifício social, livre das estacas do absolutismo.

Desenvolve-se a compreensão de que a razão era algo humano, uma faculdade que se desenvolvia através da experiência , junto com suas irmãs memória e imaginação. Era uma força para transformar o real e um caminho à disposição de todos os homens que buscassem a verdade.

A grande burguesia, aliada aos nobres liberais, aproveita a maçonaria para divulgar suas ideias. Para isso, conta com o concurso dos luminares.

A filosofia dos luminares, própria para a burguesia, possuía tal largueza de vistas e se assentava tão solidamente sobre a razão que, ao criticar depois contribuir para a queda do velho regime, dirigia-se a todos os franceses indistintamente.

Assim, entre os enciclopedistas, vamos encontrar:

Montesquieu – L`Esprit des Lois (1748);

Buffon – Histoire Nature ( 1749 – 1 vol);

Condillac – Traité des Sensations (1754);

Pe. Morelly – Code de La Nature (1755);

Voltaire – Essai sur les moeurs e l`esprit des nations (1756);

Rousseau-Discours sur l`origine et les fondements de l`inegalite parmi les hommes (1756);

Helvetius – De l`Esprit (1758);

Rousseau – L`Emile et Contract Social (1762).

O primeiro volume da enciclopédia aparece em 1751, sob o impulso de Diderot (Siecle de Luís XIV), de Voltaire e do “Journal Economique”,que se tornou o jornal dos fisiocratas.

O Ir∴ Malesherbes, cooptado pela maçonaria, estava à frente da Biblioteca de Paris ( como tal, era o censor oficial) e não censurava as obras dos filósofos.Encorajado por essa neutralidade, o movimento filosófico se ampliou. Depois de 1770, a propaganda filosófica triunfou. A Enciclopédia foi concluída em 1772. Voltaire e Rousseau morrem em 1778.

Em 1778, Panckoucke, Suard, Mably, Reynal, Morelly, Condorcet, D`Alembert e vários outros filósofos de segunda geração, todos maçons, continuaram a obra dos chefes do movimento, com a publicação da suprema enciclopédia, a “Encyclopédie Méthodique”.

A propaganda oral, via lojas maçônicas, ampliou os limites da palavra impressa.

Com o aparecimento da nova indústria, há a necessidade de transformar o Estado, para estimular o desenvolvimento dos negócios. A vida espiritual da Nova Era prepara-se para sepultar à da Velha Ordem. Mais tarde, a “Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão” constituir-se-á no atestado de óbito do “ancien regime”.

Vida espiritual da sociedade

A nascente maçonaria francesa estudava a Enciclopédia. Passou a congregar todos os homens livres, inclusive os clérigos, contrários às amarras feudais e espirituais.

As grandes lideranças pertenciam à maçonaria: Sieyes, Condorcet, Petion, Gregoire, Mirabeau, Danton, Marat, Brissot, Camille Desmoulins, Laclos,etc… e souberam agir sincronizadamente para impor ao rei Luís XVI uma Assembléia Nacional. Em 27/06/1789, o rei sanciona o que tentara mas não pudera impedir. Ali nascia o emblema de construtores sociais, os Arquitetos do Progresso.

Novas ideias

Econômicas : Laissez faire, laissez passer;

Políticas: extinção das ordens privilegiadas – liberalismo político;

Sociais: busca da felicidade na própria terra dos homens;

Naturais : desenvolvimento da física, química, biologia, etc…

As ideias eram levadas, mediante correspondência dos deputados, para todos os rincões da França pela máquina jacobina. E o que era a máquina jacobina?

Vejamos a definição de François Furet:

A máquina jacobina, fundada e dirigida com o concurso dos maçons, era uma apertada rede de sociedades políticas, culturais, fraternais que se multiplicavam através da França de 1789 ao ano III. Entre clubes, lojas, círculos, etc… chegavam a 5500. Eram lugares privilegiados de aculturação política e constituíram muito cedo um vasto corolário em que se experimentavam a linguagem, as práticas e as representações da democracia direta.”

Após a revolução e, principalmente, quando houve o derrube da monarquia, já não havia mais o elemento comum que unia todos os maçons. As forças políticas diversas estavam livres para iniciar suas jornadas, agregando elementos e campos afins.

Ainda assim, os maçons mantiveram a liderança em suas respectivas jornadas ideológicas.

À esquerda, no Clube dos Cordeliers, havia a liderança de Danton e Marat. Danton iniciado, ainda como obscuro advogado, na loja das Nove Irmãs. Marat, iniciado em setembro de 1769 na Loja Maçônica de Amsterdam, segundo seu biógrafo Gerard Walter.

Na centro esquerda, na Confederação Geral dos Amigos da Verdade, destacavam-se os maçons Pe. Fauché e o republicano Nicollau de Boneville, redatores do jornal Bouche de Fer ( Boca de Ferro). O Círculo Social, como era conhecida a Confederação, foi essencialmente um laboratório de idéias sociais progressistas. Não dispunha da preferência das massas populares (estas preferiam o Clube dos Cordeliers), por tomarem posições bastante afastadas da extrema esquerda. Havia, principalmente no Pe. Fauchet, uma extraordinária noção de realidade e das possibilidades geradas. O próprio Marx , ao estudar a Revolução Francesa, reconhece que o Círculo Social foi uma das matrizes do Socialismo Científico, pela consistência das idéias divulgadas.

À direita, havia a Sociedade de 1790. Congregava a alta burguesia aliada aos nobres liberais; destacavam-se os maçons: Pe. Sieyes, Marquês de Mirabeau, Duque de Orlelans, Duque de Chartres, Duque d`Aguillon, Duque de Biron, Conde de Clermont Tonerre, Visconde de Noialles, Duque de Rochefoucauld, Marquês de La Fayette, Pe. Gregoire, Laclos, etc…

Que chama era aquela que atraía e iluminava todos os homens com potencial vocação para Homem-Humanidade, que intuitivamente compreenderam que não são os homens que fazem as revoluções, mas estas, nas suas necessidades inelutáveis, é que fazem os homens quando estes exprimem a rotação dos seus movimentos?

A Maçonaria e o momento atual

Vimos, anteriormente, que o desenvolvimento das forças produtivas condicionava as novas relações sociais de produção e que as velhas relações tinham que ser modificadas para estabelecer um novo equilíbrio dinâmico entre o caráter das forças produtivas e elas.

Onde estamos hoje? Quais são as atuais relações sociais?

Para o economista Jeremy Rifkin,

“a transição para uma sociedade sem trabalhadores, a sociedade da informação, é o terceiro e atual estágio de uma grande mudança nos paradigmas econômicos, marcado pela transição de recursos energéticos renováveis para os não renováveis e de fontes de energia biológicas para as mecânicas. Ao longo de extensos períodos de história, a sobrevivência humana esteve intimamente vinculada à fecundidade do solo e às mudanças de estações.O fluxo solar, o clima e a sucessão ecológica condicionaram cada economia na terra. O ritmo da atividade econômica foi estabelecido com o aproveitamento da força do vento, da água, do animal e da capacidade humana”.

É só lembrar que, com a Revolução Industrial, a escassez de energia, pelo corte predador das árvores que forneciam madeira para a construções naval e civil, para combustíveis, etc…, forçou a transição para uma fonte de energia disponível – o carvão. Nessa época, é patenteada uma bomba a vapor para bombear o excesso de água das minas.

A união do carvão e das máquinas para produzir vapor marcou o início da era econômica moderna e sinalizou a primeira etapa de uma longa jornada para substituir o trabalho humano pela força mecânica.

É consenso que tivemos três Revoluções Industriais. Na primeira Revolução Industrial, a energia movida a vapor foi usada para extração de minério, na indústria têxtil – força dinâmica daquela Revolução – e na fabricação de uma grande variedade de bens que antes eram feitos à mão. A escuna foi substituída pelo navio a vapor, a locomotiva a vapor puxava os vagões de carga, até então, puxados a cavalo. Já se iniciava uma significativa melhora no processo de transporte de matérias primas e produtos acabados. Escreve Rifkin: “a nova máquina a vapor era uma nova espécie de escravo, uma máquina cuja habilidade física excedia grandemente o poder, tanto dos animais quanto dos seres humanos”.

A segunda Revolução Industrial foi a competição, no campo energético, entre o petróleo e o carvão. A energia elétrica entra em cena, ampliando as alternativas para operar as fábricas, iluminar as cidades e proporcionar comunicação instantânea entre as pessoas. A transferência de carga da atividade econômica do homem para a máquina continuava. “Na mineração, na agricultura, no transporte e na industrialização, fontes inanimadas de energia eram combinadas a máquinas para acrescentar, ampliar e, eventualmente, substituir mais e mais tarefas humanas e animais no processo econômico”. (Idem)

A terceira Revolução Industrial emerge após a segunda guerra mundial e, somente agora, começamos a sentir o impacto no modo como a sociedade organiza a sua atividade econômica. Robôs com controle numérico, computadores e softwares avançados estão invadindo a última esfera humana – os domínios da mente. Adequadamente programadas, estas novas “máquinas inteligentes”são capazes de realizar funções conceituais, gerenciais e administrativas e de coordenar o fluxo de produção, desde a extração da matéria prima ao marketing e à distribuição do produto final e de serviços.

Após esse panorama comparativo, vamos à análise:

O homem sempre se organizou em função do trabalho. Do caçador/coletor paleolítico e fazendeiro neolítico ao artesão medieval e operário da linha de montagem atual, o trabalho tem sido parte integrante da existência diária. E isto é tão verdadeiro que criamos e desenvolvemos toda uma cultura centrada no trabalho. Condicionamo-nos até a estigmatizar os que não trabalham.

Mas, as sofisticadas tecnologias da informação e da comunicação já nos permitem antever a fábrica virtual. Por ironia, estamos mais próximos de Paul Lafargue do que do seu sogro, Karl Marx. Aí, já verificamos uma aguda contradição entre o caráter das forças produtivas ( fundamento tecnológico da produção) e as relações sociais de produção. Entretanto, não dá para afirmar que esta é a contradição primária).

Juntando-se a estas, aparecem outras contradições, como :

a “racionalização” do sistema financeiro, fundamentada na tecnologia, proporcionou uma substancial redução nos custos de operação, oriunda da dispensa da mão de obra, da agilidade e confiança nas operações. Como contrapartida, o mesmo sistema gasta algumas vezes mais para garantir a segurança;

a tecnologia da informação proporcionou um aumento significativo dos lucros, na medida em que possibilitou processar e controlar operações que ,pelo seu volume, jamais poderiam ser feitas sem ela. Parte considerável desse lucro foi e continuará sendo “mordida” por eventos como o “bug”do milênio e as ações dos Hackers;

hoje, já ‘possível projetar a fábrica virtual, operada e controlada por robôs ou tecnologias da informação, cercada por milhões de agressivos esfomeados que perderam seus empregos para as “máquinas”.;

há uma fortuna potencial relativa ao lixo gerado pela moderna sociedade que poderia ser racionalmente administrado não só em benefício dos excluídos, como também, em benefício da qualidade do meio ambiente;

nunca a humanidade esteve tão próxima de promover a integral liberdade para os seres humanos, no mínimo, e, ainda assim, nunca houve uma época com tanta incerteza;

a tecnologia promove uma abundância perigosa, pois traz consigo o desemprego tecnológico e a demanda ineficaz do consumidor. Num mundo em que os avanços tecnológicos prometem aumentar dramaticamente a produtividade e a produção de bens, ao mesmo tempo em que marginalizará ou eliminará do processo econômico milhões de consumidores, a mágica da tecnologia parece ingênua, insensata até.

As evidências são preocupantes. Sabidamente planejamento e sistema capitalista não se combinam, o que acaba contribuindo para potencializar as preocupações.

Entretanto, a finalidade desta palestra não é propor soluções alternativas para o mundo. Faltam-me engenho e arte para tal. Mas sobram-me consciência e vontade para participar de uma busca compartilhada.

Então o que e como fazer?

Aqui há uma tentativa de proposta, que vai buscar na experiência histórica o norte da ação transformadora. Sem a história, é impossível entender o que se passa no mundo, pois ela possui uma estrutura e um padrão que nos permitem verificar de que modo os vários elementos reunidos no interior de uma sociedade contribuem para a deflagração de um dinamismo histórico ou, inversamente, não conseguem provocar tal dinamismo.

Sabemos que determinada etapa histórica não é permanente e a sociedade humana é uma estrutura bem sucedida porque é capaz de mudança; o presente, não é o seu fim.

O exemplo da burguesia revolucionária, que foi sábia o suficiente para reunir todos os ingredientes que possibilitaram o salto de qualidade, deve ser seguido, devidamente relativizado. Somos a única instituição no mundo capaz de se apresentar diante da história como agentes catalisadores da mudança, sem que confundamos nossas ações com as ações próprias de um partido político. Na minha avaliação a maçonaria está acima e além da luta de classes. Ela e só ela!

Por sermos universais, podemos promover vários ensaios, encontros, congressos, etc… com todas as grandes inteligências do mundo, presentes na instituição. Se não estiverem, nós as traremos. Aqui é o lugar delas.

Poderemos forjar novas lideranças mundiais a partir de nossas lojas universitárias. Deveremos ir aos parlamentos, forças armadas, Academia, etc… e buscar todos que se sentem compromissados perante o desafio de promover a necessária harmonia entre os elementos que formam a complexa tessitura de nossa marcha evolutiva. A exigência será a vocação para Homem-Humanidade. E, hoje, ser Homem-Humanidade é sonhar com um ordenamento social que desempenhe a função histórica de ultrapassar a emancipação provocada pela Revolução Francesa, superando os seus limites, isto é, criar uma emancipação universalmente humana e não apenas a de uma classe.

Um congresso do GOSP talvez ajudasse a criar os mecanismos necessários para iniciar nossa trajetória, ao contribuir para a formação de uma massa crítica, tão distante de nós. Mas já poderíamos inicia-la seguindo a orientação do Ir.: Onias de procurar inserirmo-nos e participarmos de Associações de Moradores, Sindicatos, Partidos Políticos, Conselhos Regionais, etc… Até porque a história nos ensina que as conquistas sociais se deram em função de uma estreita aliança com as massas populares.

Quanta experiência acumularíamos e que nos ajudaria a encontrar as variáveis que promovessem uma requalificação interna dos obreiros, definissem um perfil dos futuros candidatos e possibilitassem combinar internamente nossa disponibilidade de tempo, de tal ordem que as poucas horas disponíveis de um obreiro, multiplicadas pelo número de obreiros fossem suficientes para continuar a jornada racionalmente, isto é, sem os espontaneísmos. Poderíamos, aí, definir objetivos e as velocidades para alcançá-los.

Continuaremos fora da ribalta, fora do foco das atenções, onde se desenrolam os dramas da vida, até por que os bastidores são a especialidade da casa!

Mas, se em alguma Loja Maçônica do futuro, nossos irmãos fizerem referência às ações dos irmãos do passado, que não permitiram que se apagasse a chama do compromisso histórico de participar da criação de um ordenamento social fundado nos princípios da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, com certeza eles estarão falando de nós.



Bibliografia

História da Riqueza do Homem – Leo Huberman – Ed Zahar;

A Evolução do Capitalismo – Maurice Dobb – Ed Zahar;

A Revolução francesa – Albert Soboul – Ed Zahar;

A Interpretação Social da Revolução Francesa – Alfred Cobban – Ed Gradiva;

1789, O Emblema da razão – Jean Starobinsky – Cia das Letras;

Os Best Sellers proibidos na França Pré Revolucionária – Robert Darton –Cia das Letras;

Princípios Fundamentais de Filosofia – Pulitzer – Ed hemus;

Evolução do Pensamento Econômico – Paul Hugon _EASA;

Pensar a Revolução Francesa – François Furet – Edições 70;

A Revolução Francesa – Manfred –Ed Arcádia;

História da Filosofia – G.Realis/D.Antiseri – Ed Paulus;

Discurso sobre A Origem e Fundamentos da Desigualdade entre os Homens – Jean Jacques Rousseau – lb 140;

A Revolução Francesa – Carlos Guilherme Motta;

A Era dos Extremos – Eric Hobsbawn – Cia das Letras;

Marat, O Amigo do Povo – Gerard Walter – Ed Vecchi Ltda;

O Novo Século – Eric Hobsbawn – Cia das Letras;

Dicionário Crítico da Revolução Francesa – F.Furet/M.Ozouf – Ed Melhoramentos;

O Fim dos Empregos – Jeremy Rifkin – Ed Makron;

O Futuro do Capitalismo – Lester Turow – Ed Rocco;

A Dialética do Concreto – Karel Kosek – Ed Paz e terra.

O Iluminismo como Negócio – Robert Darton – Cia das Letras

agosto 04, 2025

ASPECTOS PSICÓLOGOS E ALQUÍMICOS NA MAÇONARIA - Jussara e Roberto Zardo

Palestra interessantíssima que aborda aspectos importantes, porém muito pouco estudados,  da Ordem Maçônica 






 

A EXPRESSÃO DO RESPEITO - Newton Agrella


Sempre interessante lembrar que o Respeito se constitui num dos principais valores da civilização humana para que se viva uma relação de harmonia e equilíbrio numa sociedade. 

Sejam nas relações interpessoais, ou naquelas que implicam em regras, normas ou princípios éticos, morais ou filosóficos.

Relevante registrar a etimologia da palavra "respeito" em Português, cuja origem, advém do Latim "respectus".

Em Latim "respectus" é a flexão na forma do tempo particípio passado do verbo *"respicere"*.

Este verbo significa 

 "olhar para trás" ou "olhar de novo". 

O referido verbo compõe-se da partícula *"re"*(de novo) e de *"specere"* (olhar). 

O que vale dizer que a ideia original de "respeito" remete a um olhar mais atento, uma segunda análise, bem como uma consideração mais profunda sobre algo ou alguém.

Deste conceito preliminar de "olhar para trás ou considerar alguma coisa mais detidamente e com maior atenção", evoluiu-se  para o significado atual de "respeito"  que remete a admiração, consideração e deferência por algo ou alguém. 

Assim sendo, este imprescindível substantivo abstrato, dentre tantas outras coisas, encerra em sí a idéia de disciplina, obediência e até mesmo de comportamento diante dos mais variados ambientes e circunstâncias sócio-culturais.

Diga-se de passagem, que "Respeito" não se compra, não se vende e nem se negocia, sob condição alguma.

Neste breve exercício, cabe por fim destacar que o Respeito, sob um olhar dialético, consiste em reconhecer o objeto de discussão (seja um postulado, um princípio, uma regra ou um regulamento) não segundo as distorções da subjetividade, mas sim, no conteúdo e em sua própria essência e dignidade, valorizando sua natureza e suas legítimas particularidades. 

Respeito não é mais, nem menos, é simplesmente a proporção acurada de uma realidade.



agosto 03, 2025

UM ALERTA PARA A MACONARIA



O texto abaixo refere-se ao Rotary Club, do qual fui associado por 40 anos, fundador e presidente de Clubes. Mas o alerta vale para qualquer entidade de voluntariado, e sem dúvida para a maçonaria. 

Michael Winetzki 


QUANDO A ENTRADA JÁ NÃO COMPENSA A SAÍDA: O ALERTA SILENCIOSO QUE MUITAS ORGANIZAÇÕES IGNORAM 

Ao observarmos os dados frios de uma organização global de prestação de serviços, pode parecer que o número de associados simplesmente caiu cerca de 80 mil pessoas nos últimos 10 anos. Mas isso seria subestimar — e muito — a gravidade do problema.

Essa perda líquida oculta um fenômeno muito mais sério: a alta rotatividade que esconde uma crise de retenção profunda.

O que antes era mascarado por um volume alto de admissões anuais — sustentando os números totais perto de 1,2 milhão — hoje já não consegue mais compensar as saídas. A chamada “síndrome da porta giratória” se agravou: entram novos associados, mas saem ainda mais. A base está em erosão. E isso tem nome: colapso silencioso.

📉 O que dizem os dados globais?

Pesquisas recentes sobre o setor mostram que organizações sem fins lucrativos têm taxas médias de rotatividade entre 20% e 40% ao ano, dependendo da maturidade do modelo de engajamento. Segundo o relatório da plataforma Dataro (2024), reter é até sete vezes mais econômico do que recrutar novos membros.

No entanto, muitas entidades continuam apostando na entrada, ignorando que a retenção é o verdadeiro sinal de vitalidade institucional. Não é o número de pessoas que você atrai — é o número de pessoas que escolhem ficar.

🧱 O que leva tantos a irem embora?

A resposta raramente está em fatores externos. O que leva à evasão constante costuma estar dentro da própria estrutura:

▪︎ Ausência de escuta e participação real.

▪︎ Decisões centralizadas e pouco transparentes.

▪︎ Cultura interna que sufoca críticas e inovações.

▪︎ Comunicação institucional distante da realidade local.

▪︎ Custos administrativos em alta, sem contrapartida perceptível.

Enquanto isso, quem levanta alertas é frequentemente desacreditado. Questionar tornou-se motivo de afastamento. Críticas construtivas passaram a ser vistas como ameaça, não como oportunidade.

🚨 Quando a estabilidade engana

Organizações que mantêm o mesmo CEO por anos, mesmo diante de sinais evidentes de declínio, estão presas à lógica da autopreservação — não da missão.

Quando os indicadores vão mal, os custos sobem, a confiança cai e a liderança continua intacta, algo está profundamente desconectado. Se fosse uma empresa privada, mudanças já teriam sido feitas há muito tempo.

Mas em muitas ONGs, a cultura institucional prefere o conforto da estagnação à ousadia da renovação.

🔍 Uma pergunta que incomoda — e precisa ser feita:

Por que tantos entram... e poucos ficam?

Essa pergunta, se feita com seriedade, pode abrir caminhos para uma verdadeira transformação. Mas exige coragem para rever estruturas, dar voz à base e reconhecer erros. Exige colocar a missão acima das vaidades, os princípios acima dos cargos, e o impacto real acima das aparências.

✨ Ainda há tempo

O futuro das organizações de impacto não será determinado pelo tamanho de seus quadros, mas pela profundidade de seus vínculos.

Não é a quantidade de nomes em um banco de dados que transforma o mundo — é a qualidade dos relacionamentos, a força da confiança, e a verdade que se pratica internamente.

Antes que a porta giratória leve embora não só associados, mas a própria relevância institucional, é preciso ouvir.

É preciso mudar.

É preciso recomeçar — de dentro para fora.

fonte: Pessoas em ação # LigadosNasPessoasEmAção

VISÃO VENERÁVEL - Adilson Zotovici


Livre pedreiro em idílio

Pensativo, mui distante,

No canteiro, o domicílio,

É motivo preocupante !


Corre o mestre em seu auxílio

Tendo visto em seu semblante

Que sua mente no exílio

Displicente em senda errante


Determinado e pujante

Forte voz como utensílio

Dá um brado instigante;


Solta-te irmão um instante !

Neste fraterno concílio...

A nós...és tão importante  !



A PALAVRA SEMESTRAL NA ORDEM DO DIA - Márcio dos Santos Gomes


A Palavra Semestral da tradição maçônica é sempre renovada na passagem dos solstícios e destina-se a comprovar a regularidade do maçom em visita a outras Lojas e serve para reforçar a segurança da cobertura. O Maçom que desconhece a palavra do semestre em curso e nem a do anterior não frequenta Loja há pelo menos seis meses, podendo ser considerado irregular.

As Grandes Lojas, por intermédio da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), definem e encaminham de forma criptografada aos Veneráveis Mestres, que devem decifrá-las e repassá-las, em Cadeia de União, exclusivamente aos obreiros de suas respectivas Lojas.

O costume remonta à instalação de Felipe de Orleans, duque de Chartres, como Grão-Mestre do Grande Oriente da França, em 28 de outubro de 1773. O motivo da criação da Palavra Semestral se deveu à necessidade de impedir a presença de maçons não filiados às reuniões do GOF, então criado como dissidência da Grande Loja da França, limitando o livre direito de visitação até então vigente. Posteriormente foi adotada por outras Potências. O Grande Oriente do Brasil adotou a Palavra Semestral na sua reinstalação em 1831.

Segundo Boucher (1979), originalmente eram duas palavras e ambas começavam pela mesma letra, sendo pronunciadas, a primeira da esquerda para a direita e a outra da direita para a esquerda do ouvido, durante a Cadeia de União, e deveriam voltar ao Venerável que as comunicou, “justas e perfeitas”. Constatado algum erro na volta, o procedimento se repetia.

A eficácia das Palavras era aferida na visitação, no sistema de senha e contrassenha, quando o irmão daria uma palavra ao Cobridor e receberia a outra palavra, ficando dessa forma estabelecida a regularidade de ambos, tanto a do visitante quanto a da Loja.

Entre os maçons operativos, a “Palavra Secreta” (daí a curiosidade e o desejo de descobri-la) era o meio de reconhecimento e de comunicação que somente era ensinada e usada pelos Companheiros, Membros da Fraternidade (Carvalho, 1990). A posse da Palavra do Maçom indicava a qualificação para trabalhar junto a outros maçons.

“Foi por ouvir falar dela que os forasteiros descobriram pela primeira vez que os maçons tinham segredos.” (Stevenson, 2009).

Por sua vez, o cowan, termo originário da Escócia, designava o operativo admitido para executar serviço temporário a respeito do qual não era exigida habilidade equivalente a um Maçom regular e que poderia ser dispensado logo após o término do trabalho. Considerado “Maçom sem a Palavra de Trabalho”, o equivalente à Palavra Semestral da atualidade, a referência já constava dos Estatutos de Shaw, em 1598, com a proibição aos Mestres de contratá-lo, a não ser para suprir a falta de um Maçom capacitado. O cowan, mais tarde associado à figura de um bisbilhoteiro, intruso ou espião, interessado em obter a “Palavra do Maçom”, criou a necessidade do Cobridor Externo (Tyler) e deu origem ao termo “Goteira”.

Dessa forma, considerando-se hoje a existência de uma só Palavra Semestral, e dada a profusão de Potências irregulares e Lojas espúrias, vislumbra-se a premente necessidade de revisão do critério de sua elaboração por parte de nossas autoridades litúrgicas, de forma a restabelecer o formato original de duas palavras, mantendo a tradição e visando ao fortalecimento dos mecanismos de segurança, inclusive envolvendo GOB e COMAB. Seria possível tal consenso? Uma “Palavra de Convivência” que chegou a prosperar em Minas Gerais, fruto da Carta de Uberlândia de junho de 1998 (Guimarães, 2014), não é atualizada desde 2012. O tema precisa retornar à Ordem do Dia para, pelo menos, ser reavaliado.

Nota

– Em seu livro Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – História, Fundamentos e Formação, o irmão José Maurício Guimarães transcreve os desdobramentos da Carta de Uberlândia, de junho de 1998 (pg. 427 e seguintes), bem como o Tratado de Mútuo Socorro, Fraternal Convivência, Recíproca Amizade e Estreita Colaboração, entre as Potências de Minas Gerais, que contem, dentre outros avanços, a adoção de uma Palavra Semestral de Convivência.


Referências bibliográficas

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento, 2015;

CARVALHO, Assis. Símbolos Maçônicos e Suas Origens. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 1990;

GUIMARÃES, José Maurício. Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – História, Fundamentos e Formação. Belo Horizonte: GLMMG, 2014;


STEVENSON, David. As Origens da Maçonaria: o século da Escócia. São Paulo: Madras, 2009.

agosto 02, 2025

NARCISISMO INCONTIDO - Newton Agrella


Daqui da minha janela é possível enxergar o narcisista.

Aliás, essa figura nem precisa de tanto alarde e holofotes.

O narcisista se basta por sí só.

Ele é o protagonista de qualquer evento.

O que o alimenta é a platéia, é o desejo incontido e insofismável de permanecer em evidência, seja lá como for.

O transtorno de personalidade que o acomete, impõe-lhe uma condição psiquiátrica complexa que o faz sentir-se superior às outras pessoas, num processo de grandiosidade que exige atenção até mesmo de sua própria sombra.

Daqui da janela, vislumbro a figura do narcisista olhando-se no espelho, tentando descobrir se há algum indício de inconsistência em seu perfil.

O narcisista é arrogante e orgulhoso. 

Enxerga o mundo e divisa o horizonte exclusivamente sob a utópica ótica de sua mais completa perfeição.

A empatia passa longe de suas qualidades, o que torna suas relações sociais um tanto deficitárias.

A propósito, o termo "narcisismo" é herança da mitologia grega.

Reza a lenda que "Narciso"  era um belo jovem que despertou o amor da ninfa Eco. 

Porém, Narciso rejeitou esse amor e por isso foi condenado a apaixonar-se pela sua própria imagem refletida na água. 

Daí o advento desta  alegoria, cuja ideia está sempre associada a  uma dose de desfaçatez da alma, que mal consegue represar este sentimento tão deprimente.

Que as águas dos lagos, lagoas e rios se abstenham de continuar oferecendo seus reflexos àqueles que têm tão pouco para mostrar, mas que não cansam de querer se exibir.

VOLTA À OFICINA - Adilson Zotovici


 

Breve, a volta à oficina...

Um dia ansiado, feliz,

A saudade nos domina

Fraternidade...o chamariz


Reencontro à rotina

Abraços sinceros, gentis

A Loja se ilumina

No Templo, à obra raiz


Uma sensação divina

Nas manifestações sutis

A quem a isso se inclina


A ansiedade prediz

A vontade vaticina

Tratar-se de eterno aprendiz !





agosto 01, 2025

ARLS TRÍPLICE ALIANÇA 341 - Mongaguá


Mais um happy hour das quintas-feiras no Restaurante Telhado, o melhor de Mongaguá, do nosso irmão hospitaleiro José Ricardo Alcantara Ramos. É uma tradição que se criou na Loja, e aquilo que seria o lucro do restaurante é revertido em atividades beneficentes na própria cidade, atendendo famílias em situações de carência.

Além da alegria de encontro dos irmãos em um ambiente informal em torno de deliciosos pratos.

A LENDA DO OFÍCIO – ANÁLISE CRÍTICA: ANTES DO DILÚVIO - Rui Bandeira


Tendo presente os limites e condicionalismos que apontei no texto anterior, vamos então tentar proceder a uma análise crítica do início da Lenda do Ofício.

Para que estejamos identificados, recordemos, então, o que nessa Lenda reza quanto aos tempos antediluvianos:

Vou contar-vos como estas valiosas ciências apareceram. Antes do Dilúvio de Noé, havia um homem, chamado Lamech, tal como está escrito na Bíblia, no quarto capítulo do Génesis; e este Lamech tinha duas mulheres, uma chamada Ada e outra chamada Sella; da sua primeira mulher, Ada, teve dois filhos, Jabell e Tuball e da sua outra mulher, Sella, teve um filho e uma filha. E estes seus quatro filhos criaram o princípio de todas as ciências no mundo. O seu filho mais velho, Jabell, fundou a ciência da Geometria. (…) E o seu irmão Tuball fundou a ciência da música (…). E o terceiro irmão, Tuball Cain, fundou a ciência de trabalhar ouro, prata, cobre, ferro e aço (…). Esses filhos sabiam bem que Deus iria tirar vingança dos pecados, ou pelo fogo, ou pela água; portanto, escreveram as suas ciências em dois pilares de pedra, que pudessem ser encontrados após o Dilúvio de Noé. E uma das pedras era mármore, pois essa não arderia com o fogo; e a outra pedra era argila cozida em tijolos e não afundaria na água de Noé.

Obviamente que nenhum documento histórico suporta esta parte da Lenda. O único elemento em que se baseia é a Bíblia, no Livro do Génesis.

No Génesis, existe a referência a dois personagens com o nome de Lamech. Um era descendente em sexta geração de Caim, filho de Methusael e a primeira referência a um polígamo na Bíblia, com duas mulheres, Ada e Tselah (na Lenda, Sella). o outro era descendente de oitava geração de Seth (Abel), filho de Methuselah, e foi o pai de Noé.

Alguns estudiosos consideram que estes dois personagens corresponderão a um único ser, apontando a semelhança dos nomes dos respetivos progenitores e, sobretudo notando que, na coletânea rabínica Genesis Rabba, refere-se que Na’amah, a filha de Tselah e Lamech, filho de Methushael (Methusael), foi a mulher de Noé, alegadamente o filho do outro Lamech, filho de Methuselah.

Seja como seja, a Lenda do Ofício não se perde em rabínicas subtilezas e toma como personagem Lamech, o primeiro polígamo referenciado na Bíblia, descendente em sexta geração de Caim.

A Lenda do Ofício parte, portanto, do mito bíblico, acrescentando-lhe os elementos da fundação das ciências pelos filhos de Lamech e a premonição de que o castigador e vingativo Jehovah do Antigo Testamento iria punir duramente os pecados humanos, fosse pela água, fosse pelo fogo – os dois grandes elementos com capacidade destruidora da Antiguidade Primitiva. E, anacronicamente – pois a escrita ainda não tinha sido inventada – relata a escrita do registo de todas as ciências em dois pilares, concebidos para resistir á água, um, e ao fogo, o outro.

Mito, evidentemente! Lenda, obviamente! No entanto, que deduções ou ilações de natureza histórica (melhor dito: proto-histórica) podemos tirar desta parte da Lenda?

Albert Mackey, na sua História da Maçonaria, informa-nos que esta história, na parte não bíblica, deriva de um registo de Josephus (historiador romano do Povo Judeu da Antiguidade, autor das Antiguidades dos Judeus), que conta a história do fabrico dos dois pilares como tendo ocorrido com descendentes de Seth (Abel).

Não sendo de presumir que os autores medievais da Lenda estivessem familiarizados com os textos rabínicos e fossem dados às subtilezas dos estudiosos que defendem serem os “dois” Lamech um único personagem, verifica-se que a Lenda parte da história relatada por Josephus, mas alterando os personagens.

Segundo Mackey, tal ter-se-á devido a uma adulteração do texto de Josephus ocorrida numa obra intitulada Polychronicon, da autoria de um monge beneditino, Ranulph Higden, que viveu no século XIV.

Portanto – e não esqueçamos que a Lenda do Ofício se estruturou na época medieval – esta parte da Lenda do Ofício radica num relato de um historiador, adulterado por outro. Mas resulta do que, na época da sua construção, era tido como um fato histórico. Esta parte da Lenda do Ofício terá, assim, sido incluída na mesma não antes do século XIV – altura da adulteração, no Polychronicon, do que Josephus escrevera. E corresponde ao que, na época, era tido como um fato histórico.



BATERIA MAÇÔNICA - AD


Origem e a motivação do ato de produzir som através da batida das mãos.

Encontramos na história da humanidade relatos pagãos do milênio anterior a Cristo, onde bater palmas tinha a intenção de acordar/despertar os Deuses. 

Também eram, desde esta época, usadas para afugentar os maus espíritos.

Durante os antigos espetáculos circenses na Grécia e Roma, bater as mãos era a manifestação de agrado pelo que estava sendo apresentado e uma expressão não oral de saudação à autoridade presente.

Ao ser incluída nos trabalhos maçônicos, a Bateria Maçônica resgata sua origem e passa a ser sacralizada em nosso trabalhos.

Executamos sequências de som de percussão usando as mãos, em quantidades determinadas a cada situação/grau e circunstância/momento. 

A Bateria Maçônica é uma atividade eminentemente esotérica.

Primeiramente ela envolve o contato das duas partes internas das mãos.

Todos nós reconhecemos e já sentimos a energia que envolve juntá-las, seja para orar com os dedos voltados para o Altíssimo ou para com outra pessoa, através de um aperto de mão, demonstrar confiança e amizade.

“Pela Bateria”, percebemos a harmonia e iteratividade nos trabalhos. 

A Bateria unissomamente executada produz dois efeitos primordiais: Inconscientemente, passa aos Irmãos a sensação de unidade.

Não devemos esquecer que ela precede a Aclamação, e que mantendo esta unidade, estará mantida a EGRÉGORA do grupo. 

O segundo efeito é de ordem sutil e vai além das fronteiras do próprio inconsciente. 

Mais do que o som audível, a vibração produzida tem a função de harmonizar/equalizar o ambiente. 

Ao adentrar no recinto sagrado, muitos não conseguem canalizar bons fluídos e deixar para trás as impressões sensoriais negativas vividas antes da reunião. 

Levando-as assim para dentro do Templo e deixando dentro de si energias desarmônicas. 

A própria palavra BATERIA, deve ser bem compreendida. Bateria é um agrupamento de coisas que vão juntas, portanto:

BATERIA MAÇÔNICA NÃO É SIMPLESMENTE BATER PALMAS. 

O MAÇOM DE PÉ E A ORDEM. 

COM UM MOVIMENTO CONFIRMA SEU JURAMENTO. 

JUNTA O TOPO DE SUAS COLUNAS E USANDO O PRIMEIRO INSTRUMENTO DE TRABALHO DADO PELO CRIADOR, PRODUZ CADENCIADAMENTE VIBRAÇÕES ETÉREAS, PARA A MATÉRIA E O ESPÍRITO. 

 “O som jamais se destrói; avança Cosmos adentro, numa incessante viagem através do Universo, tanto exterior como interior. 

O som não atinge somente a periferia, mas adentra na parte espiritual e produz os seus efeitos.”