setembro 05, 2025

TEATRO" -"reminder" (INGRESSOS ESGOTADOS) - Newton Agrella


Imagine-se num palco.

Todos numa encenação de uma peça.

Há um script a ser seguido.

O contra regra orienta a entrada, posturas, falas e a participação de cada ator.

Há uma música de fundo, uma iluminação que se alterna de acordo com o curso de encenação de cada tomada.

Quanto à interpretação cabe ao diretor orientar e tabular o tempo.

O texto, é bem verdade, tem um caráter universal.

As locomoções, movimentos, marchas, toques e palavras obedecem uma dramaturgia ritualística, conforme a roupagem de que se reveste a peça.

Vale lembrar que todos são rigorosamente  protagonistas, pois a essência do texto estabelece um caráter de Igualdade.

Porém, cada ator tem a Liberdade de expressar seu sentimento dando vida a seu personagem, sem que isso interfira no rumo da história.

A Fraternidade entre os protagonistas é a tônica deste ensaio.

O cenário é a própria concepção do mundo, cabendo a cada intérprete utilizar-se de seus instrumentos, munir-se de seus paramentos e de forma   solene e agradável oferecer o seu ofício em prol da humanidade, sob a égide de um Supremo Arquiteto.

A peça se realiza numa espécie de Acrópole, isto é, num lugar mais alto e nobre, onde "simbolicamente" os Templos são erigidos.

Sustentada por uma Lenda, apoiada pela História, amparada por uma Doutrina Filosófica e obedecendo uma natureza Especulativa que assim se transformou, após sua origem Operativa e Eclesiástica - assim é o Teatro da Vida - em que se revelam os princípios da Maçonaria.

A sessão maçônica é por si só, uma grandiosa peça teatral, plena de conteúdo, mas antes de tudo guarnecida de forte apelo psicológico, antropocêntrico e dotada de um claro objetivo que se constitui em levantar templos à Virtude e ao mesmo tempo combater a Ignorância, posto que a mensagem desta peça de teatro é a de aprimorar o Templo Interior de cada um de nós.

Olhe pra sí mesmo e encontre em seu personagem o propósito de sua interpretação.



setembro 04, 2025

A QUEM CABE A RESPONSABILIDADE ? - Alexandre L. Fortes,


A quem cabe a responsabilidade das nossas posturas e ações maçónicas?

A quem cabe a responsabilidade dos nossos atos? A quem cabe a responsabilidade de termos um mundo melhor, um país melhor, uma cidade melhor, um lar melhor, uma Loja melhor, uma Maçonaria melhor? A quem cabe a qualidade das nossas amizades, trabalhos, produções, relações humanas e até mesmo da nossa fé?

Como podemos desejar melhor e o melhor? Como queremos o melhor e sempre o melhor quando as nossas ações e atitudes não são verdadeiramente o melhor que nós, de modo efetivo, podemos contribuir de melhor? Se as nossas ações muitas vezes se resumem em “inações”? Como podemos ser obreiros úteis e dedicados à Grande Obra? Ou, se nos surpreendêssemos e por fracções de segundos reconhecêssemos, numa mera hipótese, de nos encontrar em estado letárgico ou inúteis, inativos, não fisicamente, mas vegetativos diante do trabalho maçónico? Como reagiríamos?

Certamente e muito certamente sempre queremos o melhor; queremos, como maçons, uma Potência melhorada; uma Loja melhorada; Luzes e Oficiais acrisolados; Irmãos lapidados e que fulguram luz; ações filantrópicas ativas e melhores; ações para maçónicas mais atuantes, enfim… sempre o melhor. 

Mas a questão fundamental é: COMO? Porque o QUEM sempre soubemos os autores: NÓS! Não podemos confundir o NÓS com uma posição de isolamento de situarmo-nos numa “noz”, com (z), fechados no nosso mundo subjetivo do que “achamos” ou no “mundo dos achismos” maçónicos. Somos corpo, somos plural em constante ação construtiva dos nossos Templos interiores e exteriores!

O diferencial de qualidade no nosso mundo, na nossa Maçonaria, na nossa Loja, começa da intenção interna pessoal ativa, das conjecturas internas dos nossos corações, dos corações de cada um de nós obreiros; dos nossos reais propósitos. O diferencial que queremos nasce e se consolida com o cultivar das nossas ações, na prática, de cada um de nós maçons. O diferencial de qualidade maçónica se concretiza com o AMOR à Sublime Arte, com o respeito, com a humildade, com a tolerância, com a prudência, com as Virtudes Maçónicas e, também, com a ACÇÃO PRÁTICA em todas as suas manifestações virtuosas, de cada um de nós, na práxis dos nossos quotidianos, dentro e fora de Loja.

Não podemos, jamais, lamentarmo-nos ou criticarmo-nos, um dia, por algo que por ventura venha a acontecer nas nossas vidas ou na nossa Loja, sem, proativamente, termos contribuído ao máximo para melhorar e manter a qualidade desejada; manter o nosso desiderato maçónico da nossa Loja. Cabe a nós todos, e individualmente também, a responsabilidade das nossas posturas maçónicas e acções de cinzelar, esquadrejar e polir a nossa P. B. .

Não podemos esperar resultados diferentes e melhores realizando as mesmas ações que resultam no que já sabemos e que sempre nos descontentam. Não podemos esperar resultados diferentes fazendo as mesmas coisas que produzem os mesmos efeitos já conhecidos e até depreciados. Alcançar resultados melhores, diferentes, é realizar tarefas e métodos melhores. É diferir em qualidade de acção do que já fazíamos. Alcançar o melhor é ser o melhor; é fazer diferente e melhor para se alcançar resultados diferentes e melhores.

A quem cabe a responsabilidade das nossas posturas e ações maçónicas? Ao outro que se invisibiliza? Ou a cada um de nós nas nossas ações individuais e/ou coletiva


https://www.freemason.pt/a-quem-cabe-a-responsabilidade-das-nossas-posturas-e-accoes-maconicas/

setembro 03, 2025

SETEMBRO ABRE SUAS PORTAS - Newton Agrella



A História da civilização humana se adapta e se reproduz ao sabor das circunstâncias.

Essa prerrogativa é explicável até mesmo para servir de orientação à cronologia e aos Calendários.

Setembro, até em função da própria origem da palavra, fazia referência à "septem" ou seja;  o sétimo mês do ano, de acordo com o calendário romano, que se baseava na Lua e possuía 10 meses.

Em razão disso, as estações do ano ligadas ao Sol caíam em épocas distintas.

Como forma de equacionar essa questão, atribui-se ao rei romano, Numa Pompílio, a criação de dois meses "JANUS" (Janeiro) e "FEBRUARE" (Fevereiro) para antecederam Março. 

Assim, JANOS que na mitologia romana representava o Deus das entradas e saídas, tornou-se a referência de primeiro mês, como forma inclusive de trazer bons presságios.  

Cabe aí, o ingrediente  da superstição, como uma disposição da alma, cujo exercício não é objeto ou mérito para discussão nesse capítulo.

De algum modo, a instituição desses dois novos meses, repercutiu que o uso se manteve pelo costume.

Setembro, no hemisfério sul, marca a transição entre o Inverno e a Primavera, cuja característica é o desabrochar das flores, chuvas, e o início das temperaturas mais quentes.

O extraordinário músico e poeta Beto Guedes em sua canção "Sol de Primavera"  diz: 

"...Quando entrar Setembro e a boa nova andar nos campos, quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez..."

No que diz respeito ao aspecto espiritual humano, no Judaismo, por exemplo o Yom Kipur, (Dia do Perdão) constitui-se numa das datas de maior relevância, que no calendário hebraico começa no crepúsculo do décimo dia do mês de Tishrei que coincide com o Mês de *Setembro*, Outubro ou Novembro).

Já para os Cristãos, a Igreja Católica dedica o mês de Setembro à Bíblia.

Setembro, para o nosso País simboliza uma das datas mais importantes de nossa história, onde se comemora a Independência do Brasil no dia 07, tradicionalmente marcada por uma série de manifestações políticas.

É ainda em Setembro que se comemora aquela que talvez seja, uma das datas mais relevantes para a história da civilização, que é o "Dia Mundial da Alfabetização", 08 de Setembro, posto que a Leitura e a Escrita, são os dois instrumentos mais eficazes para a socialização, para o acesso à informação e para o desenvolvimento do raciocínio crítico ao ser humano.

Setembro é marca de renovação, e que por ele possamos transitar com a capacidade de reafirmar nossos propósitos de vida.




SER SÁBIO É SER EXEMPLAR - Bruno Bezerra de Macedo



Ser sábio é conhecer-se a si mesmo. É compreender como você mesmo funciona, seja seu corpo físico, seus pensamentos, emoções e/ou sentimentos, pois desta clareza para entenderá seus limites e ampliará suas capacidades com a exatidão propiciada pelo inteligente emprego dos conhecimentos galgados ao longo de sua vida: o seu legado.  Legado graciosamente destinado às gerações vindouras na forma de exemplo.

Do latim sapere (que tem sabor) e do grego sofia (habilidade manual, ciência e sabedoria), percebemos que viver com sabedoria viver com sabedoria é conviver pacificamente com o semelhante, respeitando à enorme diversidade de evoluções, sem imposições ou julgamentos, pois, a sabedoria viceja a busca do que é essencial e não deixar que o urgente se sobreponha ao importante. É cultivar amizades.

Ser exemplar é uma qualidade que atrai e cativa amizades, pois pessoas inspiradas por bons comportamentos, princípios e caráter tendem a construir relações mais sólidas e significativas. Uma pessoa que age com honestidade e segue bons valores se torna um modelo positivo, atraindo companheiros de jornada que compartilham os mesmos ideais, pois, como o ferro afia o ferro, assim um amigo afio o outro. (1)

Pessoas com um comportamento exemplar inspiram os outros a serem melhores, criando um círculo de crescimento e desenvolvimento mútuo, como se fosse um jardim que floresce com o cuidado. O cuidado com o outro, como o de Pequeno Príncipe com a sua rosa (2), é fundamental para construir amizades verdadeiras. Atitudes de empatia e dedicação mostram que você se importa e se responsabiliza por aquilo que cativa.

Neste influxo, indaga Alexandre Fortes (3), a quem cabe a responsabilidade das nossas posturas? Segundo ele, o diferencial de qualidade se concretiza com o AMOR, com o respeito, com a humildade, com a tolerância, com a prudência, mas, principalmente, se robustece com a com continuada das manifestações virtuosas, que são a mais augusta identidade daqueles que se propõem a construir, pelo exemplo de si, um mundo melhor.

Somos responsáveis pelo que influenciamos, pois, nossas ações têm um impacto direto na formação de outras pessoas, especialmente crianças, influenciando suas crenças, autoestima e formas de se relacionar. Como aclara a neurociência, as emoções positivas não só melhoram as relações sociais, como também estimulam a confiança e a conexão, que são pilares da ocitocina e do bem-estar em grupo. 

Se possuímos a capacidade de sentir prazer, é porque esta emoção existe para um propósito. A felicidade diz respeito ao nível de satisfação com a vida e é levando uma vida virtuosa que alcançamos a felicidade, afirma Aristóteles (4). A virtude sempre está no meio-termo entre dois extremos viciosos e condenáveis (faltas e excessos). Quer dizer, fazer o melhor que você puder dentro do possível. 

Aterradoramente, hoje em dia as pessoas estão em busca de prazer, acreditando que o prazer e a felicidade são sinônimos ou que é apenas pelo prazer que alcançamos a felicidade. No entanto, apesar de apresentar um certo grau de prazer, a felicidade consiste em viver todos os aspectos da vida humana, dos agradáveis até os desagradáveis, entendendo que a felicidade repousa na como lidamos com estas emoções.

Por oportuno, indago: a inteligência é suficiente para discernir o Bem do Mal?  A inteligência emocional, ao desenvolver habilidades como autoconhecimento, autogestão, empatia e sociabilidade, dota os indivíduos da capacidade de construir pontes de entendimento em vez de muros, contribuindo para uma sociedade mais harmoniosa, onde as pessoas com e sem neurodesenvolvimento atípico prosperem num ambiente acolhedor e de apoio mútuo.

A inteligência emocional estimula a capacidade de controlar impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, motivar as pessoas, praticar a gratidão e, este fazer, promove melhorarias na empatia, na comunicação e no relacionamento interpessoal, que são as bases da inteligência social que é habilidade de compreender as emoções dos outros e de interagir eficazmente com eles, imprescindíveis à inclusão social almejada.

Cumpre observar que a inclusão social requer um envolvimento e uma participação ativa de todos os setores da sociedade, um processo que pode ser entendido como "imersividade social", onde as pessoas se sentem acolhidas, respeitadas e parte do ambiente. Uma sociedade onde todos se sentem imersos e parte integrante do coletivo é uma sociedade mais justa, solidária e resiliente, que cava masmorras aos vícios. 

Uma sociedade ótima tem no respeito a sua base fundamental, pois, o respeito permite a construção de equidade, inclusão, cooperação, empatia e a garantia de direitos e oportunidades para todos os indivíduos, elementos essenciais para um convívio social harmonioso e forte diante das adversidades. O respeito é algo que se conquista através de atitudes e comportamentos consistentes e dignos de admiração, a que chamamos exemplo.

O exemplo vetoriza a transmissão de conhecimento e experiências, tanto pessoais quanto de terceiros, permite o aprendizado contínuo, a criação de novas ideias, a consolidação do conhecimento e o desenvolvimento de uma compreensão mais profunda e abrangente dos assuntos, tornando-se assim um processo construção de caráter, tanto para quem dá o exemplo quanto para quem o recebe, impulsionando crescimento da sabedoria individual e coletiva. 

_________________________

REFERÊNCIAS INSPIRADORAS

(2) Salomão (o amado), Provérbios 27:17 (século X a.C.)

(3) Antoine de Saint-Exupery, O Pequeno Principe (1943 d.C.)

(4) Alexandre L. Fortes, A quem cabe a responsabilidade das nossas posturas e ações maçônicas, Freemason.pt (2025 d.C.)

setembro 02, 2025

ARLS CAPITÓLIO DAS ÁGUIAS UBERABENSE 284 - Uberaba


Regressando deste périplo de viagens de Lins, Uberlândia, Caldas Novas e Taguatinga, promovendo a Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras que tenho a honra de presidir, paramos em Uberaba para recuperar as energias. 

Mas eu me recarrego de energia visitando Lojas maçônicas e liguei para um irmão cuja amizade cultivo há cerca de duas décadas, Neílton Gonçalves Ribeiro, que disse "hoje é dia de minha Loja, vamos?". 

A ARLS Capitólio das Águias   Uberabense, da GLMMG é um templo pequeno que funciona em um edifício comercial. Mas ao contrário do que se possa imaginar é uma Loja grande, com mais de 40 irmãos e o assombroso número de seis aprendizes. Eu já havia visitado e palestrado nesta Loja há anos.

Para minha surpresa o Venerável Mestre é um brilhante advogado Harytow Heitor de Paula, que já havia nos prestado serviços jurídicos há uns 12 anos e que me concedeu gentilmente o tempo de estudos.

Fiz um resumo da palestra sobre o incêndio de Londres e a origem da maçonaria especulativa, que despertou grande interesse e também a exposição dos livros editados pela Academia. 

Foi uma noite muito agradável e produtiva.


A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA MAÇONARIA - Newton Agrella


A abordagem de um assunto complexo exige algumas premissas, que, embora verdades inconclusas possam ser muitas vezes, esquecidas, em benefício de interesses pessoais de momento.

A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade. Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos. Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou FrancoMaçonaria, definida como uma Fraternidade devem prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos.

A segunda premissa afirma que a Maçonaria, como uma Fraternidade, deve ser uma instituição fundamentalmente ética. O substantivo feminino ética designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, ou seja, sobre as regras e códigos morais que orientam a conduta humana; refere se, também, à parte da Filosofia que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento dos princípios normativos da conduta humana, segundo esse sistema de valores. Sendo, a Maçonaria, até pela sua definição, uma organização ética, devem ser rígidos os códigos de moral e alto o sistema de valores, que orientam a conduta entre maçons.

Todos os códigos maçônicos ressaltam a importância dos valores éticos entre maçons, ou seja, entre Irmãos. Isso está bem evidente em disposições inseridas em textos constitucionais, as quais, com pequenas variações de Obediência para Obediência, afirmam que, entre outros, são deveres do maçom:

"Reconhecer como Irmão todo maçom e prestar-lhe, em quaisquer circunstâncias, a proteção e ajuda de que necessitar, principalmente contra as injustiças de que for alvo;

Haver-se sempre com probidade, praticando o bem, a tolerância e a fraternidade humana"

setembro 01, 2025

O QUE É A MAÇONARIA?


A Maçonaria é uma das sociedades iniciáticas mais antigas ainda em atividade, cercada por simbolismo, ritos e uma longa trajetória que mistura tradição, beneficência e influência histórica. Sua origem remonta às antigas guildas de pedreiros medievais, especialmente entre os séculos XII e XVI, quando os construtores de catedrais góticas organizavam-se em corporações fechadas, guardando segredos técnicos de geometria, matemática e construção. Com o tempo, esses rituais foram se transformando e, em 1717, em Londres, surgiu a chamada Maçonaria Especulativa, quando o ofício deixou de ser apenas a arte da construção material e passou a simbolizar a construção moral e espiritual do indivíduo.

Sua estrutura é composta por Lojas Maçônicas, que funcionam como células locais autônomas, mas ligadas a Grandes Lojas ou Grandes Orientes, autoridades regionais ou nacionais. Não existe, contudo, uma centralização mundial. Em todas elas, prevalecem os graus básicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, que marcam o percurso de iniciação de seus membros. Alguns ritos, como o Escocês Antigo e Aceito ou o de York, acrescentam graus mais elevados, mas variam de acordo com a obediência a que pertencem.

A Maçonaria não é uma religião, mas exige de seus membros a crença em um Ser Supremo, chamado de Grande Arquiteto do Universo. Seus rituais são iniciáticos e baseados em símbolos de construção, como o esquadro e o compasso, que representam a moralidade e o equilíbrio. Historicamente, a organização esteve próxima de movimentos iluministas e liberais, defendendo ideias de liberdade de pensamento, laicidade e direitos civis. Com o passar dos séculos, sua atuação voltou-se principalmente para a beneficência, financiando escolas, bolsas de estudo, hospitais e obras sociais.

No aspecto financeiro, as Lojas se mantêm por meio das contribuições regulares de seus membros, conhecidas como capitações, que sustentam as atividades internas e também ajudam as Grandes Lojas. Em países como Inglaterra e Estados Unidos, a Maçonaria está registrada como associação sem fins lucrativos, devendo prestar contas em relatórios públicos. A United Grand Lodge of England, por exemplo, reporta doações anuais superiores a trinta milhões de libras em obras de caridade, enquanto nos Estados Unidos a Shriners International mantém mais de vinte hospitais infantis gratuitos. No Brasil, instituições como o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas Estaduais são registradas como associações civis, com estatutos, CNPJs e patrimônio declarado.

Apesar disso, a Maçonaria sempre foi cercada por críticas e controvérsias. Seu secretismo alimentou inúmeras teorias conspiratórias sobre suposto controle político, religioso ou econômico, e sua forte presença em movimentos de independência e revoluções liberais, como a Inconfidência Mineira, contribuiu para perseguições, principalmente da Igreja Católica, que desde 1738 condenou oficialmente a organização em diferentes bulas papais. Nos últimos tempos, outro desafio se apresenta: a queda no número de membros, já que as novas gerações têm aderido cada vez menos à vida maçônica.

Em essência, a Maçonaria sobreviveu como uma rede de sociabilidade, ética e beneficência que atravessa séculos. Mais do que uma religião ou um poder oculto, trata-se de uma irmandade histórica que moldou parte da cultura ocidental, movimenta milhões em filantropia no mundo e segue como um espaço de encontro para aqueles que buscam tradição, reflexão simbólica e atuação social.

agosto 31, 2025

REFLEXÃO - Adilson Zotovici


Em solilóquio com sinceridade

Noite adentro à  minha escultura

Como quem cobra, com profundidade

A nossa obra de arquitetura


Do iniciado sua identidade

Sobre os perigos de uma ruptura

De sua jura na fraternidade

Feita em colóquio com a alma pura


Grande Arquiteto em sua Bondade

Deu o Universo à semeadura

Não controverso à nossa irmandade


Livre “o pedreiro” de sua clausura

Não olvidar guião da caridade

Como bordão, como propositura !



CUANDO YO ME VAYA - Heitor Rodrigues Freire


O tema da morte, ultimamente, tem merecido um destaque em minhas meditações. Nesse sentido, encontrei um poema de Carlos Alberto Boaglio, poeta, escritor e ator argentino, que com muita sensibilidade e consciência abordou o assunto num poema maravilhoso, que nos inspira a viver o presente, a não lamentar o que não podemos mudar, que transcrevo a seguir, no original:

Cuando yo me vaya, no quiero que llores, quédate en silencio, sin decir palabras, y vive recuerdos, reconforta el alma.

Cuando yo me duerma, respeta mi sueño, por algo me duermo; por algo me he ido.

Si sientes mi ausencia, no pronuncies nada, y casi en el aire, con paso muy fino, búscame en mi casa, búscame en mis libros, búscame en mis cartas, y entre los papeles que he escrito apurado.

Ponte mis camisas, mi sweater, mi saco y puedes usar todos mis zapatos. Te presto mi cuarto, mi almohada, mi cama, y cuando haga frío, ponte mis bufandas.

Te puedes comer todo el chocolate y beberte el vino que dejé guardado. Escucha ese tema que a mí me gustaba, usa mi perfume y riega mis plantas.

Si tapan mi cuerpo, no me tengas lástima, corre hacia el espacio, libera tu alma, palpa la poesía, la música, el canto y deja que el viento juegue con tu cara. Besa bien la tierra, toma toda el agua y aprende el idioma vivo de los pájaros.

Si me extrañas mucho, disimula el acto, búscame en los niños, el café, la radio y en el sitio ése donde me ocultaba.

No pronuncies nunca la palabra muerte. A veces es más triste vivir olvidado que morir mil veces y ser recordado.

Cuando yo me duerma, no me lleves flores a una tumba amarga, grita con la fuerza de toda tu entraña que el mundo está vivo y sigue su marcha.

La llama encendida no se va a apagar por el simple hecho de que no esté más.

Los hombres que ‘viven’ no se mueren nunca, se duermen de a ratos, de a ratos pequeños, y el sueño infinito es sólo una excusa.

Cuando yo me vaya, extiende tu mano, y estarás conmigo sellada en contacto, y aunque no me veas, y aunque no me palpes, sabrás que por siempre estaré a tu lado.

Entonces, un día, sonriente y vibrante, sabrás que volví para no marcharme”.

Essa reflexão pode ser analisada sob diferentes aspectos, como, por exemplo, a aceitação da morte e a importância de viver o presente. Também pode ser considerada sobre a questão da despedida que, quase sempre, acontece sem avisar e o impacto que causa aos que ficam. É um convite e uma reflexão sobre a vida e a morte, o legado e a possibilidade de encontrar a paz e aceitação em um fato inexorável.

A propósito, em João, 16,5 temos: “Eu lhes digo a verdade, convém que eu me vá, porque se eu não for, não virá o Espírito da Verdade”, complementando no versículo 13 do mesmo capítulo: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele encaminhará vocês para toda a verdade, porque o Espírito não falará em seu próprio nome, mas dirá o que escutou e anunciará para vocês as coisas que virão a acontecer”.

O Espírito da Verdade já veio.


A MAÇONARIA ELIMINA A DISTÂNCIA ENTRE OS HOMENS - Carl J. Sanders


 "Em tempos de desconfiança, suspeita, discriminação, separação e até ódio, a Maçonaria elimina a distância entre os homens. Amizade, moralidade e amor fraternal são as marcas registradas de nossos relacionamentos. Há uma integridade básica na Fraternidade que muitas vezes falta em muitos relacionamentos da vida... Permitam-me dizer, rápida e enfaticamente, que a Maçonaria não é e nunca foi uma religião; no entanto, a Maçonaria sempre foi amiga e aliada da religião. Em 50 anos como ministro e como maçom, não encontrei conflito entre minhas crenças maçônicas e a fé cristã.

Minhas atividades maçônicas nunca interferiram na minha lealdade e no meu amor pela minha Igreja. Muito pelo contrário, minha lealdade à minha Igreja foi fortalecida pelos meus laços maçônicos. Bons maçons são bons clérigos.

'Que ninguém diga que você não pode ser cristão e maçom ao mesmo tempo. Conheço muitos que são ambos e se orgulham de ser ambos.'

Mas nos orgulhamos, como maçons, de que membros de todas as religiões tenham encontrado valor na fraternidade. O Rabino Seymour Atlas, detentor de algumas das mais altas honrarias maçônicas, escreve sobre o que encontra na Maçonaria: "Fui criado em um lar religioso, filho de um rabino, com sete gerações de rabinos me precedendo... Tenho orgulho de ser um maçom que acredita na dignidade dos filhos de Deus e se opõe ao ódio e à intolerância, e defende a verdade, a justiça, a bondade, a integridade e a retidão para todos."

Carl Julian Sanders (1912–2007) foi um bispo americano da Igreja Metodista Unida que foi eleito para o cargo em 1972.

Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA


agosto 30, 2025

AS TARIFAS FUNCIONAM PARA PROMOVER RIQUEZA? - Mario Cesar Martins de Camargo


A administração dos EUA promoveu mudanças drásticas em sua política comercial nos últimos meses. Isso afetou parceiros de longa data, como a União Europeia e a China, e impactou severamente dois países emergentes: Índia e Brasil, meu país de origem.

A tarifa imposta a esses dois países é substancial, de 50%, e, no caso do gigante sul-americano, recaiu sobre itens de consumo cotidiano, como carne, café, cimento e madeira. A lista de tarifas cobre aproximadamente 65% das importações dos EUA vindas do Brasil, excluindo produtos como suco de laranja, celulose, aviões e petróleo.

Tendo tido o privilégio de viver em ambos os países durante minha vida, aprendi a respeitar as decisões tomadas por governos democráticos, deixando de lado qualquer viés político. Entrar na onda da polarização só atrai simpatias e antipatias; já uma discussão inteligente é crucial nesses momentos.

Afinal, o objetivo pretendido é melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores norte-americanos, criando mais empregos, fomentando o crescimento e, em última instância, promovendo riqueza. Metas razoáveis para qualquer administração pública.

Um pouco de história

Os EUA têm vasto conhecimento sobre tarifas implementadas ao longo de sua história. Como lembrete, a Lei Smoot-Hawley de 1930 foi criada para proteger os agricultores afetados pelas consequências da Primeira Guerra Mundial. Proposta por Herbert Hoover, a legislação elevou tarifas a até 60%, número surpreendentemente semelhante aos aplicados nas negociações com países específicos, como os dois mencionados acima.

Após a quebra da Bolsa de Valores em 1929, a medida aprofundou a recessão no continente. Economistas podem debater o papel das tarifas naquela crise, mas os números falam por si: o PIB dos EUA caiu 46% entre 1929 e 1933; as exportações despencaram de US$ 5,24 bilhões em 1929 para US$ 1,6 bilhão em 1932. A receita dos produtos agrícolas, os supostos beneficiários da lei, caiu 50%, principalmente devido às medidas retaliatórias adotadas por parceiros comerciais afetados, como Canadá e França.

Tarifas são inflacionárias? O que esperar?

As taxas de inflação recentes têm sido inesperadamente baixas, se comparadas às expectativas levantadas pelas tarifas. Uma enxurrada de números, típica de um acordo comercial, foi colocada na mesa, mas há alguns fatos concretos que sustentam a narrativa inflacionária até agora, que não foi tão negativa quanto se previa:

1. As tarifas realmente implementadas não foram tão altas quanto se esperava;

2. O estoque e a antecipação de inventário evitaram aumentos imediatos de preços; empresas estão consumindo produtos adquiridos antes do impacto das tarifas;

3. Absorção de custos: empresas têm segurado reajustes, aguardando maior clareza em sua estrutura de custos, resultante da adição das tarifas às suas planilhas;

4. Pressões inflacionárias historicamente levam tempo para se manifestar.

As tarifas causam inflação? Segundo a The Economist, geralmente sim, “mas o problema maior é que prejudicam o crescimento econômico e a inovação”, de acordo com um artigo de janeiro de 2025. O que nos leva ao exemplo do meu país, o Brasil.

Tarifas como política de longo prazo podem prejudicar a produtividade, a alma da riqueza.

Uma ressalva: a situação histórica das tarifas impostas pelo Brasil sobre produtos importados pode diferir do cenário americano, dadas as enormes diferenças entre o tamanho de suas economias. O PIB dos EUA em 2024 foi de US$ 29,2 trilhões, enquanto o do Brasil foi de US$ 2,18 trilhões, sem mencionar a maior complexidade e sofisticação da economia americana. Mas, sendo ambas economias de mercado, talvez a história do uso recorrente de tarifas pelo Brasil para “proteger” sua indústria sirva de exemplo das consequências de longo prazo dessa política.

1. O crescimento econômico anual do Brasil desde a década de 1980 tem sido, em média, 2,5%, bem abaixo das duas décadas anteriores, quando foi três vezes maior. O crescimento da produtividade estagnou em torno de 0,5% ao ano, em média, entre 1981 e 2023, insuficiente para melhorar a qualidade de vida da população. Não surpreende que o setor mais “protegido”, a indústria de transformação, tenha apresentado queda média anual de -0,3% em produtividade, enquanto o setor de serviços ficou estagnado. O segmento mais competitivo da economia brasileira — e os americanos reconhecem isso em suas mesas de café da manhã — é o agronegócio, que cresceu de forma consistente 6% ao ano nas últimas quatro décadas, consolidando o país como fornecedor global de proteína;

2. Comparação de produtividade: na década de 1980, a produção por trabalhador no Brasil representava 46% da de um trabalhador americano. Hoje, o número caiu para 25,6%. Em outras palavras, quatro trabalhadores brasileiros produzem o mesmo que um trabalhador americano. Vários fatores contribuem para essa diferença crescente, não apenas o protecionismo, mas as tarifas para proteger fabricantes locais certamente reforçaram essa disparidade;

3. As tarifas médias do Brasil sobre máquinas e equipamentos importados — vitais para aumentar produtividade e inovação — são de 11,5%, o dobro das do México e três vezes as da União Europeia. Se somarmos barreiras não econômicas, como proteções tecnológicas e burocracia, 86% das importações brasileiras de manufaturados são atingidas por tarifas.

Esses números revelam a dificuldade de implementar uma estratégia de crescimento econômico e geração de riqueza no longo prazo por meio do aumento de tarifas. O exemplo do Brasil também mostra que as implicações de longo prazo devem ser consideradas, com consequências na produtividade e na inovação. Como disse um ex-presidente americano, Ronald Reagan, “as tarifas funcionam por um tempo, um curto tempo”. A adoção dessas medidas de forma permanente pode trazer resultados negativos — o oposto dos objetivos iniciais.


Acesse a publicação: 

https://www.bocaratontribune.com/bocaratonnews/2025/08/do-tariffs-work-to-promote-wealth




A MACONARIA PARA TODOS V - Jorge Gonçalves


Na noite de sexta feira, 29 de agosto, no templo da Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe, realizou-se o lançamento do livro A Maçonaria Para Todos V. *Antes mesmo das 22 horas, todos os exemplares estavam esgotados.* Seria correto chamar isso de sucesso? E será que esse termo não ultrapassa a simples ideia de comercialização?

Mas, espere, vamos conhecer um pequeno detalhe de planejamento, voltemos à terça feira, 26 de agosto. Em conversa com o extraordinário Irmão Lourival, surgiu uma mudança de última hora: levar a apresentação do Coral Canto Fraterno para o templo maçônico e reservar o salão de festas apenas para a confraternização e a noite de autógrafos. A princípio, hesitei, mas o argumento foi irrefutável, a acústica do templo é incomparável.

O resultado foi grandioso. O templo, amplo e majestoso, recebeu confortavelmente inúmeras pessoas, e o coral emocionou com um espetáculo memorável, incluindo Acácia Amarela, de Luiz Gonzaga. Muitos convidados não maçons se encantaram com a arquitetura, os sinais e os símbolos, percebendo ali um universo novo que se abria diante dos seus olhos.

Ao final, quando as vendas se encerraram, ficou claro que o tal sucesso não foi apenas comercial, mas simbólico. Que o próximo coordenador do projeto fique tão feliz como fiquei naquela noite. A Maçonaria Para Todos registra nossa história, estimula a escrita, inclui novos escritores, promove a beneficência e reforça o precioso laço que nos une como verdadeiros irmãos.


AS FERRAMENTAS PARA DISSOLVER O EGO - Redaelli


1-Introdução

A partir dessas diferentes apresentações, podemos concluir que o Ego, em sua expressão mais negativa, corresponde ao orgulho e ao egoísmo no homem; está apegado ao mundo das posses e das coisas perecíveis. Esses defeitos ocultam a consciência humana da Luz e da Verdade e, consequentemente, constituem um obstáculo à perfeição espiritual, moral, material e intelectual da humanidade.

Também a Maçonaria, como tradição da Luz, propõe, através da iniciação, libertar o homem de todas as suas contingências materiais, morrendo para o seu Ego, para levá-lo a descobrir o seu real Ser imperecível.

Temos uma primeira parte que se concentrará nos aspectos simbólicos da Dissolução do Ego, depois nas ferramentas necessárias para essa dissolução. Na segunda parte é apresentada a importância dessas ferramentas na vida diária do maçom

2-Simbolismo


2.1-A Dissolução do Ego

Na Maçonaria, a exigência da Dissolução do Ego é simbolicamente representada pela presença de ossos na câmara de reflexão, no trono de Salomão do Venerável Mestre e, em seguida, no Ataúde do painel de Mestre Maçom. Esses ossos e o Ataúde, evocam a morte e sugerem ao Maçom que apodreça o ser fictício e faça nascer, em sua própria dissolução, o germe da pedra cúbica que ele será, da Estrela Flamejante que ele é e do verdadeiro Mestre Maçom que ele deve ser.

A Dissolução do Ego consiste, portanto, em morrer para si mesmo conscientemente, em deixar que os velhos restos do ser de desejo sejam enterrados sem arrependimento, para se tornar um ser de luz na materialidade.


 2.2- As ferramentas da dissolução do ego

Em sua abordagem iniciática, o ensino maçônico fornece ferramentas e ritos simbólicos que, por meio do uso da reflexão e meditação sobre as funções que representam, provocam uma verdadeira metamorfose profunda no iniciado.

É assim que o Mestre Maçom, ao dar os três passos para cruzar o Ataúde, percorre a jornada de sua morte simbólica, durante a qual encontra ferramentas: o Mestre Maçom passa do Esquadro para o Compasso, passando da Alavanca, à direita, para a Régua, à esquerda. Ele atravessa o Ataúde em um arco que simboliza o Compasso, e com os pés sempre voltados em forma de Esquadro. Essas ferramentas participam de uma continuidade na progressão  da escuridão para a luz.


2.2.1-O esquadro :

O esquadro está associado ao quadrado, à terra, à materialidade que é o domínio por excelência da expressão do ego em todas as suas formas.

 Mas o esquadro também une em um único símbolo a horizontalidade e a verticalidade, formando o ângulo da retidão, de 90°. Exige que o maçom leve em conta todos os opostos e todas as restrições necessárias à sua própria construção pelo esquadro. A verticalidade, por seu movimento descendente, sugere a necessidade de inspecionar o interior da própria natureza, e a direção ascendente exige o dever espiritual da elevação; quanto à horizontalidade, ela encoraja a aplainar os obstáculos gerados pelo Ego para acessar a libertação interior, corrigindo defeitos e purificando o supérfluo.

Permanentemente presente nos passos do Maçom, o Esquadro representa uma retidão constante no caminho iniciático e na obra a ser realizada, a da dissolução do Ego.

Mas o Esquadro como ferramenta de desenho e controle não é suficiente para realizar este trabalho. Para agir em si, é preciso vontade e força, simbolizadas pela Alavanca.


2.2.3-A Alavanca  :

Para falar desta ferramenta, recordarei a afirmação de Arquimedes que, ao descobrir a lei de aplicação da Alavanca, disse: "Dêem-me um ponto de apoio e uma Alavanca e eu moverei o mundo". Assim, a Alavanca apresenta-se como uma ferramenta por excelência à qual nada pode resistir no plano mecânico.

No plano maçônico, a Alavanca demonstra que uma vontade inabalável, aplicada com inteligência, pode triunfar sobre todos os obstáculos. É por meio dela que o futuro Mestre obtém a força necessária para dar o passo mais largo de sua marcha. Esse avanço tão difícil muitas vezes só é possível graças à mão estendida de um irmão Mestre para alcançar o outro lado do Ataúde.  A alavanca traduz, assim, a necessidade de uma Vontade superior, animada por um verdadeiro Amor fraterno e desprovida de quaisquer paixões ou desejos materiais. Essa Vontade-alavanca constitui o fulcro que permite ao iniciado triunfar sobre qualquer obstáculo físico ou moral, sobre as resistências materiais, bem como superar seus medos e fraquezas para se questionar.

 O simbolismo da alavanca leva a consciência do iniciado a poder se deslocar para um plano superior, entendendo que nada é possível sozinho, é impossível purificar o próprio ego, e que isso passa essencialmente pela superação de si mesmo, trabalhando com os irmãos e para os outros homens, num espírito de tolerância, amor e fraternidade.


2.2.4-A Régua 

A Régua, que serve para traçar linhas retas ou para verificá-las, estimula o maçom a perseverar no caminho da virtude, seguindo um caminho reto, justo e equitativo em suas relações com seus semelhantes.

Segundo o maçom James Harvey Martin: "a régua do iniciado é subdividida em 4x6 horas, ou 24 horas, que se articulam da seguinte forma: 6 horas para trabalhar, 6 horas para servir a Deus, 6 horas para servir a um amigo ou irmão, sem que isso seja um prejuízo para nós ou para nossa família, e 6 horas para dormir".

 A divisão do dia em 4x6 horas lembra ao iniciado a passagem do tempo, bem como a necessidade imperativa de viver em harmonia com essa graduação das 24 divisões do ciclo solar diário e, portanto, integrar-se ao ritmo da Ordem cósmica. Ela leva a consciência do maçom a se elevar acima de desejos e preocupações centradas exclusivamente em si mesmo, e a se estender ao Universo e à percepção Divina.

É pela Régua que é possível passar do Esquadro ao Compasso, do perecível ao imperecível, da Dissolução à ressurreição, da materialidade à espiritualidade.


2.2.5 - O compasso:

O compasso está associado ao círculo, ao céu e ao espírito. Ao passar a perna sobre o Ataúde é estimulada a verticalização do espírito, o que é evocado pela noção de "passar do esquadro ao compasso".   

Ao atingir a compasso ou o centro do círculo, o iniciado entra em si mesmo, lugar em que está em harmonia com o brilho de sua estrela flamejante, e obtém as luzes que devem iluminar a dissolução de seu ego na escuridão de sua consciência, para que o trabalho encontre uma aplicação mais judiciosa e frutífera em sua vida diária.


3- observações 

Observo que a Dissolução do Ego ocorre entre o Esquadro e o Compasso, passando da Alavanca para a Régua pela busca da harmonia consigo mesmo, com o Universo e com Deus. Mas isso é possível se a Força da Alavanca for usada adequadamente sob o controle do Esquadro, como em qualquer construção, e se for baseada em uma Vontade de bem sem esperança de recompensa que deve animar o iniciado, permitindo-lhe manter seus compromissos maçônicos em relação à Régua com 24 divisões e continuar seu trabalho até o fim de sua vida, como nosso falecido Mestre Hiram. Mas a acácia nos lembra que nem tudo está perdido, pois da dissolução do corpo emerge a noção de perpetuidade de energias imperecíveis e não dissolvidas; talvez aí apareça o segredo da imortalidade.


4-Conclusão

Diferentemente das ferramentas do assassinato, que são as únicas, ou seja, o fio de prumo, o nível e o martelo, as ferramentas da dissolução do Ego são acopladas, e é preciso associá-las para utilizá-las corretamente, se se quiser ter sucesso na execução do trabalho empreendido.

Aprendiz, somos constantemente ensinados a que a Dissolução do ego é essencial para "sermos livres e de boa moral"; Companheiros, temos à nossa disposição todas as ferramentas cujas funções se sintetizam no Esquadro e no Compasso, na Alavanca e na Régua, para trabalharmos na "Conquista de nossas paixões, submeter nossas vontades aos nossos Deveres e progredir na Maçonaria". O Maçom, visando sua regeneração espiritual, é um companheiro eterno no trabalho da Dissolução de seu Ego por meio de um questionamento permanente, pois não poderá funcionar completa e unicamente no centro do círculo até que tenha estabelecido sua morada no "Oriente eterno".